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10.37885/201202487
RESUMO
O rio Tapajós é um dos principais rios do Estado do Pará, fazendo parte da Bacia
Amazônica, a maior bacia hidrográfica do mundo, entretanto, o aumento populacional e
a grande quantidade de embarcações atracadas na orla tem gerado o aporte de contami-
nantes nesse importante rio da região. O objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade
da água do rio Tapajós na orla portuária de Santarém-PA quanto as variáveis visuais,
físico-químicas e a presença de metais, tendo como base a resolução 357/2005 do
CONAMA. Foram selecionadas oito pontos de amostragem ao longo da orla portuária,
onde se fez coleta na camada superficial da coluna d’água. A coleta foi realizada em
dois períodos contrastantes, Janeiro (seco) e Julho (cheio) ao todo, foram determinadas
14 variáveis. Os resultados mostraram que a turbidez esteve em conformidade com a
resolução em todos os pontos de coleta, o pH esteve entre e 6 e 7 nas amostras, o OD es-
teve abaixo do mínimo exigido pela CONAMA, mostrando impacto da presença huma-
na. Os níveis de nutrientes essenciais, Ca, Mg, Na e K estão de acordo com a maioria
dos rios da região amazônica de águas claras. Em quase todos os pontos o elemento
Fe, na estiagem, esteve acima do permitido, no entanto, os índices diminuem no período
chuvoso em alguns pontos, mas se mantiveram altos em três pontos amostrais. O teor
de Al está alto em alguns pontos nas duas estações. Esses dados preliminares reque-
rem uma análise mais rigorosa, pois índices elevados desses metais (Al e Fe) podem
comprometer a qualidade deste importante rio da Amazônia e representar uma ameaça
para a saúde da população, principalmente, dos ribeirinhos.
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
INTRODUÇÃO
“Esse rio é minha rua” é uma canção de Ruy Barata e Paulo André que ganhou voz com
a cantora Fafá de Belém. O título e a letra dessa música são expressivos da realidade das ci-
dades amazônicas, sobretudo, as primeiras cidades que foram construídas ao longo das mar-
gens dos diversos rios do vale da bacia amazônica, como é o caso da cidade de Santarém,
no estado do Pará, assentada na foz do rio Tapajós, na confluência com o rio Amazonas.
Ainda hoje, para a maioria das cidades amazônicas, o rio e o porto, constituem-se como
um importante local de entrada e saída nas cidades. Santarém está inserida nesse contexto.
Funcionando como cidade polo no Baixo Amazonas, ela recebe, diariamente, embarcações
de mais de 20 cidades, incluindo o oeste paraense, e as capitais: Belém, Manaus e Macapá.
Por causa disso, a cidade tem uma orla portuária agitada, movimentada por embarcações,
mercadorias e pessoas que acabam modificando a qualidade dessas águas. As imagens da
figura 1, representam um pouco dessa realidade diária da orla tapajônica.
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
a água do mar é de boa qualidade para muitas espécies de peixes, mas não é adequada
para o consumo humano. Águas contaminadas causam sérios danos à biota aquática, além
de afetar diretamente a saúde humana (BRANCO et al., 2006).
De acordo com (BRAGA et al., 2006), os padrões de qualidade da água referem-se di-
reta ou indiretamente, a presença efetiva ou potencial de alguma espécie química ou germes
patógenos que possam comprometer a qualidade da água do ponto de vista de sua estética
e de sua salubridade, sendo este último de maior importância, devido afetar decisivamente
a saúde e a vida das pessoas.
O uso intensivo da água como depurador dos resíduos produzidos pelos grandes
centros urbanos tem impactado os cursos naturais, produzindo ambientes propícios ao
desenvolvimento de vetores biológicos de diferentes doenças de veiculação hídrica, tais
como: esquistossomose, malária, dengue, febre amarela, disenterias as quais constituem
endemias de grande significado sanitário, social e econômico em várias regiões do país,
destacadamente na Região Amazônica (BRANCO et al., 2006).
Nesse contexto, na análise da qualidade das águas, considera-se a composição de uma
amostra cujos constituintes são referidos em termos de características físicas, físico-quími-
cas, químicas e microbiológicas dependendo do objetivo a ser alcançado. Por isso, quando
se quer estudar a qualidade da água de um rio, faz-se necessário conhecer o ambiente em
estudo para identificar prováveis fontes de contaminação.
