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Nesta webaula, vamos ver questões históricas relativas ao ensino de Ciências no Brasil.
Para estabelecermos algumas análises que nos auxiliem na compreensão do modo como o ensino de Ciências no
Brasil se configura atualmente e, ainda, favorecer a construção de caminhos possíveis no âmbito das práticas
educativas,
é necessário conhecermos o passado, o percurso histórico relativo ao ensino de Ciências no Brasil.
Para tanto, abordaremos a seguir, um breve histórico do ensino dessa disciplina no país, a partir da década de
1950, apresentando
perspectivas e tendências que predominaram em algumas épocas.
Década de 1950
O período logo após a Segunda Guerra Mundial, influenciou consideravelmente o ensino de Ciências e ficou
marcado pela crescente industrialização e pelo avanço tecnológico e científico.
Ocorreu no Brasil um movimento institucionalizado a favor do ensino de Ciências com a criação do Instituto
Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) liderado por Isaias Raw. Esse instituto foi organizado por um
grupo de
professores universitários em São Paulo, no início da década de 1950, com o propósito de promover
melhorias no ensino de Ciências, visando aperfeiçoar a qualidade do ensino superior e, consequentemente, o
desenvolvimento nacional.
Uma fase considerada propícia para a renovação curricular no ensino de Ciências instaurou-se no final da década
de 1950, no cenário da Guerra Fria, ou seja, período em que as duas maiores potências mundiais, Estados Unidos
e União
Soviética, buscavam disputar poder e influência.
“[...] um dos pontos altos deste embate, senão o maior, foi o lançamento do satélite Sputnik, em outubro de 1957. Nessa
ocasião, houve o convencimento da comunidade ocidental, em geral, e da estadunidense, em particular, de seu atraso
tecnológico em relação aos soviéticos.
”
— BIZZO, 2009, p. 7.
As consequências do cenário da Guerra Fria trouxeram marcas para a década seguinte, influenciando a maneira
como a disciplina de Ciências Naturais se constituía no contexto brasileiro.
Década de 1960
No Brasil, o início da década de 1960 caracterizou-se por um período de liberação política e por grande euforia,
com a participação de vários segmentos culturais na construção de um projeto nacional.
No cenário educacional, a Lei nº 4.024/1961 (BRASIL, 1961) trouxe alterações no currículo de Ciências, sendo
que a disciplina Iniciação à Ciência passou a ser obrigatória a partir da 1ª série ginasial (atual 6º ano da
segunda
fase do ensino fundamental de nove anos).
A carga horária das disciplinas científicas também foi ampliada (Física, Química e Biologia).
Propostas curriculares foram reformuladas, tendo como referência alguns projetos norte-americanos que
foram adaptados ao contexto brasileiro.
O projeto Iniciação à Ciência, liderado pelo IBECC, representava uma nova fase para o ensino, com o
propósito de apresentar a Ciência como um percurso contínuo de busca pelo conhecimento, por meio de
uma postura investigativa,
que envolvia a observação direta de fenômenos e a explicação de problemas.
No entanto, o fim da década 1960, após o Golpe Militar de 1964 ocorrido no Brasil, trouxe novas configurações
para o ensino de Ciências.
Nesse período, essa disciplina passou a incorporar o objetivo de formar mão de obra qualificada para o
cenário de desenvolvimento econômico e industrial. Tal propósito foi sistematizado por meio da Lei nº
5.692/1971,
que reformou a LDB de 1961, revogando vários de seus artigos.
Formação de professores
Crise energética
A acelerada busca pelo aprimoramento nos setores industrial, tecnológico, científico, dentre outros, trouxe
efeitos catastróficos que se expressaram em uma crise energética. Nessa época, a população começa a
desenvolver
a percepção a respeito dos resultados dessas ações no ambiente, decorrentes do
desenvolvimento industrial desenfreado (PORTO; RAMOS; GOULART, 2009).
Questões ambientais
Diante das questões ambientais surgiu uma nova tendência, a CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), A
proposta, de um modo geral, centrava-se em fomentar a discussão das relações existentes entre a produção
dos conhecimentos científicos e tecnológicos e as possíveis consequências para a sociedade. O interesse pela
educação ambiental aumentou, influenciando o modo como o conhecimento científico era tratado na escola
e o ensino de Ciências ganhou mais um objetivo, o de estimular os alunos a discutir as implicações sociais no
desenvolvimento científico e tecnológico.
Década de 1970
No contexto brasileiro, as transformações decorrentes da década de 1970 trouxeram novas perspectivas para o
ensino de Ciências, sendo que essa disciplina foi estendida às oito séries do 1º grau (atual ensino fundamental de
nove
anos) – 1ª a 4ª séries (1º ao 5º ano no ensino fundamental de nove anos).
Década de 1980
Ficou marcada por uma crise social e econômica que afetou vários países considerados na época como
subdesenvolvidos, até mesmo o Brasil. Essa situação contribuiu para agravar o desemprego, a instabilidade
econômica e a queda da
qualidade do sistema educacional.
No campo do ensino de Ciências houve o desenvolvimento de novas perspectivas e abordagens de ensino, sendo
que, nesse período, “em uma perspectiva construtivista, diferentes correntes da psicologia demonstraram que,
antecedendo
o conhecimento científico, havia conceitos intuitivos, espontâneos, alternativos ou pré-concepções
sobre os fenômenos naturais” (PORTO; RAMOS; GOULART, 2009, p. 20).
Década de 1990
O cenário brasileiro passou por transformações no âmbito educacional que aguçaram o fortalecimento de novas
concepções para fundamentar a prática educativa.
Nesse contexto, a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996 (BRASIL, 1996), representou um marco significativo na história da educação brasileira, pois trouxe
contribuições expressivas
para a educação de um modo geral. Para o ensino de Ciências, esse documento fixou a
obrigatoriedade na abrangência do conhecimento do mundo físico e natural no contexto escolar.
De modo complementar a essas mudanças, a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, no ano de 1997
(BRASIL, 1997), também representou um momento crucial de movimentação no cenário educacional. Tal
documento contemplou diversas
áreas do conhecimento e tratou de apresentar temáticas relativas às ciências, ao
meio ambiente e à saúde.
O volume “Ciências Naturais”, para a primeira fase do ensino fundamental (1ª a 4ª série),
trouxe em sua proposta reflexões para contribuir com novas perspectivas a fim de
organizar essa disciplina no contexto
da escola, indicando, de um modo geral, que a
aprendizagem do saber científico se constitui como condição fundamenta para a formação
de um cidadão participativo e atuante, especialmente quando se trata de
assuntos
relativos a ciência e a tecnologia.
2000 a 2010
Construção de propostas e orientações curriculares para vários segmentos do ensino (em âmbito estadual e
municipal).
A apresentação desses aspectos relativos ao ensino de Ciências no Brasil de modo cronológico, abordando
questões históricas e a maneira como esses acontecimentos se articulam ao longo do tempo, favorece a
identificação de avanços
e desafios tanto na área educacional como na sociedade como um todo.
Percebe-se, portanto, que as intenções de transformar o ensino de Ciências, tanto no âmbito teórico-prático, por
meio das pesquisas acadêmicas, como no espaço escolar, têm encontrado algumas limitações de natureza
diversa, sendo
que tornar o ensino de Ciências atraente e significativo representa um desafio que nos acompanha
ao longo da história.