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OTC 16301

O Plano de Avaliação e Desenvolvimento do Campo de Petróleo Pesado de Jubarte, em Águas Profundas

Bacia de Campos, Brasil
Marcio FC Bezerra, Carlos Pedroso Jr., Antonio CC Pinto e Carlos HL Bruhn / Petrobras

Copyright 2004, Conferência de Tecnologia Offshore

fase será composta por apenas 4 poços, com diferentes sistemas de
Este documento foi preparado para apresentação na Offshore Technology Conference realizada em elevação, conectados a um FPSO com capacidade de processamento de
Houston, Texas, EUA, de 3 a 6 de maio de 2004.
60.000 bopd.
Este artigo foi selecionado para apresentação por um Comitê de Programa OTC após revisão das
Neste artigo descrevemos todo o processo de
informações contidas em um resumo enviado pelo(s) autor(es). O conteúdo do artigo, conforme
apresentado, não foi revisado pela Offshore Technology Conference e está sujeito a correção pelo(s) descoberta, teste, avaliação e definição da estratégia para
autor(es). O material, conforme apresentado, não reflete necessariamente qualquer posição da Offshore
Technology Conference ou dos diretores. reprodução eletrônica, desenvolver o Campo de Jubarte. Especial ênfase é dada aos desafios
é proibida a distribuição ou armazenamento de qualquer parte deste documento para fins comerciais sem
tecnológicos que devem ser superados para tornar
o consentimento por escrito da Offshore Technology Conference. A permissão para reprodução impressa
é restrita a um resumo de não mais de 300 palavras; as ilustrações não podem ser copiadas. O resumo possível o desenvolvimento do campo de petróleo contendo o
deve conter reconhecimento visível de onde e por quem o trabalho foi apresentado.
óleo mais pesado já produzido na Bacia de Campos em águas profundas.

