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1

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PORTUGUÊS PARA FINS UNIVERSITÁRIOS: LEITURA


CHANCELER
MARIA ALICE VILELA LINS

REITORIA
GISELE VILELA LINS MARANHÃO

VICE-REITORIA
KAR LA LILIAN MAGALHÃES PEDROSA

PRÓ-REITORIA DE ENSINO E
GRADUAÇÃO
VITÂNGELO PLA NTAMURA

PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO,
COMUNIDADE E CULTURA
JANAÍNA MACIEL BRAGA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E
PÓS-GRADUAÇÃO
CLEUCILIZ MAGALHÃES SANTANA

AUTOR:
JOAQUIM BENTO DE SOUZA JÚNIOR

GES TORES DO NEAD


(NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA)
LÍGIA LEINDECKER FUTTERLEIB
JOS É ANTÔNIO FUTTERLEIB

EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
ANDRESSA SOA RES DA SILVA
CHARLENE DOS SANTOS
EDUARDA PEREIRA BARBOSA
JOHNY RIVER SOUZA MARTINS
KAREN KOGA PRESTES
MARCELLE SANTOS ALCÂNTARA
MARTHA ARDAIA
MATHEUS GUILHERME MOURA MENEZES
ONÉSIMO JEORGITO JACINTO GOMES

UNIVERSIDADE NILTON LINS


Avenida Professor Nilton Lins, nº 3259 Este material didático foi desenvolvido
Parque das Laranjeiras pelo Núcleo de Educação a Distância
Manaus - Amazonas (NEAD) da Universidade Nilton Lins
Home Page: universidadeniltonlins.com.br
3

Sumário
Sumário

04 ------------------APRESENTAÇÃO

05 ------------------A ESSÊNCIA DA PALAVRA LEITURA

06 ------------------DESCOBRINDO O QUE É LEITURA

11 ------------------PRÁTICAS DE LEITURA NO ENSINO

11 ------------------EXERCÍCIOS

14 ------------------ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE TEXTOS ACADÊMICOS

16 ------------------EXERCÍCIOS SOBRE O CONHECIMENTO DE MUNDO

17 ------------------EXERCÍCIO SOBRE INTERPRETAÇÃO

26 ------------------GABARITO

27 ------------------REFERÊNCIAS

28 ------------------NOTAS

29 ------------------REFERÊNCIAS DE IMAGENS

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APRESENTAÇÃO

Olá, Acadêmica(o). Tudo bem?

O presente texto informa/conversa a respeito do valor e da relevância da leitu-


ra no Ensino Superior. Desse modo, notificamos que este e outros futuros mate-
riais que serão apresentados (Português para fins universitários: produção textu-
al) foram metodicamente organizados e elaborados para você que é acadêmico
de Engenharia.

Nosso objetivo com Português para fins universitários: leitura é que você
desfrute de benefícios durante sua vida acadêmica, ou seja, torne-se um leitor
autônomo, competente, habilidoso e crítico, pois a leitura está intrinsecamente
conectada com todas as disciplinas do curso.

Talvez você ainda esteja se perguntando: “Por que estudar/ler sobre a impor-
tância da leitura no Ensino superior se eu já sei ler?”. A resposta é bem simples!
Silva (2005, p.31) aborda que: “A atividade de leitura se faz presente em todos os
níveis educacionais das sociedades letradas”. Outro fator importante é que con-
forme o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2020.1 ,divulgado no dia 21.05.2020 pelo
Instituto Semesp2, o maior número dos alunos matriculados em Instituições de
Ensino Superior (privada ou pública) são de origem do Ensino Médio público.

Essa é a etapa da Educação Básica responsável não só por consolidar como


também aprofundar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; isso
significa dizer que textos mais elaborados e complexos deveriam ser trabalha-
dos/lidos em sala de aula, mas infelizmente em muitas escolas públicas isso não
acontece, isto é, não ocorre na prática.

Infelizmente este é o panorama do sistema educacional brasileiro: escolas


formam simplesmente leitores decodificadores, em outras palavras, estudantes
que mesmo sabendo ler e escrever da perspectiva formal (alfabetizados) não
conseguem analisar/compreender o que está sendo lido, não “leem as entre-

1
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-05/mapa-do-ensino-superior-
aponta-para-maioria-feminina-e-branca. Acesso em: 12 dez. 2021.

2
O Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, tem como objetivos
prestar serviços de excelência e orientação especializada aos seus associados, oferecer soluções para o
desenvolvimento da educação acadêmica do país, e preservar, proteger e defender o segmento privado
do ensino superior brasileiro. o Instituto desenvolve estudos, pesquisas, indicadores e análises estatísticas
referentes ao setor. Disponível em: https://www.semesp.org.br/instituto/sobre/ Acesso em: 12 dez. 2021.

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linhas”, tornando-se, assim, a leitura uma tarefa carecida/pobre de significado.

Lamentavelmente o estudante é atingido diretamente por esta negligência e


ao passar a fazer parte da Universidade, às vezes, não mostra as aptidões indis-
pensáveis para ler, emerge a carência de leitura.

Vale lembrar que, não existindo essa proficiência, o acadêmico não terá habi-
lidade para ler e redigir um gênero textual acadêmico: resumo, resenha, ensaio,
artigo científico, relato de experiência etc.

Consequentemente, o propósito deste curso é complementar “espaços em


branco” que o acadêmico não obteve no Ensino Médio.

Desejo a todos pleno sucesso em suas atividades.

