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Quando olhamos para a Bíblia, logo nos seus primeiros capítulos,

percebemos que a imagem de Deus nos pais (Gênesis 1.27,28) é


reproduzida nos filhos (Gênesis 5.1-3). Nos diz que Adão gera
filhos conforme sua imagem e semelhança.

Portanto, a preocupação principal dos pais deve ser criar filhos à


imagem de Deus (conforme a imagem de Cristo – Romanos 8.29).

Ser “pai” ou “mãe” significa ser discipulador! E o verdadeiro


discipulado significa participar no processo de formar Cristo em
outras pessoas (Gálatas 4.19). O melhor lugar no mundo para
tornar pessoas súditas do Rei Jesus é o lar – ao redor da mesa, ao
lado da cama, na sala de estar.

Paralelamente à rica e edificante história da família de Abraão, os


capítulos 11 a 19 de Gênesis narram a história pouco atraente da
família de Ló.

Esse é um dos mais tristes retratos de família relatados na Bíblia.

Quando Abraão e Sara saíram de Harã, levaram consigo o


sobrinho Ló, que foi criado por Abraão por ser órfão (Gn 11.28).

Seguindo os passos do tio nas suas peregrinações, adquiriu o seu


próprio rebanho, mas continuou morando com Abraão.

Ao surgir contendas entre os seus pastores e os de Abraão, seu tio


sugeriu a ele que se separassem.

Ló não deu ao tio a preferência na escolha, como seria o


recomendável: ele escolheu para si a fértil planície do Jordão (Gn
13.11-13).
Depois se mudou para Sodoma; e acabou por compartilhar da má
sorte dos habitantes daquela cidade. Quando a cidade foi
invadida, Ló foi levado preso pelo rei Quedorlaomer (Gn 14.12).

Depois foi libertado mediante a intervenção de Abraão.

Apesar disso, Ló não aprendeu a lição; e voltou a viver em


Sodoma, onde obteve um posto entre os anciãos e juízes da cidade
(Gn 19.1).

Ló era casado e tinha duas filhas (Gn 19.15). Sua família


participou de quase todos esses momentos, sofrendo sempre as
consequências de um pai de família imprudente, que se mostrava
ambicioso na hora de tomar as mais sérias decisões da vida.

Ló e sua família foram vítimas de suas próprias escolhas, das


decisões que tomaram em momentos que eram decisivos para sua
trajetória.

Constantemente somos obrigados a tomar decisões, fazendo


escolhas que serão determinantes para a caminhada de nossa
família. Como temos tomado essas decisões? Quais têm sido os
parâmetros para as escolhas que temos feito?

A história familiar de Ló deixa lições que merecem nossa


consideração:

1. As escolhas da família devem ser criteriosas

Ló teve um exemplo familiar marcante e digno de ser imitado no


lar de Abraão e Sara. Não foram poucos os anos que Ló conviveu
diariamente com essa família.

Ele deveria ter feito deles o seu referencial de vida familiar.


Sob a tutela e orientação de Abraão e contando com as
oportunidades oferecidas por ele.

Ló adquiriu bens e tornou-se rico (Gn 13.5). Com boa


administração, nada faltaria para sua família que, além de tudo,
contava com a proteção do tio Abraão.

Quantos casais tiveram o privilégio de iniciar a vida conjugal de


forma promissora, com um grande exemplo familiar para seguir,
casa equipada, emprego definido, bom salário e o apoio de outros
que desejavam o seu bem!

Deus deseja que tenhamos uma família feliz e abençoada, mas a


felicidade e o bem da família dependem das escolhas feitas ao
longo da caminhada (Js 24.15).

2. Escolhas ambiciosas podem produzir frustrações

Em Gênesis 13.1 a 13, encontramos um relato que marca uma


linha divisória na história da família de Ló: eles se separam da
família de Abraão.

Ló decidiu residir nos vales do Jordão; Abraão foi para Canaã. Os


grandes dramas da família de Ló começaram a acontecer a partir
desse momento, pois perderam o seu referencial e ficaram sem
um sábio conselheiro.

Partindo desse fato, somos advertidos quanto a alguns riscos das


escolhas erradas, a saber:

2.1. Engano – Enquanto Abraão agia sempre com os olhos da fé,


Ló agia apenas com os olhos físicos. Quando se perde a visão
espiritual, são os olhos físicos que passam a dirigir a nossa vida.
E, como os olhos físicos dão sempre uma resposta rápida ao
coração, Ló optou pelo aparentemente melhor. Ao escolher a
campinas do Jordão (Gn 13.10,11), ele mostra como o seu
coração era ambicioso e o quanto estava focado em coisas
materiais;

2.2. Disposição à influência das más companhias – Ló optou por


morar num lugar marcado pela perversão moral e falta de respeito
ao semelhante (Gn13.13). Assim, ele expôs sua família a sérios
riscos. Aquela era uma cidade sem homens justos (Gn 18.22-33).
Por isso, ele e sua família tornaram-se presas fáceis.

