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12/11/2021 22:23 Apostila

Apostila

Site: EMBRAPA - Ambiente Virtual de Aprendizagem Impresso por: Juliano Otávio Moura Rodrigues
Criação de suínos em família sem o uso coletivo de Data: sexta, 12 Nov 2021, 22:23
Curso:
antimicrobianos
Livro: Apostila

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Índice
1. Coeficientes técnicos para implantação do sistema de produção
1.1. Construções
1.2. Homeotermia
1.3. Princípios básicos
1.4. Instalações por fase
1.5. Abastecimento de água
1.6. Projeto ambiental

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1. Coeficientes técnicos para implantação do sistema de


produção
O estabelecimento de uma nova atividade precisa, necessariamente, ser precedido de um planejamento com previsão do potencial de
comercialização do produto final, das disponibilidades de insumos, das implicações ambientais do projeto, dos custos de implantação, do
sistema de produção e dos pacotes tecnológicos escolhidos e das metas de produção para prever a viabilidade do retorno econômico dos
investimentos. Um bom planejamento contribui fortemente para garantir a sustentabilidade da atividade, a preservação ambiental e o
conforto dos animais, além de facilitar o manejo.

Embora o Sistema de criação de suínos em família seja indicado para pequena escala de produção, todos os aspectos de boas práticas de
produção (desde a elaboração do projeto, localização, orientação solar, rede elétrica e hidráulica, sistema de proteção ambiental até
medidas de biosseguridade) devem fazer parte do planejamento inicial do sistema. Instalações já existentes e que serão adaptadas para
criação em família devem ter esses conceitos incorporados na adaptação. As informações descritas a seguir são de aplicação geral para
qualquer sistema de produção, inclusive para criação em família.

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1.1. Construções

O tipo ideal de edificação deve ser definido fazendo-se um estudo detalhado do clima da região e(ou) do local onde será implantada a
produção de suínos em família, observando-se as mais altas e baixas temperaturas ocorridas, a umidade do ar, a direção e a intensidade do
vento. Assim, é possível projetar instalações com características construtivas capazes de minimizar os efeitos adversos do clima sobre os
suínos.

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1.2. Homeotermia

Os suínos são animais homeotérmicos, capazes de regular a temperatura corporal. No entanto, o mecanismo de homeostase é eficiente
somente quando a temperatura ambiente está dentro de certos limites. Portanto, é importante que as instalações tenham temperaturas
ambientais próximas às das condições de conforto dos suínos. Nesse sentido, o aperfeiçoamento das instalações com adoção de técnicas e
equipamentos de condicionamento térmico ambiental tem superado os efeitos prejudiciais de alguns elementos climáticos, possibilitando
alcançar bom desempenho produtivo dos animais.

Tabela 1. Temperatura de conforto para diferentes categorias de suínos

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1.3. Princípios básicos

Para manter a temperatura interna da instalação dentro da zona de conforto térmico dos animais, aproveitando as condições naturais do
clima, alguns aspectos básicos devem ser observados, como: localização, orientação e dimensões das instalações, cobertura, área
circundante e sombreamento.

Localização

A área selecionada deve permitir a locação da instalação e de sua possível expansão, de acordo com as exigências do projeto, de
biossegurança e daquelas descritas na proteção ambiental. O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da
circulação natural do ar e se evite a obstrução do ar por outras construções, barreiras naturais ou artificiais. A instalação deve ser situada
em relação à principal direção do vento. Caso isto não ocorra, a localização da instalação, para diminuir os efeitos da radiação solar em seu
interior, prevalece sobre a direção do vento dominante.

Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é desejável para boa ventilação. No entanto, os ventos dominantes locais
devem ser levados em conta, principalmente no período de inverno, devendo-se prever barreiras naturais.

É recomendável, dentro do possível, que a instalação seja situada em local de topografia plana ou levemente ondulada. Contudo, é
interessante observar o comportamento da corrente de ar, por entre vales e planícies. Nestes tipos de locais, é comum o vento ganhar
grandes velocidades e causar danos nas construções.

O afastamento entre instalações deve ser suficiente para que uma não atue como barreira à ventilação natural da outra. Assim, recomenda-
se afastamento de 10 vezes a altura da instalação, entre as duas primeiras a barlavento, sendo que da segunda instalação em diante o
afastamento deverá ser de 20 à 25 vezes esta altura, como representado na Figura 1.