Introdução
Abstrato

O Campo de Jubarte, descoberto em janeiro de 2001, está localizado a 77

Produção de óleo pesado da Bacia de Campos em águas profundas,
km da costa do Estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil, em profundidades
sudeste do Brasil, tem constituído um novo desafio para
de água entre 1.000 e 1.500 m (Fig. 1). Contém
Petrobras (Pedroso et al., 2003; Pinto et al., 2003a, 2003b; Bruhn et al.,
Óleo 17,1oAPI , com viscosidade de 14,5 cP na saturação
2003). Uma das mais recentes descobertas na Bacia de Campos é o campo
pressão de 183,5 kgf/cm2 . A viscosidade do óleo morto a 20 oC é de cerca
de Jubarte, localizado no Estado do Espírito Santo, em lâmina d'água entre
de 3.000 cP, sendo o óleo mais viscoso na superfície
1.000 e 1.500 m, com reservas de cerca de 600 milhões de barris de óleo
condições já produzidas no Brasil através de um sistema de completação
de 17,1o API .
úmida.
Um breve resumo histórico dos principais acontecimentos que
O campo de Jubarte foi descoberto em janeiro de 2001, quando um
lugar na área de campo é descrito abaixo:
poço vertical encontrado 40 m de óleo saturado, Maastrichtiano
1998 – Aquisição de dados sísmicos 2D.
reservatórios turbidíticos sustentados por um aquífero espesso. O poço foi
revestido e testado, mas o PI registrado mostrou-se insuficiente para garantir 2001 – Descoberta de campo (janeiro) com a perfuração de um poço
vertical (ESS-100). Teste de poço revestido. bem PI
a produção comercial de óleo.
insuficiente para a produção comercial.
Para averiguar o real potencial de produção, foi realizada a perfuração
e teste de um poço horizontal de 1.076 m de comprimento 2001 – Aquisição de dados sísmicos 3D.
2001 – Estudos para perfuração e teste de poço horizontal com base na
aprovados, com base na abordagem “Valor da Informação”. O poço
horizontal registrou PI 12 vezes o PI do poço vertical; isso provou que seria abordagem Valor da Informação (VOI).
possível produzir o 2001 – A Petrobras solicita à Agência Governamental (ANP) licença para
Óleo pesado do campo de Jubarte em vazões comerciais. A avaliação da Teste de Longa Duração - EWT (dezembro).
área foi concluída com a perfuração adicional de dois poços. Com a mesma 2002 – Plano de avaliação enviado à ANP (fevereiro).
abordagem, foi proposto um Teste de Longa Duração, com o poço horizontal 2002 – ANP estabelece condições para o EWT, incluindo
fluindo para um FPSO, que entrou em operação em outubro de 2002. poços de delimitação adicionais, a serem perfurados dentro de um ano
Novamente, os resultados obtidos (abril).
taxa de produção foi melhor do que o previsto, e o 2002 – Perfuração do poço piloto (ESS-109D) para a
comercialidade do campo foi declarada em dezembro de 2002. poço horizontal (ESS-110HP) para ser usado no EWT
Com base em dados de perfil de poço, amostras de testemunho, dados (Abril).
sísmicos e interpretação dos dados de teste de poço estendido, análises 2002 – Estudos utilizando a abordagem VOI mostram que o EWT deve
estratigráficas e estruturais foram realizadas, resultando em um modelo ser implementado.
geológico 3D completo. Foram construídos estudos de fluxo multifásico e 2002 – ANP aprova o plano de avaliação, incluindo o EWT (junho).
um modelo completo de fluxo de campo, o que permitiu a previsão do
comportamento do campo.
2002 – Perfuração e ensaio do poço horizontal (ESS 110HP), com
Com um modelo de fluxo confiável, suportado por uma completa comprimento horizontal de 1.076 m. O PI do poço é cerca de 12 vezes o
análise de incertezas, foi definido o plano de desenvolvimento para todo o PI do PI do poço vertical (julho).
campo. Para mitigar as incertezas de produção, o primeiro
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2002 – Estudos de caracterização de reservatórios e estudos de
viabilidade do plano de desenvolvimento (julho).
2002 – perfuração de dois poços de avaliação (ESS-12 e ESS 114;
Outubro).
2002 – EWT começa (outubro, 24).
2002 – Declaração Comercial do Campo de Jubarte
( 11 de dezembro);
2002 – Plano de desenvolvimento aprovado; EWT evolui para a fase
piloto do plano de desenvolvimento.
2003 – Fase I do plano de desenvolvimento é aprovada pela diretoria
da Petrobras.
É importante mencionar que a descoberta do campo e a primeira produção
de petróleo ocorreram em um período de tempo de apenas 22 meses.
Fig. 1 – Mapa de localização do Campo de Jubarte.
Geologia e Geofísica de Reservatórios
Os reservatórios do Campo de Jubarte são turbiditos ricos em cascalho/
areia, confinados em calha, da idade de Maastrichtiano. Eles fazem parte
de uma sucessão de até 350 m de espessura, composta principalmente
por leitos turbidíticos amalgamados e argilitos intercalados, com relação
