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VALE ENGENHARIA OBRAS E CONSTRUÇÕES

CNPJ nº 31.251.755/0001-92
Rua do Futuro, 564 / Graças, Recife – PE
cesarvale_araujo@hotmail.com / 081 9-8855-1920

PROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL DO PERFIL DE PRAIA E


LINHA DE COSTA

5º RELATÓRIO DE MONITORAMENTO – 18/09/2020

ESTABILIZAÇÃO E RECUPERAÇÃO DA FAIXA DE PRAIA EM FRENTE AO


CONDOMÍNIO DO EMPREENDIMENTO HOTELEIRO ECO RESORT DO CABO

(L.I. Nº 01.17.05.001767-1)

RECIFE
2020
VALE ENGENHARIA OBRAS E CONSTRUÇÕES
CNPJ nº 31.251.755/0001-92
Rua do Futuro, 564 / Graças, Recife – PE
cesarvale_araujo@hotmail.com / 081 9-8855-1920

PROGRAMA DE MONITORAMENTO AMBIENTAL DO PERFIL DE PRAIA E


LINHA DE COSTA

5º RELATÓRIO DE MONITORAMENTO – 18/09/2020

ART do serviço: ART OBRA/SERVIÇO CREA-PE nº PE20200542436.

Solicitante: Empreendimento do Condomínio Hoteleiro Eco Resort do Cabo


CNPJ 09.141.097/0001-27
Av. Beira mar, 750
Suape, Cabo de Santo Agostinho – PE
CEP 54.590-900

Maquete 3D: Hotel Vila Galé – 18/09/2020


SUMÁRIO

1. OBJETIVO 01
2. METODOLOGIA 01
2.1. Levantamento de Dados em Campo 01
2.1.1. Dados topográficos 01
2.1.2. Imagens aéreas 03
2.2. Processamento dos Dados 04
2.2.1. Imagens aéreas 04
2.2.2. Sistema de Informação Geográfica – SIG 04
3. RESULTADOS 05
3.1. Levantamento Topográfico e Praia do Pontal 05
3.2. Monitoramento Morfológico da Praia 07
3.2.1. Perfis transversais 07
3.2.2. Linha de costa 10
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 12
1. OBJETIVO

Continuidade do monitoramento ambiental e levantamento topográfico (2º ano), em


atendimento ao programa ambiental exigido pela licença de instalação (LI) expedida
pela Agência Estadual de Meio Ambiente – PE (CPRH), sob o nº 01.17.05.001767-1, ao
empreendimento do Condomínio Hoteleiro Vila Galé Eco Resort do Cabo:

 Item 9 – Exigências:

 Subitem 2. Apresentar, trimestralmente, relatórios de monitoramento


com levantamentos topográficos e análise da variação do volume de
sedimentos utilizados no engordamento da praia;

 Subitem 3. Executar, como propostos nos estudos ambientais, os


seguintes programas ambientais:

 3.1. Programa de monitoramento do perfil de praia e linha de


costa.

2. METODOLOGIA

O presente relatório é parte integrante da segunda série trimestral de


levantamento de dados (setembro/2020; dezembro/2020; março/2021 e junho/2021) que
inicia o segundo ano de monitoramento das mudanças do perfil praial, da linha de
costa e da variação volumétrica do pontal doador de sedimentos para a obra de
engordamento de praia.

No presente documento estão descritos os resultados do levantamento topográfico,


da captação de imagens aéreas, realizados no dia 18/09/2020, e uma breve
retrospectiva dos monitoramentos anteriores. A área monitorada compreende a faixa
de praia adjacente aos limites da propriedade do hotel Vila Galé e à área
correspondente ao antigo pontal arenoso, localizado ao sul da praia de Suape, na
margem norte da desembocadura do rio Massangana, Cabo de Santo Agostinho – PE.

