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UNIENSINO – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ENSINO, CIENCIA E

TECNOLOGIA DO PARANÁ.

A importância do processo criativo, para o Terapeuta Ocupacional.


Yasmin Lorraine Coutinho Silva
yasminlorraine8@gmail.com

RESUMO
No dicionário Aurélio, define-se criatividade como “ capacidade criadora, ingenio, inventividade,
capacidade que tem um falante nativo de criar e compreender um número ilimitado de sentenças de sua língua,
ou seja, a capacidade de criação está estritamente relacionada ao processo de criar objetos, situações, atividades
para direcionamento da atuação mais eficaz do profissional da terapia Ocupacional, visto que, essa habilidade
pode ser advinda da personalidade da pessoa ou adquirida através de aperfeiçoamentos na área criativa.

Palavras-chave:Criatividade. Capacidade de criação. Aperfeiçoamento. Terapia ocupacional.

1 INTRODUÇÃO

O mundo contemporâneo é marcado por uma sociedade que se individualizou


numa voltada ao desempenho e numa sociedade ativa. O ser humano é um ser é
considerado um ser ativo em suas esferas.
Segundo Byung-Chul Han de 2017 em seu livro “ Sociedade do cansaço, o
processo criativo passa a ser sufocado e não encontra espaços para acontecer e se
desenvolver visto que, todas as atividades estão aceleradas, e a carência de “ser” do
homem acaba levando ao esgotamento maciço e o transformando-o em uma maquina
de desempenho.
Com essa visão disposta por Byung-Chul Han pode-se compreender que, a
sociedade contemporânea está intrinsecamente ligada às dificuldades de se
desenvolver, atribuindo ao pensar pois se permitir a viver experiências novas esta
adjetivada a frustrações, ensinando ao homem a não explorar o mundo ou se expressar,
inibindo a busca por vivências novas.
Por isso, práticas no processo criativo são essenciais para tirar esse estigma da
sociedade, pois as surpresas proporcionadas por um tratamento ,direcionado de
maneira diferente ao habitual, acaba estimulando o processo de interesse do paciente e
aprimorando sua aquisição de conhecimentos acerca da atividade disposta a ele.
Motivando e minimizando o estresse e ansiedade, principalmente quando direcionadas
ao trabalho clínico infantil onde há a constante necessidade de ampliação nas práticas
para que o paciente em questão engaje-se e desenvolva mais vontade, ampliando seu
ambiente de desenvolvimento.
Sendo assim, a criatividade é a expressão da capacidade humana, exteriorizada
através das atividades humanas, ou seja, criatividade é a capacidade de produção,
satisfação, de mudança e adaptação do ser humano; experimentar o agir criativo
proporciona ao sujeito experiências significativas capazes de repensar num novo
sentido de criação de vida, o espaço de permissividade facilitador para criação.
Dado isso, considera-se que o processo de criatividade é essencial para a saúde
do ser humano, presente em inúmeras atividades de vida diária, e também inteiramente
ligada ao tratamento juntamente com o profissional de terapia ocupacional uma vez
que o instrumento de estudo do terapeuta é a atividade humana e suas relações
positivas e negativas para concretizá-las com maestria possibilitando o uso do lúdico,
do corpo e da arte para ampliar o olhar ao cotidiano, já que, segundo Lima, 1997, a
Terapia Ocupacional busca potencializar no sujeito o processo criativo e a criação de
si no mundo.

2 REVISÃO DA LITERATURA

O presente trabalho baseou-se em uma amostra total de 5 artigos e buscou refletir em