líquida/bruta média de 73%. A maioria dos leitos turbidíticos é composta por
arenitos não estratificados, de granulação muito grosseira e grosseira
(às vezes conglomerados) que se graduam para arenitos paralelos e
ondulados, laminados cruzados, finos e muito finos.
As porosidades e permeabilidades do núcleo variam, respectivamente,
21-38% (média de 28%) e 10-2500 md (média de 340 md).
A acumulação de óleo está restrita a um anticlinal alongado, orientado
para NE, cuja porção leste é truncada por uma falha extensional (Fig. 2);
essa falha também atuou como um canal para a migração de óleo do
Cretáceo inferior subjacente (fase de rift)
rochas de origem.
O topo do reservatório é caracterizado por menor sísmica
impedância, e a base do reservatório é definida por uma superfície erosiva,
que pode estar relacionada à diminuição da impedância sísmica na maior
parte do campo, provavelmente devido à ocorrência de turbiditos
conglomeráticos truncando argilitos hemipelágicos.
ESS-112
ESS-109D
ESS-110
Contato O/W @
ESS-114
2880 m
TVDSS
Fig. 2 – Estrutura do Campo de Jubarte. Os principais poços de contato
óleo/água e poços exploratórios/de avaliação estão localizados.
Teste de Poço Estendido
Testes de poços estendidos (EWTs) em campos offshore compreendem o
melhor estratégia para reduzir as incertezas e mitigar os riscos antes de
iniciar os grandes investimentos associados à sua
sistemas de produção definitivos. A Petrobras tem uma longa tradição de
operar Sistemas de Produção Antecipada (EPS) ou realizar EWTs em seus
campos de águas profundas – Marlim, Marlim Sul, Marlim Leste,
Roncador, Barracuda, Caratinga, among others. From the
Do ponto de vista da Engenharia de Reservatórios, a produção inicial
sistemas permitem não só comprovar reservas por meio de balanço de
material, mas também obter conhecimento sobre a caracterização interna
do reservatório, o que é crítico para o sucesso de
projetos de alagamento.
É interessante mencionar que, para campos offshore de petróleo pesado,
o principal objetivo de um EWT não é simplesmente entender o
comportamento do reservatório, mas entender todo o processo de
produção. Essas informações são valiosas, e o uso intensivo das técnicas
de Valor da Informação (VOI) é fundamental para permitir a aprovação dos
EWTs.
Um bom exemplo de EWT foi realizado no Captain Field em 1993 (Lach,
1997), que estabeleceu a base para o
desenvolvimento econômico do campo, descoberto dezesseis anos antes.
Muitas questões relacionadas ao processo produtivo foram investigadas
no Capitão EWT, como
permeabilidade, permeabilidades relativas água-óleo, comportamento do
cone de água, desempenho de produção de um longo poço horizontal,
elevação artificial e planta de processamento.
De fato, a decisão de realizar um EWT em um offshore
área de petróleo pesado é complexa. Alguns desses testes não compensam,
considerando apenas o fluxo de caixa durante o EWT. Entretanto, o Valor
da Informação (VOI) pode justificar o EWT, devido à otimização
proporcionada pelo sistema definitivo.
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Valor da Informação do EWT. No Campo de Jubarte, mesmo após
interpretação sísmica 3D, perfuração de poços de avaliação, análise de
núcleos, caracterização do óleo e da rocha, testes de poços revestidos em
um poço vertical e outro horizontal, houve
incertezas relacionadas ao desempenho do reservatório e ao
processo de produção, tais como:
Volume de óleo conectado ao poço horizontal.
Força do aquífero.
Eficácia das barreiras internas de xisto.
Permeabilidades relativas óleo-água.
Capacidade de vedação da falha do reservatório principal.
Mecanismos de dano ao longo da produção.
Desempenho do elevador artificial com ESP a ser instalado acima da
árvore de Natal.
Calibração das correlações de fluxo multifásico (pressão
e temperatura).
Garantia de fluxo em baixas temperaturas, inclusive durante
paradas de produção.
Desempenho de separação óleo-água e gás-óleo.
Armazenamento de óleo.
Operações de descarga.
O VOI associado aos investimentos (aquisição sísmica, perfuração de
poços ou EWT) é definido como a diferença entre o Valor Médio Esperado
(EMV) de dois projetos: com e
sem a informação. Se as informações a serem reveladas pelo investimento
estiverem disponíveis, o projeto pode ser ajustado ao cenário real, com
economia (para o downside case) ou ganhos extras (para o upside case).
Para sermos rigorosos, esse é o valor de uma informação perfeita, mas essa
discussão extrapola o escopo deste trabalho.
Para estimar o VOI associado ao EWT, os problemas associados à
produção não foram quantificados, devido à dificuldade inerente de quantificar
as incertezas. Isso significa que a estimativa do VOI foi conservadora, pois,
caso ocorressem problemas graves durante a produção de óleo pesado, a
