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Ensino de Ciências

e Biologia na Educação
Básica
1. Introdução 4

2. Ensinar Ciências e Biologia na escola atual 9


Materiais Complementares 12

3. A Importância das Aulas Práticas no Ensino


de Ciências e Biologia 15
Materiais Complementares 19

4. Repensando o Ensino de Ciências e de Biologia


na Educação Básica 22
Materiais Complementares 25
Conclusão 26

5. Referências Bibliográficas 30

02
03
ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

1. Introdução

Fonte: The Green Times1

O lá querido aluno, vamos dar


início a mais uma disciplina e
hoje discorremos sobre o ensino de
do da Guerra Fria no desenvolvi-
mento de futuros cientistas para afi-
ançar sua hegemonia científica ou os
Ciência e Biologia na Educação Bá- amplos projetos ingleses regressa-
sica. dos para o ensino de Física, Química
Note que a educação é um es- e Biologia mirando preservar a auto-
pelho da sociedade, segundo o seu ridade da Academia Inglesa no âm-
contexto político, histórico e cultural bito científico.
no qual está inserida, sendo refor- Já no Brasil, diferentes altera-
mulada conforme os interesses da ções no ensino de Ciências são res-
coletividade. A título de exemplos, saltadas no decorrer do tempo, sem-
podemos mencionar o grande inves- pre influenciadas pelos pleitos polí-
timento dos EUA ao longo do perío- ticas e sociais.

1 Retirado em https://thegreentimes.co.za/

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Ao longo dos primeiros sécu- cargo foi fazer com que o ensino de
los depois o descobrimento, a educa- Ciências mais experimentado e mo-
ção no Brasil eram ajuizados pelos dernizar os conteúdos dos livros-
jesuítas, tendo como ponto de vista texto de Ciências. Nada obstante, foi
a alfabetização e a catequização. somente em meados da década de
Nesse momento, o ensino de Ciên- 1950 o ensino de Ciências se concre-
cias era rudimentar. Todavia, existia tizou no Brasil, entretanto a discipli-
determinadas iniciativas realizadas na também era fornecida de forma
por fora da escola, como: em 1772 a expositiva, usando livros didáticos
fundação da Sociedade Científica do desatualizados, fundamentados em
Lavradio; em 1821, bem como a textos europeus e sem muito em-
abertura para o público das apresen- prego de atividades.
tações do Museu Real, custeado no Já durante essa década algu-
Campo de Santana - estabelecido em mas alterações acontecem no Brasil,
1818, atualmente conhecido como tornando-se possível observar de-
Museu Nacional da UFRJ, situado terminadas discussões sobre conte-
na Quinta da Boa Vista (Schwartz- údo. Neste momento passávamos
man, 2009, p. 160); na mesma oca- pela influência dos movimentos re-
sião, palestras eram feitas por cien- formistas internacionais (principal-
tistas para determinados membros mente dos EUA) logo, o ensino de
da elite e até mesmo para D. Pedro Ciências e grande adesão financeiro
II. de fundos forasteiros no IBECC para
Logo, essas substâncias eram desenvolver e anunciar o ensino de
publicados em determinados jornais Ciências no país de forma mais efi-
e revistas do momento para que a caz.
população conseguisse ter acesso em Com isso, veio a promulgação
1837, a disciplina de Ciências foi da primeira versão da Lei de Diretri-
compreendido no currículo do en- zes e Bases, em 1961 (Lei nº 4.024),
sino secundário (hoje, o 6º ao 9º ano onde as aulas de Ciências passaram
do Ensino Fundamental) do Colégio a ser aprovisionadas obrigatoria-
Pedro II, que possivelmente adotava mente nos dois últimos anos do an-
a pedagogia tradicionalista. tigo ginásio (hoje os 8º e 9º anos do
Logo, em 1946, segundo o De- Ensino Fundamental) (Brasil, 1997,
creto Federal nº 9.355, foi fundado o p. 19) e elevada substancialmente a
Instituto Brasileiro de Educação, Ci- quantidade de horas ministradas no
ências e Cultura (IBECC) situado na ensino Colegial (hoje o Ensino Mé-
Universidade de São Paulo; seu dio).

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Ainda, podemos citar sobre as Assim, em 1996 finalmente foi