2.1. Levantamento de Dados em Campo


2.1.1. Dados topográficos: o trabalho em campo ocorreu na baixa-mar da maré de
sizígia do dia 18/09/2020, às 10h23min e altura da maré em 0.0 m (Previsão de
Marés da Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN, Marinha do Brasil, para o
Porto de Suape–PE/2019). Foram coletados centenas de pontos geodésicos
tridimensionais (nuvens de pontos 3DGNSS) que foram convertidos em coordenadas

-1-
planimétricas no sistema UTM (E, N) e altitudes ortométricas (H). Além disso,
foram determinados e coletados pontos de controle pré-sinalizados (GCP),
utilizados durante o processamento fotogramétrico das imagens aéreas (Gonçalves e
Henriques, 2015; Casella et al., 2016; Long et al., 2016; Turner et al., 2016;
Scarelli et al., 2017; Bañón et al., 2019; Laporte-Fauret et al., 2019).

Para a realização do levantamento topográfico foi utilizado um par de receptores


geodésicos (Sistema GNSS Trimble® R4), sendo um fixo e o outro móvel. (i) Receptor
fixo (Figura 1a): estação base instalada na área sul da propriedade do hotel Vila
Galé e configurada para taxa de gravação de 5s. Sendo previamente determinada e
estabelecida por coordenadas precisas (284297.437 E, 9074929.220 N e altitude
ortométrica H = 3.477 m), forneceu a linha de base para correção no modo de pós-
processamento dos pontos coletados pelo receptor móvel. (ii) Receptor móvel
(Figura 1b): acoplado a uma mochila-suporte, foi configurado para captação
cinemática contínua com taxa de gravação de 5s. Foi utilizado na determinação da
trajetória percorrida para aquisição dos pontos 3DGNSS (Almeida et al., 2019;
Marques et al., 2019; Wiggins et al., 2019; Holanda et al., 2020) na extensão de
praia emersa durante a baixamar (pós-praia e estirâncio – Souza et al., 2005),
correspondente à área em que a obra encontra-se instalada e suas adjacências.

-2-
Foram instalados 39 GCPs (o mais equiespaçados possível) ao longo de toda a área
monitorada. Esta etapa baseou-se nos trabalhos de Gonçalves & Henriques (2015),
James et al. (2017), Martínez-Carricondo et al. (2018), Bañón et al. (2019) e
Laporte-Fauret et al. (2019). Foram utilizados pontos notáveis (estruturas fixas
pré-existentes na área) visíveis durante o processamento fotogramétrico das
imagens aéreas ou, em alguns casos, desenhados na areia (Casella et al., 2014 e
2016; Gonçalves & Henriques, 2015).

Os dados coletados foram pós-processados no software TBC (Trimble® Businees


Center), onde foram transformados para o formato padrão do GNSS e referenciados
para o datum horizontal SIRGAS 2000 (oficial brasileiro) e coordenadas planas UTM
25 S. Alguns critérios de aceitação foram estabelecidos para garantir a precisão
horizontal e vertical de cada ponto medido, sendo aprovados quando: horizontal >
0.10 m e vertical > 0.10 m, com nível de significância de 95%.

2.1.2. Imagens aéreas: foram captadas em quatro sobrevoos autônomos através do uso
de um quadricóptero (drone) de pequeno porte (DJI Mavic Pro) pesando 743g e
equipado com sensor óptico CMOS (1/2.3” – 6.17 mm x 3.47 mm), resolução máxima de
12 Mpixel e navegação por sistemas GPS e GLONASS. Os sobrevoos ocorreram
simultaneamente ao levantamento dos dados topográficos. As imagens foram
utilizadas para construção de ortofotomosaicos e modelos digitais do terreno
(MDT), que permitiram determinar o posicionamento espaço-temporal da linha de
costa na extensão de praia monitorada (Figura 02).

Figura 02: DJI Mavic Pro (imagem: http://vfxcamdb.com/dji-mavic/).

