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Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

MANUAIS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS NAS DÉCADAS DE 1970 E


1980: OS AUTORES PARANAENSES NO CENÁRIO NACIONAL

Juliana Vanzin Raldi Lübke1


Reginaldo Rodrigues da Costa2

INTRODUÇÃO

No final do século XX, o Brasil sofria modificações para atender aos objetivos
da interdependência. O desenvolvimento industrial desenfreado ocasionava implicações
sociais no ensino de ciências. A implantação da Lei 5.692/71, pedagogia tecnicista,
priorizava no currículo as disciplinas profissionalizantes, tendo como objetivo o
crescimento econômico do país, prejudicando a área científica e a formação dos
profissionais em educação.
A legislação em vigor e os precários cursos de formação de professores não
habilitavam os profissionais, e nem possibilitavam sua atualização. Devido à falta de
preparo, os professores passaram a depender dos manuais escolares, que vinham sendo
utilizados nas escolas públicas desde 1960, para atender a ampliação de vagas e
propostas assistencialistas criadas pelo Estado.
Nas décadas de 1970 e 1980, os manuais didáticos passaram a ocupar
importância central, impondo-se o modelo denominado “estudo dirigido”. Tornaram-se
necessários e determinantes no ensino-aprendizagem, norteando a estrutura do currículo
nas escolas e auxiliando os professores no planejamento e prática pedagógica em sala de
aula.
A investigação desenvolveu o trabalho de análise das produções didáticas de
ciências, de quinta a oitava séries: A Terra, Zoologia e Botânica; O corpo humano e A
Energia da primeira coleção Escola Moderna, e A Terra, Os seres vivos, O homem e A
Energia da segunda coleção, dos autores Waldemar Ens e Samuel Ramos Lago, editadas
pelo Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas (IBEP), recursos educacionais de
grande utilização nas escolas de ensino fundamental do país, neste período.
O estudo dos manuais aconteceu dentro do contexto histórico, observando todos
os fatos e acontecimentos ocorridos com a educação, bem como os preceitos sociais da
época e o atendimento das necessidades pedagógicas educacionais. De modo especial a
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Licenciada em Ciências Biológicas pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
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Doutor em Educação pela PUCPR. Professor da educação básica da SEED PR e do Curso de
Licenciatura em Ciências Biológicas da PUCPR.
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pesquisa estudou um capítulo histórico, cultural, social e educacional de grande


importância para o Brasil, enriquecendo a historiografia da educação brasileira

ASPECTOS HISTÓRICOS DO ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL

O Brasil enfrentava grandes dificuldades no período pós 1930, ocasionando


desigualdades sociais que se espalhavam em todo o território nacional, desequilibrando
a economia, tornando visível o comando de países estrangeiros e a submissão do povo
brasileiro. Segundo Saviani (2007, p.348), “desenvolveu-se sobre a base de uma
estrutura material, cujo eixo dinâmico foi o processo de industrialização, com o seu
correlato de crescente urbanização”.
Entre 1951 a 1964 ocorreu um crescente desenvolvimento na economia do país.
O presidente Juscelino Kubitschek assumiu o governo em 1956 e como mostra Saviani
(2007, p.349), “utilizou o processo de substituição de importações, atraindo as empresas
para implantar, então, as indústrias de bens de consumo duráveis”.
As importações cessaram e o país obteve maior domínio nacionalista, libertando-
se parcialmente do sistema capitalista estrangeiro. As indústrias internacionais
cresceram e passaram a dominar o mercado, ocasionando a falência das empresas
brasileiras.
O país, industrializado, matinha o funcionamento com a ideologia do
nacionalismo desenvolvimentista. Os operários descontentes iniciaram uma batalha,
conforme Saviani (2007, p.360), “levantam nova bandeira: nacionalização das empresas
estrangeiras, com controle das remessas de lucro, royalties, dividendos e as reformas de
base”.
Com a economia do país mais tranquila, o presidente Jânio Quadros tencionava
nada alterar na política externa, mas como não tinha apoio partidário viu-se
impossibilitado de governar e renunciou ao cargo. Jango assumiu a presidência, gerando
muita confusão no país, por não atender as promessas feitas antes de sua posse. A
revolução de 1964 resolveu o conflito, impondo a substituição da “ideologia do
nacionalismo desenvolvimentista pela doutrina da interdependência”, (SAVIANI 2007,
p.362).