significativas alterações no ensino aprovada uma nova Lei de Diretrizes
de Ciências nasceram em 1971 com a e Bases da Educação Nacional (Lei
admissão da Lei de Diretrizes e Ba- nº 9.394); posteriormente, foram
ses da Educação (Lei nº 5.692, após desenvolvidos os Parâmetros Curri-
revogada pela Lei nº 9.394/96). Pela culares Nacionais; os dois documen-
lei de 1971, as Ciências advieram a tos doutrinavam que a escola tinha
ser uma disciplina imprescindível ao papel de desenvolver alunos ade-
longo de todo o Ensino Fundamen- quados para exercer de modo pleno
tal. Sendo que meados da década de seus direitos e deveres na presente
1970 foi assinalada por aspectos sociedade; que os teores necessitam
contraditórios: ser trabalhados de forma interdisci-
Do mesmo modo que o texto plinar e indicando a efetiva abran-
legal apreciava as disciplinas cientí- gência do CTS no currículo (Brasil,
ficas, no exercício elas eram forte- 1997, p. 20). Nesse momento surgi-
mente prejudicadas pelo atravanca- ram ações reflexivas sobre a forma-
mento do currículo por matérias que ção inicial e contínua dos professo-
ambicionavam ligar o aluno ao mun- res de Ciências, com ponto de vista
do do trabalhista (como Zootecnia, nessas novas políticas educacionais.
Agricultura, Técnica de Laborató- Nos anos seguintes tivemos a
rio), logo, os educandos precisavam mais recente lei de Base Nacional
ter base para aproveitá-las. Comum Curricular, do ano d 2018.
Mas, ao longo da década de Em que define as aprendizagens es-
1970, por conta das grandes crises e senciais que os educandos necessi-
debates sobre o meio ambiente, as- tam desenvolver no decorrer da
sim como, desenvolvimento não Educação Básica segundos:
sustentável, logo, o papel das ciên-  Sa Lei de Diretrizes e Bases da
cias passou ser ter outro olhar na so- Educação de 1996;
ciedade, nascendo os primeiros de-  O Plano Nacional de Educação
bates sobre a abrangência das ques- (PNE) de 2014;
tões tecnológicas e sociais nas matri-  Diretrizes Curriculares Nacio-
nais da Educação Básica de
zes de Ciências, o ponto de vista CTS
2013.
(Ciência Tecnologia e Sociedade).
No mesmo momento nasceram Sendo que nesses documentos
questionamentos sobre a aparelha- consta a precisão de promover as Ci-
mento dos currículos (Brasil, 1997, ências no ensino básico (Brasil,
p. 20). 2013; 2014; 2018).

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Todavia, ainda vemos práticas


muito desmotivadoras tanto para o
estudante como para o docente nas
aulas de Ciências e em distintas ou-
tras disciplinas da Educação Básica.
Não é uma questão somente
curricular, porquanto problemáticas
envolvendo desvalorização do pro-
fessor, carga extensa de atribuições,
carência de recursos didáticos, de-
sinteresse dos estudantes e dos ges-
tores que enrijecem trabalhos mais
reflexivos ou práticas que são reflexo
direto das políticas públicas na es-
fera educacional, social, econômica,
tecnológica, científica e ambiental.
É sobre isso que iremos dicor-
rer, logo, tendo alguma dúvida, não
deixe de encaminhar as suas per-
guntas ao setor pedagógico por meio
do protocolo ou atendimento aos
alunos.

Bons estudos!

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

2. Ensinar Ciências e Biologia na escola atual

Fonte: Humanium2

N ote que o objeto de estudo de


uma disciplina seria muito
prático e direto se o conhecimento
disciplinas, que desperta o es-
pírito investigativo, e com ele
um modo diferente de criativi-
dade, o que melhora a apren-
científico fosse uma resultante da in-
dizagem em todas as discipli-
vestigação da natureza, envolvida nas.
como um conjunto de componentes  Atrai talentos para as carreiras
integradores que forma o Universo científicas, necessárias ao
em todo o seu enredamento. mundo que temos hoje, mar-
Mas, o questionamento agora cadamente tecnológico e cien-
é: para que ensinar isso? Ou mesmo, tífico.
para que aprender isso? Diversos es-  Permite o posicionamento
frente a processos e inovações
tudantes se fazem essa interrogação,
(por exemplo, o uso de alimen-
especialmente se Ciências não for o tos geneticamente modifica-
objeto favorito da maioria. Existe dos, a energia nuclear, a clona-
pelo menos três prós, três contras, gem biológica, a carne sinté-
para quem quer aprender Ciências. tica) sobre os quais é preciso
 Envolve um tipo de exercício ter uma opinião para que se
de raciocínio, distinto dos ou- possa legitimá-los. (LINSIN-
tros estimulados pelas demais GEN, 2010).

2 Retirado em www.humanium.org

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Melhor articulando, a proprie- Einstein, entre centenas de ou-


