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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

Curso: Licenciatura em Teatro


Disciplina: Estudos do Corpo II
Docente: Liliana Matos

MITOLOGIAS AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA

ELEMENTO TERRA

CONTO DA MANDIOCA

Segundo essa lenda de origem indígena, há muito tempo numa tribo indígena a filha de
um cacique ficou grávida sem nunca sem ainda ser casada. Ao saber da notícia o cacique
ficou furioso e a todo custo quis saber quem era o pai da criança. A jovem índia por sua
vez, insistia em dizer que nunca havia namorado ninguém. O cacique não acreditando
na filha rogou aos deuses que punissem a jovem índia. Sua raiva por essa vergonha era
tamanha que ele estava disposto a sacrificar sua filha. Porém, numa noite ao dormir o
cacique sonhara com um homem que lhe dizia para acreditar na índia e não a punir.

Após os nove meses da gravidez, a jovem índia deu a luz a uma menininha e deu-lhe o
nome de Mani. Para espanto da tribo o bebê era branco, muito branco e já nascera
sabendo falar e andar. Passa alguns meses, Mani então, com pouco mais de um ano de
repente morreu. Todos estranharam o triste fato, pois não havia ficado doente e
nenhuma coisa diferente havia acontecido. A menina simplesmente deitou fechou os
olhos e morreu. Toda a tribo ficou muito triste. Mani foi enterrada dentro da própria
oca onde sempre morou. Todos os dias sua mãe, a jovem índia regava o local da
sepultura de Mani, como era tradição do seu povo.

Após algum tempo, algo estranho aconteceu. No local onde Mani foi enterrada começou
a brotar uma planta desconhecida. Todos ficaram admirados com o acontecido .
Resolveram, pois, desenterrar Mani, para enterrá-la em outro lugar.Para surpresa da
tribo, o corpo da pequena índia não foi encontrado, encontraram somente as grossas
raízes da planta desconhecida. A raiz era marrom, por fora, e branquinha por dentro.
Após cozinharem e provarem a raiz, entenderam que se tratava de um presente do Deus
Tupã. A raiz de Mani veio para saciar a fome da tribo. Os índios deram o nome da raiz
de Mani e como nasceu dentro de uma oca ficou Manioca, que hoje conhecemos como
mandioca.

CONTO DE ONILÉ

Onilé era a filha mais recatada e discreta de Olodumare. Vivia trancada na casa do pai e
quase ninguém a via. Onilé é um Orixá que representa a base de toda a vida, a Terra-
Mãe, tanto na vida como na morte se caracteriza por ser o princípio e representação
coletiva dos Elegun e Egungun. Todo terreiro possui o acento de Onilé, um deles pode
ser observado no centro do Barracão (Candomblé), denominado como o fundamento
da casa ou simplesmente Axé da casa, onde todos sabiamente reverenciam este local.

Em algumas tradições, Onilé é uma divindade feminina, representa a Mãe Terra (onde
acolhe os ancestrais), Egungun. Um Itan conta que quando Olorum reuniu os Orixás para
dividir o poder sobre a criação entre eles, uma de suas filhas, Onilé, escondeu-se sob a
terra. E acabou ganhando por este motivo poder e autoridade sobre ela.

Quando os orixás seus irmãos se reuniam no palácio do grande pai para as grandes
audiências em que Olodumare comunicava suas decisões, Onilé fazia um buraco no chão
e se escondia, pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa, com muita
música e dança ao ritmo dos atabaques.

Onilé não se sentia bem no meio dos outros. Um dia o grande deus mandou os seus
arautos avisarem:

Haveria uma grande reunião no palácio e os Orixás deviam comparecer ricamente


vestidos, pois ele iria distribuir entre os filhos as riquezas do mundo e depois haveria
muita comida, música e dança.
Cada orixá que chegava ao palácio de Olodumare provocava um clamor de admiração,
que se ouvia por todas as terras existentes. Os Orixás encantaram o mundo com suas
vestes, menos Onilé. Quando todos os orixás haviam chegado, Olodumare mandou que
fossem acomodados confortavelmente, sentados em esteiras dispostas ao redor do
trono. Tinha todas as riquezas do mundo para dar a eles, mas nem sabia como começar
a distribuição.

