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Georreferenciamento de Imóvel Rural Utilizando Drone (ARP)

Georreferencing Rural Property Using Drone (ARP)

Recebimento dos originais: 17/12/2018


Aceitação para publicação: 29/12/2018

Grazziani Resende Rodrigues da Costa Marques


Pós-graduado em RPAS (Drones) em Aplicações Civis e Comerciais pela
PUC-PR.
Instituição: MAPSKY
Endereço: Avenida João Batista Vetorasso, 805, distrito Industrial, São
José do Rio Preto - SP
e-mail: mapskysp@gmail.com.

Pablo Georgio de Souza


Doutor em Engenharia Florestal pela (UFPR) Universidade Federal do
Paraná
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Endereço: Rua Imac. Conceição, 1155 - Prado Velho, CEP:80215-901,
Curitiba – PR, Brasil

RESUMO

Tradicionalmente o georreferenciamento rural, conforme preconiza a lei 10.267/2001, modificada


pelo decreto nº 5.570/2005, é executado de acordo com a “Norma Técnica Para Georreferenciamento
de Imóveis Rurais” do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Os
profissionais que exercem o trabalho de levantamento topográfico precisam percorrer todo o
perímetro da área a ser demarcada, mesmo sendo em locais de difícil acesso, tendo como parâmetro
apenas o GPS geodésico. No início do ano de 2018 acompanhando a evolução tecnológica mundial,
o INCRA passou a permitir a utilização de ARP’s (Aeronaves Remotamente Pilotadas) para realizar
o georreferenciamento de imóveis rurais, tornando esse serviço mais rápido e seguro para os
profissionais da área, como engenheiros cartógrafos e agrimensores. O presente artigo teve como
principal objetivo detalhar descritivamente a “Norma Técnica Para Georreferenciamento de Imóveis
Rurais” e as vantagens de se utilizar esse novo tipo de levantamento topográfico com ARP’s.

Palavras Chave: Georreferenciamento. Imóveis Rurais. ARP’s.

ABSTRACT

Traditionally rural georeferencing, as recommended by the Law 10.267 / 2001, as amended by Decree
No. 5.570 / 2005 is implemented in accordance with the "Technical Standard For georeferencing of
Rural Property" INCRA (National Institute of Colonization and Agrarian Reform). Professionals
active in the surveying work must go all the perimeter of the area to be demarcated even being in hard

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to reach places, having as parameter only the geodetic GPS. At the beginning of 2018 following the
global technological developments, INCRA began to allow the use of ARP's (Aircraft Remotely
Piloted) to perform the geo-referencing of rural properties, making it faster and safer service for
professionals, as cartographers engineers and surveyors.

Keywords: Georeferencing. Rural Properties. ARP's.

1 INTRODUÇÃO

O georreferenciamento de uma imagem, mapa ou de uma dada informação geográfica,


consiste no ato de tornar suas coordenadas conhecidas, ou seja, de comprovar a exatidão de sua forma,
de sua localização e dimensão, por critérios topográficos definidos pelos órgãos reguladores,
observando a legislação atinente ao registro de imóveis.

Nesse contexto, georreferenciar um imóvel rural, de acordo com critérios definidos pelo
INCRA, é descrever seus limites, suas características e realizar confrontações no globo terrestre,
estabelecendo um endereço para este imóvel que indique a regularidade deste no cadastro da
propriedade rural, mediante análise de memorial descritivo realizado por profissional habilitado pelo
CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), seguindo o sistema geodésico brasileiro,
que é de responsabilidade do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com o Decreto nº 5.570/2005 criou-se o Cadastro de imóveis rurais (CNIR), exigindo,


obrigatoriamente, o georreferenciamento para os imóveis rurais com ao menos quinhentos hectares
de área para a devida certificação no registro de imóveis, precipuamente para se realizar alterações
de titularidade da propriedade e demais mudanças a serem feitas na margem da matrícula do imóvel.
Recentemente, contudo, desde 20 de novembro de 2016, tal obrigatoriedade alcançou todos os
imóveis rurais com mais de 100 hectares.

Esses dados obtidos pelo georreferenciamento e que permitem a certificação dos imóveis
rurais são transmitidos, desde novembro de 2013, pelo Sistema de Gestão Fundiária do Incra (Sigef),
de forma eletrônica, permitindo a atualização dos dados e validação dos registros.