tros, não chega a ser devida-
dade do conhecimento científico faz
mente estimulado nas salas de
parte da prática na cidadania. Ape- aula, precisamente por conta do
sar disso, o principal desígnio do en- modo como o ensino de Ciên-
cias vem sendo realizado: ainda
sino de Ciências, como presente- tradicionalmente, repetitiva-
mente vem sendo adimplido, é a de mente, sem contexto e sem pre-
dar condições para o estudante vi- texto. O resultado é o que Fou-
rez (2003) chama de “crise no
venciar algumas técnicas científicas, ensino de Ciências”, que pode
ministradas, em regra, nos moldes ser resumida na seguinte colo-
de uma compreensão tradicional de cação: “[...] aquela disciplina
[Ciências] é chata, um monte de
ensino, no qual o desígnio é a memo- dados, um monte de nomes,
rização de definições previamente sem ter nenhuma relação com o
estabelecidos. atual, com o século 21.” (OAI-
GEN et al., 2005). Em torno da
Desse modo, no fim de tudo, o crise no ensino de Ciências,
educando não somente não percebe existem “atores” com interesses
a conexão entre o conhecimento ci- que são às vezes conflitantes e
que alimentam controvérsias
entífico e o emprego da cidadania sobre os objetivos e os meios da
como não faz ideia do que seria essa educação em Ciências. Esses
tal cidadania, e até o momento em “atores” são, entre outros, os
alunos, seus pais e os professo-
que existir dificuldades. res de Ciências. Os alunos até
concordam com a importância
da Ciência e admiram os cien-
tistas, mas, em sua ótica, os
professores têm querido forçá-
los a enxergar o mundo com os
olhos de cientistas, ao invés de
ajudá-los a compreender o
mundo com os seus próprios
olhos. Além disso, os estudan-
tes não veem razão em se enga-
jar em um processo sem ter cer-
teza de que será útil para eles ou
para a sociedade (LINSINGEN,
2010).

Logo, os pais desses estudan-


tes se preocupam com o ofício dos fi-
lhos, e acreditam que a circunstân-
cia do seu mau preparo dos profes-
Da mesma forma, o raciocínio
investigativo e criativo que per- sores, os de Ciências além disso. Os
cebemos em Darwin, Mendel, professores de Ciências têm sofrido

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

coações e problemas com os danos te, desenvolverão um olhar in-


vestigativo e questionador para
pela falta de poder e de consideração
o mundo à volta deles (LINSIN-
por sua ocupação quanto pelo as- GEN, 2010).
pecto de serem cada vez mais com-
pelidos a mostrar sentido na disci- Também, o ensino de Ciências
plina de Ciências para os alunos, que não pode estar direcionado tão-so-
não tem uma formação apropriada mente aos conhecimentos que já fo-
para tal. ram lançados e publicados (apesar
Logo, o ensino de Ciências na que também seja importante conhe-
Educação Básica não precisa se cen- cê-los). É necessário desenvolver
trar nos conteúdos específicos, en- nos alunos, em todas as etapas da
tretanto no processo de desenvolvi- Educação Básica, a precisão de eles
mento do aluno. Não é instância da mesmos procurarem sempre pelo
Ciência escolar desenvolver projetos novo, acordando o gosto pela pes-
de cientistas, todavia cidadãos críti- quisa e pela criação individual, que
cos e autônomos para procurar as necessita ser socializada, em benfei-
respostas. toria do coletivo.

O papel da Ciência na escola é


provocar os alunos para que in-
vestiguem os caminhos, e não
que fiquem à espera das respos-
tas - que é o modo como ensina-
mos Ciência hoje, apesar de to-
dos os avanços teóricos e meto-
dológicos na área. É preciso que
se priorizem as habilidades que
possam vir a ser estimuladas e
desenvolvidas pelos alunos: ob-
servação, questionamento, ne-
Fonte: Exército Brasileiro
gociação de ideias, experimen-
tação, criatividade, entre ou-
tros. Os elementos específicos Todos nós construímos nossas
de Ciência são necessários – e compreensões sobre o que é um
não devem, de forma alguma, professor (o chato, o amigo da
ser deixados de lado. Não se po- turma, o legal), o que ele deve
de nem priorizar os conteúdos fazer, que papel deve exercer, a
nem os abandonar: é preciso in- função social da escola. Essa
seri-los no cotidiano do aluno construção não se dá somente
de modo que façam sentido. no contato com a escola, mas
Apenas desse jeito é que eles ve- também por meio de filmes, li-
rão a importância de se apren- vros, propagandas e até mesmo
der Ciências e, mais importan- de anedotas. Essas compreen-
sões fazem parte da construção

