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UNIUBE – UNIVERSIDADE DE UBERABA

MARIA APARECIDA PEREIRA VIEIRA

O ENSINO DE BIOLOGIA NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA

PARANAIGUARA – GO
2019
UNIUBE – UNIVERSIDADE DE UBERABA

MARIA APARECIDA PEREIRA VIEIRA

O ENSINO DE BIOLOGIA NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA

ORIENTADOR: LORAINE MORETE DUTRA XAVIER


ÁREA TEMÁTICA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PARANAIGUARA – GO
2019
O ENSINO DE BIOLOGIA NAS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Acadêmica: Maria Aparecida Pereira Vieira


Prof. Tutora: Andrea Marega Luz

RESUMO
Sabe-se que o ensino de Biologia nas escolas deve ser considerado
indispensável para que os cidadãos alcancem uma boa qualidade de vida, pois
a aplicação da biologia no ensino básico gera uma reflexão de forma social e
ambiental naqueles que passam a compreendê-la, ocasionando uma
conscientização significativa nos alunos, pois passam a ser sujeitos ativos-
críticos, buscando um ensino que compreenda as fundamentações científicas e
tecnológicas do mundo atual, estabelecendo uma conexão entre o aprendizado
e a prática, o que torna esses alunos seres alfabetizados, cientificamente e
biologicamente. Este aspecto permite que os alunos estejam preparados para
lidar com as informações que recebem, compreendê-las, elaborá-las, refutá-
las, quando for o caso, ou seja, estabelecendo seu pensamento de maneira
lógica, auxiliando na formação de uma consciência mais crítica e reflexiva, que
compreenda melhor os assuntos relacionados à Biologia, formando um
pensamento amplo para encarar os desafios do mundo que o cerca. O
presente artigo tem como objetivo ocasionar uma reflexão teórica sobre o
ensino da Biologia nas escolas de Educação Básica, ressaltando seu
importante papel para alcançar a bioalfabetização dos alunos. Para que fosse
possível, foi realizada uma pesquisa exploratória, a partir de pesquisas
bibliográficas e fundamentadas de acordo com estudos já existentes. Foi
possível compreender que as escolas de Educação Básica devem abrir
oportunidades aos discentes de Biologia, para que realizem implantações de
situações reais e problemáticas no dia-a-dia das instituições, baseando-se em
seus conhecimentos biológicos, tecnológicos e científicos criados no decorrer
do processo escolar, situações essas que motive a qualidade de vida e a
sustentabilidade do meio em que se vive.

Palavras-chave: Bioalfabetização. Educação. Biologia. Ciências. Qualidade de


vida.

INTRODUÇÃO
Nas escolas de Educação Básica, a Biologia desempenha um papel
fundamental para o desenvolvimento dos educandos no exercício de cidadania,
por ser considerada a ciência que estuda a vida e todas as suas
manifestações, auxilia os estudantes na compreensão do mundo, em seu
autoconhecimento e do reconhecimento de seu papel na sociedade.
Abordando o essencial para que sejam formados cidadãos conscientes e
comprometidos com o futuro da humanidade (GONZAGA & SILVA, 2016).
Por outro lado, a Biologia é marcada por ser uma disciplina que exige
memorizações de conceitos e denominações, o que não a faz menos
importante e interessante, pois a atenção para os diversificados assuntos
abordados devem ser constantes, sendo assuntos cada dia mais discutidos em
rodas de amigos, redes sociais, e meios de comunicação. Deste modo, o
professor deve contextualizá-los e possibilitar que os alunos associem os
temas à vida real, observando a realidade do desenvolvimento científico e
tecnológico atual com os conceitos básicos do pensamento da biologia (SILVA
JÚNIOR & BARBOSA, 2009).
As aplicações básicas da Biologia se mostra pertinente em praticamente
todas as necessidades do mundo moderno, desde novas descobertas que
ocasionam transformações à humanidade à desequilíbrios ambientais que
podem provocar catástrofes para todo o planeta (GONZAGA & SILVA, 2016).
Sendo assim, a bioalfabetização é aplicada como um processo de
construção de conhecimentos biológicos contínuos, que se faz necessário para
todos os indivíduos que convivem uns com os outros. Segundo Krasilchik
(2011), a alfabetização biológica é considerada um processo de aquisição de
saberes teóricos e práticos que, quando vinculados a vivência do mundo atual,
permite àqueles que adquirem sua alfabetização que a desenvolva no
cotidiano, dando apoio à resolução de situações e problemáticas reais,
tornando-se ferramenta indispensável nas tomadas de decisões do mundo
atual.

