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Brazilian Journal of Development 93652

ISSN: 2525-8761

Conhecendo os fungos no ambiente familiar: Uma estratégia


pedagógica no ensino de Biologia

Knowledging about fungi in the family environment: A pedagogical


strategy for teaching Biology
DOI:10.34117/ bjdv7n9-502

Recebimento dos originais: 07/08/2021


Aceitação para publicação: 28/09/2021

Elisene Gonçala Rocha


Mestre em Ensino de Biologia pelo PROFBIO
Professora-SEDUC PA/ Novo Progresso
Endereço: Rua Guarani nº 1145, Vista Alegre 68193000 Novo Progresso-PA
Email: elisenerocha@hotmail.com

Cristiane Ferreira Lopes de Araújo


Professora doutora em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal
Professora na Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Tangará da Serra.
Endereço: Universidade do Estado de Mato Grosso. Campus Universitário deTangará
da Serra. Departamento de Ciências Biológicas. Rodovia MT-358Km 07, Jardim
Aeroporto 78300-000-Tangará da SERRA-MT-Brasil
Email: lopesdearaujo@hotmail.com

RESUMO
Os fungos são seres vivos presentes no cotidiano familiar e, por isso, faz-se necessário
que este tema seja abordado de maneira mais efetiva e com atividades diferenciadas que
envolvam os alunos em seu processo de ensino e aprendizagem para que esta tenha
significado. Esta sequência didática foi elaborada em três momentos pedagógicos com a
finalidade de buscar os conhecimentos prévios dos alunos, a pesquisa e envolvimentos
destes na montagem de mapas conceituais e painel com as fotografias dos fungos
encontrados por eles em suas residências com o objetivo de propiciar uma aprendizagem
científica sobre os fungos e sua importância no contexto social, econômico e ambiental a
partir das espécies de seu próprio convívio familiar, possibilitando uma visão diferenciada
e real. Para isso foi aplicado um questionário de diagnóstico com três questionamentos
iniciais, antes da atividade e o mesmo após a atividade desenvolvida. Desenvolveu-se a
atividade onde os alunos montaram mapas conceituais sobre os fungos e fotografaram
vários tipos destes presentes em suas residências, montaram painéis e apresentaram para
os demais colegas. Verificou-se que os alunos demonstraram uma compreensão com mais
significado do conhecimento sobre os fungos evidenciada nos dados coletados e em suas
falas. É evidente a importância da mudança de estratégia dos educandos em suas práticas
pedagógicas a fim de que a aprendizagem significativa contemple um maior número de
alunos, visto que despertam nestes, uma maior motivação para a aprendizagem.

Palavras-chave: Seres vivos, Cotidiano, Aprendizagem.

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ABSTRACT
Fungi are living beings present in the familiar daily life and, therefore, it is necessary that
this theme be approached in a more effective way and with differentiated activities that
involve the students in their teaching and learning process so that it has meaning. This
didactic sequence was developed in three pedagogical moments with the purpose of
searching the students' previous knowledge, researching and involving them in the
assembly of conceptual maps and a panel with pictures of fungi found by them in their
homes with the purpose of providing a scientific learning about fungi and their importance
in the social, economic and environmental context from the species of their own familiar
environment, enabling a differentiated and real vision. To this end, a diagnostic
questionnaire was applied with three initial questions before the activity and the same
questionnaire after the activity. The activity was developed where the students assembled
conceptual maps about fungi and photographed several types of fungi present in their
homes. It was verified that the students showed a more meaningful understanding of the
knowledge about fungi, as evidenced in the data collected and in their speeches. It is
evident the importance of changing the students' strategy in their pedagogical practices
so that meaningful learning can reach a larger number of students, since it awakens in
them a greater motivation for learning.

Keywords: Living beings, Everyday, Learning.

