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3. Autores naturalistas brasileiros e suas obras


na literatura :

Aluísio de Azevedo (1857-1913), nascido em São


Luís do Maranhão, foi um dos principais escritores
do movimento naturalista.

Embora O Mulato seja o romance que inaugura o


movimento naturalista no Brasil, sem dúvida, O
Cortiço, publicado em 1890, é sua obra de maior
importância. Nela, o escritor retrata a vida de
diversos personagens que , revelando aspectos da
sociedade carioca em finais do século XIX.

Trecho da obra O Cortiço

"Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava,


abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de
portas e janelas alinhadas.

Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma


assentada sete horas de chumbo. Como que se
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sentiam ainda na indolência de neblina as


derradeiras notas da ultima guitarra da noite
antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da
aurora, que nem um suspiro de saudade perdido
em terra alheia.

A roupa lavada, que ficara de véspera nos


coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto
acre de sabão ordinário. As pedras do chão,
esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns
pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez
grisalha e triste, feita de acumulações de espumas
secas. Entretanto, das portas surgiam cabeças
congestionadas de sono; ouviam-se amplos
bocejos, fortes como o marulhar das ondas;
pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam
as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café
aquecia, suplantando todos os outros;
trocavam-se de janela para janela as primeiras
palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas
interrompidas à noite; a pequenada cá fora
traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros
abafados de crianças que ainda não andam."
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Raul Pompeia (1863-1895), nascido em Angra dos


Reis, no Rio de Janeiro, colaborou com a produção
literária naturalista e realista no Brasil.
De estética naturalista destaca-se seu romance O
Ateneu (1888) que apresenta forte crítica social e
moral. A obra é repleta de descrições do ambiente
em que a trama se passa (colégio interno), além de
apresentar um retrato psicológico das
personagens e de suas características
animalescas.

Uma Tragédia no Amazonas (1880) e As Joias da


Coroa (1883).

Trecho da obra O Ateneu

"Freqüentara como externo, durante alguns


meses, uma escola familiar do Caminho Novo, onde
algumas senhoras inglesas, sob a direção do pai,
distribuíam educação à infância como melhor lhes
parecia. Entrava às nove horas, timidamente,
ignorando as lições com a maior regularidade, e
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bocejava até às duas, torcendo-me de insipidez


sobre os carcomidos bancos que o colégio
comprara, de pinho e usados, lustrosos do contato
da malandragem de não sei quantas gerações de
pequenos. Ao meio-dia, davam-nos pão com
manteiga. Esta recordação gulosa é o que mais
pronunciadamente me ficou dos meses de
externato; com a lembrança de alguns
companheiros — um que gostava de fazer rir à aula,
espécie interessante de mono louro, arrepiado,
vivendo a morder, nas costas da mão esquerda,
uma protuberância calosa que tinha; outro
adamado, elegante, sempre retirado, que vinha à
escola de branco, engomadinho e radioso, fechada
a blusa em diagonal do ombro à cinta por botões de
madrepérola. Mais ainda: a primeira vez que ouvi
certa injúria crespa, um palavrão cercado de terror
no estabelecimento, que os partistas denunciavam
às mestras por duas iniciais como em monograma."

Adolfo Caminha (1867-1897), nascido em Aracati,


no Ceará, foi um grande expoente do naturalismo
no Brasil. Suas obras fazem duras criticas à
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sociedade e evocam diversos temas relacionados


com tragédias e violências.
Na estética naturalista, seu romance de maior
relevância é A Normalista, publicado em 1893. Nele,
o autor aborda o tema do incesto entre a
personagem normalista, Maria do Carmo, e seu
padrinho.

Trecho da obra A Normalista

"Achava a Teté uma mulher gasta: queria uma


rapariga nova e fresca, cheirando a leite, sem
pecados torpes, a quem ele pudesse ensinar certos
segredos do amor, ocultamente, sem que ninguém
soubesse... Estava farto do “amor conjugal”. Nunca
experimentara o contato aveludado de um corpo
de mulher educada, virgem das impurezas do
século. E quem melhor que Maria do Carmo, uma
normalista exemplar e recatada, poderia satisfazer
os caprichos de seu temperamento impetuoso? Era
sua afilhada, mas, adeus! não havia entre ele e a
menina o menor grau de consangüinidade,
portanto, não podia haver crime nas suas
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intenções... Se Maria houvesse de cair nas garras


de algum bacharelete safado fosse ele, João da
Mata, o primeiro a abrir caminho...

Demais, argumentava de si para si, podia arranjar


tudo sem que ninguém soubesse. O segredo ficaria
entre ele e a afilhada, inviolável como a sepultura
de um santo. E ia parafusando num meio simples e
natural de conquistar o coração de Maria. — Toda a
questão era de oportunidade."

4. Naturalismo na Arte:

Além da literatura, o naturalismo se destacou na


pintura. Na arte naturalista, os pintores
apresentam paisagens naturais e cenas cotidianas
com personagens de classe mais baixa.

Da mesma forma que na literatura, a pintura


naturalista se opõe à escola romântica, focando na
objetividade e na representação mais fiel da
realidade, sem idealizações e subjetivismos.

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