O quadricóptero realizou a captação das imagens a uma velocidade máxima de 10m/s,


respeitando-se o limite legal de altura de voo (<120 m), com a câmera posicionada

-3-
a ~90° (nadir) em relação ao solo e percentual de sobreposição de imagens de 80%
frontal e 70% lateral. Os sobrevoos foram realizados através do uso de aplicativos
(recomendados pelo fabricante do quadricóptero) de planejamento (DroneDeploy) e
controle (DJI GO 4) de voo para o sistema operacional Android.

Por precaução, foram obedecidas as recomendações de segurança de voo do


fabricante: decolar com ventos < 10 m/s e encerrar o voo quando as baterias em uso
(rádio controle ou aeronave) atingirem 20% de sua capacidade. Os sobrevoos
seguiram a legislação vigente e foram previamente autorizados pelo Departamento de
Controle do Espaço Aéreo – DECEA – do Ministério da Defesa, Força Aérea
Brasileira, através da Solicitação de Acesso de Aeronaves Remotamente Pilotadas –
SARPAS (solicitação de voo SARPAS nº #A09B29 – 18/09/2020).

2.2. Processamento dos Dados


2.2.1. Imagens aéreas: o processamento fotogramétrico das imagens capturadas
baseou-se em algoritmo Structure-from-Motion (SfM), onde foram gerados
ortofotomosaicos e modelos digitais do terreno (MDTs) para toda extensão de praia
monitorada (Long et al., 2016; Bañón et al., 2019; Laporte-Fauret et al., 2019).
Os produtos gerados foram georreferenciados através da identificação de pontos
homólogos entre os GCPs determinados em campo e os mesmos capturados pelas imagens
aéreas, manualmente, um a um, em cada imagem (James et al., 2017; Martínez-
Carricondo et al., 2018; Bañón et al., 2019). Este procedimento georreferencia
precisamente as imagens capturadas e minimiza os erros horizontais e verticais dos
produtos fotogramétricos finais (Scarelli et al., 2017).

2.2.2 Sistema de Informação Geográfica – SIG: uma vez geradas as nuvens de pontos
3DGNSS e os produtos fotogramétricos, estes foram analisados espacialmente por meio
de um software SIG (QGIS 3.10, versão A Coruña). Foram gerados mapas da faixa de
praia monitorada; selecionados seus limites; removidos os pontos e as áreas
indesejadas; interpolados os MDTs; extraídos os dados para análise e construção
dos perfis transversais e atualização espaço-temporal da linha de costa, através
da vetorização (digitalização) de suas feições características.

Os pontos 3DGNSS foram interpolados pelo algoritmo de interpolação de Triangulação


Delaunay (triangulated irregular network – TIN) (Wheaton et al., 2010; Mury et
al., 2019), dando origem a um MDT com resolução espacial de 1m2/pixel (Wiggins et
al., 2019). Em seguida, foram removidas as áreas interpoladas além dos limites
desejados (Wheaton et al., 2010). Utilizando-se uma camada poligonal de corte, a
área analisada ficou limitada entre a isoípsa de -1.0 m e o limite superior da
zona do pós-praia.

-4-
Os dados para análise dos perfis foram extraídos a partir da sobreposição de uma
camada linear contendo 15 perfis transversais à praia e o uso da função Profile
from lines, onde cada pixel do MDT (PixelMDT), sobreposto pela camada de perfis,
teve seu valor altimétrico extraído.

A linha de costa foi identificada com o auxílio do ortofotomosaico e do MDT e


extraída através do reconhecimento e vetorização (digitalização) de suas feições
representativas (Chen e Chang, 2009; Tateosian et al., 2013; Silva et al., 2016;
Zhou et al., 2019). Foi considerado como linha de costa o limite da berma da praia
(limite pós-praia / estirâncio), que consiste em um alinhamento horizontal formado
por deposição de sedimentos pela ação das ondas (Souza et al., 2005). Onde não foi
possível a identificação da berma foram considerados a marca deixada pelas ondas
da última preamar de sizígia, o sopé de estruturas de fixação da linha de costa e
a escarpa erosiva formada pelo desmoronamento do terreno ou de estruturas à beira
mar do empreendimento (Martins et al., 2016).

