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Aprendizagem das Ciências Naturais

Introdução às Ciências Naturais

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Nesta webaula, vamos ver questões históricas relativas ao ensino de Ciências no Brasil.

Sabemos que nos dias de hoje os alunos têm acesso


aos conhecimentos relativos à Ciência de modo formal,
desde a educação infantil, já que a legislação garante A introdução do ensino de Ciências no cenário
esse direito. A Base Nacional Comum Curricular, brasileiro é recente, já que antes da Lei nº
documento publicado
no ano de 2018 e que 4.024/1961, primeira Lei de Diretrizes e Bases da
representa uma referência para a construção do Educação Nacional (BRASIL, 1961), ele era
currículo das escolas, reafirma essa necessidade e trabalhado somente nas duas últimas
séries do
propõe que esses conhecimentos sejam explorados antigo curso ginasial (BRASIL, 1997). 

desde a primeira etapa da educação básica.

Para estabelecermos algumas análises que nos auxiliem na compreensão do modo como o ensino de Ciências no
Brasil se configura atualmente e, ainda, favorecer a construção de caminhos possíveis no âmbito das práticas
educativas,
é necessário conhecermos o passado, o percurso histórico relativo ao ensino de Ciências no Brasil.
Para tanto, abordaremos a seguir, um breve histórico do ensino dessa disciplina no país, a partir da década de
1950, apresentando
perspectivas e tendências que predominaram em algumas épocas.

Década de 1950

O período logo após a Segunda Guerra Mundial, influenciou consideravelmente o ensino de Ciências e ficou
marcado pela crescente industrialização e pelo avanço tecnológico e científico. 

Ocorreu no Brasil um movimento institucionalizado a favor do ensino de Ciências com a criação do Instituto
Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura (IBECC) liderado por Isaias Raw. Esse instituto foi organizado por um
grupo de
professores universitários em São Paulo, no início da década de 1950, com o propósito de promover
melhorias no ensino de Ciências, visando aperfeiçoar a qualidade do ensino superior e, consequentemente, o
desenvolvimento nacional. 

Uma fase considerada propícia para a renovação curricular no ensino de Ciências instaurou-se no final da década
de 1950, no cenário da Guerra Fria, ou seja, período em que as duas maiores potências mundiais, Estados Unidos
e União
Soviética, buscavam disputar poder e influência.

“[...] um dos pontos altos deste embate, senão o maior, foi o lançamento do satélite Sputnik, em outubro de 1957. Nessa
ocasião, houve o convencimento da comunidade ocidental, em geral, e da estadunidense, em particular, de seu atraso
tecnológico em relação aos soviéticos. 


— BIZZO, 2009, p. 7.

As consequências do cenário da Guerra Fria trouxeram marcas para a década seguinte, influenciando a maneira
como a disciplina de Ciências Naturais se constituía no contexto brasileiro. 

Década de 1960

No Brasil, o início da década de 1960 caracterizou-se por um período de liberação política e por grande euforia,
com a participação de vários segmentos culturais na construção de um projeto nacional. 

No cenário educacional, a Lei nº 4.024/1961 (BRASIL, 1961) trouxe alterações no currículo de Ciências, sendo
que a disciplina Iniciação à Ciência passou a ser obrigatória a partir da 1ª série ginasial (atual 6º ano da
segunda
fase do ensino fundamental de nove anos). 

A carga horária das disciplinas científicas também foi ampliada (Física, Química e Biologia).

Propostas curriculares foram reformuladas, tendo como referência alguns projetos norte-americanos que
foram adaptados ao contexto brasileiro. 

O projeto Iniciação à Ciência, liderado pelo IBECC, representava uma nova fase para o ensino, com o
propósito de apresentar a Ciência como um percurso contínuo de busca pelo conhecimento, por meio de
uma postura investigativa,
que envolvia a observação direta de fenômenos e a explicação de problemas.

No entanto, o fim da década 1960, após o Golpe Militar de 1964 ocorrido no Brasil, trouxe novas configurações
para o ensino de Ciências. 

Desenvolvimento econômico e industrial 

Nesse período, essa disciplina passou a incorporar o objetivo de formar mão de obra qualificada para o
cenário de desenvolvimento econômico e industrial. Tal propósito foi sistematizado por meio da Lei nº
5.692/1971,
que reformou a LDB de 1961, revogando vários de seus artigos.

Formação de professores 

No final da década de 1960, os cursos de formação de professores de Ciências proliferaram de forma


desordenada, colocando no mercado de trabalho um grande número de profissionais com dificuldades para
atuar em sala
de aula. Tal situação resulta em consequências que afetam consideravelmente a qualidade do
ensino, especialmente na área de Ciências.

Crise energética 

A acelerada busca pelo aprimoramento nos setores industrial, tecnológico, científico, dentre outros, trouxe
efeitos catastróficos que se expressaram em uma crise energética. Nessa época, a população começa a
desenvolver
a percepção a respeito dos resultados dessas ações no ambiente, decorrentes do
desenvolvimento industrial desenfreado (PORTO; RAMOS; GOULART, 2009).

