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Campus Nilópolis
Nilópolis – RJ
2016
Priscila Cruz de Assis
Nilópolis - RJ
2016
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por cada pessoa que Ele colocou no meu caminho
durante esses anos. Cada um, do seu jeito, tornou minha vida mais afetuosa e agradável.
Até aqui Ele me ouviu, me confortou e deu forças para caminhar.
Agradeço aos meus pais, pelo apoio e carinho. Sem a paciência e os “puxões de
orelha” de vocês eu não teria chegado até aqui.
Agradeço a minha amável orientadora, Alcina, que foi uma segunda mãe para mim.
Foram vários os momentos em que eu quase desisti, porém com a sua dedicação e
paciência, cresci muito e permaneci de pé.
Agradeço ao meu coorientador, Alexandre, que com seu jeito paciente me apoiou e
viajou no dinamômetro junto comigo. Ao professor Vitor, pelas conversas que me fizeram
conhecer um “outro Vitor”, muito diferente daquele que a maioria teme. Vocês foram
essenciais nessa trajetória.
Agradeço ao coordenador do Curso de Licenciatura em Física, Almir, por lutar pelos
direitos dos seus alunos e pela melhoria do curso mesmo quando lhe falta o folego.
Agradeço aos amigos companheiros de curso, de pesquisa e de vida, Mariana,
Matheus e Marli, que muitas vezes acolheram minhas lágrimas, riram, brincaram e viveram
aventuras comigo. Vocês fizeram a diferença!
Agradeço também aos professores entrevistados, por ter dedicado parte do tempo
precioso de vocês para colaborar com essa pesquisa. Foi muito bom dividir esse tempo com
vocês.
Peço desculpas se esqueci alguém. Compreendam, neste caminho, foram muitos os
que marcaram e caminharam junto. Fica difícil agradecer a todos, por isso fica aqui o meu
“muito obrigado”.
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo.
Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.
Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser.
Pássaros engaiolados sempre têm um dono.
Deixaram de ser pássaros.
Porque a essência dos pássaros é o voo.
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.
O que elas amam são pássaros em voo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos
pássaros.
O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Rubem Alves
LISTA DE SIGLAS
Este trabalho é parte de um projeto em rede intitulado “Impacto dos Mestrados Profissionais
em Ensino de Ciências na qualidade da Educação Científica”, do programa OBEDUC 1. O
interesse desta pesquisa é buscar perceber as necessidades dos alunos com NEE e seus
professores por meio da análise do discurso de dois dos egressos dos mestrados
profissionais do Estado do Rio de Janeiro que abordaram em suas dissertações o tema
inclusão educacional de alunos com necessidades educacionais especiais. Dos dois
professores entrevistados, um trabalha em uma escola especial para alunos com
necessidades educacionais especiais auditivas (NEEA), enquanto o outro trabalha com a
inclusão de alunos com necessidades educacionais visuais (NEEV). A análise desses
discursos teve como base os conceitos translinguísticos de Mikhail Bakhtin, fundamentados
no dispositivo analítico bakhtiniano proposto por Schwartz e Rezende (2013). Para a
entrevista utilizamos um roteiro semiestruturado elaborado em conjunto com o grupo de
pesquisa. Com a análise desses dois discursos, foi possível perceber e identificar algumas
das principais dificuldades para a inclusão educacional de alunos com NEE e, assim,
elaboramos uma proposta de ação pedagógica experimental, apostando em seu potencial
para incluir alunos com NEEV. Esta proposta consiste no uso de um Ddinamômetro
adaptado para o estudo da Lei de Hooke.
1
Projeto Observatório da educação 17683, edital 2012, financiado pela agência de fomento CAPES.
Este projeto tem como objetivo avaliar o impacto dos mestrados profissionais em ensino na qualidade
da educação científica da Escola Básica, sendo constituído por uma rede de instituições superiores:
Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro,
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca.
ABSTRACT
This work is part of a project developed jointly with other universities entitled "Impact
of the Professional Masters`s Courses in Science Teaching in the quality of Scientific
Education" of the OBEDUC/CAPES Program. This research seeks to understand the
educational context of students with special educational needs and their teachers, through
the discourse analysis of two of the graduates of the professional masters of the State of Rio
de Janeiro, who addressed in their dissertations the topic of educational inclusion involving
these students. Of the two teachers interviewed, one works at a special school for students
with special educational hearing needs, while the other works with Inclusion of students with
visual educational needs. The analysis of these discourses was based on the concepts of
Mikhail Bakhtin, represented in the Bakhtinian analytical device, proposed by Schwartz and
Rezende (2013). For the interview, we used a semi-structured script prepared in conjunction
with the research group. With the analysis of the two discourses, it was possible to identify
some of the main difficulties for the educational inclusion of students with special educational
needs and, thus, we elaborated a proposal of experimental pedagogical action, betting on its
potential to include these students. This proposal consists in the use of a Dynamometer
adapted for the study of Hooke's Law.
2.4 Implicações para uma proposta de Ensino de Física Inclusivo para alunos com
neev........................................................................................................................................20
5. COMENTÁRIOS FINAIS....................................................................................................43
REFERÊNCIAS......................................................................................................................45
1. INTRODUÇÃO
Este primeiro capítulo traz toda a minha trajetória acadêmica com a inclusão
educacional, passando pelo meu primeiro contato com o tema até o início da pesquisa e a
escolha desse tema para este trabalho de conclusão de curso.
Faz parte da grade curriculardo currículo do curso de Licenciatura em Física do
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Campus Nilópolis, a
disciplina Física em Sala de Aula I 2 cujo o objetivo específico é conhecer e analisar as
tendências atuais para o ensino de Física, especificamente ótica, a partir da nova
concepção curricular e dos objetivos propostos para o ensino médio brasileiro. Uma das
características desta disciplina é a elaboração de atividades práticas para Ensino de Óptica
além da construção de material didático para uso em atividades experimentais ou outros
recursos metodológicos de ensino. A professora Glaucia, apropriando-se das
características da disciplina, levantava questões relacionadas ao ensino de Física para
alunos com necessidades educacionais especiais visuais (NEEV) que estão matriculados na
rede regular de ensino. Durante as aulas ela levava sua experiência enquanto professora de
escola inclusiva e nos direcionava a tentar entender as dificuldades dos alunos com NEEV.
Como avaliação, a professora propôs que a turma se dividisse em grupos onde cada um
deveria montar um experimento de ótica para o ensino médio que atendesse as
necessidades de alunos com NEEV e de alunos videntes. Na ocasião, pesquisei artigos
sobre o tema e não foram encontradas muitas referências disponíveis.