Figura 1. Afastamento entre as instações.

Orientação

O sol não é imprescindível à suinocultura. Se possível, o melhor é evitá-lo dentro das instalações. Assim, devem ser construídas com o seu
eixo longitudinal orientado no sentido leste-oeste. Nesta posição, nas horas mais quentes do dia, a sombra vai incidir embaixo da cobertura
e a carga calorífica recebida pela instalação será a menor possível. A temperatura do topo da cobertura se eleva, por isso é de grande
importância a escolha do material para evitar que esta se torne um coletor solar. Na época da construção da instalação deve ser levada em
consideração a trajetória do sol, para que a orientação leste-oeste seja correta para as condições mais críticas de verão. Por mais que se
oriente adequadamente a instalação em relação ao sol, haverá incidência direta de radiação solar em seu interior em algumas horas do dia
na face norte, no período de inverno.

Providenciar nesta face, dispositivos para evitar esta radiação.

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Figura 2. Orientação da instalação em relação à trajetória do sol.

Largura

A grande influência da largura da instalação é no acondicionamento térmico interior, bem como em seu custo. A largura da instalação está
relacionada com o clima da região onde ela será construída, com o número de animais alojados e com as dimensões e disposições das
baias. Normalmente, recomenda-se largura de até 10 m para clima quente e úmido e largura de 10 m até 14 m para clima quente e seco.

Pé-direito

O pé-direito da instalação é elemento importante para favorecer a ventilação e reduzir a quantidade de energia radiante vinda da cobertura
sobre os animais. Estando os suínos mais distantes da superfície inferior do material de cobertura, receberão menor quantidade de energia
radiante, por unidade de superfície do corpo, sob condições normais de radiação. Desta forma, quanto maior o pé-direito da instalação,
menor é a carga térmica recebida pelos animais. Recomenda-se como regra geral pé-direito de 3 m a 3,5 m.

Comprimento

O comprimento da instalação deve ser estabelecido com base no planejamento da produção, assim como também para evitar problemas
com terraplanagem e sistema de distribuição de água.

Cobertura

O telhado recebe a radiação do sol emitindo-a, tanto para cima, como para o interior da instalação. O mais recomendável é escolher para o
telhado material com grande resistência térmica, como a telha cerâmica. Pode-se utilizar estrutura de madeira, metálica ou pré-fabricada de
concreto.

Sugere-se a pintura da parte superior da cobertura na cor branca e na face inferior na cor preta. Antes da pintura, deve ser feita lavagem do
telhado para a retirada do limo ou crostas que estiverem aderidas à telha. Assim, é facilitada a fixação da tinta.

A proteção contra a radiação recebida e emitida pela cobertura para o interior da instalação pode ser feita com uso de forro. Este atua como
segunda barreira física, permitindo a formação de camada de ar junto à cobertura e contribuindo na redução da transferência de calor para
o interior da construção.

Áreas circundantes

A qualidade das áreas circundantes afeta a radiosidade. É comum o plantio de grama em toda a área delimitada das instalações, pois essa
ação reduz a quantidade de luz refletida e o calor que penetra nas mesmas, além de evitar erosão em taludes, aterros e cortes. Esta grama
deve ser de crescimento rápido, que feche bem o solo, não permitindo a propagação de plantas invasoras. É importante que a grama seja
constantemente aparada para evitar a proliferação de insetos.

Para receber as águas provenientes do telhado, construir uma canaleta ao longo da instalação de 0,40 m de largura com declividade de 1%,
revestida de alvenaria de tijolos ou de concreto pré-fabricado. A rede de esgoto deve ser em manilhas ou tubos de PVC, sendo
recomendado diâmetro mínimo de 0,30 m para as linhas principais e de 0,20 m para as secundárias.

Sombreamento

O emprego de árvores altas produz microclima ameno nas instalações, devido a projeção de sombra sobre o telhado. Para as regiões onde
o inverno é mais intenso, as árvores devem ser caducifólias. Assim, durante o inverno as folhas caem, permitindo o aquecimento da
cobertura. No verão, a copa das árvores torna-se compacta, sombreando a cobertura e diminuindo a carga térmica radiante para o interior
da instalação. Devem ser plantadas nas faces norte e oeste da instalação e mantidas desgalhadas na região do tronco, preservando a copa
superior. Desta forma, a ventilação natural não fica prejudicada. Fazer verificação constante das calhas para evitar entupimento com folhas.

