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CURSO

CONTEMPLAR
LILITH

DESCUBRA OS MISTÉRIOS DA DEUSA


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LILITH

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Sacerdotisa Luna e Ana.

Lei Nº 9.610, Art. 1°: “Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta
denominação os direitos de autor e os que lhes são conexos.”
Lei Nº 9.610, Art. 7º: “São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas
por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou
que se invente no futuro, tais como:”
Lei Nº 9.610, Art. 7º, inciso I: “Os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;”
Lei Nº 9.610, Art. 7º, inciso II: “As conferências, alocuções, sermões e outras obras da
mesma natureza;”
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Como Lilith É Conhecida Em Outras Culturas

Ao estudarmos sobre a passagem de Lilith por outras culturas chegaremos


em sua origem, que além de misteriosa é repleta de controvérsias, e se
engana quem pensa que a primeira menção de Lilith foi no judaísmo.
O primeiro registro sobre Lilith foi realizado na Suméria, a mais antiga de
todas as civilizações, localizada na região entre os rios Tigre e Eufrates,
tendo sido a Suméria o berço das demais civilizações que surgiram
posteriormente, uma vez que é evidente a sua contribuição através do
desenvolvimento da escrita, da cultura e da religião, tendo em vista que a
civilização era politeísta e influenciou diversas outras culturas e
civilizações que tinham a Suméria como referência.
A religião dos sumérios era politeísta, e baseada no cultos de divindades
que representavam fatores e forças da natureza, à vista de que os
fenômenos naturais não poderiam ser explicados naquela época, e assim
as divindades foram cultuadas em um extenso território da Mesopotâmia.
As divindades da mitologia da Suméria mais conhecidas eram Inanna, a
rainha dos céus e que possuía influência no amor, na fertilidade e na
guerra; Enilil, deus do ar; Ki, deusa da terra; Na, o deus do céu; Enki, deus
da água... Assim como outras divindades que eram ligada a natureza.
Não possuímos informações concretas o suficiente que comprovam que
Lilith era de fato reconhecida como deusa na Suméria, porém, sabe-se que
Lilith possuía forte influência, e ao mesmo tempo que era adorada, Lilith
também era temida, pois era representada como uma bela donzela e que
possuía o poder da sexualidade feminina.
A etimologia do nome Lilith provém do nome Lilitu, uma vez que Lil
significava vento, ou seja, Lilitu era vinculada aos ventos e tempestades,
que segundo as crenças populares da época, tanto os ventos quanto as
tempestades eram presságios de maus agouros, e Lilith ao ter seu nome
vinculado à estes fenômenos passou a também ser temida, pois
acreditavam que Ela poderia trazer guerras, doenças, abortos e ataques
noturnos.
Apesar de temida, Lilith também foi considerada uma divindade muito
respeitada, tendo sido por vezes comparada a deusa Innana por conta de
sua conexão com o poder feminino, da mesma forma que ao longo da
história Lilith passou pela cultura e religião de outros associada ao nome
de outras deusas devido a sua origem remota e primordial.
Além do que já citamos, Lilith também era conhecida por ter seus hábitos
noturnos e habitar o deserto, pois conforme a Epopeia de Gilgamesh, na
lenda da Árvore de Innana, foi Lilith que indevidamente se apossou e
passou a habitar a árvore que pertencia a deusa Inanna, mas acabou sendo
expulsa por Gilgamesh e indo em direção ao deserto, conforme retrata a
lenda:
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A Árvore de Huluppu

“Nos primeiros dias, nos dias primordiais,


Nas primeiras noites, nas noites primordiais,
Nos primeiros anos, nos anos primordiais,
Nos primeiros dias, quando tudo o que era necessário foi trazido à
existência,
Nos primeiros dias, quanto tudo o que era necessário foi
adequadamente nutrido,
E o pão era assado nos santuários da terra,
E o pão era provado nos lares da terra,
Quando o céu retirou-se da terra,
e a terra separou-se do céu,
E o nome do Homem foi fixado;
Quando o Deus do Céu, An, carregou os céus,
Quando o deus do ar, Enlil, carregou a terra,
Quando à rainha do Grande Abaixo, Ereshkigal, foi dado o mundo
inferior para seu domínio,
Ele velejou; o Pai velejou;
Enki, o Deus da Sabedoria, velejou para o mundo inferior.
Pequenas pedras foram lançadas contra ele;
Grandes granizos foram arremessados contra ele;
Como uma investida de tartarugas,
Eles quebraram a quilha do navio de Enki.
As águas do mar devoraram a proa do seu navio como lobos;
As águas do mar golpearam a popa do seu navio como leões.
Neste momento, uma árvore, uma solitária árvore, uma árvore huluppu
Foi plantada nas margens do Eufrates.
A árvore foi nutrida pelas águas do Eufrates.
O rodopiante Vento Sul apareceu, puxando suas raízes
e dilacerando seus galhos.
Até que as águas do Eufrates a levaram.
Uma mulher que caminhava temendo a palavra do Deus do Céu, An,
que caminhava temendo a palavra do Deus do Ar, Enlil,
Arrancou a árvore do rio e disse:
“Eu levarei essa árvore para Uruk.
Eu plantarei essa árvore em meu jardim sagrado.”
Inanna cuidou da árvore com suas mãos.
Ela firmou a terra ao redor da árvore com seu pé.
Ela pensou:
“Quanto tempo passará até que eu tenha um trono reluzente para me
sentar?
“Quanto tempo passará até que eu tenha uma cama reluzente para me
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Os anos se passaram; cinco anos, então dez anos.