3. RESULTADOS

3.1. Levantamentos Topográficos e Praia do Pontal


A cota de partida utilizada para o levantamento dos dados topográficos foi o
referencial de nível local (RN), estabelecido pela estação base, dentro dos
limites da propriedade do empreendimento (visualização: Google Earth Pro →
Pesquisar → -8.36396 -34.95880). Durante o levantamento topográfico foram
coletados 1153 pontos 3DGNSS com precisão superior a 10 cm na horizontal e 10 cm na
vertical (Figura 3).

A área correspondente ao pontal doador de sedimentos para a obra de engorda da


praia defronte ao restaurante e ao parque aquático do hotel Vila Galé, atualmente
apresenta-se como um extenso banco arenoso emerso apenas nos momentos de baixamar;
deixando de ser uma feição subaérea característica de um pontal arenoso. Portanto,
torna-se mais apropriado o seu monitoramento a partir do reposicionamento e
redimensionamento dos perfis praiais já existentes e da inclusão de três novos
perfis (Figura 4).

Na margem norte do rio Massangana (limite sul da propriedade do hotel) o


transporte sedimentar está ocorrendo de jusante a montante, agravando assim o
processo erosivo no limite do ponto de encontro entre as praias marinhas (de face
leste) e fluviais (de face sul). Além disso, essa movimentação sedimentar promoveu
a progradação no trecho de praia fluvial mais interna à desembocadura; na altura
do píer, que precisou remover sua estrutura flutuante (Figura 4).

-5-
Figura 3. Pontos do levantamento topográfico e GCPs estabelecidos.

Figura 4. Movimentação sedimentar na praia do pontal (erosão a jusante e acresção


a montante) e a nova configuração dos perfis transversais à praia no local.

-6-
3.2. Monitoramento Morfológico da Praia
A continuidade trimestral dos monitoramentos possibilitou construir um banco de
dados com uma série temporal representativa, permitindo assim comparações entre os
perfis de praia para todo trecho e período amostrado (Figura 5).

Os levantamentos realizados permitiram observar momentos importantes para dinâmica


a qual a nova praia reconstituída estará exposta doravante: (i) a estação chuvosa
e de ventos mais fortes para região, associados ao inverno, com migração e
acomodação sedimentar junto à face litorânea e aos bancos e barras arenosas
adjacentes; (ii) os eventos extremos meteorológicos, conhecidos como “ressacas” e
astronômicos, como as “supermarés”; e (iii) os momentos de calmaria e ventos mais
fracos, associados ao período de verão, com acomodação sedimentar característica
junto ao estirâncio e ao pós-praia.

Figura 5. Modelos Digitais do Terreno: alterações morfológicas ao longo do período


monitorado.

3.2.1. Perfis transversais: o posicionamento (longitude/latitude) e comprimento


dos perfis, originalmente traçados, foram alterados em consonância com a variação

-7-
morfológica do ambiente praial. Contudo, todos eles continuam partindo da cota
mais alta do pós-praia e tendo seu fechamento junto ao limite final do estirâncio,
junto à conta de -1.0 m (Figura 6).

Figura 6. Configuração dos perfis praiais ao longo da área monitorada e sua


variação morfológica. Nível médio do mar (NMM) = 1.28 m (Porto de Suape).