Profº. Joaquim Bento

A ESSÊNCIA DA PALAVRA LEITURA

Você, caro acadêmico de Engenha- Veja, a partir da leitura, por exemplo,


ria, saberia explicar a gênese da pala- de livros de Literatura, dissertações, re-
vra leitura? vistas entre outros, você, literalmente, é
capaz não só de colher/obter informa-
Para facilitar o entendimento é pre-
ções sobre História, culturas, sociedade,
ciso recorrer, primeiramente, a etimo-
comportamentos ou hábitos de vida,
logia3, pois somente ela é capaz de nos
mas também de escolher/selecionar o
revelar que na língua portuguesa a pa-
que é válido ou não, visto que vivemos
lavra leitura tem sua origem no subs-
em uma época em que se tornou roti-
tantivo feminino latino LĒCTĬŎ4 que sig-
na receber notícias/informes que pro-
nifica ação de colher, escolher e ler.
vocam dúvidas.
Como assim, professor? Ação de co-
Perceberam como esses conceitos
lher ou escolher? O que tem a ver com
têm vínculo com a palavra leitura?
leitura ou ação de ler?

3
O dicionário Michaelis on-line (2021) apresenta esta definição: “Origem de uma palavra, seja na sua forma
mais antiga, seja em alguma fase de sua evolução; étimo”. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/
moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/etimologia/. Acesso em: 12 dez. 2021.
4
SARAIVA, 2000, p. 668.

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DESCOBRINDO O QUE É LEITURA

Agora que já conhecemos o étimo, primem discursos atribuindo valores à


em outros termos, o que constitui a leitura, pois estas reconhecem que são
base/origem da palavra leitura já so- indivíduos socialmente isolados e ma-
mos capazes de prosseguir em nossos nipulados por não dominar essas ha-
estudos, vamos lá? bilidades.

De antemão, é significativo, agora, Habitualmente a concepção de lei-


tentar conceituar a palavra leitura! tura está ligada ao texto escrito, cor-
reto? Há outros tipos de leitura? Será
A relação com o texto escrito é in-
então a leitura apenas, grosso modo,
contestável na vida dos sujeitos desde
reconhecimento de letras?
muito cedo, pois nossa sociedade está
firmada sobre os arrimos da palavra Visualize, abaixo, o quadro/a obra do
escrita. Até pessoas que não dominam pintor Cândido Portinari:
a escrita e a leitura (analfabetas) ex-

Figura 1 - Os Retirantes

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1 - O que você diria sobre a obra? cores, formas possibilitou uma conver-
sação com aquele que está apreciando
_________________________________________________________________
a obra). Isso nos faz refletir que pode-
_________________________________________________________________
mos manejar várias outras linguagens
_________________________________________________________________
além da escrita e da fala (linguagem
_________________________________________________________________
verbal) para nos comunicar. Compre-
_________________________________________________________________
endemos, com esse pequeno exercício,
_________________________________________________________________
que nem sempre é necessário o uso da
palavra para ler. Respondendo assim
Podemos de imediato confirmar que
a primeira das três questões lançadas
a obra é um texto, pois ao observá-la
anteriormente: Habitualmente a con-
percebemos duas qualidades de todo
cepção de leitura está ligada ao texto
texto: a clareza e a função comunicati-
escrito, correto?
va! Isto significa dizer que todos foram
capazes de entender e explicar sem di- Na obra se pode observar/ler o olhar,
ficuldades, visto que a obra passou a ter as expressões, o espaço e o tempo,
sentido completo (o artista por meio de respondendo, desta forma, à segunda
questão: Há outros tipos de leitura?

Você deve ter percebido que a obra


evidencia um grupo de pessoas (uma
família) contendo 5 crianças e 4 adultos
com corpos macérrimos e de pés des-
calços, quase fantasmagóricos, em um
ambiente melancólico e tenebroso. As
cores, no quadro, exibem tons de cores
que revelam um solo seco e sem vida, o
que amplia ainda mais o clima dramá-
tico. Para ressaltar a questão sombria
o pintor Cândido Portinari5 adicionou
urubus sobrevoando o grupo.

Caso, também, tenha colocado to-


dos esses quesitos (elementos não
verbais) em suas anotações, você deu
Figura 2

5
No início da década de 20, Portinari era aluno da Escola Nacional de Belas-Artes, onde aprendeu as técni-
cas e os princípios de uma arte conservadora. Em 1928, ganhou como prêmio uma viagem ao exterior. Viveu
então dois anos na Europa, onde entrou em contato com a obra de pintores mais importantes da época [...]
Em sua pintura, Portinari retratou os retirantes nordestinos. PROENÇA, 2000, p. 239

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sentido à obra, isto é, realizou uma lei- a leitura é um dos pilares que garan-
tura! Ou seja, leitura vai além do que é tem o aperfeiçoamento e a inclusão na
escrito sociedade e na vida. Uma vez inserido
em uma Instituição de Ensino Superior
Freire (2008, p.11) defende que “[...] a
precisamos nos conscientizar de ser-
leitura do mundo precede a leitura da
mos leitores competentes e autôno-
palavra”. Com este pensamento o edu-
mos. Como assim, professor? O que é
cador e filósofo brasileiro afirmou que
ser um leitor competente e autônomo?
para formar/desenvolver o conheci-
mento seria indispensável usufruir de Simples, meu caro acadêmico! Ser
um suporte chamado realidade vivida. leitor competente e autônomo é cons-
cientizar-se de que a leitura não é ape-
Em outras palavras, o ser apenas
nas reconhecimento de letras, melhor
atribui sentidos ou graus de valores/ju-
dizendo, conversão de uma represen-
ízos a algo a partir de uma realidade,
tação gráfica em sinais sonoros. Caso
ou seja, quando percebe sua finalida-
tenha em mente esse conceito, saiba
de. A esse respeito, Martins (1994, p.15)
que está adotando uma atitude ab-
diz que: “Certamente aprendemos a
solutamente passiva. Ser leitor com-
ler a partir do nosso contexto pessoal.
petente e autônomo é saber: exami-
E temos que valorizá-lo para poder ir
nar minunciosamente, determinar com
além”. Dar sentido às coisas representa
precisão o sentido do texto, avaliar sua
a primeira etapa para aprender a ler.
qualidade ou sua representatividade,
Porém, caro acadêmico, falta res- desenvolver diálogo entre textos, além
ponder à terceira e ultima questão: Será disso tudo, é também saber levar em
então a leitura apenas, grosso modo, consideração as suas experiências
reconhecimento de letras? como leitor. Como bem observa Silva
(2005, p. 41):
Como é de conhecimento de todos

Sendo um tipo específico de comunicação, a leitura é uma forma de


encontro entre o homem e a realidade sócio-cultural; o livro (ou qualquer
outro tipo de material escrito) é sempre uma emersão do homem do pro-
cesso histórico, é sempre a encarnação de uma intencionalidade e, por isso
mesmo, “sempre reflete o humano”.