Justificativa
A situação-problema é ressaltar a importância de se implantar a
disciplina de Biologia nas escolas de Educação Básica, constatando qual papel
a bioalfabetização desempenha na vida dos indivíduos? Como ter uma
alfabetização biológica pode auxiliar na qualidade de vida dos indivíduos? O
que deve ser feito pelos educadores para que os alunos estejam aptos a
encarar as situações do mundo atual?

Objetivos
Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é realizar uma reflexão a
respeito da implantação da Biologia nas escolas de Educação Básica,
abordando a importância da bioalfabetização dos alunos para suas vivências
práticas no mundo atual.

Metodologia
Para a execução do respectivo projeto, foi realizada uma pesquisa
exploratória, a partir de pesquisas bibliográficas e fundamentadas de acordo
com estudos já existentes.
De acordo com Gil (2002), a pesquisa bibliográfica pode ser considerada
uma fonte de investigação, servindo de base para a elaboração de qualquer
tipo de trabalho científico. Podendo utilizar diversos instrumentos de
informações que auxiliam na busca de conhecimentos e formação de
contextos, como: livros, revistas, artigos, periódicos, imagens, etc.
Na execução de uma pesquisa bibliográfica pode-se encontrar diversos
benefícios, dentre eles, segundo Gil (2002, p. 45), pode-se citar:

“A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de


permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos
muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.
Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o
problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço”.
(GIL, 2002, p. 45).

Com base nisso, o desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica


possibilita ao pesquisador um contato direto com tudo aquilo que foi escrito
sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir o reforço paralelo na
análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações, bem como
servindo de base para futuras investigações.