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A educação foi muito afetada pelo regime militar, que estava preocupado com o
desenvolvimento econômico do país. O ensino nas escolas não estava bem, havia altos
índices de analfabetismo, baixa produtividade, evasão escolar e repetência.
Como o governo brasileiro mantinha negociações com empresas estrangeiras,
passou a importar a educação desejada por estas empresas. Conforme Saviani (2007,
p.362), “para ajustar a educação aos reclamos postos pelo modelo econômico do
capitalismo do mercado associado dependente, articulado com a doutrina da
interdependência”.
Adotou a pedagogia tecnicista que era voltada para o trabalho profissionalizante,
onde a razão era a fonte do conhecimento. Como salienta Saviani (2007, p.381),
“perdeu de vista a especificidade da educação, ignorando que a articulação entre escola
e processo produtivo se dá de modo indireto e por meio de complexas mediações”.
Até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em 1961, as aulas
de Ciências Naturais eram ministradas nas duas últimas séries do antigo curso ginasial.
Com a aprovação da Lei 5.692 de 1971, as aulas de Ciências passaram a ter caráter
obrigatório nas oito séries do primeiro grau. A pedagogia oficial do país passou a
modelar o comportamento humano e padronizar a mão de obra especializada,
favorecendo a revolução industrial e contribuindo para o aumento da dívida externa,
distanciando o aluno de valores sociais, como: justiça, solidariedade, amor e paz,
inviabilizando o trabalho pedagógico.
A insegurança instalara-se no país, ocorrendo a abertura democrática em 1974,
no governo Geisel, prosseguido no governo Figueiredo em 1979. Os educadores
organizavam-se em sindicatos, muitas greves aconteciam nas escolas exigindo do poder
público: “uma escola pública de qualidade, aberta a toda a população e voltada
precipuamente para as necessidades da maioria, isto é, a classe trabalhadora”, afirma
Saviani (2007, p. 402).
A particularidade da década de 1970 foi a busca de teorias que constituíssem
alternativas à pedagogia oficial, como esclarece Saviani (2007, p. 400), “surgiu naquele
momento: a necessidade de construir pedagogias contra-hegemônicas, isto é, que em
lugar de servir aos interesses dominantes se articulassem com os interesses
dominados’’.
A pedagogia tecnicista também era discutida na área acadêmico-científica, que
estava a favor da suspensão da educação voltada para a produção, como mostra Saviani

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(2007, p.403), “envolvendo preocupações econômicas-políticas e, mesmo,


especificamente político-pedagógicas, o que transparece nas temáticas dos últimos
congressos dessas entidades no final dos anos da década de 1980”.
A década de 1980 foi responsável pela produção acadêmico-científica, tornando
conhecidos muitos livros, coleções de educação, publicação de inúmeras revistas
produzidas por editoras especializadas. O progresso no campo da educação obteve o
respeito da comunidade científica, representada pela Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) e pelas agências federais de fomento à pesquisa e ensino.
As escolas e a população brasileira, neste momento, podiam fazer uso de um material de
qualidade que ajudaria o ensino a crescer e a progredir cientificamente.
A abertura democrática terminou com a transição da democracia em 1985,
livrando o país de uma crise socioeconômica. Os rumos da educação caminhavam para
uma possível mudança, já que uma nova pedagogia estava em estudo, abrangendo a
pedagogia de esquerda, como esclarece Saviani (2007, p. 411): “Eis aí um conjunto de
fatores que marcaram a década de 1980 com um momento privilegiado para a emersão
de propostas pedagógicas contra-hegemônicas”.
O empenho dos educadores e da sociedade brasileira na busca de mudanças para
o ensino não foi suficiente, as reformas não aconteceram, terminando de modo
decepcionante o sonho de uma nova pedagogia educacional, diante da impossibilidade
de sua implantação.
A pedagogia tecnicista continuou a vigorar no Brasil e as negociações e debates
não cessaram. Somente em 1997, o MEC – Ministério da Educação e Cultura, com o
apoio da Secretaria da Educação, ofereceu às escolas e aos professores os Parâmetros
Curriculares Nacionais, que são o referencial para a educação fundamental, aplicados
em todo o país.

MATERIAL E MÉTODOS DA PESQUISA

O estudo histórico da educação brasileira leva pesquisadores e a comunidade


científica a novas buscas de fontes que possibilitam a descoberta de “obras que retratam
especificidades da história da educação, que, até então, não haviam sido privilegiadas”,
ressalta Miguel (2004, p.111), ampliando a qualidade da educação e contribuindo para o
desenvolvimento social e econômico do país.

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A colaboração das universidades é intensa, no estudo da história da educação.