Posteriormente, durante o estágio em uma escola do Estado do Rio de Janeiro,
soube que na instituição havia uma aluna com baixa visão e com alguns movimentos
limitados. Como ela não era aluna das turmas que eu acompanhava tive pouco contato e
poucas informações a respeito da aluna e seu cotidiano escolar. Tive contato com sua turma
apenas por um dia, o suficiente para perceber o pouco interesse da aluna nas aulas, não
copiava a matéria e não tinha nenhum tipo de apoio na escola. Perguntei como ela fazia as
provas, como fazia para estudar já que não copiava a matéria do quadro, entre outras
situações do cotidiano escolar, . Foi quando ela me contou que ela comparecia às aulas,
mas não era parte integrante delas, fazia as provas e, independente do seu desempenho,
recebia notas satisfatórias. Ou seja, ela estava devidamente matriculada na escola, porém
não estava incluída no contexto educacional.
2
Disciplina do curso de Licenciatura em Física, que tem como um dos objetivos construir material
didático para uso em atividades experimentais ou outros recursos metodológicos de ensino. A ementa
da disciplina pode ser acessada em: http://www.ifrj.edu.br/webfm_send/1022
A professora Gláucia, que ministrava ministrou a disciplina na épocano ano em que cursei, já
trabalhava com inclusão de alunos com NEEV no Ensino Médio e levou o tema para a sala de aula.
12
3
Acuidade visual é a relação entre o tamanho do menor objeto observado e a distância
entre o indivíduo e objeto.
14
Contudo, como afirmou Camargo (2008), a questão não é unilateral e não deve ser
analisada como tal, pois para que o aluno, seja ele portador de necessidades especiais
educacionais ou não, tenha melhor acesso ao aprendizado, é necessário investir na
formação do docente, na acessibilidade e em tantos outros fatores necessários para a
formação do ser humano, não apenas no âmbito educacional como também no social.
Neste trabalho, o objetivo geral é discutir e analisar a inclusão educacional de
alunos com necessidades especiais educacionais a partir do discurso dos professores,
egressos de mestrados profissionais no Estado do Rio de Janeiro. O objetivo específico é
propor uma ação pedagógica experimental, com material de fácil aquisição, e com potencial
para incluir alunos com NEEV.
O segundo capítulo deste trabalho traz uma breve discussão sobre a inclusão
educacional no Brasil, passando pelo período de exclusão total do indivíduo com NEE até os
paradigmas e conflitos dos dias atuais.
O terceiro capítulo conta com a descrição detalhada desta pesquisa, desde o
levantamento quantitativo dos PE até a análise das entrevistas com os egressos.
No quarto capítulo, é apresentado um panorama sobre a elaboração da proposta de
ação pedagógica que colabore para a inclusão de alunos com NEEV no ensino de Física,
que vai desde a construção de um Dinamômetro adaptado até a proposta de aplicação da
atividade em classes regulares.
O quinto capítulo traz os comentários finais desta pesquisa, iniciando pela
conclusão da análise das entrevistas com os egressos dos mestrados profissionais do
Estado do Rio de Janeiro e finalizando com comentários a respeito do da proposta de ação
pedagógica experimental com uso do Ddinamômetro adaptado.
15
serviços públicos eram prestados nas escolas da rede regular de ensino, porém em classes
especiais (DIAS et al., 2002).
De acordo com Kassar (2011), até a década de 1960 a taxa de escolarização
estava longe da universalização. Em 1961, foi promulgada a LDBEN 4024/61, cujo os
artigos 88 e 89 do capítulo III, eram voltados para educação de excepcionais conforme
citação
Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-
se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade.
Art. 89. Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos
estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá
dos poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudo,
empréstimos e subvenções.
Embora a presença do aluno com NEE na escola regular não garanta a sua
inclusão do mesmo, a não aceitação desses alunos solidifica padrões de uma sociedade
excludente. Porém, a inclusão educacional, está diretamente ligada ao tipo de necessidade
especial do aluno e ao conteúdo ensinado em sala de aula (CAMARGO, NARDI e
VERASZTO, 2008).
O documento subsidiário à política de inclusão (BRASIL, 2005) nos mostra que
aprendizagem e integração social, são fatores indissociáveis, visto que para fazer parte de
um grupo há necessidade de compartilhar interesses e aprendizado, portanto não há
havendo lógica em um determinado grupo de alunos ter objetivos de natureza funcional,
enquanto o restante tem objetivo de natureza acadêmica. Essa diferença de objetivos, só
consolida as diferenças e reforça a exclusão.
A sala de aula é um lugar para todos, independentemente de credo, raça, religião
ou qualquer outro fator que nos diferencie na sociedade. Contudo, esse universo
democrático e diverso, é um desafio para os docentes que querem cumprir efetivamente o
seu papel. (VIANNA, 2010).
De acordo com Mantoan (2006), a inclusão colabora com a melhoraria da escola,
de modo que nela se formem cidadãos livres de preconceitos e estereótipos. Ainda em
conformidade com as palavras da autora, a inclusão é mais um motivo para a modernização
das escolas e aperfeiçoamento das práticas adotadas pelos professores, de forma a atender
as necessidades de cada aluno.
A formação inicial do professor é de extrema importância para vencer os desafios
para a inclusão educacional e não há como proporcionar uma educação inclusiva de
qualidade, como propõe a legislação, sem a capacitação dos profissionais que atuam nela.
18
Porém, os alunos com NEE estão nas salas de aula e não há tempo para esperar o
processo de formação de um professor, visto que as mudanças nos currículos dos cursos
superiores visam resultados futuros. Como os professores que já atuam em salas de aula
inclusivas, podem se capacitar para atender as necessidades específicas dos seus alunos?
Segundo Vianna (2010), o professor deve refletir sobre o que, como e quando fazer
com o objetivo de cumprir devidamente o seu papel como educador. Quando se têm alunos
com NEE nas turmas, são necessárias mudanças educativas para que todos os alunos, sem
distinção, possam participar do processo de aprendizagem.
É fato que apenas o professor pouco pode fazer, diante das diversas necessidades
específicas de seus alunos e suas complexidades. Por este motivo, de acordo com o
documento subsidiário à política de inclusão (BRASIL, 2005), se faz necessário o apoio de
uma equipe interdisciplinar que possa compor a prática inclusiva junto ao professor desde o
início do processo educacional. Apenas o apoio da equipe interdisciplinar não é o suficiente
para garantir a inclusão dos alunos com NEE. É necessário que equipe interdisciplinar,
escola, professor e pais trabalhem em conjunto em prol da real inclusão desses alunos.
Pensando no processo de inclusão educacional, se faz necessário um currículo
flexível que possa ser ajustado de acordo com o grupo de alunos e suas diversidades. A
atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), no
artigo 59, indica que a rede regular de ensino deve garantir aos alunos com NEE, a saber:
currículo, métodos, recursos e organização apropriados que atendam suas
necessidades,
terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para
a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências,
aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotadosalunos com altas habilidades,
professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado e
professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos
nas classes comuns.
De acordo com o documento subsidiário à política de inclusão (BRASIL, 2005), um
plano específico para os alunos com NEE, apesar de considerar a diversidade, faz o
processo inverso e ao invés de incluir acaba reforçando a exclusão.
19
Tabela 2.1. Estrutura empírica e sensorial das linguagens utilizadas no processo comunicacional.
