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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP


INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE LETRAS

EMERSON JOSÉ DA SILVA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II:


OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE EM CONTEXTOS NÃO
ESCOLARES – APAE OURO PRETO – CIA DA GENTE

Ouro Preto

Dezembro/2022
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EMERSON JOSÉ DA SILVA

RELATÓRIO DE ATIVIDADES

RELATÓRIO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II:


OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE EM CONTEXTOS NÃO
ESCOLARES – APAE OURO PRETO – CIA DA GENTE

Relatório apresentado como requisito parcial para


conclusão da disciplina ART/165 – Estágio
Supervisionado II: Observação Participante Em
Contextos Escolares do Departamento de Artes
Cênicas – IFAC Universidade Federal de Ouro
Preto, sob a orientação da Professora Neide das
Graças de Souza Bortolini.

Ouro Preto
Dezembro/2022
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Sumário
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................... 3
2. ATIVIDADES REALIZADAS .................................................................................... 3
2.1. No campo de estágio.............................................................................................. 4
2.2. Fora do campo de estágio ...................................................................................... 6
3. AVALIAÇÕES ............................................................................................................. 7
3.1. Auto-avaliação ....................................................................................................... 7
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 7
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O “Estágio Supervisionado II: Observação Participante Em Contextos Não


Escolares”, orientado pela Professora Neide das Graças, tem enfoque na observação
ativa dos licenciandos em contextos escolares, a fim de propiciar experiências de
contato pedagógico, metodológico e didático às práticas educacionais de ensino de
teatro.
Dentre os objetivos e as metodologias propostas na disciplina, estão:
- Relacionar as práticas pedagógicas observadas, e as suas respectivas discussões,
aos textos trabalhados durante a disciplina (unir teoria e prática);
- Estimular a reflexão a partir da observação realizada;
- Elaborar academicamente essa reflexão
- Leitura de textos de fundamentação teórica e metodológica da observação;
- Círculos de discussão;
- Relatos de observação;
- Acompanhamento do estágio.

Em suma, a realização do Estágio Supervisionado II consiste na aquisição de


conhecimento docente por parte de discentes em formação, com relevância na
interlocução e estudos da Licenciatura em Artes Cênicas.

Realizei o estágio na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de


Ouro Preto – “Escola de Educação Especial Dr. Hélio Harmendani”, que foi fundada em
1982 “com o objetivo de integrar e orientar os processos de educação e assistência às
pessoas com deficiência”. A instituição conta com um corpo de cinquenta e três
profissionais com o intuito de atender a todos e suas multiplicidades. (EBANI e col,
2005, p. 27). O meu estágio foi realizado em concomitância às atividades do CIA DA
GENTE1...

2. ATIVIDADES REALIZADAS

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O CIA da Gente é um projeto de extensão e pesquisa, apoiado financeiramente pela Gorceix, tendo como
coordenadores docente o professor Marco Flavio de Alvarenga, a coordenadora Fernanda Aparecida
Oliveira Rodrigues Silva e a coordenadora discente Rosana Luzia, contando com vinte e quatro membros
do projeto que atuam em outras instituições, sendo elas, APAE, CAPSij, Comunidade da Figueira, Lar
São Vicente de Paulo, CADOM (Coral e violão), equipe Coringa (atuava na Santa Casa).
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2.1. No campo de estágio

As APAE’s se utilizam de práticas artísticas em seus métodos pedagógicos como


facilitador de conteúdos educacionais, além de proporcionar uma visão para o aluno
diante de toda sociedade como sujeito autônomo e capaz dentro sociedade
preconceituosa e limitante. Há dezoito anos a APAE (Ouro Preto) vem desenvolvendo a
apresentação do espetáculo teatral juntamente com a equipe CIA da Gente APAE,
mostrando a todos as possibilidades destes corpos de intervirem e ressignificar o espaço
pelo viés da encenação teatral.

Assim como em todas as instituições atendidas pelo CIA, o grupo de bolsistas,


são acompanhados pelos coordenadores do projeto e pelos demais profissionais da
instituição, que desenvolvem um projeto anual com objetivos bem delineados. No caso
da APAE o projeto converge para a criação coletiva de um espetáculo teatral. Nos anos
de 2017 e 2018, por exemplo, foi apresentado o espetáculo “ACECIRCO” desenvolvido
com base no tema Circo. A dramaturgia, as danças e quadros foram todos baseados
neste tema, e durante o ano, até mesmo as professoras utilizaram deste tema como
orientação nos processos educativos, aumentando assim o interesse pelas aulas teóricas
e impulsionando estudantes a alcançarem algumas de suas potencialidades.

Apresento, neste relatório, as atividades desenvolvidas dentro da Instituição


APAE, sendo que em um primeiro contato trabalhamos com o que chamo de
mapeamento do espaço, onde conhecemos o(a)s aluno(a)s e nos apresentamos. Dentro
deste vasto estágio, que conta com quatro bolsistas e dois voluntários da UFOP,
discentes das Artes Cênicas e da Música. O primeiro aspecto seria sobre a dificuldade
de inclusão de todo(a)s discentes nas aulas preparadas, mesmo se tratando de uma
instituição de educação especial, onde as Pessoas com deficiências (PcDs) apresentam
algum tipo de limitação, seja ela motora ou intelectual.