Em nenhum momento vemos Ló buscando a orientação de Deus.


Isso significa que ele estava sendo guiando pela sua própria mente
e coração (Jr 17.9). Conforme Gênesis 14.10 a 17, Ló foi preso
quando Sodoma foi sitiada. Somente após a intervenção de
Abraão é que ele foi libertado. Escolhas erradas podem se tornar
laços para nós e nossas famílias;

2.3. Perda da credibilidade – Quando os anjos de Deus chegaram


a Sodoma, não quiseram ir para a casa de Ló (Gn 19.1-3). Com
Abraão aconteceu exatamente o contrário (Gn 18). Conclui-se que
os anjos não tiveram prazer na companhia de Ló e sua casa. A
vida fora de casa é reflete da vida que levamos dentro de casa. Se
o nosso testemunho não convence nem os de nossa própria casa,
quanto mais os de fora! Nossa casa é o nosso maior desafio para
um bom testemunho;

2.4. Perda do discernimento – Pelo relato de Gênesis 19.2, vemos


que Ló não foi capaz de perceber a missão dos anjos na sua
cidade. Não sabia qual o propósito da vinda deles ali, pois estava
bastante desconectado com os planos de Deus. Apenas se mostrou
um bom hospedeiro, mas nem imaginava que estava para
acontecer uma catástrofe e que ele e sua família estavam no
centro do problema;

2.5. Perda da autoridade – Os homens de Sodoma vieram à casa


de Ló para abusar dos seus visitantes (Gn 19.5-8). Na sua
fragilidade, Ló propôs a eles uma troca, na qual lhes daria suas
próprias filhas, sem nenhuma restrição.

Não se dispôs a defender nem a própria família; perdera a


autoridade e o respeito perante todos naquela cidade (Gn 19.9-
11).

Quantas frustrações a família pode sofrer como consequência de


Escolhas ambiciosas! Às vezes pensamos apenas no agora,
deixando de analisar o que poderá acontecer amanhã; e, quando
vêm as dificuldades e provações, pode não ser mais possível
voltar atrás... Tornamo-nos vítimas das nossas próprias escolhas.

Abraão agiu diferente de Ló: não questionou, foi para o outro


lugar, tornou-se benção para todos. Ló vivenciou as desgraças de
uma decisão que atendeu aos desejos dos olhos e do coração.
3. Escolhas erradas podem ter consequências fatais
Ló era materialmente rico, mas espiritualmente muito pobre.
Gênesis 19 descreve algumas experiências dramáticas vividas por
sua família, as quais culminaram no seu triste fim:

3.1. Perda repentina dos bens materiais – Ao ser retirado às


pressas de Sodoma (Gn 19.14-17), ele não teve condições de levar
seus bens. Tudo foi destruído juntamente com a cidade. Uma vida
inteira de trabalho se perdeu.

As escolhas da família não podem se limitar a coisas materiais e


temporais (Mt 6.19-21; Lc 12.13-21; Cl 3.1-6).

3.2. Desobediência e morte – Atraída pela curiosidade e pela


saudade dos bens que ficaram naquela Sodoma libertina, a mulher
de Ló olhou para trás, desobedecendo à voz de Deus; por isso foi
transformada em uma estátua de sal. De costas para o futuro e de
frente para o passado, ela foi ao encontro da morte. Deixou de
confiar em Deus, pois o seu coração estava preso às coisas deste
mundo (I Jo 2.15);
3.3. Perda de princípios – O relato bíblico afirma que Ló foi
morar numa caverna, próxima de Zoar, com as duas filhas. Para
complicar ainda mais a história dessa família, suas filhas o
embriagaram com vinho, deitaram-se com ele e geraram filhos a
partir do próprio pai (Gn 19.30-38). Eles receberam o nome de
Moabe e Ben-Ami. Deles surgiram os moabitas e os amonitas,
dois povos que, mais tarde, causariam muitos transtornos ao povo
de Israel.

Gênesis 19.29 narra que Deus livrou Ló da destruição de Sodoma


por amor a Abraão. Isso significa que naquele tempo Ló havia
perdido até mesmo sua intimidade com o Senhor. Quando um
homem chega a perder sua intimidade com Deus, não tem como
esperar coisas boas para si e para sua família.

Essa história é uma advertência quanto aos riscos de certas


escolhas que fazemos para nossas famílias.

PARA CASA
• Deus deseja dar à sua família uma história diferente dessa da
família de Ló. Sendo assim, peça a Deus sabedoria fazer escolhas
sensatas e tomar decisões sempre de acordo com a vontade do
Senhor.

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