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1.4. Instalações por fase

O sistema de produção de suínos compreende as fases de pré-cobrição e gestação, maternidade, creche, crescimento e terminação.
Os aspectos construtivos das instalações diferem em cada fase de criação e devem se adequar às características físicas, fisiológicas e
térmicas dos animais.

Pré-cobrição e gestação

As fêmeas de reposição até o primeiro parto e as porcas ficarão alojadas em baias coletivas nessas instalações. Os machos ficarão em
baias individuais.

As instalações para essa fase são abertas, com controle de ventilação por meio de cortinas, contendo baias para as fêmeas reprodutoras
em frente ou ao lado das baias para os machos (cachaços). Aconselha-se o uso de paredes laterais externas e internas, ripadas com placas
pré-fabricadas em cimento ou outro material para obter-se boa ventilação natural no interior dos prédios.

O piso deve ser parcialmente ripado nos boxes individuais de gestação. Nos boxes dos machos e de reposição, pode-se adotar o piso
compacto ou parcialmente ripado. Piso compacto de 6 cm a 8 cm de espessura em concreto 1:4:8 com revestimento de argamassa 1:3 ou
1:4 (areia média) com declividade de 2% no sentido das canaletas de drenagem. Piso áspero danifica o casco do animal e piso
excessivamente liso dificulta o ato de levantar e deitar. Na parte traseira das baias recomenda-se a construção de um canal coletor de
dejetos. A canaleta de drenagem pode ser externa à baia com largura de 30 cm a 40 cm, ou na parte interna da baia com largura de
aproximadamente 30% do comprimento da baia e com declividade suficiente para não permanecer dejetos dentro da mesma. O fechamento
da canaleta poderá ser de ferro ou de concreto. Em instalações novas recomenda-se que as canaletas para drenagem dos dejetos estejam
localizadas no lado externo das instalações.

Nas baias coletivas pode-se usar o piso compacto ou 2/3 compacto e 1/3 ripado, bebedouro tipo chupeta e comedouro com divisórias para
cada animal.

Maternidade

É a instalação utilizada para o parto e fase de lactação das porcas que, por ser a fase mais sensível da produção de suínos, deve ser
construída atentando com muito cuidado para os detalhes. Qualquer erro na construção poderá trazer graves problemas, como de umidade
(empoçamento de fezes e urina), esmagamento de leitões e calor ou frio em excesso, que provocam, como consequência, alta mortalidade
de leitões. Na maternidade deve-se prever dois ambientes distintos, um para as porcas e outro para os leitões. Como a faixa de temperatura
de conforto das porcas é diferente daquela dos leitões, torna-se obrigatório o uso do escamoteador para os leitões.

Dimensões de uma baia de maternidade com piso compacto ou semi ripado

Tamanho da baia: 1,90 m de largura x 3 m de comprimento, piso com declividade de 3,5% compacto com calha externa para
recolhimento dos dejetos ou semiripado (piso vazado de 0,80 m no fundo da baia).
Altura das paredes divisórias: 0,90 m.
Largura do portão: 0,70 m.
O comedouro da porca na parte anterior da baia (ao centro) e o bebedouro tipo chupeta ou bite ball no fundo.
O bebedouro dos leitões deve ser instalado embaixo do protetor de esmagamento de forma que a porca não possa atingi-lo.
O comedouro dos leitões deve ser colocado dentro do escamoteador, numa das extremidades.
Os protetores de esmagamento devem ser colocados nas duas laterais e no fundo da baia, da seguinte forma: a) Altura do piso: 25 cm.
b) Afastamento da parede: 10 cm. c) Estes protetores podem ser de cano de ferro galvanizado (uma polegada) ou de madeira dura (4 cm
x 8 cm).
Os escamoteadores para os leitões deverão ser construídos fora da baia, no corredor, com as seguintes dimensões: largura = 0,70 m;
comprimento = 1,10 m; altura = 0,70 m.