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Figura 3

Para finalizar essa nossa primeira cumbência de suceder seu irmão fale-
conversa, farei uma pequena compa- cido. Aprovado o desafio, viaja a Pan-
ração perguntando a você: Já assistiu dora. Logo de início ao chegar em seu
ao filme Avatar6? destino, tem a alegria de sentir o movi-
mento de suas pernas antes paralisa-
Caso tenha assistido, deve lembrar
das. É, por coincidência esta a compa-
-se do personagem Jake Sully interpre-
ração que quero realizar. Esta emoção
tado pelo ator Sam Worthington.
que Jake Sully teve ao sentir novamente
Jake Sully é um soldado paraplégi- suas pernas deve ser a mesma quando
co (antes da missão em Pandora=uma lemos: sensação de prazer, de desco-
das luas de Polifemo) que aceita a in- berta, de novidade e de liberdade.

6
Avatar é um filme épico de ficção científica estadunidense de 2009

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Para finalizar essa primeira seção, faça uma leitura das tirinhas:

Figura 4

Figura 5

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Exercícios

1 - Em que consiste o humor dessas charges?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

2 - Quais contrastes são possíveis perceber na fisionomia dos personagens da


tirinha 1?

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

3 - Na primeira charge o verbo mudar tem o mesmo sentido para os dois perso-
nagens? Explique.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

4 - Na segunda charge o verbo nadar tem o mesmo sentido para os dois perso-
nagens? Explique.

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________

PRÁTICAS DE LEITURA NO ENSINO


SUPERIOR

Após conversarmos sobre a ques- propósito expor sobre o valor das práti-
tão etimológica e os conceitos de lei- cas de leitura no Ensino Superior, como
tura, seguiremos evoluindo, juntos, em identificar um texto acadêmico e quais
nossos estudos. Esta seção tem como são as estratégias de leitura.

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Figura 6 - Escola de Atenas, de Rafael

O Ensino Superior no passado, nos a escola filosófica fundada por Platão.


seus primórdios para ser mais preci- Hoje, devido às transformações cien-
so, era uma espécie de escola filosófi- tíficas, econômicas, culturais e tecno-
ca que tinha como intenção apenas o lógicas temos uma nova realidade. A
aprimoramento próprio/particular, ou Universidade, em razão disso, teve de
seja, nessa época embrionária, ideali- aproximar-se das práticas sociais e do
zava-se unicamente o desenvolvimento mundo do trabalho, melhor dizendo, fez-
intelectual e não o profissional. A pintu- se uma condição/um requisito signifi-
ra Escola de Atenas (figura 6) reconhe- cativo não apenas para o progresso de
cida como uma das produções mais uma nação, mas para o indivíduo (uma
admiradas de Rafael aponta uma aná- exigência de sobrevivência). Severino
lise autoral e cuidadosa da Academia, (2007, p.22) afirma que:

O ensino superior, tal qual se consolidou historicamente, na tradição


ocidental, visa atingir três objetivos, que são obviamente articulados en-
tre si. O primeiro objetivo é o da formação de profissionais das diferen-
tes áreas aplicadas, mediante o ensino/aprendizagem de habilidades e
competências técnicas; o segundo objetivo é o da formação do cientista
mediante a disponibilização dos métodos e conteúdos de conhecimen-
to das diversas especialidades do conhecimento; e o terceiro objetivo é
aquele referente à formação do cidadão, pelo estímulo de uma tomada
de consciência, por parte do estudante, do sentido de sua existência his-
tórica, pessoal e social.

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Baseado nisso, você acadêmico de concebidas em textos e, finalmente,


Engenharia, que acaba de vincular-se verá que na Universidade o conheci-
a esta Universidade deve ter em men- mento é fator incessante e intenso.
te que haverá uma mudança expressi-
A leitura, a partir de agora, será sua
va na forma como gere a maneira de
parceira! É por meio dela que você bus-
estudar. Uma nova postura deverá ser
cará e encontrará respostas para suas
adotada e exercitada! Você se defron-
indagações. A leitura realizada durante
tará com inúmeras realidades, porém
todo o percurso acadêmico fará você
salientam-se três: além de fazer uso da
refletir sobre a realidade e os aconteci-
língua portuguesa na modalidade pa-
mentos e ter uma atitude diferente, ou
drão/formal, deverá saber manipular o
seja, mais crítica. De acordo com Laka-
vocabulário científico, que ostenta con-
tos e Marconi (2003, p. 18):
cepções/ideias complexas e reflexões

A leitura constitui-se em fator decisivo de estudo, pois propicia a amplia-


ção de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou específicas,
a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensa-
mento, o enriquecimento de vocabulário e o melhor entendimento do con-
teúdo das obras.

Percebe-se, então, que ler na Univer-


sidade trata-se de uma necessidade,
pois é um subsídio para o pensamento
científico.

Possivelmente, você esteja pensan-


do: professor, como posso identificar
um texto acadêmico?