A árvore cresceu grossa,
Mas sua casca não se partiu.
Então uma serpente que não podia ser encantada
Fez seu ninho nas raízes da árvore huluppu.
O pássaro Anzu pôs seus filhotes nos galhos da árvore.
E a donzela negra Lilith construiu sua casa no tronco.
A jovem mulher que adorava sorrir chorou.
Como Inanna chorou!
(Ainda assim eles não deixariam a árvore.)
Logo que os pássaros iniciaram seu canto no alvorecer,
O Deus Sol, Utu, deixou seu dormitório real.
Inanna chamou seu irmão Utu, dizendo:
“Oh Utu, na época em que os destinos foram decretados,
Quando a abundância se derramava pela terra,
Quando o Deus Céu pegou os céus, e o Deus Ar, a terra,
Quando à Ereshkigal foi dado o Grande Abaixo para seu domínio,
O Deus da Sabedoria, Pai Enki, velejou para o mundo inferior,
E o Mundo Inferior levantou-se contra ele e atacou-o…
Neste momento, uma árvore, uma solitária árvore, uma árvore huluppu
Foi plantada nas margens do Eufrates.
O Vento Sul puxou suas raízes e dilacerou seus galhos.
Até que as águas do Eufrates a levaram.
Eu arranquei a árvore do rio
Eu trouxe-a para o meu jardim sagrado.”
Eu cuidei da árvore, esperando por meus brilhantes trono e cama.
Então uma serpente que não podia ser encantada
Fez seu ninho nas raízes da árvore huluppu.
O pássaro Anzu pôs seus filhotes nos galhos da árvore.
E a donzela negra Lilith construiu sua casa no tronco.
Eu chorei.
Como eu chorei!
(Ainda assim eles não deixariam a árvore.)
Utu, o guerreiro valente, Utu,
Não ajudaria sua irmã, Inanna.
Logo que os pássaros iniciaram seu canto no alvorecer do segundo dia,
Inanna chamou seu irmão Gilgamesh, dizendo:
“Oh Gilgamesh, na época em que os destinos foram decretados,
Quando a abundância se derramava pela terra,
Quando o Deus Céu pegou os céus, e o Deus Ar, a terra,
Quando à Ereshkigal foi dado o Grande Abaixo para seu domínio,
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O Deus da Sabedoria, Pai Enki, velejou para o mundo inferior,


E o Mundo Inferior levantou-se contra ele e atacou-o…
Neste momento, uma árvore, uma solitária árvore, uma árvore huluppu
Foi plantada nas margens do Eufrates.
O Vento Sul puxou suas raízes e dilacerou seus galhos.
Até que as águas do Eufrates a levaram.
Eu arranquei a árvore do rio
Eu trouxe-a para o meu jardim sagrado.”
Eu cuidei da árvore, esperando por meus brilhantes trono e cama.
Então uma serpente que não podia ser encantada
Fez seu ninho nas raízes da árvore huluppu.
O pássaro Anzu pôs seus filhotes nos galhos da árvore.
E a donzela negra Lilith construiu sua casa no tronco.
Eu chorei.
Como eu chorei!
(Ainda assim eles não deixariam a árvore.)
Gilgamesh, o guerreiro valente, Gilgamesh,
O herói de Uruk, ficou ao lado de Inanna.
Gilgamesh firmou sua armadura de cinqüenta minas ao redor de seu
peito.
As cinqüentas minas pesaram tão pouco para ele como cinqüenta
penas.
Ele levantou seu machado de bronze, o machado do caminho.
Pesando sete talentos e sete minas, até seu ombro.
Ele entrou o jardim sagrado de Inanna.
Gilgamesh golpeou a serpente que não podia ser encantada.
O pássaro Anzu voou com seus filhotes para a montanha;
E Lilith destruiu sua casa e fugiu para os locais selvagens e desabitados.
Gilgamesh, então, desprendeu as raízes da árvore huluppu;
E os filhos da cidade, que o acompanhavam, cortaram os galhos.
Do tronco da árvore ele esculpiu um trono para sua sagrada irmã.
Do tronco da árvore, Gilgamesh esculpiu uma cama para Inanna.
Das raízes da árvore ela moldou um pukku para seu irmão.
Da coroa da árvore Innana moldou um mikku para Gilgamesh, o herói
de Uruk».
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Além da Suméria, Lilith também passou por outros povos e culturas da