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

de nossa identidade profissio- esperança ultrapassa um olhar ins-


nal. Tomamos como modelo de
trumentalista de educação em Ciên-
professor, ou de “boa” aula, os
exemplos que tivemos ao longo cias e nos expede a uma miragem de
de nossas experiências sociais, ensino ajustada na unidade e não
especialmente como alunos,
mesmo de forma não intencio-
mais na dicotomia em meio a sabe-
nal. Assim, conhecer o que se res.
pensa sobre ser professor e so- De tal modo, podemos ajuizar
bre ser professor de Ciências e
Biologia pode ser um primeiro
na figura do professor como alguma
passo para desnaturalizar algu- pessoa que é apropriado para esta-
mas compreensões e práticas belecer relações entre informação
docentes. Além da questão do
imaginário construído por nós
científico e práticas sociais, proble-
acerca do papel do professor, matizando e procurando maneiras
também entram em cena a for- de inclusão (e transformação) da re-
ma como vemos a própria es-
cola e, dentro dela, as discipli- alidade social esta que está ligado ao
nas de Ciências e Biologia. Al- meio pela a sua prática pedagógica.
gumas vezes espera-se que se- Bem como, a constituição dessa
jam apresentadas metodologias
específicas para o trabalho com identidade profissional, para com-
conteúdo específicos de Ciên- pletar, não é qualquer coisa natural,
cias e Biologia escolar. Pode- mas, um “dom” recebido, todavia,
mos até fazer isso - é o que se
pretende no último capítulo resultado de diversos esforços, dedi-
deste livro -, mas é imprescindí- cação e paciência.
vel ter em vista que o trabalho
pedagógico é complexo e cons-
truído por um conjunto (profes- Materiais Complementares
sores, educandos, equipe peda-
gógica) mergulhado em contex- Links “gratuitos” a serem con-
tos culturais, socialmente dife-
renciados, de modo que se tor- sultados para um acrescentamento
na impossível e até irresponsá- em seu estudo, acesse o link e veja
vel tratarmos a questão meto- mais sobre o assunto discorrido:
dológica como mera receita a
ser reproduzida em salas de
aula (LINSINGEN, 2010). Artigos-Ensino_de_ciências_e_Bi-
ologia.pdf
Isso nos induze a pensar na in-
dispensável articulação entre teoria A importância da utilização de dife-
e prática, entre sugestões metodoló- rentes recursos didáticos no En-
gicas e cogitações educacionais. Essa sino de Ciências e Biologia

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Para fechar essa unidade, va- ensino com base nas novas tecnolo-
mos colocar em praticar o que gias e a compreensão das relações
aprendemos até aqui. entre ciência e sociedade.
c. O domínio dos conhecimentos
Para fechar essa unidade, va- biológicos essencialmente ligados às
mos colocar em praticar o que atualidades, a compreensão do mé-
aprendemos até aqui. todo científico e a compreensão do
papel do ser humano como usuário
Atividade de fixação: das novas tecnologias.
d. A aquisição de um vocabulário
FCC (2018): avançado de conceitos científicos, a
formação do futuro cientista e a
O ensino de Biologia enfrenta compreensão das relações entre ci-
inúmeros desafios, que incluem a ência, tecnologia e sociedade.
definição do conteúdo frente ao au-
mento da produção de conhecimen-
to na área, a relação dos conteúdos
com as questões sociais e a formação
para a participação cidadã. Nesse
sentido, pesquisas na área de ensino
de Ciências, bem como alguns docu-
mentos oficiais (exemplo: BRASIL,
MEC, SEB, Orientações Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio - vo-
lume 2, 2006), propõem que o en-
sino de biologia deveria se pautar na
alfabetização científica, que envolve,
basicamente, as seguintes dimen-
sões:
a. A aquisição de um vocabulário
básico de conceitos científicos, a
compreensão da natureza da ciência
e a compreensão das relações entre
ciência, tecnologia e sociedade.
b. A aquisição de um vocabulário
avançado de conceitos científicos, o

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

3. A Importância das Aulas Práticas no Ensino de Ci-


ências e Biologia

Fonte: Canal do Educador3

V eja que as atividades práticas,


quando ligadas às atividades
teóricas em biologia, procuram e
A prática fortalece várias atitu-
des esperadas na educação e
aprendizagem como: a argu-
mentação, a criatividade, a in-
amparam a reconstrução de disposi- tuição, a abstração, a autono-
mia e a competência do aluno.
ções científicas significativas para o Demo (2002) considera que
educando. Elas adaptam condições [...] “Não é competente o curso
para que exista o questionamento e excessivamente teórico, ou ex-
cessivamente prático, porque
reflexão na atuação dos temas mi- formação básica é tão impor-
nistrados. tante quanto o exercício práti-