fase de desenvolvimento seria inviável. A análise se restringiu ao desempenho
do reservatório, principalmente a força do aquífero e
eficácia, que indicaria a necessidade de injeção de água, e a distribuição
interna de folhelhos, que controla a distribuição de pressão e o tempo de
penetração da água. As permeabilidades relativas do óleo à água também
foram consideradas.
Vários cenários de produção foram simulados, usando simulações
numéricas 3D, trifásicas; essas simulações consideraram ou não as
informações a serem fornecidas pelo EWT.
O valor da informação “perfeita” do EWT foi estimado em US$ 58 milhões,
valor superior ao investimento a ser feito para implantação do EWT. Esta
análise apoiou o
aprovação preliminar do EWT pela diretoria da Petrobras, em dezembro de
2001; que poderão ser revistos após a perfuração e teste do poço horizontal.
Planejamento EWT. O poço selecionado para o teste foi o poço ESS 110HP,
com 1.076 m de comprimento horizontal, que foi completado com telas
premium, cascalho openhole e tubulação de 5 ½”. Foram instalados três
packers de revestimento externos, para permitir o isolamento dos intervalos
de irrigação. Conforme mencionado, o poço foi testado em julho de 2002,
com os seguintes resultados: 17,1o
Óleo API, GOR 43 m3/m3, permeabilidade da rocha de 1.200 mD, sem danos
ao poço e poço transiente PI de 100 m3 /d/kgf/cm2 .
3
Entre a aprovação preliminar do EWT pela diretoria da Petrobras
(dezembro de 2001) e o início do EWT
(outubro de 2002), foram realizadas diversas atividades:
Seleção da embarcação para o EWT. Várias opções foram estudadas,
entre elas: (a) a utilização de uma antiga plataforma semissubmersível de
produção, disponível na Bacia de Campos, para ser conectada a um FSO,
(b) a utilização de um FPSO atracado, que estava operando em projeto
piloto no campo de Marlim Sul, e (c) a utilização do FPSP Seillean,
embarcação de posicionamento dinâmico, que estava operando no campo
de Roncador. A última alternativa foi escolhida.
Projeto, perfuração e completação do poço horizontal.
Especificação do mecanismo de elevação artificial. Foi selecionada uma
bomba elétrica submersível de alta potência (900 HP), alta vazão (25.000
bpd), para ser instalada acima da árvore de Natal.
Alterações no riser do tubo de perfuração Seillean, para permitir a conexão
do ESP.
Especificar e coordenar as mudanças na planta de processamento de
óleo de Seillean, para processar o óleo API 17.1o.
Obter a licença ambiental para operação.
Planejamento completo do EWT.
O ESP foi colocado dentro do poço, o mais próximo possível da seção
horizontal, para obter um melhor desempenho.
No entanto, isso exigiria a construção de uma árvore de Natal projetada para
águas profundas, com aberturas para o cabo de energia elétrica. Como
seriam necessários 18 meses para ter esse
equipamentos disponíveis, a Petrobras decidiu não atrasar a
cronograma planejado para o EWT, instalando o ESP conectado ao riser do
tubo de perfuração, acima da árvore de Natal. Foi utilizada uma árvore de
Natal GLL, disponibilizada pela embarcação Seillean.
Para cumprir o cronograma, foram criados grupos técnicos para contabilizar:
licenças ambientais, licenças governamentais, aquisição de materiais,
contratos de serviços, perfuração, completação, teste de poços, registros de
produção e mudanças no FPSO. Reuniões semanais com o Asset Team
Leader controlavam as atividades.
Operação EWT. Após a perfuração, completação e teste do poço horizontal,
bem como o posicionamento do navio Seillean, o EWT começou a operar em
outubro de 2002.
As seguintes propriedades foram monitoradas:
Pressão e temperatura de fundo de poço (PDG);
Pressão e temperatura na Árvore de Natal (TPT);
Pressão e temperatura no FPSO;
Pressão antes e depois do estrangulamento;
Taxas de óleo, água e gás.
O teste do poço começou em 24 de outubro de 2002 e foi
interrompida em 10 de dezembro de 2002, com a comercialização
declaração do campo. Este período foi seguido por quase
um ano de produção como fase piloto do plano de desenvolvimento do campo
de Jubarte.
O poço iniciou produção no EWT por fluxo natural, com teor de óleo de
16.500 bpd. Dois meses depois, o ESP foi ligado e a taxa do poço foi ajustada
para 20.000 bpd, limitada por limitações na planta de processamento. Em
abril de 2003, alguns
ajustes foram feitos na planta de processamento e a taxa de óleo foi ajustada
para 22.000 bpd, e ficou quase constante. A Petrobras pretende produzir o
piloto do projeto até dezembro de 2004.
As informações coletadas durante o EWT e as fases piloto estão resumidas
abaixo e estão sendo extremamente úteis
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para o desenho e otimização das Fases I e II do plano de desenvolvimento