Então disse Olodumare que os próprios filhos escolhessem o que achassem melhor da
natureza, para com aquela riqueza se apresentar perante o pai, eles mesmos já tinham
feito a divisão do mundo. Deu a cada orixá um pedaço do mundo, uma parte da
natureza, um governo particular. Dividiu de acordo com o gosto de cada um. Disse que
a partir de então cada um seria o dono e governador daquela parte da natureza. Assim,
sempre que um humano tivesse alguma necessidade relacionada com uma daquelas
partes da natureza, deveria pagar uma prenda ao Orixá que a possuísse. Pagaria em
oferendas de comida, bebida ou outra coisa que fosse da predileção do Orixá.

Os Orixás, que tudo ouviram em silêncio, começaram a gritar e a dançar de alegria,


fazendo um grande

alarido na corte. Olodumaré pediu silêncio, ainda não havia terminado. Disse que faltava
ainda a mais importante das atribuições. Que era preciso dar a um dos filhos o governo
da Terra, o mundo no qual os humanos viviam e onde produziam as comidas, bebidas e
tudo o mais que deveriam ofertar aos orixás. Disse que dava a Terra a quem se vestia da
própria Terra.

Quem seria? Perguntavam-se todos? “Onilé”, respondeu Olodumare. “Onilé?” todos se


espantaram.

Como, se ela nem sequer viera à grande reunião? Nenhum dos presentes a vira até
então. Nenhum sequer notara sua ausência. “Pois Onilé está entre nós”, disse
Olodumare, e mandou que todos olhassem no fundo da cova, onde se abrigava, vestida
de terra, a discreta e recatada filha.

Ali estava Onilé, em sua roupa de terra. Onilé, a que também foi chamada de Ilê, a casa,
o planeta. Olodumare disse que cada um que habitava a Terra pagasse tributo a Onilé,
pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa. A humanidade não sobreviveria sem Onilé.
Afinal, onde ficava cada uma das riquezas que Olodumare partilhara com filhos Orixás?
“Tudo está na Terra”, disse Olodumare. “O mar e os rios, o ferro e o ouro, os animais e
as plantas, tudo”, continuou. “Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris, tudo
existe porque a Terra existe, assim como as coisas criadas para controlar os homens e
os outros seres vivos que habitam o planeta, como a vida, a saúde, a doença e mesmo a
morte”.
Pois então, que cada um pagasse tributo a Onilé, foi a sentença final de Olodumaré.
Onilé, Orixá da Terra, receberia mais presentes que os outros, pois deveria ter oferendas
dos vivos e dos mortos, pois na Terra também repousam os corpos dos que já não vivem.
Onilé, também chamada Aiê, a Terra, deveria ser propiciada sempre, para que o mundo
dos humanos nunca fosse destruído. Todos os presentes aplaudiram as palavras de
Olodumare. Todos os orixás aclamaram Onilé. Todos os humanos propiciaram a mãe
Terra. E então Olodumare retirou-se do mundo para sempre e deixou o governo de tudo
por conta de seus filhos Orixás. Onilé representa a preocupação com a preservação da
própria humanidade e de tudo que há em seu mundo.

ELEMENTO ÁGUA

YARA

A jovem Tupi era a mais formosa mulher das tribos que habitavam ao longo do rio
Amazonas. Por sua doçura, todos os animais e as plantas a amavam. Mantinha-se,
entretanto, indiferente aos muitos admiradores da tribo. Numa tarde de verão, mesmo
após o Sol se pôr, Yara permanecia no banho, quando foi surpreendida por um grupo de
homens estranhos. Sem condições de fugir, a jovem foi agarrada e amordaçada. Acabou
por desmaiar, sendo, mesmo assim, violentada e atirada ao rio. O espírito das águas
transformou o corpo de Yara num ser duplo. Continuaria humana da cintura para cima,
tornando-se peixe no restante. Yara passou a ser uma sereia, cujo canto atrai os homens
de maneira irresistível. Ao verem a linda criatura, eles se aproximam dela, que os abraça
e os arrasta às profundezas, de onde nunca mais voltarão.
MITOLOGIA YEMANJÁ

