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VELOCIDADE DA CORRENTE MARÍTIMA - SUMIDOURO

Para a implantação do gasoduto submarino, está prevista a escavação de uma vala, movimentando durante a abertura
e manutenção da vala para posicionamento da tubulação aproximadamente 42.000m³.

Diferente da Licença que autorizou o uso de uma draga TSHD, agora, para remoção do material sedimentar para
abertura da vala, é proposto o uso de bomba hidráulica Dragflow HY85B – Vazão de polpa 360 m³/h, que coleta o
material no leito e o bombeia pelas mangueiras para a região de bota espera ou reaterro da vala. Finalizado o processo,
o mesmo sistema utilizado na abertura da vala será utilizado para aterrar a tubulação, bombeando o material do bota
espera para a vala (reaterro). Todo o processo será monitorado via batimetria multifeixe a cada 3 dias.

Esta mudança metodológica foi proposta devido aos altos valores de velocidade da corrente encontrados na área da
obra, em virtude das mudanças de maré e variáveis hidrodinâmicas locais.

O Relatório de Monitoramento – Estudos Hidrodinâmicos da baía da Babitonga, São Francisco do Sul, Santa Catarina,
2020, coletou dados no local da obra do TGS durante o ano de 2020 e 2021. Estes dados foram utilizados para calibração
do modelo hidrodinâmico apresentado já no processo de licenciamento.

FIGURA 1 - Ponto do Localização do ADCP, origem dos dados de corrente para modelagem hidrodinâmica.
A seguir são apresentados os resultados para as velocidades de corrente no modelo para os momentos mais
significativos para o projeto, em que está prevista a provável abertura da vala

Instante de maré enchente de sizígia-inverno Instante de estofo de maré sizígia-inverno (m/s)


FIGURA 2 – Variação da velocidade da correnteza entre as marés de sizígia-inverno, segundo modelo hidrodinâmico
apresentado nos Estudos Hidrodinâmicos da baía da Babitonga, em 2020.

Instante de maré vazante de sizígia-outono Instante de estofo de maré sizígia-outono (m/s)


FIGURA 3 – Variação da velocidade da correnteza entre as marés de sizígia-outono, segundo modelo hidrodinâmico
apresentado nos Estudos Hidrodinâmicos da baía da Babitonga, em 2020.

Os resultados da modelagem para todas as estações e marés podem ser conferidos no relatório original, que foi
protocolado junto ao pedido de Licença Ambiental de Instalação, as marés acima apresentadas foram escolhidas de
forma que melhor demonstrasse a amplitude de variação da velocidade da corrente marítima no local.

É possível notar que os picos de velocidade da corrente próximos ao terminal e ao gasoduto submarino ficam sempre
entre 50 cm/s e 100 cm/s, valor elevado, o que corresponde a uma velocidade máxima de 3,6 km/h, ou
aproximadamente 2 nós. Esta velocidade de corrente é capaz de causar o arrasto de fundeio de embarcações e torna
a instalação de uma manta vertical ineficiente, uma vez que a probabilidade de ocorrência de arrasto e/ou danos é
certa.

Ainda, corroborando com o estudo apresentado, as velocidades máximas coletadas pelo ADCP instalado, nos meses
para que estão previstas as obras de intervenção da baía foram as seguintes:
TABELA 01 – Velocidades máximas registradas no fundo pelo ADCP.
MAI/20 JUN/20 JUL/20 AGO/20 OUT/20 NOV/20 DEZ/20 JAN/21 FEV/21 MAR/21 ABR/21
96,1 91,9 76,9 62,9 62,0 75,1 78,4 69,8 85,9 81,0 65,9
cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s
Fonte: Ecológica, 2021.

Conforme a TABELA 01, as maiores velocidades de corrente ocorreram nos meses de maio e junho, coincidentes com
as figuras apresentadas para a maré sizígia de outono.

Ainda, para efeitos de comparação, a tabela a seguir apresenta os dados para o mesmo período sazonal disponibilizados
pelo TESC. O download dos dados completos se encontra disponível no site do TESC, nos documentos de meio
ambiente.