Em 19 de fevereiro de 2018, o INCRA editou a “Norma de execução INCRA/DF/ Nº02” que


conferiu um avanço ainda maior ao permitir cadastramento de imóveis rurais através de imagens
georreferenciadas por ARP’s.

Por se tratar de uma norma recente observa-se que a grande maioria dos profissionais que
utilizam ARP para o cadastramento de propriedades rurais, tem encontrado bastante dificuldade para
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aplicar os nove artigos exigidos. Desta forma este artigo teve como principal meta detalhar
descritivamente a referida norma do INCRA de acordo com a aplicação experimental prática
executada no município de Novo Horizonte – SP.

O principal ponto motivador para o desenvolvimento deste trabalho foi aplicar e detalhar
cuidadosamente os nove artigos presentes na norma de execução do INCRA para cadastramento de
imóveis rurais utilizando ARP.

1.1 VANTAGENS NA UTILIZAÇÃO DA ARP NO LEVANTAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS

As ARP’s (aeronaves remotamente pilotadas) são ótimas aliadas no mapeamento de pequenas


e grandes áreas, pois possuem fácil manuseio e pilotagem, baixo custo operacional, além de serem
ágeis e capazes de capturar diversas imagens em um curto intervalo de tempo.

Na área da topografia torna-se essencial para a realização de diversos serviços, tais como:
mosaicos ortorretificados, modelos digitais do terreno, curvas de nível, direção de fluxos pluviais,
entre outros.

O uso de ARP’s, contudo, será mais vantajoso na execução do georreferenciamento de


imóveis rurais nas seguintes situações:

• Áreas de grande porte;

• Acidentadas;

• Difícil acesso;

• Alagados;

• Pantanosas.

O georreferenciamento de imóveis rurais executado de forma tradicional é muito desgastante,


já que o profissional, devidamente habilitado pelo INCRA, utiliza um GPS geodésico para coletar as
coordenadas geográficas de cada vetor.

Nota-se, pois, que é o profissional precisa percorrer toda a delimitação do imóvel rural para a
realização do serviço e em muitos casos precisa adentrar matas fechadas, atravessar córregos e rios,
assim como lagos e pântanos para a delimitação da área, conforme figuras 1 e 2.

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Figura 1 – Profissionais coletando nível do terreno com lama até a cintura.

Figura 2 – Dois profissionais coletando ponto artificial com água até os joelhos.

No georreferenciamento de imóveis rurais com a ARP os riscos são mitigados e o serviço é


realizado com maior eficácia, já que as imagens são capturadas remotamente, conforme norma de
execução do INCRA e diretrizes.

2. OBJETIVO GERAL

Detalhar descritivamente a norma “Norma de execução INCRA/DF/ Nº02” de acordo com a


aplicação experimental prática executada no município de Novo Horizonte – SP.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os principais objetivos específicos realizados foram:

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• Avaliar e definir o perímetro a ser mapeado;

• Encontrar a melhor altitude do ARP para se obter as feições das divisas;

• Definir a sobreposição correta para se ter uma qualidade final no mapa;

• Dispor os pontos de controle com GPS geodésico em solo de maneira homogenia sobre o
perímetro;

• Gerar o ortomosaico a partir das imagens capturadas pelo ARP;

• Acurar os pontos de controle no ortomosaico para melhorar a sua precisão;

• Inserir as coordenadas capturadas pelo GPS geodésico e as coordenadas extraídas do


Ortomosaico retificado para executar o software Geopec 3.5;

• Fornecer relatório completo com todas as exigências da Norma de execução com desvio
padrão de Shapiro Wilk e T-Student e RMS através do software Geopec 3.5.

3. METODOLOGIA E MATERIAIS

3.1 EQUIPAMENTOS NECESSÁRIOS

É essencial para a execução do mapeamento aéreo com Drone de imóveis rurais, os seguintes
equipamentos: GPS geodésico (RTX;RTK;L1/L2) e os Pontos de controle.

3.2 GPS GEODÉSICO

Neste artigo, apenas o levantamento por GPS geodésico e a aerofotogrametria com Drone
serão abordados.

Antes de explanar a nova norma de execução do INCRA é preciso destacar a diferença entre
um GPS de navegação e um GPS geodésico. O GPS de navegação utiliza o método da pseudodistância
(Wickstrom et al., 2002), o que lhe confere alguns metros de precisão. Esse modelo é muito utilizado
em celulares e em Drones.