Desta forma, este estudo analisou, em 16 amostras de água, 8 coletadas no período
seco e 8 no período chuvoso, coletadas ao longo da orla portuária de Santarém (rio Tapajós)
no estado do Pará, alguns padrões de potabilidade estabelecidos na Resolução CONAMA
357/3005, parâmetros físicos, físico-químicos e químicos (sujidades visíveis a olho nu: mate-
riais flutuantes, óleos e graxas e resíduos sólidos objetáveis, pH, OD, Turbidez, Alcalinidade,
Temperatura e os metais Fe, Al, Mn, Ti, Ca, Mg, Na e K).
Essa análise se faz necessária porque grande quantidade de esgoto sem tratamento,
proveniente das residências, são lançados diretamente no rio Tapajós (Figura 2), assim
como o excessivo acúmulo de lixo proveniente das embarcações que ancoram na orla. Vale
ainda citar os resíduos produzidos na Feira Municipal localizada às margens do rio. Tanto um
quanto outro, constituem fontes potenciais de poluição das águas do rio Tapajós e podem
comprometer a saúde da população que utiliza a água para diversos fins.
Compreender como a água do rio Tapajós apresenta-se hoje no decorrer da orla fluvial
de Santarém, a qual é utilizada para momentos de lazer entre os moradores das proximidades
e também por pessoas que frequentam o local, foi o que nos levou a esta pesquisa, esperan-
do-se encontrar a partir destas análises, subsídios que podem auxiliar para encontrar solu-
ções mitigadoras necessárias. Acredita-se que esta pesquisa é de fundamental importância
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
para os usuários e a população de Santarém em geral, no sentido que pode indicar as
condições da qualidade da água do rio considerando as interferências antrópicas. De igual
modo, este estudo pode servir de auxílio para futuros trabalhos no rio Tapajós, bem como,
ser usado como suporte em estudos de Educação Ambiental na rede educacional da cidade.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
O Brasil é um país rico em recurso hídrico, porém, o mau uso e o aproveitamento de-
sordenado desse líquido estão ocasionando a diminuição e até mesmo a falta desse recurso
em algumas regiões, não necessariamente em quantidade, mas principalmente em qualida-
de. Em alguns estados do Brasil, por exemplo, a população já sofre com racionamento de
água potável em suas casas. Sendo assim, torna-se necessário que se inicie ações básicas
preventivas para minimizar esse problema: tratamento de esgoto, manutenção de matas
ciliares, uso adequado de água na agricultura e campanhas de uso racional nos setores
comercial, doméstico e industrial, e conscientização ambiental (REBOUÇAS, 2006).
A água além de ser o elemento básico, fundamental, vital à vida, ela tem outros usos
que também são indispensáveis a um largo espectro das atividades humanas. De acordo com
a Cetesb (2013), O Brasil possui 18% dos recursos hídricos superficiais do planeta e essa
ideia de abundância gerou, culturalmente, o uso abusivo dos rios e lagos do nosso território,
ocorrendo com isto, um grande desequilíbrio na demanda e na disponibilidade deste recurso.
A região amazônica concentra uma grande porcentagem dos recursos hídricos no Brasil
e segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), os usos mais comuns da água são diversos,
incluindo: navegação, irrigação, recreação (balneabilidade), turismo, abastecimento urbano
e industrial, hidroeletricidade, pesca e aquicultura.
A poluição das águas dos rios tem se mostrado prejudicial para todos os setores da
economia. O lócus desta pesquisa é a orla do rio Tapajós cujas águas têm sido usadas pela
população local, primordialmente, para abastecimento humano utilizado por ribeirinhos (que
não dispõe de água encanada), navegação, pesca etc.
Na Amazônia, o transporte fluvial tem uma particularidade distinta do restante do país.
Pelas condições regionais, os rios são os meios mais utilizados para a circulação de pes-
soas e mercadorias entre as cidades localizadas às margens dos rios que compõe a Bacia
Amazônica. A pesca é a atividade econômica mais importante das comunidades as margens
do Tapajós. Assim, dado esse contato constante da população com as águas portuárias é
primordial conhecer a qualidade dessas águas.
METODOLOGIA
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Pontos de amostragem
As localizações dos pontos de coleta (PC) foram registradas pelo GPS (Sistema de
Posicionamento Global) de marca GARMIN®. A área de coleta das amostras localiza-se as
margens da orla do rio Tapajós, perímetro portuário. Os 08 pontos de coleta estão iden-
tificados na figura 3 e sua descrição na tabela 1, compreende uma extensão de aproxi-
madamente 2,5 km.