Mesopotâmia, inclusive pela Babilônia, onde o culto de Lilith era ligado ao
feminino e a sexualidade marcante que a deusa possui, tendo tido a sua
presença na Babilônia influenciado a construção da religião judaica, pois
durante o período em que os hebreus foram mantidos como escravos na
Babilônia receberam forte influência religiosa que os levaram a construir a
própria crença com base nos deuses adorados por seus opressores, e à
partir desse momento os deuses passaram a ser “demônios”, inclusive
Lilith.
A influência da religião persa também foi um fator importante para a
construção religiosa do povo hebreu, considerando que o Zoroastrismo
possuía um embasamento maniqueísta que dividia suas divindades em
forças opostas, entre deuses bons e deuses ruins, uma concepção religiosa
que foi agregada no judaísmo devido o contato que os hebreus tiveram
com os persas.
O povo hebreu era ligado a magia e ao culto da natureza, e por habitarem
lugares remotos e desérticos mantinham símbolos considerados mágicos
e sagrados como forma de proteção conta as ameaças e perigos que os
rodeavam, da mesma forma que temiam a existência de uma divindade
que possuía a imagem de uma serpente e que habitava o deserto, e como
forma de afastá-la sacrificavam um bode para que o sangue do animal
afastasse esse ser.
A serpente era um símbolo forte e cultuado pelos hebreus, e que possuía
forte relação com suas crenças religiosas, uma vez que o culto da serpente
tinha como intuito trazer proteção contra as perigosas víboras que
também estavam presentes no deserto.
A associação de Lilith com a serpente está ligada ao terror noturno e
ameaça que as víboras do deserto causavam, da mesma forma que também
está associada a Kundaline e a menstruação, pois assim como uma
serpente descama e renova sua pele, a mulher também se renova através
do ciclo menstrual.
Durante a Idade Média o nome de Lilith ainda mantinha força e
popularidade, e a Ela foi atribuída a crença de ter sido a “primeira esposa
de Adão”, ou seja, antes de Eva teria existo Lilith, a primeira mulher
criada por Deus, entretanto não possuímos referências histórias
consistentes e suficientes que confirmem essa informação, pois o único
documento palpável que expôs essa versão do mito da criação foi um livro
publicado durante o período medieval, chamado de Alfabeto de Ben Sira,
mas que embora seja uma referência para essa lenda, não possui nenhum
atributo respeitoso, pois foi um artifício utilizado durante a época para
fazer releituras e paródias pejorativas e zombeteiras dos mitos judaicos.
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O Alfabeto de Ben Sira foi suficiente para disseminar o pensamento


medieval de que Lilith era um demônio, ou até mesmo uma Succubus, que
causava ejaculações noturnas e involuntárias nos homens durante o sono,
e que também devorava e assassinava crianças, principalmente recém-
nascidos, que transformou Lilith em um ser folclórico e extremamente
temido das lendas medievais.
De fato Lilith está presente no judaísmo por conta da Kabbalah, pois assim
como outros povos e culturas os judeus se apropriaram de sua imagem,
porém não há formas de comprovar que originalmente o mito da criação
tenha contado com a participação de Lilith sendo a primeira esposa de
Adão, uma vez que a tradição oral que era presente na religião judaica caiu
no esquecimento e muitos ainda alegam que Lilith tenha sido banida das
escrituras sagradas, para que outras mulheres não seguissem seu
exemplo de rebeldia.
Na Kabbalah, Lilith é o ventre cósmico da Qliphot, e a rainha de todas as
Qliphas, e Dela se origina Nahemah, o nosso plano físico, pois a deusa tem
o poder de conceber a vida, sendo Lilith tão importante ao ponto de
governar e reger duas esferas, Nahemah e Gamaliel.

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