Dimensões de uma baia de maternidade com piso totalmente vazado

Tamanho da baia feita com ferro: 1,80 m de largura x 2,40 m de comprimento, piso totalmente vazado com protetores de esmagamento.
Altura do primeiro cano na parte inferior da baia: 20 cm.
Os protetores de esmagamento devem ser colocados nas duas laterais e no fundo da baia. São de ferro, afastados 12 cm para a parte
interna da baia com a mesma altura do primeiro cano da baia (20 cm).
Afastamento da fuga dos leitões nas laterais e no fundo da baia: 30 cm.
Altura das paredes divisórias entre as baias de fuga dos leitões: 50 cm.
Largura do portão: 0,70 m.
O comedouro da porca na parte anterior da baia (ao centro) e bebedouro tipo chupeta ou bite ball colocado acima ao lado do comedouro.
O bebedouro e comedouro para os leitões (tipo chupeta ou bite ball) deve ser instalado na área de fuga dos leitões, de forma que a porca
não possa ter acesso.
Os escamoteadores para os leitões deverão ser construídos fora da baia, no corredor, com as seguintes dimensões: largura = 0,60 m;
comprimento = 1,20 m; altura = 0,70 m, com fonte suplementar de aquecimento.

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Sob o piso vazado deve ser construídas fossas para drenagem dos dejetos.

Creche

Creche é a edificação destinada aos leitões desmamados. Deve-se prever a instalação de cortinas nas laterais para permitir o manejo
adequado da ventilação.

As baias devem ser de piso ripado ou parcialmente ripado. Pisos parcialmente ripados devem ter aproximadamente 2/3 da baia com piso
compacto e o restante (1/3) com piso ripado, onde os leitões irão defecar, urinar e beber água.

É necessário dispor de um sistema de aquecimento, que pode ser elétrico, a gás ou a lenha, para manter a temperatura ambiente ideal para
os leitões, principalmente nas primeiras semanas após o desmame. É recomendado o uso de abafadores sobre as baias em regiões frias,
com o objetivo de criar um microclima confortável.

Além da adequação de espaço para os animais, é importante que nesta fase inicial de crescimento, o leitão tenha condições de temperatura
e renovação de ar compatíveis com as suas exigências. Sabe-se que um leitão desmamado precocemente necessita de um ambiente
protegido e que um número excessivo de animais em pequenas salas causa problemas de concentração de gases nocivos e odores
desagradáveis.

As instalações podem ser abertas, com cortinas para permitir uma boa ventilação amenizando o estresse calórico. É indispensável o uso de
forro como isolante térmico e cortinas laterais para proporcionar melhores condições de conforto.

Crescimento e Terminação

Essa edificação destina-se ao crescimento e terminação dos animais desde a fase que vai da saída da creche até a comercialização.

O piso das baias pode ser totalmente ripado ou 2/3 compacto e 1/3 ripado. O piso totalmente ripado é o mais indicado para regiões quentes,
porém, é o de custo mais elevado. O piso parcialmente ripado, isto é, constituído de 30% da área do piso da baia em ripado sobre fosso, é
construído em vigotas de concreto. Já o restante da área do piso (70%) compacto é construído em concreto.

A declividade do piso da baia deve situar-se entre 3% e 5%.

As paredes laterais podem ser ripadas, em placas pré-fabricadas em cimento ou outro material para facilitar a ventilação natural.

As instalações nesta fase necessitam de pouca proteção contra o frio (exceto correntes prejudiciais que podem ser controladas por meio de
cortinas) e de grande proteção contra o excessivo calor, razão pela qual devem ser bem ventiladas, levando em consideração a densidade
e o tamanho dos animais. Nesta fase, há uma formação de grande quantidade de calor, gases e dejeções que poderão prejudicar o
ambiente.

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1.5. Abastecimento de água

A água pode ser considerada como um dos alimentos mais importantes para a produção de suínos. Sem ela, em quantidade e qualidade
adequadas, não há como produzir bem. Já está provado há muito tempo que não se pode pensar em uma produção animal sustentável sem
uma boa gestão da água.