Muitas pesquisas são realizadas pela pós-graduação, mas também participam outros
grupos de pesquisadores, como observa Miguel (2004, p.111), “é nas universidades que
está acolhida a maioria dos grupos de pesquisa uma vez que estes são a manifestação de
uma das funções dessas instituições: a da pesquisa”.
As universidades conseguem inúmeras fontes que servem de base na elaboração
dos trabalhos historiográficos, levando a ótimas pesquisas na área educacional. Segundo
Miguel (2004, p.112), “preservadas em arquivos, outras demonstram a precariedade de
cuidados, de verbas, de pessoal especializado e mesmo de ambiente de conservação”.
Os pesquisadores trabalham na investigação até ocorrer a descoberta e os fatos
se esclarecerem acerca da evolução histórica do Brasil, conforme Miguel (2004, p.112),
“está aí expressa a função social da pesquisa em história da educação”.
A sociedade define os objetivos da pesquisa que possa atender a educação
formal escolar, bem como as questões sociais e políticas que esclarecem acontecimentos
de uma realidade que tem fatores econômicos, políticos e socioculturais. A
historiografia busca o conhecimento e a formação da sociedade brasileira, como mostra
Auras (2004, p.134), “tendo em vista a necessidade de se perceber o presente como
trabalho pretérito, de se perguntar pela historicidade de nossa educação escolar”.
A história da educação tem um papel educacional muito importante. Ela
pesquisa com métodos e teorias e chega ao aprofundamento do fato em estudo,
analisando o entendimento histórico da educação e da pedagogia. Na década de 1980,
no Brasil, muitos grupos de pesquisa foram formados, destacando-se o grupo de estudos
e pesquisas: História, Sociedade e Educação do Brasil (HISTEDBR), que tem por
atribuição a organização do grupo e a continuidade dos estudos historiográficos,
priorizando a pesquisa da história da educação.
A investigação histórica em torno dos manuais de ciências, editados pela IBEP,
nas décadas de setenta e oitenta, dos autores Waldemar Ens e Samuel Ramos Lago, é
uma pesquisa historiográfica que tem por base a análise da história da educação, em
torno de uma fundamentação teórica, mediante a indagação dos autores envolvidos com
o tema e conhecedores dos assuntos a serem abordados.
Para realizar este estudo, o trabalho iniciou com a busca das produções didáticas
dos autores Ens e Lago, em bibliotecas, como: Biblioteca Pública do Paraná, Biblioteca

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da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e nas bibliotecas de escolas estaduais,


bem como em lojas que vendem livros usados (sebo).
À medida que o trabalho aconteceu, a procura por novos exemplares das
referidas produções didáticas teve continuidade. As duas coleções didáticas de ciências,
importantes referenciais para a educação brasileira, passaram por análise e estudo,
sendo examinadas e descritas em categorias, aspecto gráfico, atividades, experimentos,
informações complementares.
O estudo crítico e histórico prosseguiu, mediante leituras efetuadas sobre o
campo educacional e histórico da época. A busca por artigos relacionados com a
investigação ocorreu pela internet, contribuindo para a realização da fundamentação
teórica da pesquisa historiográfica.

OS MANUAIS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS E OS OBJETIVOS DE ENSINO

A lei 5.692/71 marcou, no Brasil, o advento do ensino tecnicista, introduzindo


nas escolas brasileiras a organização do currículo por áreas de estudo, segundo
Krasilchik (1987, p.18) “determinou a fragmentação e, em alguns casos o esfacelamento
das disciplinas científicas, sem que houvesse um correspondente benefício na formação
profissional”.
A área de Ciências passou a integrar os estudos de Física, Química, Biologia e
Saúde, conforme o Parecer 853/71, constante nas Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná, das décadas de 1970 e 1980. Os objetivos de Ciências no ensino fundamental
foram elaborados para que o aluno desenvolvesse competências que lhe permitissem
compreender o mundo e atuar como indivíduo e como cidadão, utilizando
conhecimentos de natureza científica e tecnológica.
Os manuais didáticos de ciências dos autores Waldemar Ens e Samuel Ramos
Lago, editados pela IBEP, foram organizados atendendo às Diretrizes Curriculares do
Estado do Paraná, das décadas de 1970 e 1980, oferecendo as condições necessárias
para que o aluno no final da oitava série do primeiro grau tivesse capacidade para:

Interpretar e analisar o mundo que o cerca, pela aquisição de conhecimentos


e formação de conceitos sobre os fenômenos da natureza, suas inter-relações,
as aplicações de Ciências na vida diária e os efeitos que a Ciência e a
Tecnologia tem sobre a nossa cultura; eliminar da sua mente as crendices e
superstições, procurando formar um comportamento científico, através do
emprego de métodos e técnicas de investigação e pesquisa; incorporar