Resultados e Discussão
O ensino da Biologia se baseia em proporcionar a compreensão dos
fenômenos e do funcionamento dos organismos, analisando a interação entre a
vida e o ambiente em que se vive, por isso é considerada a ciência que estuda
os seres vivos.
A palavra Biologia deriva do grego bios, que significa vida, e logos que
quer dizer estudo, deste modo a Biologia é considerada a ciência que estuda a
vida de todas as suas manifestações.
No Brasil, a história da Biologia é relacionada à chegada de Domenico
Agostino Vandelli à Portugal, em 1764, o qual foi contratado por Marquês de
Pombal para participar de uma ampla reforma da educação no país, que ficou
conhecida como reforma pombalina, que ocorreu após a expulsão dos jesuítas
(AGUAYO, 1966).
Domenico propôs que os estudos relacionados às histórias naturais
fossem integradas ao currículo educacional, através da indicação de Alexandre
Rodrigues Ferreira, que ancorou no Brasil no ano de 1793 para capturar
espécies de plantas e animais na Amazônia e transportá-los à Portugal.
Cândido Firmino de Mello Leitão, catedrático do Colégio Pedro II,
descreve em seu livro “A Biologia no Brasil”, a forma como os franceses se
apoderaram do material acumulado em Portugal, condenando a Biologia
brasileira ao atraso. Essa situação interferiu diretamente nos manuais didáticos
de Ciências que seriam incluídos no currículo educacional brasileiro, causando
confusão entre os animais da fauna brasileira e a de outros continentes
(LEITÃO, 1937).
Diante desse contexto, pode-se destacar uma passagem importante na
Educação Secundária, denominada hoje Ensino Médio, que foi a criação do
Colégio Pedro II, no cidade do Rio de Janeiro, sendo a primeira escola oficial
desse nível, instituída pelo Decreto de 02 de dezembro de 1837,
caracterizando-se como importante elemento de construção do projeto
civilizatório do Império (BRASIL, 1837).
Segundo o artigo 3º daquele decreto, foi possível destacar as disciplinas
de Zoologia e Botânica, que passaram a ser ministradas nesta instituição, as
quais desenvolvem assuntos significativos de Biologia no currículo educacional.
Foi a partir daí que iniciou-se uma valorização do campo das ciências do
mundo vivo nas escolas de educação básica no país.
Na era Vargas (1930-1945), a Biologia tornou-se referência, junto à
disciplina Biologia Educacional, do professor Almeida Júnior, catedrático da
Universidade de São Paulo. De acordo com Bizzo (2012), a aplicação desse
contexto biológico era, sem dúvida um passo para se ter acesso aos
movimentos de modernização, nos aspectos gerais e específicos da educação
brasileira, a qual até então era aplicado apenas uma pedagogia tradicional ou a
arte de ensinar. Foi a partir dessas ações que se implementou uma nova
pedagogia, mais científica e experimental, que buscava modelos ideais ou
idealizados, boas práticas, pesquisas de implementação, em vez de exercícios
de imitação e repetição.
Em 1920, deu-se início à Reforma Sampaio Dória, a qual teve como
fundamentação da pedagogia em São Paulo a Biologia e a Higiene, com base
nas experiências e conhecimentos do educador. Essa reforma foi marcada por
reformas educacionais constantes, uma após a outra que aconteceram no
Brasil, principalmente após a eclosão do Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova, de 1932, que defendia a implantação de uma educação laica, gratuita,
obrigatória e acessível a todos, impulsionado pela crescente institucionalização
da ciência e movidas pelo o advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Foi nesse momento que se fez possível a introdução de pensamentos
renovadores nas instituições escolares, reagindo contra o empirismo dominante
e participando da reconstrução educacional, colaborando para a criação da Lei
Orgânica do Ensino Secundário, nº 4.244/1942, conhecida como Reforma de
Capanema (BRASIL, 1942).
A Reforma de Capanema foi marcada pela implantação de disciplinas
pertinentes ao ensino dos cursos Clássico e Científico, podendo citar entre
elas, a Biologia. Assim, foi possível verificar que o país passou a se preocupar
com os ensinamentos dos assuntos voltados à Ciências Biológicas, e como os
ensinar desde o nível elementar ao superior (DELIZOICOV; ANGOTTI, 2000).
Desde então o país vem promovendo inúmeras tentativas para se adequar aos
ensinamentos adequados de Biologia nas escolas de todas modalidades, com
o intuito de demonstrar o quão importante são os conhecimentos dessa
disciplina para o desenvolvimento humano, passando a conhecer a vida
humana, o ambiente em que vive e respeitá-lo de maneira sustentável.