Estruturas
Fundamentais Mistas
A escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor nem
anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais forma e
instrui os alunos. E muito menos desconhecer que aprender implica ser
capaz de expressar, dos mais variados modos, o que sabemos,
implica representar o mundo a partir de nossas origens, de nossos valores e
sentimentos (MANTOAN, 2006).
Não podemos esquecer a importância dos alunos com NEE participarem de toda e
qualquer atividade desenvolvida pelo professor na sala de aula, de forma colaborativa com
os colegas de classe, trocando experiências com alunos sem NEE de forma que as
diferenças não sejam exaltadas e nem sejam uma barreira para a aprendizagem.
22
Sendo uma pesquisa qualitativa, seguem alguns pressupostos que dão suporte
teórico a essa opção metodológica.
Para Gaskell (2003), a real finalidade de uma pesquisa qualitativa não é a
contagem de opiniões ou pessoas e sim explorar a variedade de opiniões sobre o assunto
em questão. Para Bogdan e Biklen (1994) a pesquisa qualitativa tem algumas
características básicas, a saber:
A fonte direta de dados é o ambiente natural, onde o investigador é o
instrumento principal da pesquisa e sua investigação preocupa-se com o
ambiente em que o personagem da pesquisa está inserido;
A pesquisa qualitativa é descritiva. Os dados são em forma de textos ou
imagens, podendo ser transcrição de entrevistas, notas de campo, fotos,
vídeos, documentos pessoais, memorandos e outros registros oficiais;
Os pesquisadores qualitativos interessam-se mais pelo processo do que
pelos resultados em si.
Para o pesquisador qualitativo, as teorias e as hipóteses, são construídas a
à medida que os dados são coletados.
Neste tipo de pesquisa, o significado é de extrema importância.
Sendo assim, diante dos dados obtidos por análise das dissertações dos Mestrados
Profissionais (MP), norteadas pela inclusão educacional de alunos com NEE e pela análise
bakhtiniana das entrevistas com os egressos desses Mestrados, buscamos entender como
os Mestrados Profissionais influenciaram as atividades profissionais dos egressos e de que
forma isso impactou a inclusão dos alunos com NEE na escola regular.
O artigo de Schwartz e Rezende (2013) apresenta o dispositivo analítico
bakhtiniano, no qual encontramos o suporte necessário para analisar os discursos dos
egressos tomando por base os conceitos de Bakhtin.
Inicialmente, pesquisamos no site da CAPES quais as Instituições de Ensino
Superior, públicas ou privadas, oferecem Mestrados Profissionais na área de Ensino ou
Educação no Estado do Rio de Janeiro de acordo com a avaliação da última trienal (2014).
Essa etapa da pesquisa foi realizada em dois momentos. O primeiro momento teve
início em agosto de 2013 e consistiu na pesquisa de dissertações e seus respectivos
23
Tabela 3-1. Mestrados Profissionais na área de Ensino e/ou Educação no estado do Rio de Janeiro.
Natureza Programas IES
TOTAL 341 11
trabalho e outro foi entrevistado pela internet utilizando o programa Skype4 associado ao
MP3 Skype recorder, para a gravação da entrevista.
As entrevistas foram transcritas, da forma mais fiel possível, observando as pausas,
exclamações e interrogações provenientes do discurso de cada um dos egressos. Para a
análise desses discursos, foi utilizado o dispositivo analítico bakhtiniano, que será explicado
no tópico 3.2
Enunciado
Para Bakhtin (2009) o enunciado é a real unidade da comunicação discursiva.
Segundo o autor, “o discurso só pode existir de fato na forma de enunciações concretas de
determinados falantes, sujeitos do discurso”. O enunciado não é apenas o palpável, o
concreto, o audível, mais é também um conjunto de sentidos, entendimentos, signos e
elementos.
Um enunciado, surge como resposta de enunciados anteriores e motiva uma
resposta no destinatário. Podemos dizer que ele é construído a partir do conjunto entre o
diálogo com seu contexto extraverbal. Para Ferraz (2012), um enunciado “não se reduz a
formas sintáticas ou morfológicas isoladas, como orações ou parágrafos, nem tampouco a
quantidade de palavras do discurso, pois pode ir de um polissêmico “Ai!” a um romance
completo de Dostoievski”.
Segundo Ferraz e Rezende (2013), o enunciado inicia-se com o discurso do falante
e finaliza-se no momento em que este termina sua fala, permitindo que o outro também fale.
4
O Skype é um programa que permite realizar chamadas de voz e com vídeo. O programa pode ser
usado no telefone, computador ou em uma TV com o Skype instalado.
26
Destinatário
Para Amorim (2002) o destinatário pode ser considerado o coautor do enunciado,
pois sua estrutura é organizada considerando o destinatário, ou seja, um enunciado é
construído de acordo com seu destinatário.
Destinatário real: quem lê o texto ou ouve o discurso.
Destinatário suposto: para quem o texto ou discurso foi construído.
Em relação à destinação, é preciso levar em conta ainda duas outras vozes
que falam no interior de um enunciado: primeiramente, é preciso distinguir o
destinatário suposto, indicado acima, do destinatário real, que lê
efetivamente o texto. Instância posterior à escrita, mas que participa
necessariamente da construção do sentido, pois o trabalho de interpretação
constitui-se um segundo texto em relação ao qual o primeiro poderá fazer
sentido. E uma vez que todo texto demanda que alguém o leia e que
alguém dele se ocupe, e que a vida de um texto reside exatamente na sua
circulação, pode-se dizer que o destinatário suposto é uma instância
posterior, mas igualmente interior ao enunciado. (AMORIM,2002, p.3)
Alteridade
“Pode-se desse modo interrogar o texto em relação a várias questões, das quais
uma, em particular, parece-me importante: a alteridade ou, dito de outra maneira, a relação
entre o pesquisador e seu outro, ou melhor, seus outros.” (AMORIM, 2002, p.2)
A alteridade pode ser percebida quando o outro do discurso aparece em
contraposição ou em complementação ao falante.
Polifonia
Para Bakhtin, a polifonia é parte relevante de todo enunciado, visto que em um
mesmo texto ou em uma mesma fala, existem diferentes vozes se expressando. Além disso,
devemos ter em mente que todo discurso é formado por vários discursos, pois sofre
influência dos mesmos.
Vivo em um mundo povoado de palavras alheias. E toda a minha vida,
então, não é senão a orientação no mundo das palavras alheias, desde
assimilá-las, no processo de aquisição da fala, e até apropriar-me de todos
os tesouros da cultura. (Bakhtin, 1997)
Contexto extraverbal
O contexto extraverbal é caracterizado por um conjunto de circunstâncias não
linguísticas, ou seja, é caracterizado por tudo aquilo que física, culturalmente ou
historicamente diz respeito ao enunciado.
Para Bakhtin (2009), a palavra por si só não é suficiente, sendo assim, o discurso
precisa estar vinculado a um contexto extraverbal para garantir sua significação. Sendo
assim, um discurso só tem sentido quando é considerada a situação que o envolve.