3 Retirado em https://educador.brasilescola.uol.com.br/

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

co. Os conhecimentos sob for- zação, a apreciação, a argumenta-


ma de informações são relacio-
ção, o altercação, a autonomia e a
nados e alcançam significados
com os experimentos. A com- abstração do estudante, sendo que
preensão dos processos dos vá- vale para qualquer disciplina.
rios temas em biologia se apro-
xima do aluno e se confrontam
com suas concepções iniciais, O professor, atento aos aconte-
interagindo e possibilitando cimentos em sala de aula e ao
uma mudança reflexiva em tais desenrolar dos experimentos, é
concepções. PERRENOUD lembrado por BACHELARD
(2000) esclarece que “A maior (1996) que “[...] é indispensável
parte dos conhecimentos cien- que o professor passe continua-
tíficos contraria a intuição”, mente da mesa de experiência
portanto, é importante que os para a lousa, a fim de extrair o
alunos em aulas práticas se mais depressa possível o abs-
confrontem com os limites de trato do concreto”. O desenvol-
seu próprio conhecimento e se vimento de habilidades, não só
desfaçam de ideias intuitivas motoras, mas que exijam refle-
(apud, SOUZA SOBRINHO, xão e raciocínio e possibilitem a
2009). abstração, a ação e a criação de
argumentos são favorecidas por
aulas práticas. As ações experi-
Logo, os experimentos, feitos mentais unem-se com as infor-
em salas de aulas, podem auxiliá-los mações teóricas e propiciam a
construção de uma rede de es-
a compreender os fenômenos e po-
quemas mentais, auxiliando de
dem ser repetidos e se tornam vive- um modo lógico e ordenado à
douros mesmo com poucos recur- compreensão dos conteúdos em
biologia (apud, SOUZA SOBRI-
sos, valorizando a pedagogia do leci-
NHO, 2009).
onar e aprender.
Ao incluir atuações como ma- Todavia, um trabalho experi-
nobrar materiais característicos, de- mental solicita muita aplicação e
senvolver tarefas, identificar o pro- concentração, porquanto envolve
blema, situarem objetivos e hipóte- manipulação de insumos e instru-
ses, pautar a prática com os embasa- mentos, bate-papo com os colegas,
mentos teóricos, no desígnio de pon- disponibilidade de aparelhamentos,
derar os resultados e historiar con- movimentação constante, aspectos
clusões, oportuniza o desenvolvi- que contribuem espontaneamente
mento de desenvolturas motoras, para a dispersão.
assim como a participação, a social-

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Fonte: Escola IDAAM

Por não estar habituado a um FREIRE (1996) quando diz que


trabalho experimental, o aluno, “A leitura verdadeira me com-
muitas vezes, comparece, passi- promete de imediato com o
vamente, como objeto de en- texto que a mim se dá e a que
sino. A iniciativa e a elaboração me dou e de cuja compreensão
própria necessitam ser estimu- fundamental me vou tornando
ladas. No planejamento do pro- também sujeito” (apud, SOUZA
fessor, as aulas experimentais SOBRINHO, 2009).
precisam atender à reconstru-
ção dos conceitos e oportunizar
Logo, na aula prática o edu-
a reflexão, o questionamento e
a discussão. As visões teóricas a cando aprende, procurando um co-
respeito de um determinado as- nhecimento afora daquele que o do-
sunto são importantes, mas a
informação por si só não signi-
cente colocou em aula. Determina-
fica conhecimento se o mesmo dos professores, em seu dia-a-dia,
não se faz útil. Essa ideia é jus- trabalham com a pesquisa dentro da
tificada pela afirmação de
sala de aula.

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

gogo italiano MANACORDA


(2007). Este destaca que a Ci-
ência se concentra no mundo
capitalista (países do 1º mun-
do) enquanto o restante do
mundo (países do 3ª mundo)
recebe o conhecimento sob a
forma de produtos, o que lhe
custa muito caro (apud, SOUZA
SOBRINHO, 2009).
Fonte: Colégio GEE
Assim, o instrutor elucida que
Dessa maneira, trabalhar os as populações do 3ª mundo não par-
contextos de biologia com o desígnio ticipam como elaboradoras do co-
de contribuir e promover o desen- nhecimento; e assevera que a Educa-
volvimento de competências e res- ção é um dos reveses para se desen-
ponsabilidades nos estudantes é volver uma sociedade para esta tenha
perceber que pesquisar em sala de em suas próprias mãos a autonomia,
aula é uma forma de os estudantes sem se enclaustrar da realidade pla-
aperfeiçoarem suas competências e netária.
o professor aperfeiçoar além disso o
Essa Educação entendida e de-
seu fazer docente A ação de pesqui- fendida por Manacorda funda-
sar é intrínseca à condição humana. menta-se nos princípios de li-
berdade, democracia e partici-
O homem está sempre buscan- pação cultural. Através dessa
do mais conhecimentos. A Ci- Educação e, consequentemen-
ência constitui hoje, a forma te, da escola apoiada por pro-
mais eficiente de gerar conheci- fessores competentes no domí-
mentos significativos para as nio dos conteúdos científicos,
sociedades contemporâneas. com visão política e instrumen-
Porém, a pesquisa só evolui me- talizados metodologicamente,
diante o surgimento de contra- essa Educação cria condições
dições, de conflitos, de necessi- para possibilitar as transforma-
dades humanas que estimulem ções sociais (SOUZA SOBRI-
os seus avanços para compre- NHO, 2009).
ender os fenômenos naturais.
Para Vale (1998), a Ciência é, Por fim, é essa Educação que se
em suma, o conhecimento pre- ambiciona para as escolas brasileiras
ocupado em determinar as leis
gerais destes fenômenos. Para
cujo pode imaginar fatores decisivos e
compreender e avaliar a dimen- basilares para o desenvolvimento das
são da importância da Ciência, pessoas e para toda a sociedade. Esta
do Conhecimento, da Educa- configuração de Educação é cognomi-
ção, derivada da pesquisa e da
técnica, busca-se fundamentos nada Educação Científica e Tecnoló-
nas ideias do educador e peda- gica.