1 INTRODUÇÃO
Os Fungos encontram-se em diversos ambientes e estão quase sempre ligados com
a vida humana, seja vivendo de forma simbiótica ou como parasitas causando doenças.
São fundamentais na decomposição da matéria orgânica, e com os avanços científicos e
tecnológicos, são empregados na fabricação de medicamentos e alimentos como pães,
bebidas e queijos. Distribuem-se ao redor de todo o globo terrestre em diversos habitats,
como em plantas e animais vivos ou mortos, serrapilheiras, ou outros que contenham
matéria orgânica passível de colonização (BONONI, 1998).
São seres de convivência familiar e de grande importância aos fenômenos naturais
e no entanto, identifica-se que dificilmente os alunos citam fungos como sendo seres
vivos ou reconhecem sua importância, associa-os apenas às doenças por eles causadas.
Aprender significativamente um conteúdo ocorre quando o tema em questão se aplica ao
cotidiano do aluno, caso contrário esse conhecimento só servirá para resolver uma prova
e não contribuirá para os processos da vida do aluno (PELIZZARI et al., 2002).
Educar, não se limita apenas a repassar informações ou mostrar somente um
caminho, é preciso oferecer várias ferramentas que valorizem o protagonismo juvenil
através de uma aprendizagem investigativa que traga significado para o aluno. Como
ressalta Pacheco (1997), o uso de atividades práticas é importante no processo de ensino-

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aprendizagem, pois podem atuar como ferramentas pedagógicas instigantes. De acordo


com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), uma das competências específicas para
este tipo de aprendizagem no ensino médio é que o aluno possa analisar e utilizar
interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos,
realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e
ainda fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis. Nessa perspectiva o objetivo
dessa Sequência didática é propor uma atividade pedagógica, propiciando aos alunos,
uma aprendizagem científica sobre os fungos e sua importância no contexto social,
econômico e ambiental a partir das espécies de seu próprio convívio familiar,
possibilitando a estes, uma visão diferenciada e real sobre os fungos.

2 METODOLOGIA
A sequência didática foi desenvolvida na E. E. E. Médio Waldemar Lindermayer
no Município de Novo Progresso-PA, com uma segunda série do período vespertino com
40 alunos entre 15 e 17 anos. Esta sequência foi elaborada em três momentos.
No primeiro momento foi de resgatar os conhecimentos prévios dos alunos e de
verificar como eles concebem a existência e importância dos fungos sobre três
questionamentos gerais: Cite exemplos de seres vivos; O que são fungos e cite algum
exemplo de fungo presente em seu cotidiano. Esses mesmos questionamentos foram
repetidos como processo de avaliação final no último momento desta sequência.
No segundo momento foi de aula expositiva com imagens no projetor de slide e
livro didático, na qual as atividades exploravam os aspectos morfofisiológicos dos
fungos, onde são encontrados, suas aplicações na saúde, ecologia, alimentação, doenças
que causam em plantas e animais. Trabalhou-se o tema em forma de pesquisa e exposição
de alguns fungos do cotidiano dos alunos, aulas em que os alunos discutiram entre si e
com a professora. Os registros das discussões e leituras foram feitos através de mapas
conceituais. Foi pedido aos alunos que individualmente registrasse através de fotografia
duas fotos de fungos em seu ambiente familiar e as trouxessem impressa na próxima etapa
de aulas pois iriam montar em grupo um painel.
No terceiro momento foram formados grupos de 5 e 6 integrantes e montaram o
painel com os fungos de suas residências. Após cada grupo apresentar os fungos (foto 1),
aos demais colegas foi aplicado novamente os três questionamentos aos alunos para que
ficassem registrados os avanços dos estudantes sobre o conhecimento dos fungos.

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As respostas dos alunos foram tabuladas em planilhas eletrônicas em Microsoft


Word e o percentual de cada resposta antes e após a didática foram comparadas.

Foto 1- Alunos apresentando fotos de fungos de seu cotidiano

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos demonstram que os alunos reconhecem como seres vivos
principalmente animais e plantas e, após a atividade desenvolvida citaram com maior
segurança os fungos como sendo seres vivos (Figura 1).

Figura 1 – Percentual de citação de seres vivos, antes e após o uso de uma sequência didática sobre
fungos.
40% 35%
30%
30% 23%
Alunos

20%
20% 15% 15%
10% 10% 12% 10% 12%
10% 3% 5%
0%
0%
Questionário inicial Questionário final

Cachorro Gato Pato Planta Bactéria Fungo Vírus

Observa-se que no questionário antes da realização da atividade a maioria dos


alunos reconheciam fungos principalmente como seres que causam doenças e após as
atividades houve aprendizagem como demonstrado na figura 2, verificando que dessa
forma o conhecimento fez sentido ao estudante. Segundo Bevilacqua e Silva (2007), para
que o pensamento científico seja incorporado pelo educando como uma prática de seu
cotidiano é preciso o conhecimento tenha sentido e possa ser utilizado na compreensão
da realidade que o cerca.