Coordenadas Geográficas
Pontos de amostragem
Latitude Longitude
PC 01 02°25’3,46” S 54°43’08,87” W
PC 02 02°25’6,54” S 54°43’17,11” W
PC 03 02°25’5,90” S 54°43’25,29” W
PC 04 02°25’2,99” S 54°43’31.25” W
PC 05 02°25’6.68” S 54°43’38.20” W
PC 06 02°25’7.22” S 54°43’43.04” W
PC 07 02°25’7,24” S 54°43’47,65” W
PC 08 02°25’7,52” S 54°43’52,66” W
Fonte: os autores (2015)
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
esgotamento sanitário. O ponto 02 fica localizado na hidroviária de lanchas. O ponto 03
localizado na balsa de atracação de embarcações oriundas de cidades vizinhas, local de
fluxo constantes de pessoas. O ponto 04 localizado na Balsa de atracação de barcos. Ponto
05 localizado em frente à Marinha do Brasil, onde desemboca esgoto. Ponto 06 localizado
próximo a Praça Tiradentes, onde também desemboca esgoto. Ponto 07, localizado próxi-
mo a Feira do Peixe. Ponto 08, localizado próximo ao terminal Graneleiro CARGIL que tem
intenso fluxo de carga e descarga de navios.
Para determinação analítica dos metais foi utilizado o espectrômetro de emissão óti-
ca por plasma indutivamente acoplado (ICP-OES) com conexão axial, modelo Vista Pro®
Varian©. Os parâmetros operacionais usados no espectrômetro estão detalhados na tabela
2. Toda a água utilizada na determinação tinha resistividade mínima de 18,2 MΩ cm–1 e foi
fornecida pelo sistema de purificação Purelab Ultra Analytic da Elga, que usou água desti-
lada como alimentação.
Parâmetros
251
Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Tabela 3. Equipamentos utilizados.
Padrão Fabricante
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
detecção e limite de quantificação. Os limites de detecção e quantificação do instrumento
(Tabela 5) foram determinados através da leitura de 15 brancos (água ultrapura + ácido)
com o uso das equações 1 e 2:
Tabela 5. Limites de detecção (LD) e quantificação (LQ), coeficiente angular (a) e linear (b), e coeficiente de correlação (r)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Turbidez Alcalin.
Amostras T (ºC) pH OD (mg/L) Transp. (cm)
(UNT) (mg/L)
CONAMA 357/2005 - 6a9 > 5,0 < 100,0 - -
PC_05 30,1 8,02 4,2 48,0 35,4 65,0
PC_06 29,2 7,11 4,7 46,1 20,9 135,0
PC_07 29;4 7,53 6,2 38,9 11,0 165,5
PC_08 29,5 7,30 6,4 28,4 17,3 68,5
* Alcalin. = Alcalinidade; Transp. = Transparência.
* Valores em vermelho estão em desacordo com a resolução CONAMA 357/2005.
Temperatura
Gráfico 1. Temperatura
20
15
10
5
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
254
Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
O pH pode influenciar em diversos equilíbrios químicos ocasionados naturalmente ou
em processos unitários de tratamento de água. Para o estudo do saneamento ambiental, o
pH é um parâmetro de suma importância, cujos critérios de variabilidade ideal para o consu-
mo humano estão entre 6 e 9 (Portaria MS 518/2004). A influência do pH nos ecossistemas
aquáticos naturais ocasiona efeitos fisiológicos sob as diversas espécies (BAIRD, 2006).
Gráfico 2. pH
6
pH
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
255
Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Gráfico 3. Oxigênio Dissolvido
Os teores médios de OD obtidos no período seco (4,5 mg/L), estavam abaixo do va-
lor mínimo estabelecido pela resolução CONAMA ( >5 mg/L). Os pontos PC 05 e PC 06
apresentaram os teores mais baixos, 2,1 e 2,2 mg/L, respectivamente. Na 2ª coleta (cheio),
quando o nível da água estava muito maior, o teor médio obtido aumentou para 5,7 mg/L.
Quando o nível da água aumenta com a estação chuvosa, provavelmente, o maior volume
de água auxiliou na diluição dos materiais orgânicos presentes no corpo do rio que con-
somem o oxigênio.
A explicação para esses baixos níveis de OD pode estar associada a ocorrência de
intenso movimento de pessoas na área portuária com descarte de dejetos pelos barqueiros.
Outro fator contribuinte pode estar relacionado a presença de vários esgotos despejando
lixo doméstico nas águas do cais santareno (Figuras 2 e 4).
Miranda et al. (2009) estudando as águas do rio Tapajós em frente a cidade de Santarém
encontrou um valor médio de OD igual a 5,8 mg/L, para águas coletadas em janeiro, mas
uma diferença do seu trabalho para este consiste no fato que eles coletaram águas na calha
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
do rio, enquanto neste trabalho as amostras foram colhidas na orla do rio, que sofre muito
mais influência das descargas humanas, dos esgotos e das embarcações.