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Fonte: Blog Assim Ramos

Materiais Complementares Luz, câmera, ação: o uso de filmes


como estratégia para o ensino de Ci-
Links “gratuitos” a serem con- ências e Biologia
sultados para um acrescentamento
em seu estudo, acesse o link e veja Para fechar essa unidade, va-
mais sobre o assunto discorrido: mos colocar em praticar o que
aprendemos até aqui.
A produção de jogos didáticos para
o ensino de ciências e biologia: uma Atividade de fixação:
proposta para favorecer a aprendi-
zagem CESPE (2013)

Jogo do DNA: um instrumento pe- Com relação às estratégias e às


dagógico para o ensino de ciên- metodologias utilizadas no ensino
cias e biologia de biologia, assinale a opção correta.

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

a. A utilização de jogos como ins-


trumento pedagógico deve ser res-
trita ao uso de jogos prontos, nos
quais as regras e os procedimentos
estão predeterminados.
b. Os jogos, apesar de favorece-
rem o desenvolvimento espontâneo
e criativo, têm o inconveniente de
estimular a competição e reforçar as
diferenças e as limitações individu-
ais.
c. O jogo não deve ser o fim, mas
o eixo que conduz a um conteúdo di-
dático específico, sendo empregada,
portanto, a ação lúdica para a com-
preensão de informações.
d. As aulas práticas devem ser
utilizadas para confirmar os fenô-
menos ensinados nas aulas teóricas,
ou seja, são uma aula teórica dada de
outra maneira.

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

4. Repensando o Ensino de Ciências e de Biologia


na Educação Básica

Fonte: Escola da Inteligência4

P resentemente, nos encontra-


mos com um número célere e
crescente de descobertas científicas
vamente em modernização e simul-
taneidade com toda essa dinâmica
científica.
e diversas dessas descobertas con- Entretanto, o que vai motivar
glomeram o campo da biologia. Des- o aprendizado do estudante, em to-
sa maneira, os professores de biolo- dos os níveis do ensino, em detri-
gia e de disciplinas derivadas ficam mento de teores decorados que são
empossados de estarem consecuti- esquecidos posteriormente as avali-

4 Retirado em https://escoladainteligencia.com.br/

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

ações, são as maneiras didáticas que que o aluno já possui. Segundo


Pedracini et al (2007, p. 301),
os docentes da referida área ter ciên-
“parece evidente que o modo
cia e irão utilizar. como o ensino é organizado e
conduzido está sendo pouco efi-
Partindo das ponderações de caz em promover o desenvolvi-
Mortimer (1996, p. 20), vemos mento conceitual” (SILVA JU-
que grande parte do saber cien- NIOR E BARBOSA, 2009).
tífico transmitido na escola é
rapidamente esquecida, preva- Corroborando esse ponto de
lecendo ideias alternativas ou
vista aqui sugerido e abordando a
de senso comum bastante está-
veis e resistentes, identificadas, conclusões análogas, existe pesqui-
até mesmo, no seio dos estu- sas sobre as concepções de conceitos
dantes universitários. É notável
que, adotando como referência a
que uma forma didática tradici-
onal, especialmente na área bi- instrução de Ciências e Biologia,
ológica, com muitas técnicas chegamos as seguintes conclusões:
pouco ou totalmente ineficazes,
torna o ensino monótono, des-
Alunos da fase final da educa-
conexo e desvinculado do coti- ção básica exibem dificuldades na
diano do aluno. Gera-se, dessa constituição do pensamento bioló-
forma, conhecimentos equivo-
cados e confusos sobre vários
gico, conservando ideias reveses em
temas das ciências biológicas, relação aos conteúdos basilares des-
tendo por consequência um en- ta disciplina, combinados em dife-
sino pouco eficaz, que por vezes
pode até confundir ainda mais
rentes níveis do enredamento no en-
os conhecimentos científicos sino fundamental e médio.

Fonte: Secretária de educação e esporte

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Estas pesquisas revelam, por Dessa maneira, apoiando-nos