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atitudes e hábitos que contribuam para a formação do cidadão feliz e útil à


comunidade, capaz de influenciá-lo de forma inteligente; fortalecer, através
da experimentação, o espírito crítico e a auto-crítica, a capacidade de
observação, a perseverança e a valorização do trabalho; reconhecer as
possibilidades do aproveitamento das riquezas naturais do País e valorizar os
grandes vultos que contribuíram para o progresso da Ciência e o
desenvolvimento tecnológico atual do Brasil”. (PARANÁ, 1973, p. 53)

Os objetivos de ensino, que faziam parte do Currículo do Estado do Paraná de


1973, pretendiam desenvolver as habilidades e atitudes do aluno pelo uso do método
científico, fundamentando-se na observação do mundo físico e na utilização do
raciocínio lógico como solução para situações ao longo da vida. Também tinham como
meta, a interpretação do mundo e a formação de conceitos sobre os fenômenos da
natureza, bem como a aplicação da Ciência e Tecnologia na cultura e vida diária.
Ainda admitiam possibilidades de aproveitamento das riquezas naturais e a
valorização de vultos históricos, que participaram do desenvolvimento da Ciência e da
Tecnologia do País. De acordo com o tecnicismo, envolveram os conhecimentos
científicos para a formação do trabalhador, atendendo a sociedade industrial e
tecnológica da época. No currículo, está registrado o reconhecimento do valor da saúde
e adoção de medidas para sua preservação, com a identificação das formas de defesa do
organismo, a profilaxia e o combate às doenças, nos objetivos gerais do Programa de
Saúde.

CONTEÚDOS DE CIÊNCIAS E O LIVRO DIDÁTICO

O conteúdo das produções didáticas de ciências dos autores Ens e Lago, das
décadas de 1970 e 1980, de quinta a oitava séries do primeiro grau, estava de acordo
com as orientações constantes no Currículo do Estado do Paraná da época.
Os livros da quinta série, denominados A Terra, abordam o ar e a importância
que ele exerce na vida diária do ser vivo, na formação dos ventos, pressão atmosférica e
explorações espaciais. Ao enfocar a água usa exemplos práticos, mostrando o valor, as
mudanças dos estados físicos e os respectivos ciclos. Explica a densidade, purificação e
o tratamento da água. Quanto ao processo de distribuição de água, recurso que até
algum tempo pensou-se inesgotável, é abordado pelo princípio dos vasos comunicantes.
Na análise do solo há prioridade para as camadas da terra e a caracterização das rochas,
minerais e minérios. Quanto à formação do solo é essencial aprender como deve ser
preparada a terra para o cultivo e para o combate da erosão e da poluição. Como mostra
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Krasilchik (1987, p.24) “nem sempre o tratamento dos problemas leva ao exame das
causas econômicas e às possíveis consequências do uso indevido do ambiente em
atividades industriais e agrícolas”. O volume A Terra, da primeira coleção, aborda
Ecologia e Saúde, incentivando a prática do reflorestamento e mostra a importância do
petróleo e demais riquezas minerais do Brasil, enquanto o volume da segunda coleção,
também denominado Terra, explica os fenômenos meteorológicos e o clima.
Na sexta série do primeiro grau, os livros analisados recebem os títulos de
Zoologia e Botânica e Os seres vivos. O estudo de Zoologia mostra a importância e
utilidade dos animais para o homem. É vista a nomenclatura e a classificação dos
grupos zoológicos de acordo com a proposta curricular do Estado do Paraná, das
décadas de 1970 e 1980, e que tradicionalmente ainda é usada em grande parte dos
currículos escolares. As características gerais dos vertebrados, mamíferos e aves são
destacadas. Quanto aos répteis, consta a distinção entre cobras venenosas e não
venenosas e os principais soros antiofídicos. São abordadas, a metamorfose dos anuros
e a diferenciação entre peixes ósseos e cartilaginosos. Algumas espécies de
equinodermas e moluscos são reconhecidas, pelo valor econômico e médico, bem como
a nocividade de alguns artrópodes e as medidas profiláticas contra as principais
verminoses e os protozoários. Em Botânica, os volumes mostram o valor dos vegetais e
o que representam para o ser humano. Fazem o reconhecimento da raiz até a
germinação da semente, caracterizando os vegetais superiores, destacando-se as
angiospermas. Constam as características e utilidades das gimnospermas, pteridófitos,
briófitas, fungos, bactérias, algas e líquens. No livro Zoologia e Botânica é ensinada a
maneira de organizar uma horta e cultivar hortaliças, também descreve a sistematização
das cadeias alimentares, com a denominação de Ecologia e Saúde, enquanto o livro em
relação ao conteúdo Os seres vivos mostra a forma de conservação dos recursos naturais
e as agressões ao ambiente, decorrentes do desenvolvimento industrial desenfreado.
Os volumes, O corpo humano e O homem, dos manuais didáticos de ciências da
sétima série do primeiro grau, mostram as funções e estruturas da célula, componente
fundamental dos tecidos e a utilização do microscópio. Também caracterizam os
alimentos: glicídios, protídeos, lipídios, vitaminas, sais minerais, água e oxigênio,
mediante a utilização de regras de higiene.
A análise dos tecidos serve de auxílio no estudo dos aparelhos digestivo,
excretor e respiratório, bem como na assimilação dos sistemas do corpo humano. A