Quando deu-se início ao Século XXI, foi possível verificar um
revolucionário processo de criação científica e tecnológica, refletindo
profundamente na sociedade, destacando a associação entre ciência e a
tecnologia, que se torna dia após dia, ainda mais presente no cotidiano social,
pode-se destacar tendências que permeiam o ato de ensinar Biologia,
manifestadas nas novas formas de avaliar a aprendizagem dos discentes, entre
as quais está o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) (INEP/MEC, 2002).
Segundo Sales, Oliveira e Landim (2011), nos últimos tempos, o
desenvolvimento da disciplina de Biologia tem sido marcado por lacunas,
sendo fragilizado principalmente no tocante à pesquisa, com um número ainda
reduzido de estudos voltados para essa área científica. No Ensino Médio, em
especial, é possível identificar processos de consolidação e fortalecimento, fato
esse analisado nas salas de aula, devido a evolução educacional está
estritamente relacionada a avanços na pesquisa, situação na qual o professor
deixa de ser apenas um reprodutor de conhecimentos e passa a pesquisar o
seu próprio fazer profissional, buscando sempre estar inovando seus
conhecimentos juntamente com as evoluções que aparecem.
Pode-se notar que no Ensino Médio os alunos continuam em busca de
uma fusão entre o exercício de ser cidadão e a qualificação para o trabalho,
devido às instituições de ensino aplicarem um sistema capitalista de educação,
comprometendo em grande parte das vezes o desenvolvimento educacional
por constranger o indivíduo no alcance de uma visão plena de si e do mundo
em que vive. Nesse sentido, pode-se considerar que o ensino da Biologia ainda
não alcançou suas metas de ensino, embora muitos alunos já desenvolvam
atividades com comprometimento e respeito à aquilo que a Biologia ensina,
especialmente os professores da disciplina, para que seja possível ocorrer de
verdade uma educação autônoma, solidária, sustentável e preocupada com a
qualidade de vida mesmo que muitas pessoas da sociedade se imponha sobre
o contrário.
É de grande importância ressaltar os investimentos que vem sendo
realizados com o intuito de buscar uma educação emancipatória, em que
evidenciamos o Programa Ensino Médio Inovador (PROEMI), o qual traz como
objetivo a integração de ações do PDE, como estratégia do Governo Federal
para induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio. A proposta
então, é ampliar o tempo na escola e a diversidade de práticas pedagógicas,
na tentativa de atender às necessidades e expectativas dos estudantes do
Ensino Médio, sendo disponibilizado apoio técnico e financeiro, consoante à
disseminação da cultura de um currículo dinâmico, flexível e compatível com as
exigências da sociedade contemporânea (BRASIL, 2014).
É fundamental considerar que o ensino de Biologia seja capaz de
proporcionar aos alunos uma participação ativa na sociedade, propiciando
estímulos, relacionando os conteúdos biológicos com as experiências de vida
dos discentes e também dos alunos, que eles possam ter a percepção de
comparar vivências com os assuntos abordados na escola, e possam se
posicionar na vida em suas tomadas de decisões de maneira coerente com o
que deve ser feito. Assim, é necessário então, reconhecer a Biologia como um
fazer humano e, portanto, histórico, fruto da conjunção de fatores sociais,
políticos, econômicos e culturais, visando uma aprendizagem significativa do
mundo, a fim de que contribua para a efetivação de um ensino inovador ao final
da Educação Básica.
Diante do exposto, pode-se caracterizar a Bioalfabetização, abordando-a
dentro da Educação Básica. A Bioalfabetização, é a alfabetização da Biologia,
ou seja, alfabetizar os alunos biologicamente, que significa construir
conhecimentos necessários e importantes para conviver e sobreviver na
sociedade atual, atendendo as determinações das novas tecnologias e da
globalização, que ocasionam constantemente modificações nas escolas e da
forma de se enxergar o mundo.
Com isso, é indispensável que o aluno, ao finalizar sua Educação Básica
esteja bioalfabetizado, para que esteja apto a enfrentar situações e problemas
reais no meio em que vive, podendo aplicar seus conhecimentos biológicos
adquiridos no decorrer de seu processo escolar.
A bioalfabetização tem origem de estudos a respeito da alfabetização
científica, que se apresenta como um processo contínuo de construção de
conhecimentos capazes de tornar as pessoas aptas a compreender e a
transformar, para melhor, o mundo em que vivem. Lorenzetti e Delizoicov
(2001, p. 40) definem a alfabetização científica como:

“[...] a capacidade do aluno ler, compreender e expressar opinião


sobre
assuntos que envolvam a Ciência, partindo do pressuposto de que o
indivíduo já tenha interagido com a educação formal, dominando,
desta
forma, o código escrito [...] propiciando condições para que os alunos
possam ampliar a sua cultura científica, estando apto a resolver, de
forma imediata, problemas básicos que afetam a sua vida.”
(LORENZETTI E DELIZOICOV, 2001, p. 40).

Nesse aspecto, o foco de abordagem da alfabetização científica é a


alfabetização biológica ou bioalfabetização, a qual surgiu devido a necessidade
de se vincular a ciência da vida ao conhecimento do mundo em que se vive
(KRASILCHIK, 2011). O compromisso desse estudo é trabalhar na
conscientização das gerações futuras para as condições de vida dos seres em
que habitam o planeta, com o intuito de compreender e modificar as atitudes
que impactam o meio em que vivemos.
A bioalfabetização é uma ferramenta indispensável no mundo atual, de
acordo com Krasilchik (2011), observando áreas distintas que compõem a
Biologia é possível constatar descobertas impressionantes, que podem
repercutir nas transformações que a humanidade necessita. Com isso,
admitimos que a educação biológica contribui para a formação dos indivíduos,
capacitando-os a compreender e aprofundar as explicações atualizadas de
processos e de conceitos biológicos do mundo ao seu redor.
Krasilchik (2011), traz os conceitos dos níveis de alfabetização biológica
propostos pelo Biological Science Curriculum Study (BSCS), despertando a
atenção para uma constante construção de saberes biológicos importantes nas
sociedades atuais. Um dos modelos desse conceito admite quatro níveis,
sendo eles: nominal, funcional, estrutural e multidimensional.
De acordo com a autora, o nível nominal corresponde à capacidade do
aluno reconhecer os termos biológicos que aparecem na Biologia, sem
compreender o seu significado. O nível funcional caracteriza aquele aluno que
reconhece e define corretamente os termos e fenômenos, porém não é capaz
de entender seus sentidos. No nível estrutural, o estudante é capaz de explicar
adequadamente os termos, com suas próprias palavras, baseando-se em
situações do cotidiano. Por último, o nível multidimensional, onde os alunos,
além de aplicarem no dia a dia os conhecimentos e habilidades da Biologia,
são capazes de relacioná-los com outras áreas, resolvendo problemas reais
(KRASILCHIK, 2011).
Pode-se verificar então, que os níveis nominal e funcional estão
presentem comumente nas escolas brasileiras, onde os alunos exercem
apenas as atividades de reconhecer e memorizar termos, sem compreender o
seu significado biológico. Assim, nota-se uma forma inadequada de aplicação
dessa disciplina. Os levantamentos e análises na área de educação
demonstram que os alunos podem ter diferentes tipos de relação com o estudo
do conteúdo, com isso, enquanto alguns estudantes envolvem-se
profundamente com os fatos e as informações, uma grande parte relaciona-se
superficialmente com o conhecimento, detendo-se na memorização de
conceitos e processos, delineando-se, dessa forma, uma hierarquia de saberes
biológicos, sem conseguir aplicá-los em seus cotidianos.
De acordo com o que apresenta Fortunato e Rocha (2010), é comum
essa realidade, pelos os professores do sistema público estarem expostos à
condições precárias de ensino, que na maioria das vezes não oferecem uma
diversidade de opções e instrumentos para uma prática educacional
qualificada, deixando o professor sem alternativas para a inovação e
diversificação, o que muitas vezes proporciona um comodismo tanto para os
docentes como para os discentes, que acaba tendo um reflexo negativo no
ensino de Biologia. Mal sabem que a bioalfabetização, os fazem adquirir uma
responsabilidade que ultrapassa o âmbito da formação escolar e que culmina
na difícil tarefa de formação biológica, científica, tecnológica, ambiental e de
senso crítico dos alunos.
Com o intuito de demonstram a necessidade de mudança da respectiva
realidade, Giassi (2009), descreve a importância da bioalfabetização na vida de
uma sociedade, principalmente no momento em que vivemos hoje, que é
comandado pelos saberes da ciência e das inovações tecnológicas, em que a
Biologia se encontra em destaque entre as ciências de ponta, quando os
avanços científicos nesta área marcam sensivelmente a sociedade. Com isso,
a autora destaca a “[...] relevância inconteste do ensino de Biologia para a vida
de todo cidadão, e as escolas têm a função de contribuir para que esse
conhecimento chegue a todas as pessoas” (p. 35).
Carvalho e Guazzelli (2005), trazem a sugestão de uma aproximação
entre humanos e os demais seres vivos, apontando ser uma ação importante
para que ocorram transformações sociais, culturais, econômicas, e políticas,
proporcionando uma mudança no olhar dos seres humanos para com as
relações com a natureza.
Como alternativa para melhorar a compreensão e introdução da Biologia
na vida da sociedade, Marandino, Selles e Ferreira (2009), expõem que são
necessárias experimentações que quebrem as metodologias de ensino
tradicionais, buscando estratégias que visem o desenvolvimento científico e
tecnológico, através de transformações que o ensino e a compreensão da
Biologia possam proporcionar, desse modo, a educação deverá buscar
medidas que transformem e reestruture os currículos educacionais para
implantar novas formas de cidadania, retirando os alunos apenas do contexto
teórico, aplicando projetos educacionais com metodologias lúdicas, distintas do
comodismo atual.
Buscar metodologias que ensinem a importância de se respeitar a
sobrevivência de sua própria espécie, demonstrando que para respeitar a
sobrevivência individual é preciso se conscientizar com a importância do todo,
que para existir qualidade de vida deve-se conviver em um meio sustentável,
que exista recursos para uma boa qualidade de vida, para continuar um
desenvolvimento que respeita a natureza. E para isso, o papel do professor é
fundamental na construção de novas consciências, devem então atingir níveis
mais elevados para aplicar a bioalfabetização no ensino básico de educação,
pois são esses educandos que trabalharão para um futuro de qualidade, que
possibilitará a continuação da vida no planeta.
Tanto os docentes quanto os educandos devem estar preparados
satisfatoriamente, principalmente no tocante à formação inicial. Desta maneira,
apresenta-se a bioalfabetização como uma das perspectivas importantes para
o ensino de Biologia na atualidade, sendo a porta para a reflexão e a inserção
dos educandos no mundo no qual está inserido, com respeito e consciência da
importância de suas ações para o meio em que se vive e para que seja
possível garantir uma vida qualificada no futuro.