27
Figura 1 – Esquema das etapas do dispositivo analítico. Fonte: FERRAZ, 2012; VENEU, 2012.
Aqui, o contexto extraverbal foi descrito tomando por base os três fatores elencados
no início deste capítulo. Os interlocutores deste dialogo são o pesquisador e os egressos
entrevistados.
Fazem parte desta etapa da pesquisa, dois egressos de cursos de MP que, ao
serem contatados, assinaram o termo de livre consentimento (ANEXO B) e aceitaram
participar de uma entrevista semiestruturada. Utilizaremos nomes fictícios para identificar os
entrevistados, sendo o primeiro chamado de Alexandre e o segundo de Vitor.
Por acaso, os dois egressos que participaram da entrevista fizeram parte do mesmo
PPG, porém com orientadores diferentes e o período de defesa tem difere em sete meses.
É do conhecimento comum entre os interlocutores, que a situação em questão se
trata de uma pesquisa voltada para o trabalho de conclusão de curso de Licenciatura em
Física, cujo objetivo geral é discutir e analisar a inclusão educacional de alunos com
necessidades especiais educacionais no Estado do Rio de Janeiro. Além disso, é de
conhecimento dos egressos, o fato de terem sido escolhidos por terem desenvolvido o tema
“inclusão educacional” em suas dissertações e produtos educacionais.
A avaliação comum feita pelos interlocutores desta pesquisa está diretamente
ligada a importância do tema tratado. Ambos os egressos e o pesquisador reconhecem a
importância e o valor de questionar, pesquisar e realizar a inclusão educacional por
vivenciarem ou terem vivenciado essa realidade em sala de aula, ou simplesmente por
perceber a pertinência do assunto.
Ambos egressos, atuam em escolas da rede Federal de Ensino. Alexandre atua no
Instituto Nacional de Educação para Surdos, enquanto Vitor, atua no Colégio Pedro II, que
tem convênio com o Instituto Benjamin Constant.
A entrevista foi dividida em três momentos distintos. No primeiro momento, as
questões foram direcionadas para a contextualização da trajetória acadêmica e/ou
profissional antes do MP. O segundo momento trata do período durante o MP, buscando
identificar a avaliação do indivíduo em relação ao MP escolhido. O terceiro e último
momento foi subdividido em duas etapas, que buscaram identificar a importância e a
influência do MP para a vida profissional do professor entrevistado e como se deu a
construção da dissertação e a ideia do PE desenvolvido, além de obter informações do seu
uso posterior.
Como o objetivo principal dessa entrevista para este trabalho era obter informações
dos produtos educacionais, na análise me se ative ateve principalmente ao primeiro e
terceiro momentos da entrevista.
29
A entrevista com Alexandre aconteceu em sua sala na escola onde trabalha. Não
havia mais ninguém no ambiente, o que nos possibilitou ter privacidade para a realização da
entrevista.
Trajetória acadêmica:
Enunciado 1: Sou formado pela Universidade Federal Fluminense,
Licenciatura e Bacharelado. Basicamente até 1994 eu era professor de
matemática aplicada simplesmente, nunca tinha trabalhado na área de
surdez. Matemática pura e professor de Cálculo na Universidade Veiga de
Almeida, cálculo e estatística. Então nunca me passou pela cabeça de vir
um dia trabalhar no Instituto Nacional de Educação de surdos. Com o
concurso para, hoje a IF de Nilópolis, eu vim, fui convocado para trabalhar
no surdos. Aí começa minha outra trajetória, que é passar de matemático
para educador matemático. Aí começou a se ter interesse pela educação e
em especial pela educação de surdos. E daí eu fui buscar especialização,
fui fazer curso de libras de forma a contribuir com a educação desse sujeito.
Nesse primeiro enunciado, Alexandre nos permite perceber pelo menos duas
vozes,. Sendo sendo a primeira carregada de concepções ruins em relação ao professor de
matemática aplicada, dando a entender que o mesmo se resume a ser matemático e em
nada se assemelha a um educador. Já a segunda, é uma voz preocupada com a questão da
educação dos seus alunos com necessidades educacionais especiais auditivas (NEEA).
Essa voz mostra um professor que se preocupa com a formação dos alunos e por isso
busca cursos, e tudo o mais que possa lhe dar uma base mais adequada para que colabore
com o ensino. Neste enunciado, o próprio entrevistado pode ser considerado o destinatário
suposto, pois a fala caracteriza uma autojustificativa pelo seu interesse na educação de
alunos com NEEA.
Enunciado 2: meu concurso foi pra Nilópolis não havia noção nem de vir
parar aqui. Não tinha noção nenhuma a respeito de como se dava a
educação de surdos. Depois eu fui fazer um... uma pós-graduação em
educação matemática, onde meu trabalho já foi começar a se falar nas
questões da língua de sinais né. Que hoje o meu foco é a língua de sinais.
No mestrado eu procurei falar de mim né, sobre a formação do professor de
matemática, que foi uma coisa que tinha muito a ver com a minha trajetória
e o que eu pudesse colaborar com o colega professor de matemática né, a
partir de um trabalho de mestrado. Que também foi algo difícil, meu
ingresso no mestrado, Primeiro eu fiz o mestrado, fiz as cadeiras do
mestrado em matemática na UFF, parei. Quando eu retornei ao mestrado,
eu voltei com uma outra proposta. Fui aprovado em duas universidades, é...
para o mestrado em educação, porém fui reprovado na entrevista por não
haver alguém que me pudesse orientar na educação de surdos. Até que a
Professora Orientadora, lá do CEFET, assumiu esse compromisso comigo,
de nós trabalharmos juntos com o trabalho voltado para a educação de
surdos.
outros colegas que quisessem trabalhar nesta área. Ela veio a orientar
depois um colega aqui do INES né, o professor Daniel na área de Física,
também na Área de educação de surdos.
Inclusão Educacional:
Pesquisador: E com relação as às expectativas, às necessidades que o
senhor sentia até com relação a inclusão, o curso em si, como foi?
Enunciado 4: O curso não tinha esse foco com a inclusão, as necessidades
eram minhas e eu busquei. Então como eu já trabalhava aqui (INES), já
participava de outros eventos. Como na época o INES me deu, uma coisa
produtiva também... é que eu tirei licença. Eu ganhei licença, isso foi um
fator determinante. Eu tinha um compromisso de terminar o curso porque eu
estava com licença remunerada. Esse incentivo profissional foi muito bom.
Quando eu voltei, eu já entrei aqui como coordenador, fazendo palestras no
Brasil inteiro, como faço até hoje, de capacitação. Hoje eu trabalho voltado
para a inclusão. Eu viajo o Brasil fazendo palestras para colegas de
prefeituras do Brasil, do Estado. Isso me possibilitou também, ter uma... me
deu bagagem para a prova do Doutorado, que eu passei para educação
matemática. Isso é interessante. Foi muito bom.
