Luís do Maranhão, foi um dos principais escritores do movimento naturalista.
Embora O Mulato seja o romance que inaugura o
movimento naturalista no Brasil, sem dúvida, O Cortiço, publicado em 1890, é sua obra de maior importância. Nela, o escritor retrata a vida de diversos personagens que , revelando aspectos da sociedade carioca em finais do século XIX.
Trecho da obra O Cortiço
"Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava,
abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma
assentada sete horas de chumbo. Como que se 06-05, 23:25
sentiam ainda na indolência de neblina as
derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia.
A roupa lavada, que ficara de véspera nos
coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas. Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam." 06-05, 23:25
Raul Pompeia (1863-1895), nascido em Angra dos
Reis, no Rio de Janeiro, colaborou com a produção literária naturalista e realista no Brasil. De estética naturalista destaca-se seu romance O Ateneu (1888) que apresenta forte crítica social e moral. A obra é repleta de descrições do ambiente em que a trama se passa (colégio interno), além de apresentar um retrato psicológico das personagens e de suas características animalescas.
Uma Tragédia no Amazonas (1880) e As Joias da
Coroa (1883).
Trecho da obra O Ateneu
"Freqüentara como externo, durante alguns
meses, uma escola familiar do Caminho Novo, onde algumas senhoras inglesas, sob a direção do pai, distribuíam educação à infância como melhor lhes parecia. Entrava às nove horas, timidamente, ignorando as lições com a maior regularidade, e 06-05, 23:25
bocejava até às duas, torcendo-me de insipidez
sobre os carcomidos bancos que o colégio comprara, de pinho e usados, lustrosos do contato da malandragem de não sei quantas gerações de pequenos. Ao meio-dia, davam-nos pão com manteiga. Esta recordação gulosa é o que mais pronunciadamente me ficou dos meses de externato; com a lembrança de alguns companheiros — um que gostava de fazer rir à aula, espécie interessante de mono louro, arrepiado, vivendo a morder, nas costas da mão esquerda, uma protuberância calosa que tinha; outro adamado, elegante, sempre retirado, que vinha à escola de branco, engomadinho e radioso, fechada a blusa em diagonal do ombro à cinta por botões de madrepérola. Mais ainda: a primeira vez que ouvi certa injúria crespa, um palavrão cercado de terror no estabelecimento, que os partistas denunciavam às mestras por duas iniciais como em monograma."
Adolfo Caminha (1867-1897), nascido em Aracati,
no Ceará, foi um grande expoente do naturalismo no Brasil. Suas obras fazem duras criticas à 06-05, 23:25
sociedade e evocam diversos temas relacionados
com tragédias e violências. Na estética naturalista, seu romance de maior relevância é A Normalista, publicado em 1893. Nele, o autor aborda o tema do incesto entre a personagem normalista, Maria do Carmo, e seu padrinho.
Trecho da obra A Normalista
"Achava a Teté uma mulher gasta: queria uma
rapariga nova e fresca, cheirando a leite, sem pecados torpes, a quem ele pudesse ensinar certos segredos do amor, ocultamente, sem que ninguém soubesse... Estava farto do “amor conjugal”. Nunca experimentara o contato aveludado de um corpo de mulher educada, virgem das impurezas do século. E quem melhor que Maria do Carmo, uma normalista exemplar e recatada, poderia satisfazer os caprichos de seu temperamento impetuoso? Era sua afilhada, mas, adeus! não havia entre ele e a menina o menor grau de consangüinidade, portanto, não podia haver crime nas suas 06-05, 23:25
intenções... Se Maria houvesse de cair nas garras
de algum bacharelete safado fosse ele, João da Mata, o primeiro a abrir caminho...
Demais, argumentava de si para si, podia arranjar
tudo sem que ninguém soubesse. O segredo ficaria entre ele e a afilhada, inviolável como a sepultura de um santo. E ia parafusando num meio simples e natural de conquistar o coração de Maria. — Toda a questão era de oportunidade."
4. Naturalismo na Arte:
Além da literatura, o naturalismo se destacou na
pintura. Na arte naturalista, os pintores apresentam paisagens naturais e cenas cotidianas com personagens de classe mais baixa.
Da mesma forma que na literatura, a pintura
naturalista se opõe à escola romântica, focando na objetividade e na representação mais fiel da realidade, sem idealizações e subjetivismos.