Responderei rapidamente! Os textos


acadêmicos têm atributos que são fa-
cilmente percebidos, listarei aqui para
você as particularidades.

• Temática: conteúdo cientifico (pu-


blica/anuncia determinada análise
científica);
Figura 7

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• Formas de publicar (gêneros aca- amplo os conhecimentos;


dêmicos): projetos de pesquisa, rela-
• Linguagem: denotativa7, direta, ob-
tos de experiências, artigos científicos,
jetiva, severamente argumentada e
relatórios, ensaios, resumos, resenhas,
apoiada em reflexões de autoridades
dissertações, teses, monografia, comu-
(pessoas com mérito reconhecido na
nicações (apresentação oral entre 15 a
área), revela ainda de onde partiu, a
20 minutos) entre outros;
justificativa, os objetivos e suas referên-
• Público: acadêmicos, cientistas e cias.
aqueles que pretendem tornar mais

ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE TEXTOS


ACADÊMICOS

Fundamentados em que lemos an- lecer diálogos entre textos, é apreender


teriormente, já compreendemos que e produzir sentido, é garantir o aperfei-
o ato de ler (leitura) não é apenas re- çoamento e saber que se trata de uma
conhecimento de letras ou juntar pa- ferramenta vital para a escrita. Escreve
lavras, ou converter a representação Orlandi (2008, p. 90):
gráfica em sinais sonoros. Ler é estabe-

A leitura é um dos elementos que constituem o processo da escrita [...]


podemos observar dois aspectos da relação leitura/escrita que podem
ser operacionados por uma proposta escolar:

1. A leitura fornece matéria-prima para a escrita: o que escrever.

2. A leitura contribui para a produção de modelos: o como escrever.

7
O dicionário Michaelis on-line (2022) apresenta esta definição: Sentido literal das palavras. Disponível em:
https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/denota%C3%A7%C3%A3o/.
Acesso em: 19 jan. 2022.

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Professor, qual o passo a passo da


técnica skimming?

Se for livro, dissertação ou tese, você


deve ler:

• O título, subtítulo para localizar a te-


mática investigada;

• Folha de rosto;

• Ficha catalográfica e consequente-


mente a data de publicação (para si-
tuar o leitor no tempo, ou seja, se é ou
não atualizada);

• As orelhas – elemento opcional nos


livros (informações sobre os autores e/
ou sobre a obra);

• Sumário (capítulos, seções);

• Prefácio (texto preliminar de apre-


sentação);
Figura 8
• Índice remissivo (apresenta pa-
Para que a leitura seja processada
lavras-chave e localiza em que parte
é importante que se adotem recursos
elas são citadas);
capazes/eficientes para sua operação.
Entendendo esses procedimentos, você • Introdução;
conquistará agilidade.
• Observar pistas de leitura, como:
De antemão, vamos adotar aqui dois gráficos, imagens/figuras, tabelas
estrangeirismos originários da língua (componentes relevantes na compre-
8

inglesa: skimming e scanning. ensão do texto

Skimming: uma leitura veloz, de ex- Se for artigo cientifico, leia:


ploração, isto é, uma pré-leitura à pro-
• Resumo;
cura do conceito geral.

8
Estrangeirismo é o emprego, na língua de uma comunidade, de elementos oriundos de outras línguas.
No caso brasileiro, posto simplesmente, seria o uso de palavras e expressões estrangeiras no português.
(Garcez; Zilles, 2001, p. 13)

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• As palavras-chave; se as informações mais essenciais/re-


levantes para a pesquisa. Estas infor-
• Títulos de capítulos ou seção;
mações especiais devem ser desta-
• Credenciais do autor. cadas/sublinhadas, pois poderá haver
interesse de uma maior atenção quan-
Scanning: leitura igualmente rápida,
do transcorrer uma leitura aprofunda-
porém se lê na íntegra o texto. Buscam-
da.

Exercícios sobre o conhecimento


de mundo

Misael, funcionário da Fazenda, com cha, Catete, Rua General Pedra, Olaria,
63 anos de idade. Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua
Marquês de Sapucaí, Niterói, Encanta-
Conheceu Maria Elvira na Lapa –
do, Rua Clapp, outra vez no Estácio, To-
prostituída, com sífilis, dermite nos de-
dos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca
dos, uma aliança empenhada e os
do Mato, Inválidos...
dentes em petição de miséria.
Por fim na Rua da Constituição, onde
Misael tirou Maria Elvira da vida, ins-
Misael, privado de sentidos e de inteli-
talou-a num sobrado no Estácio, pagou
gência, matou-a com seis tiros, e a po-
médico, dentista, manicura... Dava tudo
lícia foi encontrá-la caída em decúbito
quanto ela queria.
dorsal, vestida de organdi azul.
Quando Maria Elvira se apanhou de
(BANDEIRA, Manuel. Meus poemas pre-
boca bonita, arranjou logo um namo-
feridos. Rio de Janeiro: Edições de Ouro,
rado.
1966.)
Misael não queria escândalo. Podia
dar uma surra, um tiro, uma facada.
Não fez nada disso: mudou de casa. O texto de Manuel Bandeira está es-
crito em prosa ou poesia?
Viveram três anos assim.
________________________________________________________________
Toda vez que Maria Elvira arranjava
________________________________________________________________
namorado, Misael mudava de casa.
________________________________________________________________

Os amantes moraram no Estácio, Ro- ________________________________________________________________

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Exercício sobre interpretação


(exame minucioso)

Exercício 1: Algumas palavras b) conspiração hipotética.