Neste quarto enunciado, Alexandre volta seu enunciado ao meio acadêmico e deixa
claro que apesar do curso não ter o foco na inclusão educacional, as suas expectativas
foram atendidas e atribui parte do seu sucesso ao incentivo profissional com a licença
remunerada.
Uma frase de Alexandre, “...as necessidades eram minhas e eu busquei...”, mostra
que como o tema era de seu interesse, ele deveria buscar as informações de que precisava
e que isso não era uma obrigação do curso.
Pesquisador: Em alguma das disciplinas do mestrado, chegou a se
comentar, mesmo que por alto, de inclusão educacional?
Enunciado 5: Não. Eu que levava pra lá, nos meus trabalhos, na minha fala.
Por exemplo: meu trabalho sobre... é... Políticas Públicas eu trouxe a
discussão sobre inclusão.
31
Produto educacional:
De acordo com a ficha organizacional (Anexo A), o produto educacional de
Alexandre é um curso de capacitação intitulado: “Formação do Professor de Matemática
para Educação de Surdos”. O público alvo são os professores e a aplicação do produto se
deu no INES.
Pesquisador: E quanto ao desenvolvimento da idéia em si? Teve
aproximação do orientador? Tiveram outros colegas que foram
influenciados pelo seu trabalho?
Enunciado 9: Não, não. Eu tinha mais aqui do INES né, que eu vim aqui
conversar com os colegas. Eu fiz uma pesquisa junto aos colegas de outras
instituições querendo saber a opinião deles né, tanto que na minha
dissertação tem a opinião de algumas pessoas. Eu fui a colegas de outras
instituições, entrevistei outros colegas falando sobre o assunto, que
dificuldades eles teriam, o que precisaria né, algo que pudesse ajuda-lo.
Dentro do curso eu fazia esse levantamento, sentávamos eu e a minha
orientadora, escrevia né, e partilhávamos.
Pesquisador: Então, inicialmente, o Senhor senhor fez um
levantamento de quais seriam as dificuldades desses licenciados?
Enunciado 10: Isso, é. Só que na época eu trabalhava no Estado, conversei
com os professores do Estado, professores de matemática do Estado,
conversei com professores na universidade que eu trabalhava e com os
daqui (INES). Então essa foi a minha base, meu início né, Antes antes da
fundamentação.
33
Trajetória acadêmica
Enunciado 1: Comecei a trabalhar dando aula com mais ou menos 18 anos
de idade, não estava nem na faculdade ainda e comecei fazendo estágio,
substituindo os professores que faltavam e até pegando curso. Antigamente
era muito mais fácil isso, até por falta de fiscalização. Logo que entrei pra
faculdade, estava trabalhando feito uma q****, me p**** aí no magistério.
Em alguns momentos eu cheguei a praticamente abandonar a faculdade
porque estava dando quase 60 tempos por semana, não tinha exatamente
onde enfiar matéria. Toda vez que eu estava me organizando aparecia
alguém com uma proposta imoral, indecente, com valores altos e eu
abandonava tudo novamente. Entendeu? Fazia parte... fez parte da rotina
aí... Larga matéria aqui, larga matéria ali porque tinha que trabalhar e tinha
que ganhar dinheiro pra fazer um pé de meia né.
A trajetória de Vitor foi marcada por momentos de muito trabalho, tanto que muitas
vezes optava por aumentar sua carga horária de trabalho e abandonar algumas disciplinas
da graduação. O primeiro enunciado é repleto de autojustificativas, caracterizando o
destinatário como o próprio enunciador. No segundo enunciado, Alexandre resume a vida
acadêmica a produção acadêmica, portanto, fala apenas de suas produções durante sua
graduação e mestrado. Podemos dizer que esse enunciado destina- se ao meio acadêmico.
pode parecer muito claro que você vai dar soluções mirabolantes e vai
resolver o problema do mundo e de modo geral tu passa por idiota. É que
os meninos não falam isso pra ninguém, eles só comentam essas coisas
quando o cara sai. Fica um olhando pra cara do outro e “aí, é burro pra
caramba aí”, chega a ser ofensivo. Antigamente eu não entendia, hoje eu
entendo o porque que muitas vezes eles chegam a se ofender, porque todo
mundo chega lá dizendo que vai fazer e acontecer, aí como a gente diz né...
aplica o material e vai embora e não volta nunca mais, acabou, não tem
retorno, não teve acerto de material, a merda que foi apresentada ficou e
continuou uma merda, aquilo vai ser publicado e um bando de gente vai
copiar pra depois descobrir que não serve pra nada, confiando na palavra
de quem publicou. Então é um assunto muito delicado, nessa hora eu vou
te falar que um banho de sinceridade eu acho que evitaria muito problema.
Uma coisa que você tem nas outras áreas, se você for para a filosofia, pra
história você toma logo um passa fora, um chega pra lá te colocam no teu
lugar rapidinho até você aprender a trabalhar. Na educação especial não,
todo mundo que chega é braço aberto e um sorriso, sabe? Por isso que é
uma coisa muito difícil, não é pouco difícil não, é muito difícil.
realidade, não sabe o que se passa pela cabeça deles. Enfim os cegos
ainda são tranquilos tá, com surdos o buraco é mais embaixo. Um amigo
meu trabalha com isso e ele tava comentando, papo dele chegar na escola
e um surdo chegar fazer um conjunto de sinais para o intérprete e o
intérprete olhar pra cara dele e “eles disseram que só vão te receber se
você aprender a falar LIBRAS” e acabou, simplesmente acabou. Eu
conheço um que já foi fazer trabalho com indígena e “ah mimimimimi... só te
atendo se você passar um mês aqui na aldeia se não ninguém fala contigo”,
e passar um mês na aldeia é de acordo com todos os hábitos deles, dormir
na rede como eles, comer a comida deles... Se não ninguém fala contigo.
Isso é até para conhecer a realidade deles, para não sair falando besteira.
Porque normalmente é o que acontece. Às vezes eu fico olhando assim fico
me divertindo, fico gargalhando. Tem gente, que às vezes é questão de
olhar o que o cidadão escreveu e CARACAAAAA Olha lá caraca!.
Realmente não dá, é hilário, a pessoa não tem noção, falta senso de
ridículo muitas vezes para cada coisa que vai. Por exemplo, semana
passada teve uma senhora que disse que trabalha com inclusão e parou
pra questionar se lugar de aluno com deficiência é na escola. P**** tá de
sacanagem? é o tipo de coisa que você não pergunta é você entrar numa
escola judaica perguntar quem está afim de tomar um banho no forno.
Entendeu? Isso não se faz, não se faz, não se discute e nem se apresenta,
muito menos por escrito. Enfim tem maluco para tudo.
Voltando seu enunciado para o meio acadêmico, Vitor conta um pouco dos
problemas relacionados aos alunos com NEEV e que vão além da cegueira. Uma das falas
de Vitor, no enunciado 5, alerta para o fato de que o pesquisador deve conhecer bem o seu
público alvo: “Por isso que assim quem chega não conhece essa realidade, não sabe o que se
passa pela cabeça deles.” . Muitas vezes, esses alunos são submetidos a testes que na maior
parte das vezes não lhes dá retorno algum.