exemplo, que a maioria dos es-
em Piaget (1993, p. 13), é admissível
tudantes destes níveis de en-
sino apresenta uma ideia sin- tirar a consequente conclusão: com
crética, portanto, pouco defi- efetividade, cada um dos conhece-
nida sobre célula, confundindo
este conceito com os de átomo,
dores das ciências exatas e naturais
molécula e tecido (BASTOS, tem precisões de uma preparativo
1992). Notamos nas palavras de assaz desenvolvido nas matérias que
Vygotsky a necessidade de uma
reformulação não só na didática
antecedem a sua, nesta ordem hie-
aplicada ao ensino da disciplina rárquica, igualmente, como diversas
de biologia e correlatas, como vezes, da cooperação de investigado-
em todas as demais disciplinas
dos ensinos fundamental e mé-
res das ciências anteriores, o que
dio: Cada matéria escolar tem leva estes a zelarem pelos problemas
uma relação que muda com a erguidos pelas ciências seguintes.
passagem da criança de uma
etapa para outra. Isto obriga a
reexaminar todo o problema
das disciplinas formais, ou seja,
do papel e da importância de
cada matéria no posterior de-
senvolvimento psicointelectual
geral da criança (VYGOTSKY,
1991, p. 117). Percebemos atual-
mente que a ordenação de con-
teúdos que muitos professores
adotam por julgá-los mais im-
portantes do que outros pode
acabar por prejudicar a assimi-
lação de conhecimentos, pois
alguns conteúdos são depen-
dentes de outros, e alguns deles
dependem de noções de outras
Fonte: InfoEscola
disciplinas, como é o caso da
dependência existente entre os
conteúdos de química e física Desse modo, uma reforma
do nono ano do ensino funda- educacional parece ser extrema-
mental, com as noções de cál-
culo da disciplina de matemá- mente necessária. Mas, para esclare-
tica, interpretação das questões cer seus motivos, desígnios e méto-
propostas (pertencente ao cam- dos de ação, Castelo apontou o se-
po da disciplina de língua por-
tuguesa), e da capacidade de ra- guinte: A primeira dúvida que se
ciocínio e síntese (pertencente confere, ao pesquisarmos a Re-
ao campo das disciplinas de fi- forma, é o porquê dessa Reforma, o
losofia e matemática) (SILVA
JUNIOR E BARBOSA, 2009). porquê da precisão de reformar do
ensino.

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

A resposta é simples: porque se raciocínio matemático, do programa


vem verificando em toda parte,
e do ajuizamento de objetivos etc.
que o ensino tradicional já não
pode satisfazer as exigências da
sociedade moderna, a tal ponto Desse modo, estaremos for-
que, em muitos casos, fracassa mando indivíduos abertos à re-
completamente (CASTELO, alidade, capazes de reformular
1985, p. 1). Castelo (1985, p. 2) constantemente os conheci-
argumenta ainda que “com o mentos adquiridos, atualizan-
progresso científico avançado do-se sempre que perceberem a
em ritmo extremamente acele- necessidade disso. Nossos alu-
rado, o velho ensino, baseado nos estarão conscientes de que
na transmissão de conhecimen- a ciência progride, as verdades
tos, deixou de ser eficaz, pois de hoje não serão as verdades
esses conhecimentos adquiri- de amanhã, mas eles poderão
dos na escola, ao fim de dez sempre, a qualquer momento,
anos têm muito pouco valor, já tomar posse das novas verda-
foram substituídos por noções des instauradas pelo progresso,
mais novas”. Dessa forma, uma graças às habilidades adquiri-
atualização constante é exigida das na escola (CASTELO, 1985,
de todos que queiram progre- p. 3) (apud, SILVA JUNIOR E
dir, e a função da escola não BARBOSA, 2009).
pode ser mais a de transmitir
conhecimentos que envelhece-
rão em curto prazo. Segundo
Por conta dessas precisões de
Castelo (1985, p. 3) “a principal reformulação das metodologias de
função da escola já não é pro- ensino, diversos autores descreve-
mover a simples aquisição de
conhecimentos, mas sim ensi-
ram os seus pontos de vista, mi-
nar a cada um como adquirir o rando sanar esses déficits e falhas do
máximo de conhecimentos com processo didático tradicional.
a maior economia de tempo, em
suma, ensinar a cada um como
estudar e como raciocinar com Materiais Complementares
eficiência.” (Apud, SILVA JU-
NIOR E BARBOSA, 2009).
Links “gratuitos” a serem con-
sultados para um acrescentamento
O autor também assevera que:
em seu estudo, acesse o link e veja na
Sendo assim, os estudantes preci-
integra as novas leis de responsabi-
sam ir à escola para contrair habili-
lidade fiscal, licitações e contratos
dades que os habilitem a absorver os
públicos:
conhecimentos de que precisarem, e
que os tornem capazes a utilizar es-
Tendências contemporâneas do en-
sas informações da forma mais pro-
sino de Biologia no Brasil
veitosa: a desenvoltura da leitura, do

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Criacionismo: transformações his- a. Permitem a compreensão dos