As palavras andam apanhando c) segredo reservado.


muito, até mesmo na mão de quem
d) cilada internacional.
devia saber o respeito que merecem.
É como se fosse uma cabala contra a (Unificado – Cesgranrio)
comunicação: o significado das pala-
Exercício 2: Resposta ao tempo
vras é depreciado, desprezado, troca-
do, ignorado. Batidas na porta da frente: é o Tempo

A sério, não é conspiração: falta um Eu bebo um pouquinho, pra ter argu-


esforço deliberado e organizado devi- mento.
damente identificado. Por outro lado,
Mas fico sem jeito, calado e ele ri,
há sentido na paranoia: se fosse de
propósito, a sabotagem do idioma - ele zomba do quanto eu chorei
que tem seus beneficiários - não seria Porque sabe passar,
mais eficiente.
e eu não sei.
Em algumas áreas, o vocabulário é
mínimo, e isso sobrecarrega certas pa- Num dia azul de verão, sinto o vento
lavras, forçadas a fazer o seu trabalho e e há folhas no meu coração: é o Tempo.
o de outras. Diversas morrem de exaus-
tão. Em outros campos, desprezam- se Recordo um amor que perdi, ele ri
palavras que dão o seu recado com diz que somos iguais, se eu notei
eficiente simplicidade e encantadora
sonoridade. São trocadas por exibicio- Pois não sabe ficar
nistas peruas polissilábicas, suposta- e eu também não sei...
mente inteligentes.
E gira em volta de mim,
“É como se fosse uma cabala contra
sussurra que apaga os caminhos
a comunicação”. (linha 3) - Essa frase
retirada do texto supõe: que amores terminam no escuro,

a) feitiçaria encomendada. sozinhos...

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Respondo que ele aprisiona, eu liberto, “[...] não vejo nada de bárbaro ou
selvagem no que dizem daqueles po-
que ele adormece as paixões, eu des-
vos; e, na verdade, cada qual consi-
perto!
dera bárbaro o que não se pratica em
E o tempo se rói, com inveja de mim sua terra. [...] Não me parece excessi-
vo julgar bárbaros tais atos de cruel-
me vigia querendo aprender,
dade [o canibalismo], mas que o fato
como eu morro de amor, de condenar tais defeitos não nos leve
à cegueira acerca dos nossos. Estimo
pra tentar reviver...
que é mais bárbaro comer um homem
No fundo é uma eterna criança vivo do que o comer depois de morto;
que não soube amadurecer e é pior esquartejar um homem entre
suplícios e tormentos e o queimar aos
Eu posso, ele não vai poder poucos, ou entregá-lo a cães e porcos,
Me esquecer. a pretexto de devoção e fé, como não
somente o lemos mas vimos correr en-
(Cristóvão Bastos e Aldir Blanc) tre vizinhos nossos conterrâneos; e isso
em verdade é bem mais grave do que
assar e comer um homem previamen-
Qual a ideia central do texto dado. te executado. [...] Podemos portanto
a) O Tempo desgasta os sentimentos, qualificar esses povos como bárbaros
as relações. em dando apenas ouvidos à inteligên-
cia, mas nunca se compararmos a nós
b) O homem é frágil diante das adver-
mesmos, que os excedemos em toda
sidades.
sorte de barbaridades.”
c) A capacidade de amar dá sentido à
(MONTAIGNE, Michel Eyquem de. En-
vida.
saios: São Paulo: Nova Cultural, 1984.)
d) A efemeridade do Tempo torna-o
De acordo com o texto, pode-se afir-
superior ao homem
mar que, para Montaigne:
-------------------------------------
a) A ideia de relativismo cultural ba-
Exercício 3: seia-se na hipótese única do gênero
humano e da sua religião.
Michel de Eyquem de Montaigne
(1533-1592) compara, nos trechos, as b) A diferença de costumes não cons-
guerras das sociedades Tupinambá titui um critério válido para julgar as di-
com as chamadas “guerras de religião” ferentes sociedades.
dos franceses que, na segunda meta-
c) Os indígenas são mais bárbaros do
de do século XVI, opunham católicos e
que os europeus, pois não conhecem a
protestantes.

PORTUGUÊS PARA FINS UNIVERSITÁRIOS: LEITURA


19

virtude cristã da piedade. b) o conhecido autor de O guarani e


Iracema foi importante porque deixou
d) A barbárie é um comportamento so-
uma vasta obra literária com temática
cial que pressupõe a ausência de uma
atemporal.
cultura civilizada e racional.
c) a divulgação das obras de José de
e) A ingenuidade dos indígenas equi-
Alencar, por meio da digitalização, de-
vale à racionalidade dos europeus, o
monstra sua importância para a histó-
que explica que os seus costumes são
ria do Brasil Imperial.
similares.
d) a digitalização dos textos de José de
-------------------------------------
Alencar terá importante papel na pre-
Exercício 4: (Enem - 2012) servação da memória linguística e da
identidade nacional.
“Ele era o inimigo do rei”, nas pala-
vras de seu biógrafo, Lira Neto. Ou, ain- e) o grande romancista José de Alen-
da, “um romancista que coleciona- car é importante porque se destacou
va desafetos, azucrinava D. Pedro II e por sua temática indianista.
acabou inventando o Brasil”. Assim era
-------------------------------------
José de Alencar (1829-1877), o conheci-
do autor de O guarani e Iracema, tido Exercício 5: (Enem 2013)
como o pai do romance no Brasil. Além
Adolescentes: mais altos, gordos e
de criar clássicos da literatura brasi-
preguiçosos
leira com temas nativistas, indianistas
e históricos, ele foi também folhetinis- A oferta de produtos industrializados
ta, diretor de jornal, autor de peças de e a falta de tempo têm sua parcela de
teatro, advogado, deputado federal e responsabilidade no aumento da si-
até ministro da Justiça. Para ajudar na lhueta dos jovens. “Os nossos hábitos
descoberta das múltiplas facetas des- alimentares, de modo geral, mudaram
se personagem do século XIX, parte de muito”, observa Vivian Ellinger, presi-
seu acervo inédito será digitalizada. dente da Sociedade Brasileira de En-
docrinologia e Metabologia (SBEM), no
História Viva, n. 99, 2011.
Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que,
Com base no texto, que trata do papel aqui no Brasil, estamos exagerando no
do escritor José de Alencar e da futura sal e no açúcar, além de tomar pouco
digitalização de sua obra, depreende- leite e comer menos frutas e feijão.
-se que
Outro pecado, velho conhecido de
a) a digitalização dos textos é impor- quem exibe excesso de gordura por
tante para que os leitores possam causa da gula, surge como marca da
compreender seus romances. nova geração: a preguiça. “Cem por
cento das meninas que participam do

