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Subjetividade e Saúde;
A Ampliação da Clínica;
O que é Saúde?
O Trabalho Territorializado;
O Setting.
Subjetividade e Saúde
Concepções de Ser Humano
1. Como Indivíduo
Um, uno, indivisível a si mesmo. Possibilidade de evocar a noção de essência.
O indivíduo é concebido como responsável pelo sucesso/fracasso.
2. Como Relação
O sujeito que é um, ao mesmo tempo que “é” varias outras possibilidades,
fruto das relações históricas, assim como de suas escolhas. O sujeito é um
resultado de uma equação em aberto composta por múltiplos vetores
condicionantes.
Os processos de subjetivação
Bergson concebeu a subjetividade como intervalo de tempo entre um
pedido (percepção) e a resposta (ação) a este pedido.
dependentes de tantas mais coisas pudermos ser, pois isto amplia nossas
“[...] é ainda longo o caminho até a enorme e transbordante certeza e saúde, que não
pode dispensar a própria doença como meio e anzol para o conhecimento [...] e permite
o acesso a modos de pensar numerosos e contrários […] até o excesso de forças plásticas,
curativas, reconstrutoras e restauradoras, que é precisamente a marca da grande saúde”
– (Nietzsche, Humano Demasiado Humano, Prólogo §4)
O tempo da escuta contribui para que os sujeitos se comprometam com os suas questões;
A construção da clínica e de ações em saúde baseadas nas relações entre trabalhador, usuário e
serviços, considerando as possibilidades e limites de todos (conhecimentos, recursos, contextos,
laços, etc)
As prioridades são:
1) Reduzir as consequências negativas dos comportamentos e/ou situações de risco.
O campo analítico possibilita a expressão de conteúdos dos mundos internos dos sujeitos
envolvidos que, em geral, nunca encontraram acolhimento anterior.
Neste campo, evidenciam-se não só conflitos que nunca foram elaborados, buscando então
uma possibilidade de elaboração, mas também se vivem experiências novas.
Para que tudo isso seja viável, é necessário algo que contenha essas experiências. Uma
moldura que seja suficientemente clara, firme, consistente, rigorosa e flexível ao mesmo
tempo, dentro da qual os conteúdos psíquicos possam encontrar a possibilidade de se
manifestarem com suficiente liberdade para serem examinados.
Essa moldura é o setting.
O Setting
A TÉCNICA
O setting contempla arranjos práticos para a realização do trabalho, mas é também um conceito
psicológico que inclui uma visão do que acontece dentro dele, de modo diferente do que acontece fora.
Do ponto de vista prático, a constituição do setting a partir da combinação da proposta do trabalho
entre os envolvidos, assumindo as funções de cada um e/ou dos grupos.
Serão esclarecidos e determinados o local, condições do espaço, os horários, a frequência, os
honorários, entre outros pontos, de tal modo que todos cheguem a um acordo mútuo (Etchegoyen,
1987).
Do ponto de vista da naturalidade dos encontros humanos, nada pode ser mais artificial do que
marcar hora, data e combinar pagamento para conversar sobre a vida.
Por isso, no conceito setting se inclui a consideração do que acontece dentro dele como sendo diverso
O Setting
A TÉCNICA
Nesse sentido, o setting significa uma postura, uma atitude que considera que o
conhecimento se dá não pela atuação, mas pela percepção das necessidades reais
dos envolvidos e pela sua tradução em termos da vida psíquica.
Isso significa, inclusive, que se pode mudar algum elemento dos arranjos práticos
sem o prejuízo da análise (Etchegoyen, 1987). Por exemplo, se um paciente sofre um
acidente que o impede de se locomover, o atendimento pode ser feito em sua casa.
Assim sendo, o setting se revela muito mais pela internalização de uma certa postura
do que propriamente em seguir regras.
O Setting
A ÉTICA
A clinica é, por excelência, uma atividade ética, em função da qual se realiza o método e a serviço da qual está a
técnica.
De um ponto de vista de relacionamento humano, a ética na clínica inclui o respeito ao método, ao paciente e ao
desenvolvimento pessoal (Cohen, Castro, Franco e Azambuja, 2004).
A ética está estreitamente associada à responsabilidade do analista tanto para consigo mesmo, quanto com sua
tarefa e com os atendidos. A ética inclui uma responsabilidade coletiva com a qualidade do método e uma
responsabilidade individual com a qualidade do uso do método (Widlöcher, 2000).
Isso pressupõe que, dentro das regras formais que constituem o setting, desenvolve-se um relacionamento no
qual todas as condições pessoais, características de personalidade, expressões, conflitos, fantasias, angústias,
necessidades, desejos, anseios, tudo o que compõe os encontros entre pessoas tenha lugar e busque
continência; e pressupõe também que ao analista cabe a construção de recursos internos suficientes para
acolher e propiciar as expressões da vida psíquica do outro, abrindo caminho para a elaboração e o crescimento.
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