do campo. Além disso, as informações de log fornecidas por dois poços de avaliação
contribuíram para reduzir as incertezas. Com todos esses
Bem Engenharia. A perfuração e completação com OHGP de uma longa informações, a Petrobras teve assegurada a comercialidade do
seção horizontal foi considerada dominada. Não ocorreu produção de areia. área.

Dos 1.076 m net pay, cerca de 850 m contribuíram para escoamento, e Pressão Fundo (Kgf/cm²): medida PDG x calculada IMEX
Correspondência
Poçode pressão
3-ESS-110 HPAde fundo durante o EWT
estudos estão sendo realizados para
290
aumentar o comprimento horizontal. O PI do poço estabilizado apresentou
Caso 1
Falha não-selante; com Kv=0
uma pequena queda durante o teste, mas as causas ainda estão sendo 280
Caso 2
Falha não-selante; sem restrição em Kv

investigadas. 270
Medido
PDG - medida Pressão Fundo (kgf/cm2)

260
Elevação artificial. O ESP teve um bom desempenho, sem
falhas, mas a capacidade total de 25.000 bpd nunca foi atingida devido a 250

limitações na planta de produção. A perda de temperatura entre a árvore de

pressão

rkPc(
oãs)s/2fegm
240

Natal e o cabeçote de produção foi bem menor do que o previsto, o que é

230

um efeito favorável associado ao óleo pesado. Durante os períodos estáticos,

220
o óleo não congelou.

8/7
90/10

2/8

90/40

5/9

6/8

7/8

9/6
01/1

1/91

2/81

01/3

4/91

5/91

6/81

7/81

8/71

9/61
3/03

11/5

21/5
01/6
1/92

2/82

3/02

4/92

5/92

6/82

7/82

8/72

9/62
01/11

01/11

21/01

01/61

11/51
01/13

11/03

21/03
01/12

11/02

21/02

01/62

11/52
Data

Separação, Tratamento e Armazenamento de Petróleo. Foi observado Fig. 3 – Comparação do histórico de pressão durante o EWT.
forte formação de espuma nos separadores, o que limitava a capacidade de
processamento. Vários produtos antiespumantes foram testados, assim como
injeção de polímeros na árvore de natal. Obteve-se sucesso no controle da Plano de Desenvolvimento
formação de espuma e a capacidade de processamento pode ser
aumentou. A temperatura de separação foi em torno de 103 ºC, o que permitiu O plano de desenvolvimento do campo de Jubarte está sendo continuamente
uma melhor separação do gasóleo. Menores perdas de temperatura foram atualizados e otimizados, incorporando as novas informações e interpretações.
observadas no tanque do FPSO, e o tempo de descarga aumentou 25%
quando comparado a um óleo mais leve. Diversos O plano de desenvolvimento é dividido em três fases:
mudanças nas bombas de exportação e na mangueira de descarga Piloto de Produção, Fase I e Fase II, conforme Tabela 1.
foram implementadas.
Tabela 1 – Fases de desenvolvimento do Campo de Jubarte.
Propriedades do reservatório. Aquisição contínua de fundo de poço
a pressão e a temperatura permitiram a correspondência do histórico do EWT Piloto Fase I Fase II

reservatório, usando um simulador de reservatório trifásico 3D. Uma Unidade de produção FPSO FPSO P-34 Não
característica especial, que permite a mudança automática e gradual em determinados Abelha Abelha definido
propriedades do reservatório foi muito útil para garantir um excelente 18.5 22 60 200-400
Processamento de Líquidos
casamento na pressão de fundo (Fig. 3) e sua derivada, bem como o pequeno capacidade (M bpd)
corte de água que apareceu no final da fase piloto (cerca de 2%). Concluiu- - - -
compressão de gás 2,0 – 3,0
se que os leitos internos de argilitos podem causar alguma restrição ao fluxo
(MM m3 /d)
vertical, mas não constituem barreiras de permeabilidade vertical generalizadas.
- - - 160
Injeção de água
A ocorrência de um asfalto próximo ao contato óleo-água reduziu a ação do (M bpd)

aquífero de fundo. A falha principal na parte central do campo (Fig. 2) não é produtores 1 1 4 17 (**)
estanque. O corte de água e a correspondência de pressão foram obtidos Pico de produção 16.500 22.000 47.000 190.000
usando o relativo (bpd) (2005) (2009)
permeabilidades medidas no Centro de Pesquisas da Petrobras
produção de gás 0,14 0,14 0,35 1.465
(CENPES), nas condições do reservatório e restauração da molhabilidade, pico (MM m3 /d) (2005) (2008)
considerando deslocamentos transitórios e estacionários.
(*) – a capacidade de compressão do gás dependerá do sistema de elevação
artificial.
Interrupção EWT e Declaração Comercial. O
a interrupção do EWT e a declaração comercial do Campo de Jubarte foram (**) – número inicial, otimização está acontecendo.
decididas com base em:

Altas taxas mantidas durante o EWT. Após a Fase Piloto, o FPSO P-34 (que foi
Índice de produtividade quase constante durante o EWT. totalmente remodelado após operar no piloto Barracuda Caratinga) será
Boa pressão e produção combinam considerando o instalado no campo, para receber a produção de quatro poços horizontais,
volumes mapeados. incluindo o poço horizontal ESS-110HP. Os poços serão equipados com
Conceito de ESP comprovado. diferentes sistemas de elevação artificial. Novos testes serão feitos no FPSO,

Condições de separação e tratamento testadas. principalmente quanto à eficiência do óleo pesado – água

Armazenamento e descarga sob controle.