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Figura 2 – Percentual de citação de seres vivos, antes e após o uso de uma sequência didática sobre
fungos. Percentual de reconhecimento dos alunos sobre o que são fungos, antes e após o uso de uma
sequência didática sobre fungos

Observa-se que antes da atividade a maioria dos alunos não conseguem citar
exemplos de fungos. Dessa forma é surpreendente ver alunos do segundo ano do ensino
médio responderem que não sabem o que são fungos. A partir da ação desenvolvida esse
resultado volta a surpreender pois a maioria consegue exemplificá-lo. Os dados obtidos
nos questionamentos iniciais e finais elencam para uma aprendizagem significativa a
partir das ações pedagógicas a respeito dos fungos como sendo seres vivos como mostra
na figura 3. Um dos comentários de um aluno foi de que antes das atividades “só
imaginava o cogumelo como exemplo de fungo”. Dessa forma, essa aprendizagem vem
de encontro ao que diz Pelizzari et al. (2002), aprender significativamente um conteúdo
ocorre quando o conteúdo em questão de alguma forma faz sentido para o educando,
tendo como base aquilo que ele já sabe, caso contrário esse conhecimento só servirá para
resolver uma prova e não contribuirá em nada para os processos da vida do aluno.

Figura 3- Percentual de citação de exemplos de fungos presentes no cotidiano, antes e após o uso de uma
sequência didática sobre fungos

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Esta atividade de pesquisar fungos no cotidiano do aluno e montar painel, permi-


tiu a discussão das estruturas morfológicas dos fungos e, contribuiu também, para a
reflexão sobre como e porque eram ali encontrados, bem como suas importâncias. Os
alunos comentaram que “nunca haviam percebido os fungos no ambiente de suas
residências.” Ficou claro em seus comentários que as aulas de Biologia nos anos
anteriores eram somente expositivas e desinteressantes. Nesse sentido, o uso de
metodologias ativas que “acendam” o interesse dos alunos são necessárias pois, de acordo
com Puzzo, Lorencini Jr. e Trevisan (2003), o professor deve diversificar sua
metodologia, e não somente transmitir conteúdo, para que os alunos tenham acesso à
aprendizagem.

4 CONCLUSÃO
Durante a atividade, os alunos estavam envolvidos com o conteúdo, participaram
ativamente, o que facilitou uma aprendizagem mais dinâmica, participativa e coletiva. No
momento das apresentações do painel, todos os grupos relacionaram as ações dos fungos
em destaque no livro didático, com momentos, em que presenciaram essas ações em sua
própria casa.
Os professores precisam atentar para uma atividade diferenciada e não somente a
expositiva de ministrar os conteúdos sobre os fungos, buscando a participação dos alunos
em seu processo de ensino aprendizagem.
Foi notório, pelos dados dos questionários e pelas manifestações dos alunos que
demonstraram uma maior compreensão do conhecimento sobre os fungos, desde os
conhecimentos científicos até sua importância no cotidiano a partir de uma atividade onde
estes construíram seu conhecimento.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Comitê Gestor da Base


nacional comum curricular e reforma do Ensino Médio. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/docman/abril-2018-pdf/85121-bncc-ensino-medio/file. Acesso
em: 7 de set. 2019.

BEVILACQUA, G. D.; SILVA, R. C. O ensino de Ciências na 5ª série através da


experimentação. Ciências & Cognição, 2007

BONONI, V. L. R (org.). Zigomicetos, Basidiomicetos e Deuteromicetos: noções básicas


de taxonomia e aplicações biotecnológicas. São Paulo: Instituto de Botânica, Secretaria
de Estado do Meio Ambiente,1998.

NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS. Disponível em:


http://fep.if.usp.br/~profis/arquivos/ivenpec/Arquivos/Painel/PNL044.pdf. Acesso em:
23 jan. 2020.

PACHECO, D. A. Experimentação no Ensino de Ciências. Ciência & Ensino, Campinas,


v. 2, 1997.

PELIZZARI, A. et al. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Revista


PEC, Curitiba, v. 2, n. 1, p. 37-42, jul. 2002

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