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compreensão do funcionamento do coração, componentes e circulação do sangue e


grupos sanguíneos fazem parte do aprendizado do aluno. Também consta, nos
conteúdos, a ampliação dos conhecimentos sobre o sistema de sustentação do
organismo, músculos e ossos, bem como os órgãos do sistema nervoso com a descrição
do neurônio e o conceito do ato reflexo. Os livros mostram as funções da pele, as
células gustativas e o olfato. Na visão são abordados conhecimentos sobre o olho e os
principais problemas de visão. O som e as partes do ouvido são estudados na audição.
As glândulas endócrinas, exócrinas e mistas ajudam no bom funcionamento do corpo
humano e integram os conteúdos analisados. Os exemplares tratam dos sistemas
reprodutores humanos, masculino e feminino, com a indicação das células reprodutoras
e as fases biológicas do desenvolvimento do ser humano. O Programa de saúde,
constante no livro O corpo humano, mostra as funções dos glóbulos brancos, vacinas,
transmissão de doenças, medidas de pronto-socorro, combate à doença de Chagas e o
processo de pasteurização.
Os dois volumes de ciências da oitava série do primeiro grau chamam-se: A
energia. Os conteúdos de Química abordam a composição da matéria procurando
despertar a curiosidade pela compreensão do átomo e aplicações da energia atômica. Há
explicações sobre a utilização de substâncias sintéticas na indústria alimentícia, bem
como substâncias químicas na produção e conservação dos alimentos.
No estudo de Física, são abordadas as formas e aplicações da energia e a
transformação em trabalho, força e potência, evidenciando a aplicação da energia
cinética e potencial, inércia e atrito. Também constam a caracterização e funcionamento
das máquinas básicas e modernas, com suas utilidades e alguns conteúdos relacionados
à propagação do som e fontes de luz. Segundo Amaral (2006, p.109), neste período, “as
dimensões físicas, químicas, biológicas e geológicas do ambiente eram tratadas de
forma mutuamente separadas, em perspectiva nitidamente multidisciplinar”.
O processo de diferenciação entre temperatura e calor, as formas de propagação
e o uso do termômetro ampliam os conhecimentos do aluno em torno do tema analisado.
A compreensão da corrente elétrica e os geradores de eletricidade são evidenciados,
neste estudo, e em especial a formação dos raios, relâmpagos, trovões e o uso do para-
raios. Ainda ocorre o conhecimento de ímãs naturais, artificiais, juntamente com a
utilidade da bússola, polos, atração, repulsão e o magnetismo terrestre.

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O Programa de Saúde, constante no exemplar A energia, da primeira coleção


analisada, Escola Moderna, cita os grandes poluentes da natureza, a poluição sonora,
nuclear e radioativa. Também caracteriza as substâncias conhecidas por tóxicos,
esclarecendo o mal que causam ao ser humano e os principais motivos pelos acidentes
automobilísticos.
Muitos conteúdos de ciências, nas produções didáticas dos autores Ens e Lago,
são abordados com a utilização de histórias em quadrinhos, que mostram conceitos,
conteúdos e capítulos da história da humanidade, propiciando uma forma criativa de
estudo que valoriza os conteúdos de Ciências e auxilia no ensino-aprendizagem.
As duas coleções do ensino fundamental analisadas mostram sequência e
organização nos conteúdos apresentados nos volumes, individualmente, mas
fragmentam os conteúdos de uma série para outra, já que nenhum conteúdo se repete
nas séries seguintes, para ampliar os conhecimentos adquiridos anteriormente.
AS ATIVIDADES DOS MANUAIS DIDÁTICOS