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20

Programa não praticavam nenhum es- tre os adolescentes.


porte”, revela a psicóloga Cristina Freire,
c) a maior participação dos alimen-
que monitora o desenvolvimento emo-
tos industrializados e gordurosos na
cional das voluntárias.
dieta da população adolescente tem
Você provavelmente já sabe quais tornado escasso o consumo de sais e
são as consequências de uma rotina açúcares, o que prejudica o equilíbrio
sedentária e cheia de gordura. “E não é metabólico.
novidade que os obesos têm uma so-
d) a ocorrência de casos de hiper-
brevida menor”, acredita Claudia Cozer,
tensão e diabetes entre os adolescen-
endocrinologista da Associação Brasi-
tes advém das condições de alimen-
leira para o Estudo da Obesidade e da
tação, enquanto que na população
Síndrome Metabólica. Mas, se há cinco
adulta os fatores hereditários são pre-
anos os estudos projetavam um futu-
ponderantes.
ro sombrio para os jovens, no cenário
atual as doenças que viriam na velhice e) a prática regular de atividade fí-
já são parte da rotina deles. “Os ado- sica é um importante fator de controle
lescentes já estão sofrendo com hiper- da diabetes entre a população adoles-
tensão e diabete”, exemplifica Claudia. cente, por provocar um constante au-
mento da pressão arterial sistólica.
DESGUALDO, P. Revista Saúde. Dispo-
nível em: http://saude.abril.com.br. -------------------------------------

Acesso em: 28 jul. 2012 (adaptado). Exercício 6: (Enem 2017)

Sobre a relação entre os hábitos da


população adolescente e as suas
condições de saúde, as informações
apresentadas no texto indicam que

a) a falta de atividade física somada


a uma alimentação nutricionalmente
desequilibrada constituem fatores re-
lacionados ao aparecimento de doen-
ças crônicas entre os adolescentes.

b) a diminuição do consumo de ali-


mentos fontes de carboidratos com-
binada com um maior consumo de Época, n. 698, 3 out. 2011 (adaptado)
alimentos ricos em proteínas contribuí- Os textos publicitários são produzidos
ram para o aumento da obesidade en- para cumprir determinadas funções

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comunicativas. Os objetivos desse BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Qua-


cartaz estão voltados para a cons- resma. Disponível em: www.dominio-
cientização dos brasileiros sobre a publico.gov.br. Acesso em: 10 jan. 2023.
necessidade de:

a) as crianças frequentarem a escola


Nessa petição da pitoresca perso-
regularmente.
nagem do romance de Lima Barreto,
b) a formação leitora começar na in- o uso da norma-padrão justifica-se
fância. pela:

c) a alfabetização acontecer na idade a) Situação social de enunciação re-


certa. presentada.

d) a literatura ter o seu mercado con- b) Divergência teórica entre gramáti-


sumidor ampliado. cos e literatos.

d) as escolas desenvolverem campa- c) Pouca representatividade das lín-


nhas a favor da leitura. guas indígenas.

------------------------------------- d) Atitude irônica diante da língua dos


colonizadores.
Exercício 7: ENEM 2020
e) Tentativa de solicitação do docu-
Policarpo Quaresma, cidadão brasi-
mento demandado
leiro, funcionário público, certo de que
a língua portuguesa é emprestada ao -------------------------------------
Brasil; certo também de que, por esse
Exercício 8: ENEM 2018
fato, o falar e o escrever em geral, so-
bretudo no campo das letras, se veem ABL lança novo concurso cultural: “Con-
na humilhante contingência de sofrer te o conto sem aumentar um ponto”
continuamente censuras ásperas dos
Em razão da grande repercussão do
proprietários da língua; sabendo, além,
concurso de Microcontos do Twitter da
que, dentro do nosso país, os autores
ABL, o Abletras, a Academia Brasilei-
e os escritores, com especialidade os
ra de Letras lançou no dia do seu ani-
gramáticos, não se entendem no to-
versário de 113 anos um novo concurso
cante à correção gramatical, vendo-se,
cultural intitulado “Conte o conto sem
diariamente, surgir azedas polêmicas
aumentar um ponto”, baseado na obra
entre os mais profundos estudiosos do
A cartomante, de Machado de Assis.
nosso idioma — usando do direito que
“Conte o conto sem aumentar um pon-
lhe confere a Constituição, vem pedir
to” tem como objetivo dar um final dis-
que o Congresso Nacional decrete o
tinto do original ao conto A cartomante,
tupi-guarani como língua oficial e na-
de Machado de Assis, utilizando-se o
cional do povo brasileiro.