Estudos realizados por Vinente et al. (2014) apresentaram valores um pouco maior de
OD, 7,7 mg/L. Uma característica diferente dos pontos amostrados por este trabalho reside
no fato de que no trabalho de Vinente as amostras foram coletadas longe dos canais de
lançamento dos esgotos domésticos.
Turbidez
Gráfico 4. Turbidez
50
40
30
20
10
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
Os valores médios no período seco foram de 44 UNT e na cheia, a média foi 25,5
UNT. Os maiores valores foram registrados nos pontos PC 05 e PC 06 (78 e 70,5 UNT,
respectivamente) no período seco. Esses altos índices talvez se devam a presença de
muitos materiais orgânicos. Mesmo com esses valores mais altos nesses dois pontos os
valores estão de acordo com a Resolução. Miranda et al. (2009) em seu trabalho obteve
uma média em torno de 75 UNT para a turbidez das águas do rio Tapajós pela influência do
Rio Amazonas, pois os pontos de coleta do trabalho dela incluem pontos onde a água do
rio Tapajós já sofreu incrementos das águas barrentas do Amazonas.
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Alcalinidade
Segundo Von Sperling (2013, p. 243) alcalinidade é a medida total das substâncias
presentes numa água serem capazes de neutralizar ácidos. Em águas superficiais naturais
a alcalinidade é devida principalmente à presença de íons bicarbonatos, fosfatos e amônia.
Gráfico 5. Alcalinidade
40
30
20
10
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
Os valores em média, em janeiro, foi de 23 mg/L e em julho foi de16,5 mg/L. Nota-se
que a alcalinidade diminuiu com o aumento do nível da água, pelo efeito da diluição das
espécies químicas alcalinas. Isso ocorreu mesmos nos pontos PC05 e PC06 onde se ob-
teve os maiores valores de alcalinidade, observando-se assim uma grande diminuição dos
valores de alcalinidade.
Miranda et al. (2009) obteve em seu trabalho a média de 9,75 mg/L ficando um pouco
abaixo dos resultados do trabalho isso pode ter ocorrido pelo fato de ela ter feito uma média
de três profundidades, enquanto neste trabalho estamos determinando apenas na camada
superficial da coluna d’água.
Transparência
Gráfico 6. Transparência
120
100
80
60
40
20
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
O rio Tapajós possui águas claras, como os Rios Trombetas, Xingu e Teles Pires que
são os principais rios amazônicos com este tipo de água.
Na coleta de Janeiro (seco) o valor mínimo obtido foi de 47,5 cm no PC01 e o de maior
índice no PC07 140 cm tendo a média de 73,5 cm. Na coleta de julho (cheia) o valor mínimo
foi de 68,5 cm e o máximo de 165,5 cm no PC07 e a média foi de 94,5 cm.
Observa-se um aumento na transparência no período de Julho para Janeiro, isso ocorre
porque o rio Tapajós é um rio de “águas claras” ou “águas transparentes”, logo, aumenta a
transparência com o aumento do volume d’água, uma vez que ocorre o aumento da profundi-
dade das águas e a consequente diluição dos materiais sólidos dissolvidos no corpo d’água.
VARIÁVEIS QUÍMICAS
Esses elementos são componentes químicos dissolvidos nas águas que podem ser
derivados de partículas primárias encontrados em formas de íons cátions (Ca2+, Na+, Mg2+
e K+) predominantes nas águas naturais (FENZL, 1986).
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Cálcio
Gráfico 7. Cálcio
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
O valor mínimo encontrados de Ca2+ no período seco foi de 1,2 mg/L (PC01) e o má-
ximo de 3,1mg/L (PC08). No período de cheia, o valor mínimo foi de 1,1 (PC01 e PC04) e o
máximo de 4,5 mg/L no PC08. Observa-se uma diminuição nos valores do íon nos PC01 a
PC07 do período seco, no entanto há uma inversão no ponto PC08, onde o valor aumenta
no período de cheia. Gráfico 7.
Magnésio
O valor mínimo de Mg2+ na seca foi de 0,7mg/L (PC01) e o máximo de 1,8 (PC08) e na
cheia mínimo de 0,6 mg/L (PC03) e o máximo de 2,4 mg/L (PC08). Nos pontos PC02, PC03
e PC07 a concentração de magnésio diminui no período seco enquanto nos pontos PC01,
P06 e PC08 aumentou (Gráfico 8). Este aumento no período de cheia pode representar uma
interferência de carga trazida por carregamento externo.