-8-
Setor Norte: formado pelos perfis P01–P05, apresentou (i) perda em relação a Mar.
2020, em P01; (ii) ganho sedimentar contínuo para todo o período monitorado, em
P02; (iii) estabilidade desde Nov. 2019, em P03; (iv) balanço sedimentar negativo
comparado a Nov. 2019 e estabilidade em relação a Mar. 2020, em P04; e (v) balanço
sedimentar negativo contínuo desde Nov. 2019, em P05. De forma geral, é possível
observar que o setor norte ainda apresenta balanço sedimentar positivo em todos os
seus perfis quando comparados a Out. 2018 e Ago. 2019 (Figura 6).

Setor Central: representado pelos perfis P06–P10, fazem parte da área de praia
reconstituída com os sedimentos transferidos do pontal arenoso e do último trecho
de praias marinhas (de face leste) da área monitorada. De forma geral, os perfis
deste setor vêm demonstrando maior exposição à dinâmica costeira quando comparado
ao Setor Norte. Os perfis estabelecidos no trecho de praia engordado (P06 e P07)
necessitam de constantes intervenções para sua manutenção. Todavia, é o único
trecho de praia monitorada onde a paliçada de troncos de coqueiro, que fixa a
linha de costa nos demais setores, encontra-se encoberta por areia e onde ainda é
possível identificar as principais zonas e limites do sistema praial descrito em
Souza et al. (2005); à exceção da praia subaérea, espraiamento, que tem todo o
pós-praia superior tomado pelas estruturas do restaurante e do parque aquático do
hotel. Em relação ao último monitoramento (Mar. 2020), o perfil P06 apresentou
ganho altimétrico no limite entre o pós-praia e o estirâncio, demonstrando assim
aporte sedimentar na estreita faixa subaérea da praia. Contudo, o perfil P07
apresentou perda altimétrica quando comparado a Nov. 2019 e Mar. 2020. Os demais
perfis deste setor demonstraram perda sedimentar contínua ao longo das campanhas
de monitoramento. Exceto o perfil P09, o trecho de praia entre os perfis P08–P10
encontra-se em estado similar ao período de pré-engorda (Out. 2018) (Figura 6).

Setor Sul: os perfis P11–P15 apresentam as modificações ocorridas nas praias


localizadas no limite marinho/fluvial da área monitorada, correspondente ao antigo
pontal arenoso. Neste setor ocorreram as maiores modificações da área monitorada.
Atualmente, o trecho entre os perfis P14–P15 ainda apresenta uma porção subaérea
de praia correspondente ao pós-praia (Figuras 5 e 6). A inclusão de mais perfis
neste setor permitiu observar o sentido do transporte sedimentar desde o encontro
das margens marinha e fluvial até o limite da área monitorada (no píer, margem
fluvial). O estudo destes perfis permitiu observar que, no Setor Sul, a erosão
está deslocando o sedimento das praias fluviais (de face sul) para montante,
ocasionando o acúmulo sedimentar registrado no entorno do píer, perfil P15 (Figura
6). Apenas os perfis P14 e P15 apresentaram balanço sedimentar positivos quando
comparados ao período pré-engorda (Out. 2018). Os perfis P11–P13 apresentaram
perdas altimétricas contínuas quando comparado o mesmo período (Figura 6).

-9-
3.2.2. Linha de costa: ao longo da faixa de praia monitorada, a linha de costa
encontra-se fixada por uma estrutura de contenção formada por uma “paliçada” de
troncos de coqueiros (muro de contenção). Também foram monitorados os trechos onde
esta estrutura encontrava-se ausente ou danificada (Figura 7).

Figura 7: Modelo digital da superfície (MDS) evidenciando a extração da feição de


linha de costa atual e dos monitoramentos anteriores.

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Em toda a extensão do Setor Norte a linha de costa encontra-se fixada pelo muro de
contenção. Sendo assim, a sua variação espaço-temporal não foi significativa,
expondo apenas alguns pontos onde o muro necessita de reparos, os quais são
realizados dentro do cronograma de manutenção do hotel (Figura 7).