Tabela 2. Consumo médio diário de água de acordo com a fase de produção

Captação

É necessário realizar uma avaliação da disponibilidade de água em todas as épocas do ano antes da implantação da granja. Logicamente,
essa análise deve levar em consideração o tamanho projetado do plantel de suínos, além de ser feita por um profissional habilitado.
Atenção para pontos importantes da captação de fontes superficiais:

Proteger áreas úmidas, banhados e nascentes, isolando esses locais e recuperando a vegetação nativa.
Impedir o acesso de animais às nascentes e fontes.
Proteger e recuperar as margens dos córregos, arroios ou rios que passam pela propriedade.
Proteger contra erosão e degradação ambiental todas as áreas da propriedade com o objetivo de facilitar a reposição dos mananciais de
água.

As fontes superficiais estão diretamente associadas com a quantidade de chuvas. Em tempos de seca, elas ficam com menos água, e vice-
versa. Portanto, é preciso estar atento a isso. Outro ponto importante é que as fontes superficiais estão mais sujeitas à contaminação. Em
relação às fontes subterrâneas, não esqueça de:

Proteger as áreas nos arredores do poço tubular profundo, investindo no isolamento do mesmo e evitando que qualquer fonte de
poluição entre em contato com a água subterrânea.
Não drenar banhados e áreas úmidas, que são áreas de recarga para as águas subterrâneas.
Evitar o desperdício da água subterrânea, que deve ser usada apenas para consumo humano e dessedentação animal.

As fontes subterrâneas também respondem às chuvas, só que de forma bem mais lenta. São elas que alimentam fontes superficiais e rios.
Por isso, devem ser tratadas com muito cuidado. É mais difícil uma fonte de contaminação chegar até elas. Mas, caso algum problema seja
registrado, essa fonte demora mais para se recuperar.

Armazenamento

O armazenamento tem como funções garantir a disponibilidade e a qualidade da água. É importante, mesmo que a propriedade tenha uma
grande disponibilidade de água, investir em armazenamento. Recomenda-se que os reservatórios sejam capazes de armazenar pelo menos
15 dias de consumo (observando o período de maior demanda do ano) em um período de estiagem. Atenção para pontos importantes do
armazenamento:

Os reservatórios devem ser de material não tóxico, adequados à preservação da água. Entre os materiais mais comuns estão PVC, fibra
de vidro, concreto, metal e pedra de ardósia revestida internamente por PVC.
O reservatório tem que ser bem vedado para evitar a contaminação da água e vazamentos.
O reservatório com água destinada ao consumo dos animais deve ser protegido do sol.
O acesso ao reservatório deve ser restrito, evitando especialmente a circulação de animais próximo à caixa d’água.
A limpeza, com o uso de detergentes apropriados, é fundamental para manter a qualidade de água nos reservatórios. Recomenda-se
que a limpeza seja feita anualmente, se necessário, durante o ciclo produtivo dos animais.

Tratamento e Qualidade

Toda água servida aos suínos deve ser clorada. O objetivo é adicionar quantidade de cloro suficiente para que, após a reação com a
matéria orgânica, reste na água de 0,2 mg.L a 0,5 mg.L de cloro livre residual. O cloro, quando aplicado corretamente, neutraliza 100% das
bactérias em 20 minutos de contato. No entanto, o poder bactericida do cloro pode sofrer interferência de aspectos como pH, turbidez e
dureza, entre outros. Por exemplo, a pH 7, ou abaixo, promoverá uma ação desinfetante muito eficaz na neutralização de bactérias. Já
acima de 7, a ação bactericida do cloro fica menor. Esse é um princípio de qualidade que o produtor não pode abrir mão sob pena de sofrer
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prejuízos consideráveis. Como regra geral, a água deve ser potável, sem a presença de coliformes fecais, matéria orgânica, bactérias ou
substâncias tóxicas. Neste contexto, a água deve atender os requisitos mínimos de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde
para o consumo humano, através da Portaria nº 2914, de 12 de dezembro de 2011. Atenção para os seguintes pontos em relação à
qualidade da água:

É indispensável realizar análises da qualidade da água periodicamente. Recomenda-se que a periodicidade seja anual. Mas dependendo
da saúde, hábito alimentar e desempenho zootécnico dos animais, estas análises podem ser feitas num espaço de tempo menor.
A análise deverá observar se as seguintes propriedades da água estão de acordo: pH, sólidos dissolvidos, dureza, coliformes e
indicadores de contaminação biológica.
Os fatores que podem afetar a qualidade de água e a saúde dos animais que a consomem podem ser agrupados em: indicadores
biológicos, fatores físicos (temperatura, turbidez e cor) e fatores químicos (pH e dureza, principalmente Ca e Mg, condutividade elétrica e
oxigênio dissolvido).
Dependendo da fonte de água, quando ela apresenta problemas constantes de turbidez por exemplo, recomenda-se que seja feito um
processo de filtragem. Assim, o tratamento químico posterior não será comprometido.