Iemanjá é nomeada protetora das cabeças


Dia houve em que todos os deuses
deveriam atender ao chamado de Olodumare para uma reunião.
Iemanjá estava em casa matando um carneiro,
quando Legba chegou para avisá-la do encontro.
Apressada e com medo de atrasar-se
e sem ter nada para levar de presente a Olodumare,
Iemanjá carregou consigo a cabeça do carneiro
como oferenda para o grande pai.
Ao ver que somente Iemanjá trazia-lhe um presente,
Olodumare declarou:
“Awoyó orí dorí re”.
“Cabeça trazes, cabeça serás.”
Desde então Iemanjá é a senhora de todas as cabeças.

Iemanjá irrita-se com a sujeira que os homens lançam ao mar


Logo no princípio do mundo,
Iemanjá já teve motivos para desgostar da humanidade.
Pois desde cedo os homens e as mulheres jogavam no mar
tudo o que a eles não servia.
Os seres humanos sujavam suas águas com lixo,
com tudo o que não mais prestava, velho ou estragado.
Até mesmo cuspiam em Iemanjá,
quando não faziam coisa muito pior.
Iemanjá foi queixar-se a Olodumare.
Assim não dava para continuar;
Iemanjá Sessu vivia suja,
sua casa estava sempre cheia de porcarias.
Olodumare ouviu seus reclamos
e deu-lhe o dom de devolver à praia
tudo o que os humanos jogassem de ruim em suas águas.
Desde então as ondas surgiram no mar.
As ondas trazem para a terra o que não é do mar.
ELEMENTO FOGO

A LENDA DO FOGO

A lenda do do Japu, um pássaro do Norte do Centro do Brasil, nos lembra que o fogo
sempre foi em todo lugar motivo para lendas. Muitos povos acreditam que ele é
sagrado, por isso adoram-no como deus.

Japu é um lindo pássaro azul com o bico da cor do fogo. Conta a lenda que nos tempos
antigos em que as tribos de índios não conheciam o fogo, eles se sentiam muito frio e
medo à noite pela falta dele. Então o pajé (o feiticeiro da tribo) escolheu um forte
guerreiro, o mais corajoso de todos e o encarregou de ir buscar o fogo no céu.

Japu foi o escolhido, e por meio das feitiçarias do pajé, ele se transformou num belo
pássaro azul que voou para o céu de Tupã (o deus sol), para cumprir sua missão. Lá ele
lutou muito com o raio, mas finalmente conseguiu trazer no bico um pedaço de fogo e
baixou a terra, dando aos homens aquele presente precioso. Quando o pajé o
desencantou, ele voltou à forma humana. Mas que tristeza! Japu percebeu que tinha
ficado com o rosto todo deformado e queimado pelo fogo celeste! Ficou tão triste e
envergonhado que pediu ao pajé que o encantasse outra vez. O pajé o atendeu e ele
virou para sempre um pássaro azul com o bico da cor do fogo!
XANGÔ

Fogo, trovões e raios. Xangô é um Orixá másculo, viril, agressivo, violento e justo. Ele
atua em questões relacionadas à justiça kármica, aquela que considera as ações das
pessoas em todas as suas vidas e não somente nessa. Conquistador, bonito, vaidoso e
sensual. Diziam que pouquíssimas mulheres foram capazes de resistir aos seus dons,
tanto que foi disputado por três das mais poderosas Orixás.