Nas décadas de 1970 e 1980, o livro didático passou a ter importância


fundamental nas escolas, devido à falta de capacidade dos professores e as péssimas
condições de trabalho, como esclarece Krasilchik (1987, p.18), “impondo-se o modelo
chamado de estudo dirigido, termo mal aplicado a exercícios, em geral compostos por
questões dissertativas que requeriam transcrição literal ao texto”.
Os manuais didáticos de ciências analisados, dos autores Ens e Lago, de quinta a
oitava série do primeiro grau, apresentam grande quantidade de “atividades ilustrativas
e de reforço, para os estudos dirigidos e instruções programadas, alicerçados em
planejamentos rigorosos e objetivos instrucionais minuciosos e rigidamente expressos”,
segundo Amaral (2006, p.108), próprias para a fixação dos conteúdos estudados na
disciplina de Ciências.
Os livros da quinta série do primeiro grau, A Terra, destacam as atividades
experimentais, tanto para demonstração como para o aluno realizar, auxiliando na
superação de obstáculos da aprendizagem, estratégias usadas no ensino fundamental.
Também constam inúmeros questionários, próprios do tradicionalismo clássico
para o tecnicismo. As leituras, curiosidades, pensamento do dia, discussões em classe,
pesquisas, sugestões para realizar em casa, quebra-cabeça, pensamento do dia são
constantes.

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Evidencia-se, no volume “A Terra”, da primeira coleção analisada, denominada


Escola Moderna, diversas atividades para colorir e desenhar, teste de atenção, questões
de múltipla escolha e cruzadinha, que não se encontram na segunda coleção, que tem
um número menor de atividades.
Na sexta série do primeiro grau, os volumes “Zoologia e Botânica” e “Os seres
vivos” não priorizam os experimentos, mas possibilitam o aluno a construir hipóteses
investigativas. Nos dois volumes estão presentes numerosos questionários, bem como
sugestões de tarefas, teste de atenção, pesquisa, curiosidades e pensamento do dia.
No livro Zoologia e Botânica constam atividades para colorir, múltipla escolha,
certo e errado, associação de colunas, cruzadinha e discussão em classe, enquanto o
volume Os seres vivos, mostra histórias em quadrinhos, ajudando na aprendizagem. O
ensino de Ciências da sexta série depende de condições de trabalho que permitam a
realização de aulas práticas, conforme Krasilchik (1987, p.50), “o desenvolvimento de
projetos, visitas a locais fora da escola, tais como: fábricas, museus, parques, regiões
com flora e fauna diferenciadas”.
Os volumes, O corpo humano e O homem, da sétima série do primeiro grau,
destacam os questionários, nas atividades, próprios da pedagogia tecnicista. Há alguns
experimentos que geram a aprendizagem de conceitos na área de ciências. Nos dois
volumes estão presentes atividades, como: quebra-cabeça, teste de atenção, curiosidades
e pensamento do dia.
O livro, O corpo humano, aborda atividades de múltipla escolha, colorir e
desenhar, loteria esportiva, associação de colunas, certo e errado, descrever, lacunas e
grande variedade de leituras complementares, enquanto o volume, O homem, possui
atividades de pesquisa, leituras, discussão em classe e principalmente histórias em
quadrinhos, que auxiliam na fixação dos conteúdos estudados.
As atividades da oitava série do primeiro grau, constantes nos livros, A energia,
mostram muitos experimentos para aulas práticas, tanto para o aluno realizar, como
demonstradas, possibilitando ao professor contextualizar o conteúdo que pretende
ensinar.
Nas aulas de Ciências, no início, os experimentos ilustravam e comprovavam o
que era aprendido na teoria, posteriormente passaram a ser fonte de atividade e mais
tarde, conforme Krasilchik (1987, p. 52), “um outro tipo de justificativa, levando a outra

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estrutura para os trabalhos práticos foi invocada: vivenciar o processo de investigação


científica”.
Estão presentes os questionários, pesquisas e curiosidades, nos dois volumes. As
atividades diversificadas como: múltipla escolha, lacunas, cruzadinhas, quebra-cabeça,
certo e errado, teste de atenção, associação de colunas, loteria científica, discussão em
classe, problemas e pensamento do dia, são encontradas no primeiro volume analisado,
enquanto no segundo livro constam leituras e poucas atividades.
As atividades mais marcantes são os experimentos, estratégias fundamentais
presentes no ensino de Ciências desde a sua origem, como salienta Krasilchik (1987,
p.49), “que se constituem em pequenos projetos, uma justificativa sempre presente para
explicar a deficiência do ensino e a inexistência de laboratório”. Os questionários são
destacados pelas atividades próprias da época e da pedagogia tecnicista. Nos livros
constam elementos motivadores como: quebra-cabeça, ilustrações coloridas, figuras
para agradar os alunos. A grande quantidade de exercícios, constantes nas coleções
analisadas, estão de acordo com o modelo denominado “estudo dirigido”, recurso de
ensino que determinava a prática pedagógica em sala de aula. As atividades, constantes
nas produções didáticas de ciências analisadas, fazem parte da contextualização dos
conteúdos específicos da disciplina de Ciências da época, propiciando ao aluno o
ensino-aprendizagem necessário à construção dos conhecimentos correspondentes à
área de ciências.

ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR PARA O PROFESSOR DE CIÊNCIAS

As implicações sociais do desenvolvimento científico, nas décadas de 1970 e


1980, determinaram um novo momento de expansão das metas do ensino de Ciências.
As disciplinas científicas aguardavam reconhecimento cultural pela Lei 5.692/71 e
foram prejudicadas, juntamente com os profissionais em educação.
Nesta época, os cursos de formação dos professores eram precários e colocavam
no mercado, profissionais sem preparação que dependiam de livros-textos para o
exercício profissional, segundo Krasilchik (1987, p.18), “deviam servir para suprir a
incapacidade dos docentes, assim como suas péssimas condições de trabalho”.
Os professores desenvolviam suas atividades de planejamento com base nos
programas elaborados pelas autoridades educacionais, não participavam das decisões

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curriculares e reconheciam a deficiência profissional. Nas escolas eram utilizados os


manuais do professor, tornando prioritárias as informações relativas ao planejamento,
que incluíam desde material de laboratório, modelos de provas e informações que
podiam substituir a leitura da bibliografia.
Os livros didáticos, que vinham sendo utilizados desde 1960 como recursos
auxiliares no ensino, passaram a nortear a estrutura do currículo nas escolas, adquirindo
extrema importância na prática pedagógica, como observa Krasilchik (1987, p. 48), “são
elaborados de forma a atender às necessidades dos professores procurando suprir suas
deficiências de formação e atenuar as difíceis condições de trabalho”.
O planejamento do professor consistia em distribuir, de acordo com o tempo
disponível, os conteúdos de sua disciplina. A precária formação do professor para a
organização e preparação das aulas, a falta de tempo e a necessidade de atualização
levavam o professor à busca de material de apoio para a preparação das aulas, como
mostra Krasilchik (1987, p.56), “pacotes completos, formados por livros de alunos,
guias de professor, material didático e mesmo provas de avaliação, até a de propostas
curriculares ou documentos bastante vagos”.
Com a necessidade de unificar os cursos nas escolas, as Delegacias de Ensino
passaram a elaborar um currículo mínimo para as escolas estaduais, como mostra
Krasilchik (1987, p.57), “para que sejam evitadas superposições e repetições de
conteúdos por falta de uma programação geral comum”.
Os currículos elaborados mostravam problemas porque os cientistas
desconheciam a realidade dos alunos e os professores da época reconheciam a própria
deficiência de formação, falta de tempo e necessidade de atualização, conforme
KRASILCHIK (1987, p.70), “não estão instrumentados para conceber currículos que
incorporem as necessidades de um ensino de Ciências renovado”.
As decisões curriculares para os professores das áreas científicas limitavam-se à
escolha de um livro-texto. A matéria e a metodologia eram determinadas pelos livros
didáticos e a renovação do ensino, que valorizasse o conteúdo, segundo KRASILCHIK
(1987, p. 78), “compete à Universidade a análise do significado de novas tendências
para enfrentar as demandas de um sistema educacional profundamente desafiado, pelo
progresso da Ciência e da Tecnologia”.

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Os manuais didáticos de ciências dos autores Ens e Lago, nesta época, serviram
de material de apoio aos professores, no planejamento escolar e na prática pedagógica
em sala de aula, norteando o currículo e o ensino de ciências das escolas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sociedade brasileira vem resgatando a história da educação que tem como eixo
comum o conhecimento. Na década de 1970, o desenvolvimento de indústrias
estrangeiras e o domínio do capitalismo, ligados à doutrina da interdependência,
impulsionaram a ditadura militar a estabelecer reformas na educação, que atendessem às
exigências da sociedade industrial e tecnológica.
A pedagogia tecnicista, adotada no Brasil pela Lei 5.692/71, introduziu nas
escolas brasileiras um currículo por áreas de estudo, não reconhecendo as disciplinas
científicas e prejudicando a formação e atualização dos profissionais em educação,
dando prioridade às relações capitalistas que demandavam a teoria do capital humano.
Nas décadas de 1970 e 1980, ocorreu o desenvolvimento da produção
acadêmico-científica. Os manuais didáticos escolares, que eram utilizados desde 1960,
tornaram-se prioritários e passaram a nortear a estrutura curricular do ensino, para suprir
as péssimas condições de trabalho e a falta de preparo dos professores, tornando
possível a prática pedagógica e objetivos relacionados à área de ciências que
possibilitavam ao aluno compreender o mundo, de acordo com os preceitos sociais da
época.
Neste período, as coleções didáticas de ciências dos autores Ens e Lago, do
ensino fundamental, ocuparam lugar de destaque nas produções culturais utilizadas em
escolas entre 1970 e 1980. No estudo dos manuais didáticos, constatou-se a
concordância e equivalência entre os objetivos do currículo e os conteúdos, atendendo
às propostas de ensino do Currículo do Estado do Paraná de 1973.
Também foi possível verificar sequência e organização nos conteúdos dos
volumes analisados individualmente, ocorrendo fragmentação nas coleções, já que não
há continuidade e ampliação dos conhecimentos abordados de uma série para outra. Na
primeira coleção, denominada Escola Moderna, na última unidade, constam temas que
abrangem ecologia e saúde, não acontecendo na segunda coleção analisada.