TABELA 02 – Velocidades máximas registradas pela Estação 2910 – São Francisco do Sul – TESC II
MAI/19 JUN/19 JUL/19 AGO/19 SET/19 OUT/19 NOV/19 DEZ/19 JAN/20 FEV/20 MAR/20 ABR/20
32,5 39,6 37,8 36,3 39,2 39,8 35,2 34,2 35,0 36,3 26,9 34,0
cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s cm/s

Com os dados acima, conclui-se que a velocidade da corrente em áreas internas da baía corresponde a um valor muito
inferior a área de localização do empreendimento.

O comportamento natural das correntes marinhas, com períodos de enchente e vazante, por si só já inviabilizaria a
utilização da metodologia de controle proposta, uma vez que a inversão do sentido de deslocamento da massa de água
provocaria o arraste do material em suspenção para o lado oposto de onde a cortina de contenção estaria posicionada.

Ainda que a utilização de uma cortina vertical se mostre eficiente em correntes marinhas, seria impraticável mantê-la
estável na vertical, devido à força resultante da incidência da massa de água, que se desloca com velocidades próximas
de 4 nós, sendo essa a média recorrente na região do projeto. Ainda que fossem construídas robustas estruturas de
ancoragem, o que implicaria na dificuldade de movimentação das mesmas ao longo da escavação, a força da água
tensionaria a cortinha vertical ao ponto de danificá-la, ou então arrastá-la pelo leito submarino, lançando-a sobre os
equipamentos que estarão sendo utilizadas para abertura de vala, ou até mesmo deslocada para o canal de navegação,
potencializando o risco de acidentes com as embarcações que se deslocam pela região.

Mesmo em situação de correnteza mais favorável, conforme o relatório de monitoramento da dragagem apresentado
pelo TESC, de domínio público, o porto não utilizou mantas verticais para contenção de ressuspensão de sedimentos,
nem mesmo perto de seus berços. O monitoramento adotado através de inspeção visual e de turbidez mostrou que a
dispersão da pluma de sedimentos na baía e no bota-fora ocorrera em intervalos inferiores a 1 hora, conforme descrito
abaixo:

“Dia 25 de fevereiro de 2021, no canal externo, ocorreu a formação da pluma de sedimento com
aproximadamente 30 metros de largura em relação a popa da Draga Lelystad, atingindo 600 metros
de extensão aproximadamente, se dispersou em linha, neste dia, a pluma de sedimento apresentou o
maior tempo de duração visível de todo o período da atividade de dragagem, com 45 minutos
aproximadamente. (AQUAPLAN, 2021).”

“O dia 11 de março de 2021, no canal externo, ocorreu a formação da pluma de sedimento com
extensão inicial entre 140 a 180 metros aproximadamente, em relação ao comprimento da Lelystad,
esta pluma de sedimento também se dissipou em linha, atingindo entre 1 a 1,5 quilômetros de
extensão, apresentando a maior extensão de dispersão, com duração de 36 minutos
aproximadamente. (AQUAPLAN, 2021).”
A FIGURA 4 mostra os resultados para o monitoramento da turbidez da água durante a dragagem do TESC,
comprovando que na amostra realizada após a realização dos serviços os níveis de turbidez já haviam se normalizado.

FIGURA 4 - Valores de Turbidez (NTU) obtidos ao longo das três campanhas amostrais realizadas na área de influência
das obras de dragagem de manutenção realizadas no sistema aquaviário do Porto de São Francisco do Sul em 2021
antes e depois das atividades operacionais.

Fonte: Aquaplan, 2021.

Tendo em vista as informações levantadas, espera-se que o método de contenção proposto, envolvendo mantas
horizontais, apresente resultados eficientes quanto a minimização do impacto da dispersão dos sedimentos durante as
atividades de abertura da vala.

As dragas hidráulicas quando comparadas com as dragas mecânicas, mostram-se mais eficientes e com maior
capacidade de rendimento operacional, já que são elaboradas com tecnologias mais recentes. Ainda, devido a sua
menor área de sucção comparado aos métodos de escavação mecânico, a ressuspensão de sedimentos é minimizada.