tóricas e implicações para o en- limites dos diferentes sistemas ex-
sino de ciências e biologia plicativos e asseguram que a ciência
tem respostas definitivas.
Ensino de Ciências: fundamentos e b. Promovem a instrumentaliza-
métodos ção de uma gama de fatos e fenôme-
nos - naturais ou não - ao educando,
Atividades práticas de laboratório sob a óptica da ciência, mais especi-
no ensino de biologia e de ciências: ficamente da biologia.
relato de uma experiência c. Promovem a capacitação do
educando à interpretação dos pro-
Para fechar essa unidade, va- cessos, fatos e fenômenos para que,
mos colocar em praticar o que simultaneamente, adquira uma vi-
aprendemos até aqui. são crítica que lhe permita tomar de-
cisões sobre fatos e fenômenos rela-
Atividade de fixação: cionados à biologia.
d. Promovem a aprendizagem da
Quadrix (2018): ciência como parte de uma formação
cidadã, sem comprometimento di-
Frequentemente, os professo- ante de um mundo cada dia mais
res são questionados sobre quais complexo.
conteúdos devem ser priorizados
dentro do ensino de biologia, quais Conclusão
os objetivos de aprendizagem a se-
rem perseguidos e como atingi-los. Para finalizar essa disciplina
É necessário compreender a existên- vamos fazer algumas considerações,
cia de conhecimentos entre uma ba- como vimos no decorrer da história
se comum e outra diversificada, am- da educação, díspares concepções de
bas integradas à realidade do aluno, ensino-aprendizagem vêm sendo
de forma que ele possa intervir sobre apresentadas nas atuações docentes,
ela, com autonomia e competência. como princípios que ligam compre-
Considerando o texto acima, ensões teóricas, filosóficas e psicoló-
assinale a alternativa correta com gicas.
relação aos preceitos propostos pe- Assim, analisando os parece-
los PCNEM para o ensino de biolo- res pedagógicas das redes públicas
gia. de educação e suas escolas, é admis-

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

sível examinar que os meios de abor- exercem influência recíproca, por-


dagem do método de ensino apren- tanto a biológica e a social não estão
dizagem se exibem agrupados da se- dissociadas”. E acrescenta ainda que
guinte forma: “[...] neste aspecto, a premissa é de
que o indivíduo se forma como tal
Os que se voltam mais ao objeto por meio de suas interações sociais,
de estudo, como é o caso da
assim sendo, é pensado como al-
chamada abordagem tradicio-
nal de ensino e os que intera- guém que transforma e é demudado
gem sujeito e objeto, voltados nas relações lançadas em uma deter-
às abordagens cognitivistas e
sócio-interacionistas. (MO-
minada cultura”.
RAES, 2006). Desse modo, esta abordagem
tem como alvo central organizar hi-
Assim, em sua maioria pode- póteses de como essas propriedades
mos destaca a abordagem tradicio- se desenvolveu no decorrer da histó-
nal de educação, por sua estima his- ria humana e de como se desenvol-
tórico na educação, bem como as vem ao longo da vida da pessoa.
abordagens interacionistas, cons- Assim, observando algumas
trutivismo e sociointeracionista, la- práticas educativas das docentes da
vradas por Piaget e Vygotsky respec- área da Ciências e Biologia é possível
tivamente. compreender a presença de mais de
uma compreensão filosófico-peda-
gógica. Assim, ao procurar objetivar
uma apreciação destas manifesta-
ções, é admissível destacar a inexis-
tência de apreensões relacionadas
com a compreensão filosófico-peda-
gógica que acaudilha o processo de
ensino-aprendizagem.
Mas, note que embora na lite-
ratura não tenha uma concepção re-
comendada para a atualidade, existe
Analisando o projeto político precisão que os professores adotem
pedagógico de escolas, teoricamen- uma linha filosófico/pedagógica pa-
te, seguem a concepção interacionis- ra que tenham a capacidade de pla-
ta de ensino, rogada por Vygotsky, nejar suas aulas a fim de torná-las
que destaca: “[...] organismo e meio diligentes, mediante as sugestões se-
lecionadas.

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Assim sendo, um dos alvos da capacidades e desenvolturas desejá-


concepção interacionista, é desen- veis para o contexto atual, pense nis-
volver a personalidade humana liga- so durante a sua prática na sala de
da a sua potencialidade criativa, tor- aula.
nado o método de ensino aprendiza- E assim fechamos mais esse
gem uma atividade pessoal do estu- conteúdo, não deixe conferir a leitu-
dante mediada pelo professor. ra complementar.
Logo, o que se verifica presen-
temente é que, apesar tenham ou- Até o próximo encontro.
tras concepções de ensino aprendi-
zagem, que focalizam no aluno, sen-
do o principal sujeito no método de
ensino aprendizagem, muitos do-
centes não conseguem abandonar a
pedagogia tradicional, ou diversas
vezes os próprios estudantes forçam
o professor a acompanhar esta ten-
dência pedagógica.
Assim, a inserção da pesquisa
como entrada educativa pode se for-
mar numa alternativa de atuação
concreta, onde o docente passa a ser
um mediador no método de desen-
volvimento do estudante, cooperan-
do para que ele contraia habilidades
e competências com autonomia, cri-
atividade, meditação, participação e
apreciação crítica diante dos eventos
da sociedade.
Por fim, olhando por essa
perspectiva interacionista, vemos
como ela pode colaborar para a in-
serção da pesquisa como base edu-
cativa, visto que essa abordagem
permite aos estudantes circunstân-
cias de interação para desenvolver

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ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

5. Referências Bibliográficas
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