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A crença neste mito aceita duas denominações gerais: no norte, o "Jurupari" e no sul, o
"Anhangá". Entre as tribos indígenas é diferente e contraditório o destino do JURUPARI.
Alguns, não o conheciam como espírito do mal, porém, emprestam-lhe todas as feições de
um ser maligno. Outros o identificavam como o Anhangá, aquele espírito nada bom de que
falavam os escritores do sul. Mas todos concordavam que Jurupari e Anhangá significavam
simplesmente "diabólicos". Entre o anhanga do sul, conhecido por "Cuaçu anaga" ou
"Catingueiro" e o ananga do Amazonas, é que se deve estabelecer a diferença. O primeiro
deriva de "ayua" ou "ayba", mal, e "anga", alma, de onde se formou a expressão espírito
do mal. E o segundo vem do "aná", parente e "anga", alma, de onde procede o preceito de
alma do parente, fantasma ou alma do outro mundo. A única dúvida que resta é saber como
se parecem. O Jurupari não tem encarnação alguma e o Anhangá apresenta-se sob o
aspecto de um veado vermelho, com chifres cobertos de pelos, olhos de fogo e com uma
cruz no meio da testa. Ele vive em lugares da mata considerados assombrados, perseguindo
os caçadores que se atrevem a violar o seu domínio. O Anhangá foi um dos primeiros seres
sobrenaturais dos quais os conquistadores portugueses tiveram notícias entre os indígenas.
O Anhangá se junta com outros defensores da natureza, como o Curupira, Caipora e o
Mantintaperera. Defende as fêmeas grávidas ou com filhotes e os animais fracos e feridos.
Existem Anhangás que encarnam outros animais, como Tatu-Anhangá, ou mesmo
disfarçando-se de gente, como o Mira-Anhangá. Jurupari é o espírito dos maus
pensamentos, que aparece em sonhos, causando os chamados "pesadelos" noturnos. É
portanto, uma entidade espiritual que provoca insônias, mal estar, prejudicando a
tranqüilidade e o repouso. Assim também é Anhangá. Pelas indicações que nos oferecem as
lendas coletadas do Jurupari e do Anhangá, verifica-se que é um motivo da ordem
fisiológica, pesadelo ou sonambulismo, que determina a ação deste espírito. Há, entretanto,
lendas cheias de mistérios e romance sobre suas origens e destino. Em uma, Jurupari,
aparece como imigrante invasor, que dita leis e se constitui como orientador de uma raça e,
cujos exemplos e lições devem ser obedecidos pelos índios. Na maioria das lendas de que se
têm conhecimento, os Juruparis não são outra coisa, senão o resultado das atribulações
noturnas do indígena, surpreendido e salteado por pesadelos. Foram os jesuítas, sabe-se
hoje com certeza, que caracterizaram o Jurupari como demônio. Supersticiosos, os índios
foram fáceis de serem conduzidos, aceitaram prontamente que as interrupções do sono e os
sustos eram obra de um espírito do mal. E, efetivamente, o testemunho de quase todos os
missionários era que o jurupari era sinônimo do demônio. Já mostraremos, porém de onde
procede esta analogia. Jurupari, é traduzido como: "ser que vem a nossa rede", isto é, ao
lugar onde os índios dormiam. A tradução, conforme tradição indígena, exprime a idéia de
que um estranho visita os homens em sonho, causando aflições e trazendo-lhes imagens de
perigo horríveis. Esta aí delineada nitidamente a imagem do pesadelo.
Muiraquitã
Muiraquitã é o nome que os índios davam a pequenos objetos, geralmente representando
uma rã, trabalhados em pedra de cor verde, jadeíta ou nefrita, podendo existir em outros
minerais e de outras cores. Conhecidos desde os tempos da descoberta, foi entre os séculos
XVII e XIX que se tornaram mais procurados, sendo atribuídas qualidades de amuleto ou
talismã e ainda virtudes terapêuticas. O muiraquitã atraía sorte para os seus possuidores e
também curava quase todas as doenças. Conta a lenda que antigamente havia uma tribo de
mulheres guerreiras, as ICAMIABAS, que não tinham marido e não deixavam ninguém se
aproximar de sua taba. Manejavam o arco e a flecha com uma perícia extraordinária.
Parece que Iací , a lua, as protegia. Uma vez por ano recebiam em sua taba os guerreiros
Guacaris, como se fossem seus maridos. Se nascesse uma criança masculina era entregue
aos guerreiros para criá-los, se fosse uma menina ficavam com ela. Naquele dia especial,
pouco antes da meia - noite, quando a lua estava quase a pino, dirigiam-se em procissão
para o lago, levando nos ombros potes cheios de perfumes que derramavam na água para o
banho purificador. À meia- noite mergulhavam no lago e traziam um barro verde, dando
formas variadas: de sapo, peixe, tartaruga e outros animais. Mas é a forma de sapo a mais
representada por ser a mais original. Elas davam aos Guacaris, que traziam pendurados
em seu pescoço, enfiados numa trança de cabelos das noivas, como um amuleto. Até hoje
acredita-se que o Muiraquitã traz felicidades a quem o possui, sendo, portanto,
considerado como um amuleto de sorte. O muiraquitã deu muito o que falar e gerou muitas
controvérsias. Foi contestada inclusive sua origem, que não seria amazônica e sim asiática.
Icamiabas significa “mulheres sem maridos”.