No Setor Central, ao longo da faixa de praia regenerada, a linha de costa


apresentou retração quando comparado ao último monitoramento (Março 2020).
Contudo, ainda apresenta-se progradada em relação ao período de pré-engorda
(Outubro 2018). O atual período (Setembro 2020) representa o fim da estação das
chuvas no litoral pernambucano, onde é esperado que padrões de ventos e ondas mais
energéticos tenham diminuído os estoques de sedimentos das praias (perfil de
inverno ou de tempestade). Com a chegada da estação seca (perfil de verão ou de
calmaria), espera-se que parte desse estoque seja reconduzida às praias. Assim
como o Setor Norte, a continuidade do Setor Central não apresentou variação
espaço-temporal significativa da linha de costa, mantendo-se estável devido à sua
fixação pelo muro de contenção (Figura 7). Porém, neste setor, foi observado que o
muro de contenção estava mais danificado e com trechos extensos onde as ondas
conseguiram galgar a sua estrutura, ocasionando em maior perda de sedimentos.

O Setor Sul apresentou as variações mais significativas demonstrando uma contínua


retração registrada ao longo do período monitorado. Atualmente, observa-se um
acúmulo sedimentar, visível durante as marés baixas e preamares de quadratura, a
montante da desembocadura do rio Massangana, ao redor da área do píer. Contudo,
até o presente momento (Setembro 2020), este acúmulo sedimentar apresenta cotas
inferiores a 2.0 m, tornando-se submerso durante as preamares de sizígia.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 O presente relatório ateve-se a cumprir às exigências que constam na LI nº


01.17.05.001767-1. Porém, os dados levantados permitem realizar outros
tipos de análises, potencializando a quantidade e qualidade das informações
que podem ser extraídas;

 Os produtos gerados, assim como, os arquivos de dados brutos criados ao


longo das séries trimestrais de monitoramentos, encontram-se disponíveis
para reanálise e futuras publicações, podendo ser reproduzidos em outros
formatos, escalas, configurações e resoluções;

 Com a continuidade dos levantamentos topográficos e da captação de imagens


aéreas, foi possível mensurar as variações morfológicas da área de praia

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regenerada e da área correspondente ao pontal arenoso, além da verificação
contínua (tendências) desses locais em acumular ou perder sedimento;

 Ao longo da sequência dos monitoramentos, foi possível identificar a


evolução espaço-temporal do posicionamento da linha de costa e reconhecer
feições que indicaram e influenciaram os padrões hidrodinâmicos, o
transporte sedimentar e as áreas em erosão e sedimentação;

 Atualmente, a área representativa correspondente ao pontal arenoso deu


lugar a um banco de areia submerso nas preamares (tanto nas de sizígia
quanto nas de quadratura). Sendo assim, apesar da área ser promissora para
uma possível reconstituição natural de um pontal arenoso (devido às
características locais hidrodinâmicas, fluviais e do regime/clima de
ondas), neste momento, não é recomendado utilizá-la como fonte doadora de
sedimentos;

 Na falta de uma fonte doadora conhecida e viável de sedimentos nas


proximidades da área monitorada, recomenda-se o uso de sedimentos exógenos
ao ambiente, porém com características compatíveis ao ambiente praial
nativo, e a elaboração de um plano de recomposição sedimentar para as
células entre espigões e os trechos afetados pela erosão.

 A área está sob influência dos regimes hidrodinâmico (marés, ondas,


correntes), meteorológico (chuvas, ventos, tempestades) e fluvial (área de
desembocadura de rio), que alteram constantemente o ambiente monitorado,
além da possibilidade de intervenção humana programada ou não. Sendo assim,
os valores aqui obtidos representam uma estimativa numérica e válida apenas
para os dias em que os dados foram coletados.

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RESPONSÁVEL TÉCNICO

Alfredo C. V. de Araújo
Eng. Civil – CREA 1817001507

Recife, 09 de outubro de 2020.

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