Conclusão
Com base nas teorias apresentadas sobre o ensino de Biologia nas
escolas de Educação Básica, pôde-se constatar a importância dos professores
estarem em constante processo de reciclagem de conhecimentos, para que
possam passar aos seus alunos a situação real do mundo em que vivemos,
para a preparação da resolução de problemáticas reais, preparando os alunos
através da alfabetização biológica, com a finalidade de que a Educação cumpra
o que apresenta o autor Delors et. al. (2006), onde descreve a missão de não
apenas acumular conhecimentos no decorrer da vida, mas aproveitar e
explorar todas as ferramentas que proporcionem a atualização dos mesmos,
enriquecendo, aprofundando informações, se adaptando à mudança constante
do mundo em que está inserido, considerando aspectos científicos, didáticos,
políticos, sociais, éticos e ambientais.
Analisando a vivência da sociedade e a associando no contexto escolar,
o ensino da Biologia representa um importante papel e aqueles que são
destinados à disseminar esses ensinamentos devem estar envolvidos com os
assuntos atuais da ciência, da tecnologia e da sociedade, além da melhoria da
qualidade de vida do ser humano, precisando então de uma formação biológica
advinda do seu processo formativo, a fim de proporcionarem aos seus alunos
uma bioalfabetização de qualidade, para que finalizem seu processo de
educação básica sendo capazes de decidir de forma autônoma e individual nas
diversas situações do dia a dia.

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