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mesmo número de caracteres – ou in- não pôde mais. O beijo rebentou em


ferior – que Machado concluiu seu tra- soluços, e os olhos não puderam conter
balho, ou seja, 1 778 caracteres. as lágrimas, que vieram em borbotões,
lágrimas de amor calado, e irremediá-
Vale ressaltar que, para participar do
vel desespero. Fortunato, à porta, onde
concurso, o concorrente deverá ser se-
ficara, saboreou tranquilo essa explo-
guidor do Twitter da ABL, o Abletras.
são de dor moral que foi longa, muito
Disponível em: www.academia.org.br. longa, deliciosamente longa.
Acesso em: 18 out. 2015 (adaptado)
ASSIS, M. A causa secreta. Disponível
em: www.dominiopublico.gov.br. Aces-
so em: 10 jan. 2021.
O Twitter é reconhecido por promover
o compartilhamento de textos. Nessa
notícia, essa rede social foi utilizada
No fragmento, o narrador adota um
como veículo/suporte para um con-
ponto de vista que acompanha a
curso literário por causa do(a)
perspectiva de Fortunato. O que sin-
a) limite predeterminado de extensão gulariza esse procedimento narrativo
do texto. é o registro do(a)

b) interesse pela participação de jo- a) indignação face à suspeita do adul-


vens. tério da esposa.

c) atualidade do enredo proposto. a) tristeza compartilhada pela perda


da mulher amada.
d) fidelidade a fatos cotidianos.
b) espanto diante da demonstração de
e) dinâmica da sequência narrativa.
afeto de Garcia.
-------------------------------------
c) prazer da personagem em relação
Exercício 9: ENEM 2017 ao sofrimento alheio.

Garcia tinha-se chegado ao cadáver, d) superação do ciúme pela comoção


levantara o lenço e contemplara por decorrente da morte.
alguns instantes as feições defuntas.
Depois, como se a morte espiritualizas-
se tudo, inclinou-se e beijou-a na testa.
Foi nesse momento que Fortunato che-
gou à porta. Estacou assombrado; não
podia ser o beijo da amizade, podia ser
o epílogo de um livro adúltero [...]. En-
tretanto, Garcia inclinou-se ainda para
beijar outra vez o cadáver, mas então

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23

------------------------------------- de de reconhecer atos de violência do-


méstica.
Exercício 10: ENEM 2017
e) exigir das autoridades ações pre-
ventivas contra a violência doméstica.

-------------------------------------

Exercício 11: Os cinco sentidos

Os sentidos são dispositivos para a in-


teração com o mundo externo que têm
por função receber informação neces-
sária à sobrevivência. É necessário ver
o que há em volta para poder evitar
perigos. O tato ajuda a obter conheci-
mentos sobre como são os objetos. O
olfato e o paladar ajudam a catalogar
elementos que podem servir ou não
como alimento. O movimento dos ob-
jetos gera ondas na atmosfera que são
sentidas como sons.

As informações, baseadas em diferen-


tes fenômenos físicos e químicos, apre-
Disponível em: www.agenciapatricia-
sentam-se na natureza de formas mui-
galvao.org.br. Acesso em: 15 maio 2017
to diversas. Os sentidos são sensores
(adaptado)
cujo desígnio é perceber, de modo pre-
ciso, cada tipo distinto de informação.
Campanhas publicitárias podem evi- A luz é parte da radiação magnética de
denciar problemas sociais. O cartaz que estamos rodeados. Essa radiação é
tem como finalidade percebida através dos olhos. O tato e o
ouvido baseiam-se em fenômenos que
a) alertar os homens agressores sobre dependem de deformações mecâni-
as consequências de seus atos. cas. O ouvido registra ondas sonoras
b) conscientizar a população sobre a que se formam por variações na den-
necessidade de denunciar a violência sidade do ar, variações que podem ser
doméstica. captadas pelas deformações que pro-
duzem em certas membranas. Ouvido
c) instruir as mulheres sobre o que fazer e tato são sentidos mecânicos. Outro
em casos de agressão. tipo de informação nos chega por meio
d) despertar nas crianças a capacida- de moléculas químicas distintas que se

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24

desprendem das substâncias. Elas são climáticas, organizado no âmbito do


captadas por meio dos sentidos quími- Sistema das Nações Unidas há 24 anos,
cos, o paladar e o olfato. Esses se cons- constitui, em essência, um arranjo ins-
tituem nos tradicionais cinco sentidos titucional dinâmico e de construção
que foram estabelecidos já por Aristó- permanente. Criado para facilitar o en-
teles. tendimento e promover a cooperação
entre as 195 partes signatárias, é do-
SANTAELLA, Lucia. Matrizes da Lingua-
tado de estrutura jurídica e organiza-
gem e Pensamento. São Paulo: Ilumi-
cional próprias. A Convenção Quadro
nuras, 2001.
das Nações Unidas sobre mudanças
climáticas prevê mecanismos para a
solução dos conflitos e para promoção
A leitura atenta do texto permite afir-
da cooperação entre os Estados nacio-
mar que
nais.
a) a classificação dos sentidos estabe-
Disponível em: < http://dx.doi.
lecida por Aristóteles é rejeitada pela
org/10.18623/rvd.v14i29.996>. Acesso em:
autora que propõe novas categorias.
22 jul. 2019 (adaptado).
b) o tópico frasal do 1º parágrafo apre-
senta uma definição de sentidos, en-
quanto que o desenvolvimento do pa- A partir do contexto apresentado,
rágrafo retoma e amplia três deles: o é correto afirmar que a Convenção
tato, o olfato e o paladar. Quadro das Nações Unidas sobre mu-
danças climáticas objetiva
c) os sentidos são sensores que têm a
função específica de perceber cada a) estimular atores estatais e não esta-
tipo distinto de informação, seja ela ba- tais a planejar e a executar conjunta-
seada em fenômeno físico ou químico. mente programas dedicados a garan-
tir a redução da interferência humana
d) tanto o ouvido quanto o olfato po-
no meio ambiente.
dem captar as informações trazidas
pelas moléculas químicas. b) evitar a propagação do efeito estu-
fa por meio da criação de projetos que
e) o paladar e o olfato são sensores
visem à redução das emissões a par-
que percebem informações baseadas
tir de medidas compensatórias, como
em fenômenos físicos e químicos
plantação de árvores e melhor utiliza-
------------------------------------- ção de recursos naturais.