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Na coleção Escola Moderna, há uma ampla variedade de atividades envolvendo


questionário, experimentos, fundamentais no ensino de ciências, discussão, loteria
científica, múltipla escolha, lacunas, cruzadinha, quebra-cabeça, teste de atenção,
colorir e desenhar, sugestões para casa, problemas e pesquisa. Já na segunda coleção
estas atividades são pouco diversificadas, resumindo-se a uma ampla quantidade de
questionários, próprios da pedagogia tecnicista, com reduzido número de pesquisas,
teste de atenção, sugestões de atividades, discussão e quebra-cabeça.
As histórias em quadrinhos foram utilizadas nas coleções didáticas, no estudo
dos conteúdos na disciplina de Ciências, abordando conceitos, conteúdos e capítulos da
história da humanidade, valorizando a contextualização e a criatividade dos conteúdos,
auxiliando no ensino-aprendizagem na área de ciências. Há também uma mudança de
nomes dos títulos da primeira coleção Escola Moderna para a segunda coleção, o
volume da sexta série recebia o nome de Zoologia e Botânica passou a receber o nome
de Os seres vivos e o volume da sétima série que se chamava O corpo humano passou a
receber o título O homem.
Os manuais didáticos de ciências dos autores Waldemar Ens e Samuel Ramos
Lago, editados pela IBEP, produtos culturais de grande utilização no Brasil, nas décadas
de 1970 e 1980 serviram de material de apoio no desenvolvimento do ensino de ciências
e na aprendizagem necessária, para a formação e integração do aluno na busca do
conhecimento e construção da cidadania, engrandecendo a historiografia da educação
brasileira.

FONTES

ENS, W. ; LAGO, S.R. Ciências: escola moderna. (A Terra). São Paulo: IBEP, s/d.
v.1.

ENS, W. ; LAGO, S. R. Ciências: escola moderna. (Zoologia e Botânica). 4. ed. São


Paulo: IBEP, 1972. v. 2.

ENS, W. ; LAGO, S. R. Ciências: escola moderna. (O corpo humano). São Paulo:


IBEP, s/d.

ENS, W. ; LAGO, S. R. Ciências: escola moderna. (A energia). São Paulo: IBEP, s/d.
v.4.

ENS, W. ; LAGO, S. R. Ciências: A Terra. 2. ed. São Paulo: IBEP, 1986.

ENS, W. ; LAGO, S. R. Ciências: Os seres vivos. São Paulo: IBEP, s/d.


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ENS, W. ; LAGO, S.R. Ciências: O homem. São Paulo: IBEP, s/d.

ENS, W. ; LAGO, S. R. Ciências: A energia. São Paulo: IBEP, s/d.

REFERÊNCIAS
FRACALANZA, H; NETO J. M; HÖFLLING, E. M; LEÃO, I. A; AMORIM, A. C;
SERRÃO, S.M. O livro didático de Ciências no Brasil. Campinas: Editora Komedi,
2006.

KRASILCHIK, M. O professor e o currículo de ciências. EPU: São Paulo, 1987.

LOMBARDI, J. C.; NASCIMENTO, M. I. M. Fontes, história e historiografia da


educação. Campinas: Autores Associados, 2004.

MACEDO, E. A imagem da ciência: folheando um livro didático. Educação e


Sociedade, Campinas, v.25, n.86, p.103-129,2004.

Paraná, SEED/DEP. Currículo. Ano1-nº 3. 1973.

SAVIANI, D. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores


Associados, 2007.

SCHELBAUER, A. R.; LOMBARDI, J. C.; MACHADO, M. C. G. Educação em


debate: perspectivas, abordagens e historiografia. Campinas: Autores Associados,
2006.

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