Os enunciados seguintes tratam diretamente do produto educacional proposto por
Vitor.
Pesquisador: Você continua utilizando esse produto na prática?
Enunciado 6: P**** nenhuma, uso nada, uso nada
Pesquisador: Quais fatores você acha que contribui para a utilização
do seu produto educacional?
Enunciado 7: É muito difícil de ser feito, tá. Ele é consideravelmente difícil.
Eu por exemplo, nunca mais consegui fazer outro. Eu fiz aquilo num
contexto onde eu entrava no Benjamin Constant tranquilamente, chegava lá
no setor de produção de material e trabalhava, agora não... agora tem que
agendar com não sei quantos meses de antecedência, não tem mais aonde
parar o carro, você tem um período específico para poder trabalhar, tem
restrição disso, restrição daquilo, restrição daquilo outro. A burocracia
acaba atrapalhando um pouco a montagem. E eu acho que o que eu fiz já
está obsoleto, na época um laptop era uma coisa mais cara do que é hoje.
Tem um trabalho publicado agora por um rapaz do meu grupo, o Júlio, que
ele trata a questão do ensino de matemática usando leitor de voz.
Pesquisador: De acordo com o que você falou, você acha que o
produto está obsoleto?
Enunciado 8: Eu acho que, de um modo geral ele já está obsoleto. Pelo
menos eu te garanto que ficou ruim nele. Ele, como é de difícil, produção
tah! É... refazer isso tudo pra escola, é oneroso em termos de mão de obra
e tempo, tá! Então a grande lição que eu aprendi é que por exemplo: o que
eu tenho feito agora para o doutorado, eu tô buscando o tempo todo a
simplicidade. Tudo tem que ser muito simples, se não for simples dá errado.
38
Falando em educação especial, tem que ser simples e barato. Se não for
simples e barato, não serve.
Nos enunciados 6, 7 e 8 o interlocutor diz que não utiliza o seu produto educacional e
diz ainda que um dos fatores que o torna difícil de ser utilizado por outros colegas é o fato
dele ser de difícil reprodução, “...Ele é consideravelmente difícil. Eu por exemplo, nunca
mais consegui fazer outro...”.
O interlocutor diz que seu PE está ultrapassado, é trabalhoso para produzir. A lição
que ficou desse produto é que o barato e fácil de produzir se torna o mais provável de ser
utilizado posteriormente.
Nos dois enunciados acima, o interlocutor, dirigindo-se à academia, diz não ver
possibilidade de que os PE sejam implementados na escola básica. E ele se mostra bem
realista e irônico com o assunto, dando risadas e gargalhadas em alguns pontos da
resposta. Aqui ele é um professor atuante, fazendo uma crítica aos PE para pesquisadores
da área.
39
Como já foi citado no cCapítulo 2 deste trabalho, Camargo (2008) afirma que os
hábitos dos videntes influenciam diretamente na acessibilidade de indivíduos com NEEV,
pois nós videntes, tornamos cotidianas algumas atitudes que impõem barreiras para que
esse indivíduo participe ativamente do cotidiano da sociedade. Transferindo essa realidade
para a sala de aula, atitudes e hábitos dos membros envolvidos no processo educacional do
aluno com NEEV assim como os alunos videntes, interferem diretamente no ensino.
Um dos fatores identificados na análise do discurso de um dos interlocutores da
entrevista é a falta de convivência e de acompanhamento do aluno com NEEV por parte dos
pesquisadores que vão as escolas e submetem os alunos com NEEV à suas pesquisas.
Vitor: ...Antigamente eu não entendia, hoje eu entendo o porquê que muitas
vezes eles chegam a se ofender, porque todo mundo chega lá dizendo que
vai fazer e acontecer, aí como a gente diz né... aplica o material e vai
embora e não volta nunca mais, acabou, não tem retorno, não teve acerto
de material, a merda que foi apresentada ficou e continuou uma merda,
aquilo vai ser publicado e um bando de gente vai copiar pra depois
descobrir que não serve pra nada, confiando na palavra de quem publicou...
inclusivas, a partir de situações vivenciadas por estes em seu processo formativo nos MP, e
refletem a voz dos alunos nessas situações.
Uma dessas fundamentações teóricas é dada por Camargo (2009) e seus
colaboradores, que defendem a ideia de que uma metodologia de ensino adequada à
inclusão educacional é alicerçada em duas situações indissociáveis:
1. dar condições para que os alunos com e sem NEEV observem o fenômeno
ou representações do fenômeno a ser estudado;
2. dar condições para que os alunos com e sem NEEV participem de um
ambiente de aprendizagem de Física
Instrumentos de medidas adaptados para alunos com NEEV foi o tema do estudo
realizado por Martelli (2005) em seu trabalho de conclusão de curso. Nele, o autor construiu
um dinamômetro adaptado e propôs algumas atividades experimentais. A reflexão sobre o
trabalho desenvolvido pelo autor foi a base para o desenvolvimento do equipamento e da
proposta de ação experimental a serem descritos neste trabalho. A principal diferença entre
o material desenvolvido por Martelli e o material desenvolvido neste trabalho é que o último
pode trabalhar com associação de molas.
Para construção do dinamômetro demos prioridade ao uso de materiais de fácil
aquisição. Ele é constituído basicamente de duas placas de MDF com 1cm de espessura,
uma medindo 44 cm de altura por 24,5 cm de largura e outra medindo 24,5 cm por 11,5 cm,
além de materiais como parafusos, cortiça, duas cantoneiras de ferro para prateleira com
aproximadamente 18 cm, dois suportes de prateleira, quatro ganchos e chumbos de pesca
de tamanhos e formatos variados.
Figura 4.a - Detalhes da montagem do dinamômetro adaptado. (a) e (b) mostram o encaixe
da base do dinamômetro e (c) mostra a fixação da cantoneira metálica.
41
Na figura 4.1 podemos ver que a cantoneira de ferro foi fixada com parafusos na
placa maior de MDF, figuras 4.1(a) e 4.1(b), de forma que o suporte de prateleira encaixe
entre a cantoneira e o MDF, figura 4.1(c). A placa menor de MDF, foi fixada na parte
superior da placa maior de forma que fique aproximadamente 5 cm na parte da frente do
Dinamômetro. Fixamos a cortiça e os ganchos conforme apresentado na figura 4.2.
Com o intuito de facilitar a realização das medidas por um aluno com NEEV, foram
feitas marcações em cola 3D colorida a cada centímetro do papel milimetrado. Na lateral do
papel foi feita a escala em Braile também com cola 3D, porém com cor diferente, como
podemos ver na figura 4.3.
Figura 4.3 – Papel milimetrado com as marcas em relevo e com a escala em Braile na lateral
42
Elástica (⃗
F el). A seguir, com os dados obtidos, os alunos devem calcular a constante elástica
( K ) da mola utilizando
⃗
F el=−K ⃗x , (4.1)
que deve ter sido deduzida pelos mesmos com orientação do professor no passo anterior.