Suas principais características são: a misericórdia, a justiça, a lealdade, o espírito


guerreiro, com arquétipo de conquistador e justo. Símbolo do fogo, dos raios dos céus
e do ímpeto da coragem, garra, vigor e dinamismo, Xangô demonstra as características
do elemento que o rege. Dominador das chamas e deus dos raios, ele controla sem
piedade as forças do Universo, não há quem escape à justiça deste forte Orixá, os seus
olhos enxergam somente o que a alma expressa. Tentar enganá-lo é tornar a ainda pior
a sua ira. As pessoas cruéis que escapam da condenação dos humanos, nunca se livrarão
da justiça de Xangô. Ele também é um grande protetor, como líder avança à frente de
seus filhos e de todos que buscam sua orientação e segurança. Quem está ao lado de
Xangô, não tem o que temer.
HISTÓRIA DE XANGÔ - A JUSTIÇA ACIMA DA IRA

A história conta que ele era filho de Bayani e marido de Iansã, a Deusa dos ventos, além
de Obá e Oxum. Tendo certeza que ele havia nascido para reinar uma de suas lendas
conta sobre seu senso de justiça.
Em um determinado momento seus opositores haviam recebido ordens expressas para
que destruíssem todo o exército de Xangô e o próprio Orixá. Xangô, seus ministros e
soldados estavam perdendo essa batalha e todos os seus homens estavam sendo
executados, corpos sendo destroçados e o poder do inimigo cada vez mais claro para
ele.

Certo dia do alto de uma pedreira, o Orixá Xangô meditava, refletia a situação que
acontecia e elaborava planos para derrotar seu inimigo. Ao observar a tristeza e a dor
dos seus fiéis guerreiros Xangô foi preenchido pela ira e – em um rápido movimento –
bateu o seu martelo em uma pedra que estava próxima.

Essa atitude provocou faíscas tão fortes que pareciam uma catástrofe, e quanto mais
forte ele batia, mais força as faíscas tinham para atingirem seus inimigos.
Foram inúmeras as vezes que Xangô bateu seu machado nessa rocha, e diversos inimigos
foram vencidos fazendo com que ele triunfasse e saísse vencedor. Foi a força das faíscas
do seu machado que calou os inimigos.

Após prender todos os que haviam sobrevivido à batalha, os ministros de Xangô


clamaram por justiça e pediram a destruição completa dos opositores.

Então Xangô proferiu a célebre frase: “Não! De forma alguma faria isso pois, o meu ódio,
não pode ultrapassar os limites da justiça.”
Em seguida o Orixá da misericórdia afirmou que os soldados apenas cumpririam ordens
mas que seus líderes mereciam sofrer com a sua fúria e ira.

Foi aí que ele elevou seu machado aos céus e gerou uma sequência de diversos raios
que destruíram os líderes dos inimigos, mas ao mesmo tempo, libertou os guerreiros –
que passaram a servi-lo com lealdade.

Xangô ascendendo a Orixá


Outra história relatada em seus mitos conta que em um treinamento para situações de
guerra, Xangô ateou fogo em seu reino e – conforme as regras de seu povo – ele deveria
desafiar o seu melhor general para uma luta. Xangô perdeu a luta e – ainda seguindo as
normas – deveria abdicar de sua vida por ter cometido um erro que havia causado
sofrimento ao seu povo.

Xangô se enforcou em seguida e seu corpo desapareceu em um buraco na terra, de onde


surgiu uma corrente de ferro que simbolizava o término da cadeia das gerações
humanas. Foi nesse momento em que ele foi consagrado como Orixá. Em sua forma
divina ele é filho de Oxalá e Iemanjá.

ELEMENTO AR

O FILHO DO VENTO – UMA HISTÓRIA AFRICANA


http://www.bloginforma.com.br/o-filho-vento/

IANSÃ - DEUSA DA ESPADA DE FOGO


Dona das paixões, Iansã é a Rainha dos raios, dos ciclones, furacões, tufões, vendavais.
Orixá do fogo, guerreira e poderosa.
Não é muito difícil depararmo-nos com a força da Natureza denominada Iansã (ou
Oyá). Convivemos com ela, diariamente.
Iansã é o vento, a brisa que alivia o calor. Iansã é também o calor, a quentura, o
abafamento. É o tremular dos panos, das árvores, dos cabelos. É a lava vulcânica
destruidora. Ela é o fogo, o incêndio, a devastação pelas chamas. Iansã está presente
no ato simples de acendermos uma lâmpada ou uma vela. Ela é o choque elétrico, a
energia que gera o funcionamento de rádios, televisões, máquinas e outros aparelhos.
Iansã é a energia viva, pulsante, vibrante. É a eletricidade.
Sentimos Iansã nos ventos fortes, nos deslocamentos dos objetos sem vida. É a
volúpia, o clímax, o orgasmo do homem e da mulher. Ela é o desejo incontido, o
sentimento mais forte que a razão. A frase “estou apaixonado” tem a presença e a
regência de Iansã, que é o Orixá que faz nossos corações baterem com mais força e
cria em nossas mentes os sentimentos mais profundos. É a paixão, propriamente dita.