ideias e sentidos dos autores citados que permeiam entre os conceitos de criatividade, criação
com desejo de entender o despertar criativo como recurso essencial que desvenda a
criatividade inerente ao sujeito. Portanto, após leitura dos artigos escolhidos, dividiram-se os
resultados em duas categorias, a primeira diz respeito aos conceitos de criatividade e a
segunda aos cenários de criatividade pertinentes na terapia ocupacional
2.1. A Importância do processo criativo nas intervenções terapêuticas
ocupacionais.
No programa de tratamento de cada paciente é nítido as dificuldades acerca da
carência da criatividade no ser humano, visto que , juntamente, o mesmo desenvolve
um baixo limiar de autoconfiança nas atividades. Com isso, atividades lúdicas, artes e
corporais são aliados importantes no crescimento da “a experimentação, criação e
reflexão, ampliando a capacidade de afetar e ser afetado” (FOLHA 2018, p. 358) nas
atividades diárias do individuo.
Levando em consideração que a atividade é o instrumento de trabalho na
Terapia Ocupacional , salientando os aspectos culturais, pessoais, familiares e sociais,
estimulando o olhar criativo, ativo e imerso na produção de novos mundos, afirmação
dada pelo FERNANDES (2006 p.127) “[...]As atividades criadas também fazem parte
de uma sintaxe construída, modelada, costurada. Cabe ao terapeuta ocupacional
sustentar a posição de que as atividades construídas têm um sentido, entrelaçam-se
num discurso e são, assim, criações significantes. Este é o saber do terapeuta, ou seja,
de que nada é feito em vão e que na terapia ocupacional a história é construída em ato,
no próprio fazer cotidiano. As atividades não são objetos à parte do discurso verbal ou
que tenham somente a função de promover o encontro com verdades inconscientes que
se revelam. Elas, 19 mais do que remeterem a uma história perdida, são a própria
história construída[...]”
Portanto todos os cenários de vida são observados pelo terapeuta ocupacional
porque é no ambiente cotidiano que ocorre o desenvolvimento do processo criativo no
indivíduo.
O processo criativo dentro da terapia ocupacional é observado em diversas
esferas de atuação indo de como de contextos clínicos, trabalho, ambientes escolares,
lares de idosos, dentre outros; nesses diversos ambientes o profissional usa de seus
processos criativos para transformar o ambiente, atividade, conversa, mais proveitosos
para o paciente.
Tem-se como exemplo do poder do uso da criatividade dentro do setting
terapêutico a Dra. Nise de Silveira; a doutora inaugurou em 1957 no Rio de Janeiro o
Museu de Imagens do Inconsciente, nele está exposto diversas telas, papéis,
modelagem,textos e poemas, todos de autoria inicialmente de seus pacientes, em busca
de uma intervenção mais humanista,Nise implantar essa prática em seus pacientes para
que eles pudessem externar seus pensamentos, sentimentos e incentivar o processo
criativo juntamente com o auxílio da ocupação como intervenção também. Nas obras
dispostas no museu, observa-se a importância de tratamentos mais humanizados e
ampliados para que o indivíduo consiga, através dessas práticas, ter a liberdade
criativa e saudável.
Na terapia ocupacional, salienta-se a ideia de que a criatividade proporciona
uma liberdade capaz de resistir a todas implantações da sociedade e moldes pré
estabelecidos, e assim um crescimento criativo e espiritual será visível. Com essa
evolução de pensamento, pode-se observar melhoras em questões de autonomia do
paciente, melhorando assim a implementação das atividades de vida diária, visto que,
sem autonomia e confiança em si próprio, o indivíduo não obtém resultados positivos
em suas tarefas do cotidiano.
Dentro das diversas esferas de trabalho da criatividade, inicia-se com as tarefas
no tratamento das crianças, se faz necessário que o terapeuta oferece um espaço capaz
de proporcionar a redução de danos e devolver significado a vida daquela criança;
usando do brincar, visto que para Winnicott apud Motta (2013, p 254), é uma vivência
criativa, ao desenvolver essa experiência o sujeito é capaz de trazer singularidade ao
seu fazer, se disponibilizar a criar utilizando o ato criativo como ferramenta de
superação, adaptação ao meio, compartilhar, sociabilidade [...].
No cenário com idosos inseridos em instituições de longa permanência é
identificado uma queda na autonomia, independência e em aspectos culturais e sociais
pelos quais está sujeita esta população, com isso a atuação do terapeuta ocupacional
deve visar à manutenção da estimulação da criação, diminuindo os riscos de
adoecimento e sofrimento realizando a manutenção de espaços disposto, ser capaz de
impedir o isolamento, a solidão permitindo e incentivando a socialização, a
expressividade, conservando sua autonomia e sua identidade perante a realidade
vivenciada.
Pode-se considerar 4 etapas funcionais para a melhoria de um processo criativo
no ambiente multidisciplinar disponível para o terapeuta ocupacional. São eles:
Preparação; nesta etapa, é o momento de compreensão de questões que permeiam essa
problemática. Aqui deve-se fazer,quais os melhores caminhos a seguir para atingir o
que deseja com êxito. Para facilitar o estudo, essa etapa é um estudo e pesquisa sobre
tudo que está direcionado ao paciente/trabalhador. Incubação, nessa etapa a uma pausa
para que haja o processo criativo em si, para organizar e direcionar da melhor maneira
as práticas a serem implantadas; Iluminação: nesse momento há o processo criativo
propriamente dito, após a reflexão de todos os pontos, onde há o surgimento da ideia;
Implementação/ verificação, nesse momento em colocar em prática o que foi o que foi
pensado e para a problemática em questão.
Essas etapas ajudam a trabalhar em pessoas que ainda não desenvolveram a
disposição criativa uma vez que, o “ser” criativo apenas é construído através de
diversas estimulações para que haja naturalidade em seu direcionamento criativo no
setor necessário.