Já o GPS geodésico que é utilizado para levantamento topográfico trabalha com a Fase de
Batimento da onda portadora (Logan Jr, 1998), o que lhe garante uma precisão de poucos centímetros
ou até mesmo milímetros. Na figura 3 é apresentada uma fotografia de um GPS geodésico:
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Figura 3 – GPS geodésico coletando ponto.

3.3 PONTOS DE CONTROLE

Os pontos de controle são utilizados para melhorar a precisão do ortomosaico que será gerado
a partir das imagens capturadas pelo ARP. Eles permitem a localização exata de onde o GPS
geodésico coletou os pontos mediante marcações em forma de X feitas no solo. Assim, quando as
imagens obtidas pela ARP forem processadas, essas coordenadas serão posicionadas no centro do X,
e com isso, o ortomosaico terá uma precisão de poucos centímetros, conforme figura 4.

Figura 4 - Ponto de controle em forma de X.

3.4 DRONE

Para capturar as imagens necessárias para o cadastro de imóveis rurais torna-se necessário
adquirir uma ARP adequada para cada tipo de terreno e tamanho da área. Além disso, deve-se atentar
para as normas e legislações vigentes para a aquisição e voo.

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Existem dois tipos de aeronaves remotamente pilotadas, o de asa rotativa e o de asa fixa. A
aeronave de asa rotativa comumente conhecida como Drone (figura 5), é mais utilizada para a
realização de serviços em áreas menores. Já a aeronave de asa fixa, conhecida como VANT (Figura
6) tem a capacidade de cobrir áreas maiores, em razão de sua própria estrutura, que lhe confere mais
sustentação em voo.

Figura 5 - Aeronave de asa rotativa ou Drone.

Figura 6 - Aeronave de Asa fixa ou VANT.

O profissional precisará ter noções de voo para saber definir corretamente o perímetro da área
a ser mapeada, a altura máxima permitida assim como quais as sobreposições corretas para que o
trabalho fique aceitável.

Na figura a seguir será ilustrado o planejamento do voo a ser realizado por um ARP (Figura
7).

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Figura 7 – Plano de voo para mapeamento com a ARP.

4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL APLICADA

Anteriormente e durante a aplicação prática da norma, foi realizado um trabalho consultivo


junto ao INCRA, para esclarecer todas as dúvidas e pequena ambiguidade encontradas nos nove
artigos presentes na nova resolução do INCRA de fevereiro de 2018.

Para a aplicação e desenvolvimento do trabalho foram realizados voos de mapeamento


empregando uma ARP com asas rotativas para o agrimensuramento de uma área relativamente
pequena localizada no município de Novo Horizonte – SP. O local foi estrategicamente escolhido,
por conter dificuldades no terreno.

4.1 RESPONSABILIDADE TÉCNICA

O Artigo 1º da norma de execução do INCRA expõe a necessidade do serviço de


georreferenciamento de imóveis rurais ser realizado por um responsável técnico com ART (Anotação
de Responsabilidade Técnica), quando se tratar de aerofotogrametria, ou seja, precisa ser profissional
capacitado pelo CREA, com inscrição no INCRA, para enviar as coordenadas resultantes do trabalho
ao SIGEF.

É preciso emitir uma certidão do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA),


para obter o cadastro no SIGEF. Essa certidão atesta que o profissional está habilitado para executar
serviços de georreferenciamento de imóveis rurais.

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4.2 FEIÇÕES IDENTIFICÁVEIS

O artigo 2º adverte que o Georreferenciamentos de imóveis rurais com Drones só serão aceitos
se as divisas forem foto identificadas. Neste caso, a altitude da aeronave que capturará as imagens
deve ser compatível com a identificação das feições das cercas, conforme figura 8, onde pode-se
observar o final do vértice da divisa na área de interesse. Nesta situação emprega-se as coordenadas
encontradas por meio do processamento das imagens capturadas pela ARP, sem a necessidade de
marco do tipo “M”.

Figura 8 – Feição da cerca identificável.

A figura 9 ilustra uma situação em que a coordenada obtida pelas imagens do ARP não
poderão ser utilizadas. Neste caso, o profissional em campo deverá instalar um marco do tipo “M” e
coletar a coordenada (modo tradicional de levantamento topográfico).