Oyá é também a senhora dos cemitérios. É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaê,
para aquele espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o caminho a ser
percorrido por aquela alma.
O raio e a espada flamejante são símbolos de Iansã, que demonstram seu poder de
guerreira do fogo.

MITOLOGIA

Embora tenha sido esposa de Xangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu com
vários reis. Foi paixão de Ogum, de Oxaguiam, de Exu, Conviveu e seduziu Oxossi,
Logun-Edé e tentou, em vão, relacionar-se com Obaluaê. Sobre este assunto, a história
conta que Iansã percorreu vários reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução
para aprender de tudo e conhecer igualmente a tudo.
Em Ire, terra de Ogum, foi a grande paixão do guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio
da espada e ganho deste o direito de usá-la. No auge da paixão Ogum , Iansã partiu,
indo para Oxogbô, terra de Oxaguian. Conviveu e aprendeu o uso do escudo para se
proteger de ataques inimigos, recebendo de Oxaguian o direito de usá-lo. Quando
Oxaguian estava tomado pe paixão por Oyá, ela partiu.
Pelas estradas deparou-se com Exu. Com ele se relacionou e aprendeu os mistérios do
fogo e da magia. No reino de Oxossi, seduziu o deus da caça, mesmo com os avisos de
sua mulher, Oxum, que avisara ao marido do perigo dos encantos de Iansã. Todavia,
com Oxossi, Oyá aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele
animal, com a ajuda da magia aprendida com Exu. Seduziu o jovem Logun-edé , filho
de Oxossi e Oxum e com ele aprendeu a pescar.
Iansã partiu, então, para o reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e até
mesmo conhecer seu rosto (conhecido apenas por Nanã – sua mãe – e Iemanjá, mãe
de criação). Uma vez chegando ao reino de Obaluaê, Iansã tratou de insinuar-se:
- Como vai o Senhor das Chagas?
No que Obaluaê respondeu:
- O que Oyá quer em meu reino?
- Ser sua amiga, conhecer e aprender, somente isso. E para provar minha amizade,
dançarei para você a dança dos ventos!
(Dança que, por sinal, Iansã usou para seduzir reis como Oxossi, Oxaguian e Ogum).
Durante horas Iansã dançou, sem emocionar ou, sequer, atrair a atenção de Obaluaê.
Incapaz de seduzir Obaluaê, que jamais se relacionou com ninguém, Iansã então
procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim, dirigiu-se ao homem da palha;
- Obaluaê, com Ogum aprendi a usar a espada; com Oxaguian, o escudo; com Oxossi
aprendi a caçar; com logun-edé a pescar; com Exu aprendi os mistérios do fogo. Falta-
me apenas aprender algo contigo.
- Você quer aprender mesmo, Oyá? Então, ensinar-lhe-ei como tratar dos mortos!
De início Iansã relutou, mas seu desejo de aprender foi mais forte e, com Obaluaê,
aprendeu a conviver com os eguns e controlá-los.
Partiu, então Oyá, para o reino de Xangô. Lá, acreditava, teria o mais vaidoso dos reis e
aprenderia a viver ricamente. Mas, ao chegar ao reino do deus do trovão, Iansã
aprendeu muito mais que isso... aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão
violenta, pois Xangô dividiu com ela os poderes do raio e deu a ela o seu coração.

Referências Bibliográficas:

MUNDURUKU, Daniel. Contos Indígenas Brasileiros. Editora Global, 2004.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Cia das Letras, 2001.

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