3 CONCLUSÃO
Através da discussão conceitual tornou-se possível conhecer a importância da
criatividade e criação nos contextos do terapeuta ocupacional. Diante dessa redução desse
trabalho de pesquisa foi possível refletir e compreender que a ação criativa vai além de um
pensamento, e sim de práticas físicas que devem ser desenvolvidas e/ou afloradas no ser
humano proporcionando o conhecimento de si e crescimento de autoconfiança(essenciais para
a práticas das atividades de vida diária). Notou-se que a criatividade está presente em diversas
atividades, com isso, no fazer do ser humano; criatividade é criação e ação, é se reinventar, é
tornar significativo, prazerosa e única diversas atividades. Porém, identifica-se a necessidade
de cada indivíduo, sem esquecer da singularidade do paciente, por isso o Terapeuta
Ocupacional deve proporcionar ao sujeito um espaço de sentido capaz de dar forma a criação.
Contudo, o potencial criativo, é pouco estudado, por isso há necessidade de ampliar as
pesquisas relacionadas a essa temática sendo responsabilidade do terapeuta ocupacional dado
que seu principal instrumento de trabalho é a atividade humana.

3 REFERÊNCIAS

BRUNELLO, M. I. B. Terapia ocupacional e grupos: uma análise da dinâmica de papéis em


um grupo de atividade. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 13, n. 1, p. 9-14, jan./abr.
2002.Disponivel: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13889

FERNANDES, S. R. A transferência e a produção de um fazer criativo. Rev. Ter. Ocup. Univ.


São Paulo, v. 17, n. 3, p. 123-128, set./dez., 2006.
Disponivel: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/13994

FOLHA D.R.S.C; ARAÚJO E.V; CARMO J.A. Incorporar e adolescer: o pulsar de um corpo
em metamorfose e suas repercussões ocupacionais. Rev. Interinst. Bras. Ter. Ocup. Rio de
Janeiro. 2018. v.2(2): 357-381.
Disponivel: https://revistas.ufrj.br/index.php/ribto/article/view/15411
HAN, BYUNG-CHUL. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2017. 80 p

LIMA, E. M. F. de A.; CANGUÇU, D. F.; MORAES, C. INFORSATO, E. A. PACTO


adolescentes: arte e corpo na invenção de dispositivos em terapia ocupacional para produção
de vida e saúde na adolescência. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 20, n. 3, p. 157-163,
set./dez. 2009. Disponivel: https://www.revistas.usp.br/rto/article/view/14071

MARINHO, D. Criatividade e criação na Terapia Ocupacional. Brasília, dez. 2019.


Disponivel:https://bdm.unb.br/bitstream/
10483/25094/1/2019_DeboraRibeiroMarinho_tcc.pdf

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