Figura 9 – Feição da cerca não identificável.

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4.3 MANUAL TÉCNICO DE POSICIONAMENTO

No artigo 4º da norma de execução do INCRA é citada a obrigação de seguir o manual técnico


de posicionamento. De acordo com o item 7.2 (Vértices de limite) do manual técnico de
posicionamento do INCRA, os diferentes padrões de precisão precisam estar de acordo com os
seguintes tipos de limites: Artificiais melhor ou igual a 0,50 m; Naturais melhor ou igual a 3,00 m;
Inacessíveis melhor ou igual a 7,50 m.

O mosaico ortorretificado gerado na aplicação prática com a ARP atingiu acurácia de três
centímetros, bem melhor que a exigida pelo INCRA de 7,5 cm.

4.4 AVALIAÇÃO DE ACURÁCIA POSICIONAL ABSOLUTA

No artigo 5º para que seja comprovada a acurácia do processamento da imagem e extrair os


pontos a serem entregues ao INCRA pelo SIGEF é necessário atender a alguns critérios, constantes
no art. 5º da norma de execução do INCRA, entre eles a quantidade mínima de 20 pontos de controle
em solo extraída por um GPS geodésico.

No subitem II e III do artigo 5º são exigidos os testes estatísticos de Shapiro-Wilk (Shapiro e


Wilk, 1965) e o teste de tendência T-student para assegurar que o desvio não possa superar o item
7.2 do Manual Técnico de Posicionamento.

Os testes estatísticos podem ser extraídos a partir do software GeoPEC 3.5, disponibilizado
pelo professor Afonso P. Santos da Universidade Federal de Viçosa.

Para a execução do software foram utilizadas coordenadas coletadas em campo e as


coordenadas extraídas do processamento das imagens capturadas pela ARP. Na Figura 10 ilustra-se
a interface de trabalho do software GeoPec 3.5 e quais informações são necessários para o seu
preenchimento:

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Figura 10 – Interface de trabalho do software utilizado para teste estatístico.

Faz-se necessário empregar um software de GIS para encontrar o desvio entre a coordenada
real coletada pelo GPS geodésico e a coordenada no centro do marco colocado na área. O software
mais utilizado e gratuito é o Quantum Gis, nele é possível identificar o desvio posicional da
coordenada em relação ao centro do ponto de controle deixado em campo.

Como ilustrado na Figura 11, o ponto azul que representa a coordenada coletada pelo GPS
geodésico em campo. Para se encontrar o nível de acurácia do processamento da imagem, o X deve
estar na mesma posição do círculo azul, porém, observa-se uma pequena discrepância mostrada na
Figura 11.

Figura 11 – Desvio encontrado no Quantum Gis.

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4.5 ARQUIVOS PARA AUDITORIA

O art. 6º da norma prevê materiais necessários para eventual auditoria pelo INCRA do trabalho
executado, caso necessário, que precisam estar em mãos do profissional autorizado pelo
georreferenciamento, sendo eles:

• Relatório do processamento;
• Relatório de controle de qualidade posicional;
• As imagens ortorretificadas;
• Licenças e homologações do ARP.
Normalmente o relatório do processamento é gerado pelo próprio software de processamento
das imagens. Existem dois softwares mais conhecidos são o Pix4d (Da Silva et al., 2014; Draeyer e
Strecha, 2014) e o Photoscan (Chen e Clarke, 2017).

O Relatório de controle de qualidade posicional pode ser gerado pelo software GeoPec através
do menu “Relatório”. Em sua biblioteca o referido software possui todas as informações exigidas
pelo INCRA.

As imagens ortorretificadas serão geradas pelos softwares de processamento de imagem Pix4d


ou Photoscan. Essas imagens ortorretificadas geram os mosaicos que são exportados normalmente
em formato “TIFF”.

As licenças e homologações são essenciais para a execução de qualquer serviço com as ARP’s.
Todas as informações necessárias para o licenciamento e homologação pode ser encontradas no site
do DECEA.

As seguintes certificações e homologações são obrigatórias:

• Selo da ANATEL para o rádio e o Drone;


• Cadastro e certificação do Drone junto ao site do SISANT (ANAC);
• Seguro obrigatório RETA para Drones;
• Cadastro e solicitação dos voos junto ao site do SARPAS (DECEA).