Gráfico 8. Magnésio
2.5
Magnésio (mg/L)
1.5
0.5
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
260
Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Sódio
O valor mínimo de Na+ na seca foi de 1,3 mg/L (PC02) e o máximo de 4,6 mg/L (PC08)
enquanto na cheia, o valor mínimo foi de 1,1 mg/L (PC02) e o máximo de 3,8mg/L (PC06).
Observa-se a diminuição de concentração de sódio em todos os pontos no período chuvoso
em comparação com os valores obtidos no período da estiagem (Gráfico 9).
Gráfico 9. Sódio
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
Potássio
O valor mínimo de K+ foi de 0,9 mg/L (PC01) e o máximo de 2,7 mg/L (PC07). No pe-
ríodo da cheia, o mínimo foi de 0,6mg/L (PC01) e o máximo de 2,5 mg/L (PC07). Para o
potássio houve também diminuição do período seca para o período de cheia, supõe-se que
essa diminuição está atribuído ao aumento de volume de água na estação chuvosa.
2.5
Potássio (mg/L)
1.5
0.5
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
Para esses 4 metais essenciais: Ca, Mg, Na e K o valores estão em conformidade com
valores encontrados por outras pesquisas realizadas no rio Tapajós como as de Miranda
et al (2009) e de Vinente et al (2014). Mostrando que não está ocorrendo aporte excessivo
pelas atividades antrópicas na zona portuária de Santarém.
261
Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Ferro
800
600
400
200
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
Alumínio
200
Alumínio (mg/L)
150
100
50
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
262
Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
O Al teve índice mínimo de 38,3mg/L (PC02) e máximo 230mg/L (PC08) na seca e no
período de cheia, o mínimo de 28,6 mg/L (PC02) e máximo de 180mg/L (PC08). Os valores
encontrados nos pontos PC05 e PC08 nas duas estações estão acima do índice permitido
pelo CONAMA que tem como referência o valor de 100 µg/L (Figura 12). Miranda et al. (2009)
afirma que no caso do rio Tapajós onde o Al se encontra em altas concentrações, mesmo
com pH médio, pode-se pensar em uma contribuição antrópica do elemento, principalmente
devido à mineração do metal na região.
Manganês
60
50
40
30
20
10
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
Titânio
263
Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
Gráfico 14. Titânio
50
Titânio (mg/L)
40
30
20
10
0
PC_01 PC_02 PC_03 PC_04 PC_05 PC_06 PC_07 PC_08
Pontos de Coleta
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
barcos, cuja constituição dos cascos serem de ferro, alumínio, além de terem juntamente
titânio e manganês.
Os metais Al e Fe em excesso na água do rio Tapajós podem acarretar problemas à
saúde da população que se utiliza dessa água para consumo. Uma vez que a correlação de
alumínio com Alzheimer é muito indicada na literatura especializada. Sugere-se um monito-
ramento constante das águas para prevenir o despejo indiscriminado dos resíduos sólidos
e líquidos e a consequente contaminação dos recursos hídricos por elementos metálicos.
É preciso que ocorra educação da população, com vistas à conscientização ambien-
tal, em todos os níveis, pois, pode-se atribuir a responsabilização da ocorrência de óleos e
graxas na água do rio aos proprietários das embarcações. No entanto, a maioria dos outros
objetos visíveis a olho nu, notadamente plásticos, papel e madeira, devem ser atribuídos
aos usuários das embarcações, ou seja os passageiros que por falta de educação ambiental
fazem o descarte desses objetos diretamente no meio ambiente: no solo e na água.
Quanto ao despejo de esgotamento sanitário observado in loco, pode-se atribuir a
população citadina, que faz lançamento de águas residuárias no sistema de drenagem de
águas pluviais. De igual modo, pode-se atribuir uma parcela de responsabilização ao poder
público que não fiscaliza e, não cria a infraestrutura necessária para o correto despejo de
efluentes domésticos.
Para que o famoso verso “Esse rio é minha rua” continue ecoando limpidamente,
como água cristalina, nos lares santarenos e da Amazônia como um todo. É preciso investir
em Educação Ambiental, a fim de se formar cidadãos plenos que não só possuam direitos
como deveres. Direitos de terem acesso aos recursos hídricos com qualidade, assim como,
deveres de cuidar do meio ambiente, para que ele fique equilibrado para as presentes e
futuras gerações. E, assim, o direito de ir e vir por todas as vias: ruas, estradas e rios não
seja cerceado dos cidadãos.
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1
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Natal: ABQ/CBQ, 2014.
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Educação Ambiental e Cidadania: Pesquisa e Práticas Contemporâneas - Volume 1