Exercício 12: ENADE – 2019 – ENGENHA- c) estabelecer mecanismos flexíveis


RIA destinados a permitir que países que
não utilizam toda a sua quota prevista
O regime internacional de mudanças
de emissões vendam o seu exceden-

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25

te a outros que necessitam de limites aumento da temperatura acordada.


maiores.
e) assegurar a continuidade dos com-
d) promover o princípio da responsa- promissos para que as metas de redu-
bilidade comum e demandas diferen- ção de emissão mantenham-se regu-
ciadas para permitir que os países de- lares e estáveis ao longo dos próximos
senvolvidos alterem a média global de vinte anos.

-----------------------------------------------------------------------------

Exercício 13: ENADE – 2011 – ENGENHARIA (grupo 1)

Retrato de uma princesa desconhecida


Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
ANDRESEN, S. M. B. Dual. Lisboa: Caminho, 2004. p. 73.

No poema, a autora sugere que

a) os príncipes e as princesas são naturalmente belos.

b) os príncipes generosos cultivavam a beleza da princesa.

c) a beleza da princesa é desperdiçada pela miscigenação racial.

d) o trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes.

e) o exílio e a solidão são os responsáveis pela manutenção do corpo esbelto da


princesa

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GABARITO

1. Exercício | Resposta: b)

2. Exercício | Resposta: c)

3. Exercício | Resposta: b)

4. Exercício | Resposta: d)

5. Exercício | Resposta: a)

6. Exercício | Resposta: b)

7. Exercício | Resposta: a)

8. Exercício | Resposta: a)

9. Exercício | Resposta: c)

10. Exercício | Resposta: b)

11. Exercício | Resposta: c)

12. Exercício | Resposta: c)

13. Exercício | Resposta: d)

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REFERÊNCIAS

DICIONÁRIO Michaelis. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-por


tugues/busca/portugues-brasileiro/etimologia/. Acesso em: 12 dez. 2021

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 49.
ed. São Paulo: Cortez, 2008.

GARCEZ, Pedro M.; ZILLES, Ana Maria S. Estrangeirismos: desejos e ameaças. In: FA-
RACO, Carlos Alberto (org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. São Pau-
lo: Parábola, 2001.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia


científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: editora brasiliense, 1994

ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. 8ª ed. São Paulo, Cortez, 2008.

PROENÇA, Graça. História da Arte. 16. ed. 8ª reimpressão. São Paulo: Editora Ática,
2000.

SARAIVA, F.R. dos Santos. Novíssimo dicionário latino-português. 11. ed. Rio de Ja-
neiro: Livraria Garnier, 2000.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual.
– São Paulo: Cortez, 2007.

SILVA. Ezequiel Theodoro da. O ato de ler: fundamentos psicológicos para uma
nova pedagogia da leitura. 10ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

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28

NOTAS

1. Disponível em:https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-05/
mapa-do-ensino-superior-aponta-para-maioria-feminina-e-branca. Acesso
em: 12 dez. 2021.

2.O Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do


Brasil, tem como objetivos prestar serviços de excelência e orientação especia-
lizada aos seus associados, oferecer soluções para o desenvolvimento da edu-
cação acadêmica do país, e preservar, proteger e defender o segmento privado
do ensino superior brasileiro. o Instituto desenvolve estudos, pesquisas, indicado-
res e análises estatísticas referentes ao setor. Disponível em: https://www.semesp.
org.br/instituto/sobre/ Acesso em: 12 dez. 2021.

3.O dicionário Michaelis on-line (2021) apresenta esta definição: “Origem de


uma palavra, seja na sua forma mais antiga, seja em alguma fase de sua evo
lução; étimo”. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/
busca/portugues-brasileiro/etimologia/. Acesso em: 12 dez. 2021.

4. SARAIVA, 2000, p. 668.

5.No início da década de 20, Portinari era aluno da Escola Nacional de Belas-
Artes, onde aprendeu as técnicas e os princípios de uma arte conservadora. Em
1928, ganhou como prêmio uma viagem ao exterior. Viveu então dois anos na
Europa, onde entrou em contato com a obra de pintores mais importantes da
época [...] Em sua pintura, Portinari retratou os retirantes nordestinos. PROENÇA,
2000, p. 239

6 Avatar é Um filme de ficção científica de James Cameron com Kate Winslet,


Zoe Saldana, Sam Worthington, Sigourney Weaver.

7.O dicionário Michaelis on-line (2022) apresenta esta definição: Sentido literal
das palavras. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/
busca/portugues-brasileiro/denota%C3%A7%C3%A3o/. Acesso em: 19 jan. 2022.

8. Estrangeirismo é o emprego, na língua de uma comunidade, de elementos


oriundos de outras línguas. No caso brasileiro, posto simplesmente, seria o uso de
palavras e expressões estrangeiras no português. (Garcez; Zilles, 2001, p. 13)

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REFERÊNCIAS DE IMAGENS

As imagens utilizadas neste E-book são em sua maioria de bancos de ima-


gens, uma mescla entre os sites Pexels e Envato elements foi feita para servirem
de fonte de utilização, dada as devidas referência a seguir:

Figura 1: < http://pexels-pixabay-433333>

Figura 2: < http://www.iea.usp.br/imagens/os-retirantes-de-candido-portinari


view>

Figura 3: <http://pexels-cottonbro-6334577>

Figura 4: <https://jogadacerta.wordpress.com/2011/07/01/charges-002/>

Figura 5: <http://pjpontes.blogspot.com/2012/10/comunicacao-gravemente-trun
cada.html >

Figura 6: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/melhor
-representacao-da-renascenca-escola-de-atenas.phtml >

Figura 7: <https://pexels-dominika-roseclay-1244705>

Figura 8: <https://pexels-nicole-berro-2393789>

Figura 9: <pexels-helena-lopes-711009>

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