4.6 ACURÁCIA POSICIONAL

O artigo 7º determina que os valores posicionais devem ser preenchidos com os valores de
root mean square (RMS). Segundo (Do Carmo Assis e Elmiro, 2013) o RMS também conhecido com

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Erro Médio Quadrático é um cálculo matemático utilizado para obter a real relação entre as
coordenadas. Quanto menor foi o resultado melhor a qualidade da posição das coordenadas.

O mesmo relatório emitido pelo Geopec 3.5 gera automaticamente o RMS, atendendo os
artigos 5º, 6º e 7º da norma de execução do INCRA para utilização de ARP’s.

A equação 1 é empregada para o cálculo do “Root Mean Square”:

𝑛
1
𝑅𝑀𝑆 = √ ∑(𝑑𝑖 − 𝑝𝑖 )2 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1
𝑛
𝑖=1

4.7 RESTRIÇÃO AOS VÉRTICES DO TIPO “M”

Segundo (Rosalen e Bayo) o vértice do tipo “M” é o vértice materializado e ocupado. A


materialização é realizada através de marcos de concreto ou de pinos de aço.

O artigo 8º da norma de execução do INCRA mantém restrição na utilização de


aerofotogrametria para determinação de marcos do tipo “M” e permite quando tiver cercas e mudança
de confrontante.

Durante o desenvolvimento do trabalho experimental consultou-se o INCRA para que


algumas dúvidas fossem sanadas referentes ao artigo 8º. O INCRA por meio de sua equipe técnica de
composta por engenheiros cartográficos salientou que haverá restrição de vértices do tipo “M” apenas
em casos em que não haja nenhum tipo de divisão de confrontantes.

Por exemplo: Um perímetro de plantação de soja sem divisão de cerca e nenhuma marcação
definindo o perímetro. Neste caso será proibido uso de aerofogrametria. Para as demais situações
serão permitidas, desde que siga os artigos anteriores, em especial o artigo 2º da norma de execução
do INCRA referente às feições identificáveis.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

• Para a avaliação e definição do perímetro a ser mapeado, conforme artigo 2º da norma do


INCRA aqui explanada, deve o profissional verificar se são visíveis cercas e divisas no mapa gerado
pela ARP.

• A definição da melhor altitude da ARP é fundamental para se obter as feições das divisas
em solo. Cada modelo de aeronave contém câmeras e sensores diferentes, em função disso, o piloto
precisa ter o conhecimento necessário para determinar a altitude correta para a identificação das
feições em solo.

• Para que o ortomosaico ortorretificado tenha uma qualidade aceitável é necessário que o
piloto compreenda qual a necessidade de sobreposição das imagens de acordo com cada perímetro
mapeado. Todavia cada área a ser mapeada contém uma necessidade diferente de sobreposição de
acordo com a densidade da vegetação ou ausência dela.

• A disposição dos pontos de controle com GPS geodésico em solo, de maneira homogênea,
sobre o perímetro a ser mapeado, conforme o artigo 5º da norma, define a acurácia do ortomosaico.

• A geração do ortomosaico é possível a partir das imagens capturadas pela ARP, que é
utilizado para extrair os pontos que serão enviados ao SIGEF.

• Torna-se preciso acurar os pontos de controle obtidos para melhorar a precisão.

• Após, tem-se que inserir as coordenadas capturadas pelo GPS geodésico e as extraídas do
Ortomosaico retificado para executar o software Geopec 3.5;

• Seguindo essas orientações, deve-se fornecer o relatório completo com todas as exigências
da Norma de execução com desvio padrão de Shapiro Wilk e T-Student e RMS pelo software Geopec
3.5.

• No trabalho experimental executado de acordo com os dados e parâmetros explanados,


obteve-se o Root Means Square (RMS) em metros equivalentes a 0,052. Observou-se, ainda, que a
acurácia está aceitável, considerando a exigência mínima de 0,5 metros.

• O teste de Shapiro-Wilk demonstrou que as coordenadas extraídas foram consideradas


normais e o teste T-Student validou as amostras como não tendenciosas.

Assim, no trabalho realizado foi possível aplicar a norma de execução do INCRA e,


especificamente, detalhar artigos para melhor compreensão dos profissionais que utilizam a ARP
como ferramenta nos serviços de cadastros de imóveis rurais.

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