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Qual a relação entre clínica e trandisciplinaridade?

A transdisciplinaridade é uma aposta na clínica de prática que não se pretende ser


técnica e universal. Ela problematiza a clínica como campo teórico/prático, propondo assim
estratégias únicas para cada problema na clínica, ou seja não é a junção de vários
conhecimentos para criar-se uma teoria que dê conta de mais fenômenos e sim um campo
disperso de saber para lidar com cada questão individualmente que se utiliza também das
teorias psicológicas.
Dentro da clínica então se usa as teorias como ferramentas e o psicólogo ou
psicanalista procura saberes diversos para pensar na melhor estratégia para o paciente.
Entende-se que o inconsciente é produtor e o papel do clínico é de catalisador do processo
de construção além de só ouvidos e que a produção inconsciente não se dá apenas pela
linguagem, ou seja a linguagem é um dos tipos de agenciamentos da produção desejante do
inconsciente, não o único, logo a clínica não precisa ser vista como uma cura através da
palavra e sim auxiliar nos agenciamentos para chegar no plano de produção desejantes,
buscando a construção multiplicadora dos agenciamentos.
Para entender o conceito de agenciamentos se pensa no inconsciente produtor
baseado em Spinoza, essa produção implica na multiplicidade da mesma, assim o clínico
pode estabelecer tipos diferentes de agenciamentos a fim de potencializar a vida. O conceito
de multiplicidade tem um papel importante nessa questão pois se entende que quanto mais
encontros temos, mais potente a vida é. O clínico então tem função de através de
conhecimentos além da clínica buscar procurar quais são as indicações que emergem do
paciente de produção que seriam esses novos agenciamentos, não se restringindo mais a
interpretar para o mesmo.
Nesse sentido de construção de múltiplos agenciamentos, é importante entender que
clínica e política não se separam e que a clínica é um espaço de criação e articulação entre
indivíduo e coletivo, que agir e pensar não tem diferenciação e que os desejos com ordem
objetais, individuais, políticas ou familiares todas se trespassam em regimes diferentes,
então a clínica está implicada na política.
Ao pensar no caráter político da clínica é importante citar como o capitalismo age na
subjetividade do sujeito, o mantendo cínico a possíveis transformações do mundo. A
enxurrada de informações que recebemos não trás junto a possibilidade de mudar o social,
existe uma característica triste impotente na vida dentro do capitalismo. É importante então
dentro da psicologia e da política traçar planos para potencializar mesmo dentro desse
mundo contemporâneo.

O que é o brincar para Winnicott?


Winnicott ao estudar o ato de brincar busca desassociar o mesmo com experiências
sexuais, associação normalmente feita dentro da psicanálise por existir a possibilidade de
excitação sexual dentro da brincadeira, mas é importante pensar o brincar como tema
próprio dentre as possibilidades de instintos sexuais. O brincar então para Winnicot é uma
experiência criativa que faz parte da vida, uma possibilidade de comunicação em grupo que
catalisa o crescimento logo a saúde também.
Entende-se então, que o brincar tem lugar e tempo, é uma atividade que permeia a
relação entre o dentro e o fora, não está por completo no exterior à criança, fora do controle
da mesma e também não faz parte totalmente dentro da realidade psíquica da mesma. A
criança entra num estado alheio e concentrado ao mundo externo que com dificuldade
aceita intromissões de pessoas de fora. A criança traz elementos exteriores para a serviço
de alguma realidade interna ou pessoal, ou seja transpõe elementos de dentro para fora
sem alucinar e sim como se tivesse pego emprestado dentro da brincadeira esses objetos
externos. Para brincar precisa haver uma confiança inicialmente entre bebê e figura materna
e envolver o corpo pela manipulação de objetos e por ter alguns aspectos de excitação
corporal.
Ao considerar o brincar na análise, Winnicott aponta que a psicanálise é uma forma
especializada de brincar, diz que é importante o analista notar se o paciente não tem a
capacidade de brincar antes de interpretar na sessão. Ele também se atenta ao fato que o
brincar das crianças possui tudo em si, apesar de se trabalhar dentro da análise com o
conteúdo.

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