Para utilizar o roteiro para alunos (APÊNDICE B), o professor da classe deve
observar o grau de deficiência visual do seu aluno com NEEV. Para alguns alunos, recursos
de aumento (lentes de aumento ou aumento de letra no computador) podem ser suficientes
para a realização da atividade, já para alunos sem percepção de luz, os recursos serão
basicamente táteis e/ou auditivos. Sendo assim, cada professor deve conhecer as
deficiências e necessidades de seus alunos e verificar se há ou não necessidade do uso do
roteiro.
44
5. COMENTÁRIOS FINAIS
No discurso dos dois professores egressos, foi possível perceber que para que a
inclusão aconteça não é necessário apenas leis e documentos que garantam a aceitação
desses alunos na escola regular e que norteiem a prática educacional, é necessário acima
de tudo que haja mobilização dos alunos, dos pais além da escola e do professor, como já
foi dito no segundo capítulo desta pesquisa. Todos os indivíduos ligados ao aluno com NEE
devem estar incluídos na realidade deles. Esse fator fica claro em alguns trechos dos
enunciados dos dois interlocutores.
Alexandre: A ideia de trabalhar com inclusão foi pelo fato que eu sou uma pessoa
incluída (risos). Eu fui incluído aqui (se referindo ao INES), vim a aprender sobre
inclusão aqui.
Vitor: ... porque, assim, quando eu entrei, eu mal comecei o mestrado e assumi o
Pedro II e quando cheguei lá esbarrei com um bolo de alunos cegos, aí eu comecei
a estudar pra atender a molecada com baixa visão e a produzir material específico
para os alunos cegos.
Vitor: ... com surdos o buraco é mais embaixo. Um amigo meu trabalha com isso e
ele tava comentando, papo dele chegar na escola e um surdo chegar fazer um
conjunto de sinais para o intérprete e o intérprete olhar pra cara dele e “eles
disseram que só vão te receber se você aprender a falar LIBRAS” e acabou,
simplesmente acabou....
Uma das falas de Vitor, se refere ao sentimento dos alunos com NEEV quando
participam de alguma pesquisa. Ele alerta para o fato de que muitos desses alunos
participam de pesquisas desde os cinco ou seis anos de idade e na maioria das vezes não
têm nenhum retorno dos resultados, assim, o sentimento que muitos desses alunos nutrem
é o de “cobaias”. Muitas vezes, os pesquisadores que vão na escola validar suas pesquisas
ou propostas, não buscam o mínimo de convivência e acompanhamento do dia a dia desses
alunos na escola, impossibilitando o conhecimento dos indivíduos que são o alvo principal
da pesquisa.
Vitor: ... às vezes você vê o histórico deles o primeiro episódio de cobaia foi
lá nos 5 anos de idade e acontece algumas vezes por ano. Por isso que
assim quem chega não conhece essa realidade, não sabe o que se passa
pela cabeça deles...
A Não foi possível vaçidar proposta de ação pedagógica desta pesquisa, não pode
ser validada por alguns dos seguintes fatores:
1. Dificuldade em encontrar escolas com alunos com NEEV que estivessem
matriculados no ano de estudo da disciplina e do assunto em questão
2. Não haveria tempo suficiente para acompanhar a turma e conhecer melhor os
alunos que a compõem.
45
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 13ª ed. São Paulo: HUCITEC, 2009.
DIAS, T.; PEDROSOS, C.; ROCHA, J.; ROCHA, P.; CORTEZ, R.; NISHI, R. e PAULA, J. A
visão de profissionais multiplicadores em um programa de capacitação com enfoque
bilíngue. Revista Brasileira de Educação Especial, v.8, n.2, p. 169-182, 2002
GASKELL, G. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER, Martin W.; GASKELL, George.
(Orgs.) Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. 2º ed. Rio de Janeiro: Editora
Vozes, 2003. Cap. 3, p. 64-89.
GOLLIN, A. F.; BASTOS, L. C. Por uma educação inclusiva para portadores de deficiência
visual: um novo olhar. Revista do Centro de Educação, n.24, 2004
MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar- O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo:
Editora Moderna, 2006.
PEREIRA, L.L.S.; BENITE, C.R.M.; BENITE, A.M.C. Aula de química e surdez: sobre
interações pedagógicas mediadas pela visão. Química Nova na Escola, v. 33, n.1, p. 57-
56, 2011.
SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. ed. Rio de Janeiro:
WVA, 1999.
1. INTRODUÇÃO
Este roteiro propõe uma atividade experimental com o objetivo de estudar a Lei de
Hooke, incluindo alunos com ou sem NEEV.
Para formular a Lei de Hooke os alunos devem realizar medidas de deslocamento da
mola, calcular a Força Peso (⃗P) para cada massa e construir o gráfico da Força Peso em
função do deslocamento para cada mola utilizada na atividade.
A necessidade de usar ou não este roteiro deve ser observada e analisada pelo
professor de acordo com o grau de NEEV de seus alunos.
No roteiro do aluno, não há questões a serem respondidas pelos mesmos, pois a
ideia é que ao final da atividade o professor faça os questionamentos que considerar
pertinentes para serem discutidos com toda turma.
2. CONHECIMENTOS EXIGIDOS
Plano cartesiano
Razão e proporcionalidade
3. OBJETIVO
Estudar a Lei do Hooke
Determinar a constante elástica das molas utilizando o Dinamômetro
adaptado.
Verificar e compreender a relação entre Força peso e deslocamento da mola.
Papel milimetrado,
Percevejos,
Molas (pode ser mola de encadernação), também podem ser usadas molas
variadas para comparação da constante elástica de cada uma.
Na parte superior do MDF1, fixe com parafusos o MDF2 de forma que possam ser
fixados os ganchos.
Faça pontos com a cola colorida 3D a cada centímetro do papel milimetrado e
depois de seco, fixe o papel na cortiça utilizando os percevejos. Neste Dinamômetro foram
usados quatro percevejos, um em cada ponta do papel. É importante que esses percevejos
fiquem bem na ponta do papel, para não atrapalhar o aluno quando utilizar a escala em
braile.
O Dinamômetro dinamômetro está pronto e deve estar conforme mostra a figura 5.
Observação: este roteiro não é adaptado para os alunos com NEEV, porque a ideia é que
ele seja adaptado de acordo com o grau de deficiência do aluno. Lembrando que no
dinamômetro há tanto a escala numérica quanto a escala em Braile.
1. Introdução:
3. Montagem experimental:
Coloque o dinamômetro adaptado em uma bancada, ponha a mola a ser utilizada
em um dos ganchos que estão na parte superior do dinamômetro.
Observação: A frente do dinamômetro é onde está fixado a cortiça e os ganchos.
Nessa cortiça, já deve estar previamente colocado o papel milimetrado com pontos em alto-
relevo.