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separação. O gás produzido será exportado para terra. A capacidade de Referências

processamento do FPSO é de 60.000 bpd.
A Fase I funcionará durante três ou quatro anos, e será sucedida pelo
sistema definitivo (Fase II). Diversas análises estão sendo realizadas para
otimizar a Fase II, como:
Ótima capacidade de processamento de líquidos, variando de 200.000 a
400.000 bpd.
Estratégia de elevação artificial: elevação a gás e ESP.
Bruhn, CHL, Gomes, JAT, Del Lucchese Jr., C., e Johann, PRS: “Bacia
de Campos: Caracterização e Gestão de Reservatórios – Panorama Histórico
e Futuro
Desafios”, OTC 15220, 2003.
Lach, JR: “Desenvolvimento do Reservatório de Campo Capitão
Planejamento e Desempenho de Poço Horizontal”, OTC 8508,
1997.

Unidade de completação seca versus sistemas submarinos. Pedroso, C. et al: “Extended Well Test and Production Pilot in an Offshore

Reinjeção ou descarte de água produzida.
Caracterização da água e estratégia para o controle de incrustações.
Geometria dos poços de injeção.
Estratégia de transporte de petróleo.
A previsão é que esses estudos sejam concluídos até julho de 2004.
Conclusões
Heavy Oil Field – The Jubarte Case”, Seminário de Engenharia de
Reservatórios da Petrobras, 2003.
Pinto, A. C. C., Trindade, W. L., and Matos, J. S.:
“Pesado Pesado Offshore, um Novo Desafio para a Petrobras”, III
Exitep, Veracruz, México, 2003.
Pinto, A. C. C., Branco, C., Vieira, P. M., Guedes, S.S., Pedroso, C.,
Decnop, A. C. and Ceciliano, M.: “Offshore
Petróleo Pesado na Bacia de Campos: a Experiência da Petrobras”, OTC
15283, 2003.

O desenvolvimento do campo de Jubarte vem sendo feito de forma gradual,

de forma que as principais incertezas possam ser conhecidas e controladas.
As principais incertezas estão relacionadas à produção do óleo pesado (17,1o
API, 3.000 cP a 20o C) de um reservatório de águas profundas, pouco
consolidado e com grande aquífero de fundo.
Outras incógnitas são as características das falhas do reservatório e
heterogeneidades internas, bem como a distribuição e efeito de vedação de
uma camada de asfalto logo acima do contato óleo/água.
A abordagem Valor da Informação permitiu a aprovação da perfuração,
completação e teste de um longo poço de seção horizontal (1.076 m). O
mesmo conceito foi utilizado para aprovar um Teste de Longa Duração, ainda
em fase de avaliação, que tem obtido grande sucesso. Com base nos dados
levantados durante o EWT, foi possível antecipar a declaração comercial do
campo.

O plano de desenvolvimento foi dividido em três fases: (a)

Piloto de Produção, compreendendo o poço horizontal produzindo para o
FPSO de Seillean, (b) Fase I, com quatro poços produzindo para um FPSO
maior (60.000 bpd) e, (c) Fase II (o projeto definitivo), que está em fase de
desenho.
O óleo Jubarte é um dos óleos mais viscosos em condições de superfície
já produzidos em um campo de águas profundas. O cuidado na construção do
plano de desenvolvimento é a base para que a Petrobras supere esse desafio
inédito para a indústria do petróleo
indústria.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Petrobras pela permissão para publicação deste

artigo. Agradecemos a contribuição dos profissionais que trabalharam na
operação do FPSO Seillean em Jubarte. Agradecimentos especiais aos
colegas da Sede de E&P da Petrobras (E&P-CORP), Centro de Pesquisas da
Petrobras (CENPES), Unidade de Negócios da Petrobras E&P Espírito Santo
(UN ES) e Unidade de Serviços de E&P da Petrobras (E&P-SERV).
Agradecemos ao Dr. Álvaro Peres por fornecer os dados relativos à partida do
histórico EWT.