Uma criança descreve a longa e tediosa viagem de carro para visitar os avós, sentindo o tempo passar lentamente. A criança se sente presa na cadeira do carro e teme ser punida pela mãe se reclamar novamente sobre a duração da viagem. Finalmente começa a escurecer e o carro desacelera, dando à criança esperança de que chegaram ao destino.
Uma criança descreve a longa e tediosa viagem de carro para visitar os avós, sentindo o tempo passar lentamente. A criança se sente presa na cadeira do carro e teme ser punida pela mãe se reclamar novamente sobre a duração da viagem. Finalmente começa a escurecer e o carro desacelera, dando à criança esperança de que chegaram ao destino.
Uma criança descreve a longa e tediosa viagem de carro para visitar os avós, sentindo o tempo passar lentamente. A criança se sente presa na cadeira do carro e teme ser punida pela mãe se reclamar novamente sobre a duração da viagem. Finalmente começa a escurecer e o carro desacelera, dando à criança esperança de que chegaram ao destino.
Será possível sentirmos cada segundo que demoradamente não passa?
O agora que se arrasta para sempre e sempre.
Gosta de ir ver os avós, não da viagem, que nunca mais acaba, dura, dura, dura… Não dá para brincar, não tem sono para dormir, o jogo de contar carros brancos é chato. Se voltar a perguntar à mãe se ainda falta muito, leva: “já não te posso ouvir mais, cala-se senão levas”. Levaria um açoite ou uma bofetada. Será que a mãe conseguiria chegar até ele? Preso na cadeira não dá lá muito para fugir, podia encolher as pernas, voltá-las mais para o lado. Imagina a mãe virada para trás, de cara fechada – não gosta quando ela fica assim – a tentar acertar-lhe. Não lhe ia doer no corpo, mas na alma, sim. Ainda mais à frente do pai. O pai trabalha muito, mas às vezes fala com ele como se fossem os dois crescidos, são os dois homens para ir ao futebol, e quando lhe dá mão ou quando o coloca sobre os ombros, sente-se seguro, no topo do mundo. Também o pai está com um ar severo. Devem estar os dois tão chateados quando ele com aquela viagem que nunca mais acaba. Quando era pequeno lembra-se de terem cantado no carro, mas algo lhe diz que se começasse ele a cantar sozinho agora não seria boa ideia. Talvez a mãe querer bater-lhe os pudesse animar a todos. Ou talvez não. Vê os olhos da mãe no espelho retrovisor a olhar para ele. Não consegue perceber se ainda está zangada. Olha de novo pela janela, árvores correm de um dos lados, do outro raramente passam carros. E começa a escurecer. Ouve o barulho do pisca e sente o carro a abrandar. Não diz nada, espera apenas que seja porque finalmente chegaram.