4. Metodologia:
Mola 2
m (g) m (kg) X (cm) X (m) △X (m) ⃗
P K ⃗
P/ X
Massa 1
Massa 2
Massa 3
Massa 4
Média K =
IDENTIFICAÇÃO
Instituição:__________________________________________________________
Título da dissertação:
Título do produto:
Autor:
Orientadores:
Ano da Defesa:
1. Qual a natureza do produto?
[a posteriori. Mutuamente exclusivas]
4. Disciplinas
a. Física
b. Química
c. Biologia
d. Matemática
e. Outros. Qual?
5. Conteúdos disciplinares [a posteriori]
6. É explicitado um referencial teórico?
a. Sim
b. Não
7. Havendo, qual? [a posteriori]
8. É explicitado um referencial epistemológico?
a. Sim
b. Não
9. Havendo, qual? [a posteriori]
10. É explicitada uma metodologia de ensino?
a. Sim
55
b. Não
11. Havendo, qual? [a posteriori]
12. O produto foi implementado?
a. Sim
b. Não
13. Em quantas turmas? [a posteriori]
14. Em qual ano foi aplicado? [a posteriori]
15. Qual é a modalidade administrativa da instituição de aplicação?
a. Pública Municipal
b. Pública Estadual
c. Pública Federal
d. Particular
e. Militar
16. Quanto à metodologia de avaliação da proposta implementada
a. Não foi implementada a proposta
b. Foi implementada, mas não ocorreu avaliação
c. Avaliação pessoal ou informal
d. Avaliação que incorpora metodologias de pesquisa
17. Resultado da avaliação
a. Somente aspectos positivos
b. Somente aspectos negativos
c. Aspectos positivos e negativos
18. Houve mudança no produto após a avaliação?
a. Sim
b. Não
19. Referências de pesquisa
a. Quantos artigos de pesquisa da área de Ensino de Ciências e Matemática são
citados?
b. Quantas teses e dissertações acadêmicas são citadas da área de...?
ANTES
1. Fale sobre sua trajetória acadêmica.
2. Fale sobre sua trajetória profissional.
3. Qual o motivo que o levou a procurar uma pós-graduação nos moldes dos MP?
Você já sabia qual era a diferença entre MA e MP?
DURANTE
4. Fale sobre seu convívio com os colegas e docentes no curso.
5. Como você avalia sua participação no curso?
6. Avalie o curso em relação:
Às suas expectativas/necessidades.
À estrutura curricular do curso.
À exigência de elaboração de um Produto Educacional (PE) como parte do
trabalho final.
Ao desempenho dos docentes do curso.
7. Você considera que o curso precisa de mudanças? Quais?
8. Você participou de congressos na área de ensino durante o curso?
Se participou, quais?
Como você avalia sua participação nesses congressos?
DEPOIS
9. Qual foi a importância do curso de MP para você?
10. O que o curso proporcionou para a sua vida profissional?
11. Como você avalia seu desempenho enquanto profissional hoje, tendo cursado o
MP?
12. Houve alguma mudança na sua prática após a conclusão do MP?
13. Como você percebe o momento atual de sua trajetória profissional em relação à
remuneração, gratificações, promoções etc.?
14. Quais as suas expectativas futuras? (Migrar para outra rede de ensino, fazer
doutorado)
15. Fale sobre o processo de construção da sua dissertação e do produto
educacional.
Como surgiu a ideia?
Como foi o desenvolvimento da ideia?
Você consultou PEs disponíveis?
16. Quanto ao PE que você desenvolveu:
Você vem utilizando-o na sua prática docente?
Já foi usado por outros profissionais?
Que fatores contribuem para seu uso (ou não uso)?
Tem apresentado as contribuições esperadas?
17. Como você avalia a possibilidade de implementação dos PEs na escola básica?
57
Este documento que você está lendo é chamado de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Ele contém explicações sobre o estudo que você está sendo convidado a
participar.
Antes de decidir se deseja participar (de livre e espontânea vontade) você deverá ler e
compreender todo o conteúdo. Ao final, caso decida participar, você será solicitado a assiná-
lo e receberá uma cópia do mesmo.
Antes de assinar faça perguntas sobre tudo o que não tiver entendido bem. A equipe
deste estudo responderá às suas perguntas a qualquer momento (antes, durante e após o
estudo).
O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar do projeto de
pesquisa Impacto dos Mestrados Profissionais em Ensino de Ciências na qualidade da
Educação Científica.
Trata-se de um projeto de pesquisa do Observatório da Educação (Nº: 17683 / 49-
2012) cujo objetivo é avaliar o impacto dos mestrados profissionais em ensino sobre a
qualidade da educação científica, considerando-se a diversidade regional e cultural dos
contextos educacionais de formação e atuação.
Para este estudo adotaremos procedimentos de Grupo Foca e Entrevistas Semi
estruturadas no qual pretendemos coletar dados sobre os produtos criados no Mestrado
Profissional em Ensino de Ciências (MPEC) do qual o(a) Sr(a) foi, ou é aluno(a). O grupo
focal irá durar, em média, uma hora e meia. As conversas que se realizarão neste grupo serão
gravadas em áudio e em vídeo.
Assumimos o compromisso de confidencialidade dos dados e sigilo das informações
que possam caracterizar os participantes do grupo. Assim, seus dados serão manuseados
somente pelos pesquisadores do OBEDUC e não será permitido o acesso a outras pessoas. O
material com as suas informações (fitas, vídeos, entrevistas, etc) ficará guardado sob a
responsabilidade dos pesquisadores com a garantia de manutenção do sigilo e
confidencialidade.
Os resultados deste trabalho poderão ser apresentados em encontros, congressos,
simpósios, artigos em revistas, dissertações de mestrado, teses de doutorado, relatórios, etc.
Entretanto, serão apresentados apenas os resultados obtidos, análises, conclusões, pareceres,
etc, sem revelar o seu nome, a instituição a qual pertence ou qualquer outra informação que
esteja relacionada à sua privacidade.
Para participar deste estudo o(a) Sr (a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer
vantagem financeira. O(A) Sr(a) poderá solicitar esclarecimentos sobre o estudo em qualquer
aspecto que desejar, a qualquer momento, mesmo depois de iniciado o grupo focal, e estará
livre para participar ou recusar-se a participar.
Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento,
mesmo depois de iniciado o grupo focal. A sua participação é voluntária e a recusa em
participar não acarretará qualquer penalidade.
Este estudo não possui nenhum tipo de risco que possa ameaçar sua integridade física
ou psicológica. Caso a realização do grupo focal lhe provoque algum tipo de constrangimento
você é livre para abandoná-lo a qualquer momento.
58
Declaro que concordo em participar desse estudo, que recebi uma cópia deste Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE – e que me foi dada à oportunidade de
esclarecer as minhas dúvidas.
Participante (Nome):
Participante (assinatura)
Pesquisador (Nome):
Pesquisador (Assinatura)
COEP/UFMG: Av. Presidente Antônio Carlos, 6627 2º Andar Sala 2005, Unidade
Administrativa II, Belo Horizonte, Minas Gerais, CEP: 31.270-901.
Telefone: (31)3409-4592
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