Questões ambientais 

Diante das questões ambientais surgiu uma nova tendência, a CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), A
proposta, de um modo geral, centrava-se em fomentar a discussão das relações existentes entre a produção
dos conhecimentos científicos e tecnológicos e as possíveis consequências para a sociedade. O interesse pela
educação ambiental aumentou, influenciando o modo como o conhecimento científico era tratado na escola
e o ensino de Ciências ganhou mais um objetivo, o de estimular os alunos a discutir as implicações sociais no
desenvolvimento científico e tecnológico.

Década de 1970

No contexto brasileiro, as transformações decorrentes da década de 1970 trouxeram novas perspectivas para o
ensino de Ciências, sendo que essa disciplina foi estendida às oito séries do 1º grau (atual ensino fundamental de
nove
anos) – 1ª a 4ª séries (1º ao 5º ano no ensino fundamental de nove anos).

Década de 1980

Ficou marcada por uma crise social e econômica que afetou vários países considerados na época como
subdesenvolvidos, até mesmo o Brasil. Essa situação contribuiu para agravar o desemprego, a instabilidade
econômica e a queda da
qualidade do sistema educacional. 

No campo do ensino de Ciências houve o desenvolvimento de novas perspectivas e abordagens de ensino, sendo
que, nesse período, “em uma perspectiva construtivista, diferentes correntes da psicologia demonstraram que,
antecedendo
o conhecimento científico, havia conceitos intuitivos, espontâneos, alternativos ou pré-concepções
sobre os fenômenos naturais” (PORTO; RAMOS; GOULART, 2009, p. 20).

Década de 1990

O cenário brasileiro passou por transformações no âmbito educacional que aguçaram o fortalecimento de novas
concepções para fundamentar a prática educativa.

Nesse contexto, a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996 (BRASIL, 1996), representou um marco significativo na história da educação brasileira, pois trouxe
contribuições expressivas
para a educação de um modo geral. Para o ensino de Ciências, esse documento fixou a
obrigatoriedade na abrangência do conhecimento do mundo físico e natural no contexto escolar.

De modo complementar a essas mudanças, a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, no ano de 1997
(BRASIL, 1997), também representou um momento crucial de movimentação no cenário educacional. Tal
documento contemplou diversas
áreas do conhecimento e tratou de apresentar temáticas relativas às ciências, ao
meio ambiente e à saúde.

O volume “Ciências Naturais”, para a primeira fase do ensino fundamental (1ª a 4ª série),
trouxe em sua proposta reflexões para contribuir com novas perspectivas a fim de
organizar essa disciplina no contexto
da escola, indicando, de um modo geral, que a
aprendizagem do saber científico se constitui como condição fundamenta para a formação
 de um cidadão participativo e atuante, especialmente quando se trata de
assuntos

relativos a ciência e a tecnologia.

2000 a 2010

Houveram iniciativas relevantes que se caracterizam pelos seguintes aspectos: 

Construção de propostas e orientações curriculares para vários segmentos do ensino (em âmbito estadual e
municipal).

Desenvolvimento de propostas metodológicas que sugerem a participação ativa do aluno no processo de


ensino e aprendizagem.

Substituição dos livros didáticos por sistemas de ensino.

Uso limitado de novas tecnologias como recurso pedagógico.

A apresentação desses aspectos relativos ao ensino de Ciências no Brasil de modo cronológico, abordando
questões históricas e a maneira como esses acontecimentos se articulam ao longo do tempo, favorece a
identificação de avanços
e desafios tanto na área educacional como na sociedade como um todo.

Atualmente, a publicação da Base Nacional Comum


Curricular no ano de 2017, após vários estudos e Vários pesquisadores, assim como a legislação
revisões, também apresenta a necessidade de explorar
educacional, têm se dedicado no propósito de
os conhecimentos científicos, desde a educação
valorizar a presença do ensino de Ciências desde
infantil. De um modo geral, a
proposta do ensino de
o início da escolarização, por meio de uma
Ciências da Natureza no referido documento está
perspectiva educativa coerente com o
objetivo de
voltada ao desenvolvimento do letramento científico,
orientar a formação do indivíduo para a
ou seja, além do domínio dos conceitos da área,
participação ativa nas discussões que envolvem
almeja-se que o indivíduo faça uso deles em situações
ciência e tecnologia e para o convívio social.

cotidianas que envolvam ciência e tecnologia.

Percebe-se, portanto, que as intenções de transformar o ensino de Ciências, tanto no âmbito teórico-prático, por
meio das pesquisas acadêmicas, como no espaço escolar, têm encontrado algumas limitações de natureza
diversa, sendo
que tornar o ensino de Ciências atraente e significativo representa um desafio que nos acompanha
ao longo da história. 

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