Cisterna

A água da chuva e a água excedente de fontes superficiais podem se transformar em importantes aliadas da produção de suínos. Elas
ajudam a preservar as fontes superficiais e subterrâneas e têm o potencial de ser a alternativa mais indicada para períodos de estiagem. A
captação é realizada nos telhados das edificações da propriedade (através de calhas e encanamentos condutores) e diretamente nas fontes
superficiais. A água captada é encaminhada para locais de armazenamento (cisternas ou outro tipo de reservatório). Quanto maior o volume
de água armazenado, mais autonomia terá a propriedade. Atenção para os pontos importantes em relação ao uso da cisterna:

a) A instalação da cisterna exige uma análise específica para cada propriedade. De modo geral, vale a pena para todo produtor de suínos
investir na coleta da água da chuva ou do excedente de fontes superficiais. Mas o volume e o modelo da cisterna precisam ser adaptados e
projetados para cada caso.

b) O dimensionamento da cisterna deverá levar em conta a área de telhado disponível para captação da água da chuva. Também é
importante coletar informações oficiais sobre a quantidade de chuva que anualmente cai sobre a região (para determinar a precipitação
média mensal da sua região é possível utilizar dados dos serviços de meteorologia oficiais e privados). A precipitação da chuva também
afeta o excedente nas fontes superficiais.

c) A cisterna deve atender a demanda da propriedade em função do consumo estimado por um período mínimo de 15 dias. É preciso
considerar um acréscimo de 10% no volume de reserva estimado para compensar a perda por evaporação do sistema.

d) O manejo da água da chuva e do excedente de fontes superficiais dependerá do uso para o qual ela se destina: o consumo animal exige
análise e tratamento adequado para garantir a sua qualidade; para outros fins, tratamento mínimo com descarte de análise.

e) Independentemente do seu uso, é importante que as primeiras águas coletadas sejam descartadas devido ao fato de arrastarem as
impurezas existentes no local de captação.

Informações complementares sobre gestão da água na suinocultura e aproveitamento da água da chuva e dimensionamento de
cisternas poderão ser obtidas nas seguintes publicações sugeridas:

Gestão da água na suinocultura


Aproveitamento da água da chuva na produção de suínos e aves

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1.6. Projeto ambiental

A criação de suínos gera um grande volume de dejetos, que quando mal manejados podem causar um passivo ambiental que poderá
inviabilizar a atividade. O sistema de tratamento de dejetos a ser implantado, obrigatoriamente, deve fazer parte do projeto de instalação da
granja. Inclusive, este é um dos critérios para a obtenção das licenças ambientais previstas em lei para o funcionamento de propriedades
rurais que produzem suínos. As considerações a seguir devem ser observadas para determinar o sistema de tratamento a ser implantado.

Considerar a disponibilidade dos recursos naturais da propriedade e da bacia hidrográfica, planejando o monitoramento ambiental
durante o desenvolvimento das atividades.
Obter do órgão competente as licenças ambientais pertinentes, antes de iniciar a implantação e operação do sistema de produção.
Respeitar o Código Florestal Federal, a Legislação Ambiental e o Código Sanitário do Estado, especialmente quanto às distâncias
mínimas das instalações em relação a estradas, casas, divisas de terreno, nascentes de água, açudes, rios e córregos.
O custo de transporte e aplicação de dejetos suínos como fertilizantes do solo aumenta com a sua diluição, com a distância a ser
percorrida e com a declividade do terreno. Assim, deve-se avaliar a necessidade de alternativas de tratamento dos dejetos.
Tecnologias alternativas podem reduzir o impacto ambiental da atividade e podem trazer renda adicional. Um exemplo é o composto
orgânico obtido por meio de sistemas de compostagem dos dejetos.

Autores: Vitor Hugo Grings, Cássio André Wilbert, Armando Lopes do Amaral, Nelson Morés e Paulo Armando Victória de Oliveira

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