O método proposto pela construtora não só não adiciona novos impactos, como minimiza a ressuspensão de
sedimentos e alteração da qualidade da água marinha.

Portanto, no presente caso as mantas horizontais são estruturas mais eficientes com relação a suspensão de
sedimentos, uma vez que o descarte é realizado de forma hidráulica e controlada dentro da manta, ao contrário do
processo mecânico com contenção por mantas verticais, as quais seriam arrastadas

Conforme a Tabela de Impactos da Etapa II – apresentada para emissão da LAI 7640/2021, a atividade de escavação da
vala já engloba todos os aspectos ambientais correspondentes ao método proposto em substituição à draga mecânica.
TABELA 03 - Recorte da Tabela de Impactos Etapa II – Item referente à escavação de vala.
Utilização de cabos de segurança para utilização de
Programa Ambiental da Construção
peças/ferramentas nas balsas
Perda de
Recuperação através de mergulho Programa de Controle à Poluição
materiais no mar
Inspeção subaquática das estacas para retirada de possíveis Programa de Monitoramento da Biota
sucatas ao final da implantação Aquática
Programa de Monitoramento da
Monitoramento constante das condições climáticas
Qualidade das Águas Marinhas
Programa de Monitoramento da
APR específica para cada etapa
Riscos de Qualidade dos Sedimentos
acidentes Uso obrigatório de EPIs Programa de Comunicação Social
pessoais
Realização de DDS Programa de Educação Ambiental
H
ESCAVAÇÃO Manutenção preventiva de máquinas, equipamentos e Programa de Monitoramento In Loco
D
DA VALA veículos da Atividade Pesqueira
D
Programa de Monitoramento do
Realização de Aviso aos Navegantes
Desembarque Pesqueiro
Interferência nas
Programa de Compensação à
rotas de Sinalização provisória
Atividade Pesqueira
navegação
Intenso trabalho de comunicação junto aos programas de
Plano de Ação à Emergência - PAE
monitoramento in loco da pesca e comunicação social
Escavar estritamente o necessário para atingir a cota de Programa de Gerenciamento de
Ressuspensão de
enterramento do duto Riscos - PGR
sedimentos e
Realizar a operação no menor tempo possível e cobrir a vala Programa de Monitoramento do Leito
alteração da
qualidade da assim que a coluna atingir o seu leito Marinho
água marinha Acompanhar a qualidade da água e sedimentos através de
coletas periódicas

TABELA 04 - Comparativo entre métodos propostos.


METODOLOGIA APROVADA SUBTITUIÇÃO PROPOSTA
MÉTODO IMPACTO/CONTROLE MÉTODO IMPACTO/CONTROLE
Maior ressuspensão de sedimentos
para coleta e deposição, mantas Menor ressuspensão para coleta e
Draga Hopper com Bomba de Sucção e
sofrerão impacto da maré, podendo deposição controlada dentro das
barreiras horizontais Recalque
não apresentar resultados satisfatórios mantas horizontais.
de contenção
Deposição dos
Deposição dos sedimentos em dois locais
Possibilidade de perda de sedimentos Maior poder de contenção contra as
sedimentos ao longo da pré-definidos e
em função da maré (velocidade da marés e bota-espera de sedimentos em
lateral da vala, com preparados para o
corrente). A contenção é unilateral. área definida e com maior controle.
contenção por groutbags recebimento com mantas
horizontais

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUAPLAN. SCPAR Porto de São Francisco do Sul S.A – Plano Básico Ambiental, Relatório Consolidado, 2021.

OAP Consultores Associados. Terminal Gás Sul – Relatório de Monitoramento – Estudos Hidrodinâmicos na baía da
Babitonga, 2020.

OAP Consultores Associados. Terminal Gás Sul – Dados Consolidados ADCP, 2021.

IMA – INSTITUTO TO MEIO AMBIENTE DE SANTA CATARINA: Licença Ambiental de Instalação n 7640/2021.

Carolina Lagni Bazzo – CREA/SC 167456-8

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