Outra questão a ser explorada aqui, será sobre o trabalho em equipe com todos
os integrantes do projeto Cia da Gente que atuam na APAE, em conjunto com as
professoras da instituição, as dificuldades de trabalhar com tantas individualidades e
questões de egos.

A tentativa de trabalhar com as possibilidades de cada discente, inclusive


pensando em suas deficiências, e como as atividades são adaptadas e transformadas por
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cada PcD, não nos interessava o virtuosismo nas performances, ou uma precisão na
execução de alguma atividade e, sim, o que tentamos preservar durante o processo é a
individualidade, a alegria, a energia e a espontaneidade de cada discente/ator/atriz.

Tivemos uma defasagem na equipe que contava com apenas duas pessoas no
início do ano: Bruna e Emerson. Esse fator é de extrema importância para manter a
qualidade do projeto dentro da instituição. No início de abril entraram quatro novos
integrantes: Isabela, Luan, Lucas Egg e Lucas Lacerda. Todos são licenciandos de Artes
Cênicas, menos o Lucas Egg que é de Música.

A equipe de “Apaianos” atua em três horários em três turmas diferentes, nas


sextas feiras das 08:00h. até as 09:30h. atendemos a turma da manhã, composta em
média de sessenta discentes, a grande maioria é de adolescentes entre doze a dezesseis,
mas é uma turma muito diversa contendo alunos já adultos com mais de vinte anos. A
turma da tarde é atendida das 13:00h. até as 14:30h.; neste horário temos em média de
quarenta discentes; generalizando, são dois grupos, o primeiro de crianças até uns dez
anos de idade, e um segundo grupo de idades distintas, mas se associam por serem
pessoas com Paralisia cerebral e grande dificuldade de locomoção e fala. A turma da
noite é a menor, são doze discentes, todos maiores de idade, nesta turma são alunos da
EJA (Educação de Jovens e Adultos), as aulas acontecem das 16:30h. até as 18:00h.

Todo(a)s discentes da escola apresentam alguma deficiência seja física ou


intelectual, entretanto, nós estagiários não temos acesso aos diagnósticos, portanto
nunca sabemos exatamente qual a deficiência de cada aluno, assim sendo, muitos dos
dados serão aproximações e generalizações. É preciso lembrar que existem níveis de
gravidade para cada deficiência, por exemplo os alunos com Paralisia Cerebral, em sua
maioria são afetados na locomoção e fala, com exceções. Na turma da manhã discentes
apresentam em sua maioria deficiências intelectuais, tendo menos usuários de cadeira de
roda do que a turma da tarde, que é composta por mais de 60% de pessoas usuárias de
cadeiras de roda. Para compreender as diferentes abordagens é importante ressaltar que
a turma da tarde tem maiores dificuldades de movimentação com autonomia do que a
turma da manhã. Já a turma da noite, todos são mais velhos e adaptados às suas
dificuldades, e com menos discentes com deficiências motoras.

As professoras da instituição são todas mulheres tendo um ou dois professores


homens, e estão na instituição a muito tempo, portanto conhecem todos o(a)s discentes,
e são muitíssimo próximas e amorosas, mas, ao mesmo tempo percebe-se uma
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desatualização na linguagem adequada ao se dirigirem aos(às) discentes e tendo um


apego muito grande aos quadros de PcD, não nos permitindo executar algumas
atividades e também não permitindo que explorarem seus limites na atividade.

Em todas as aulas, nós estagiários tentávamos executar todas as atividades por


igual em todos os turnos (manhã, tarde e noite), para que todos pudessem vivenciar das
experiencias do teatro. A turma do período da manhã sempre foi bem desenvolvida
todas as atividades com retornos gratificantes diante da proposta de aula. Os aluno(a)s
neste período por serem a maioria adolescentes amavam dançar e escutar as musicas
que estavam em alta na atualidade.

No período da tarde sempre tivemos dificuldade de executar as atividades


teatrais. Um dos pontos que podemos colocar em evidencia é o barulho que os aluno(a)s
faziam e a dificuldade de concentração nas atividades, então resolvermos darmos inicio
a algumas atividades que poderiam explorar deles atividades visuais de pintura e
recortes para entendermos e estudarmos como seria a execução de atividades e
propostas teatrais.

Na turma do EJA ao qual consideramos o período da noite, era uma turma


pequena composta por mais ou menos treze alunos o que facilitava muito a
comunicação e o desgaste físico, pois conseguíamos controlar a falta de atenção dos
alunos. Por eles terem uma idade avançada todos tinha uma facilidade cognitiva e física
bem desenvolvida, facilitando a aplicação de todas as atividades teatrais.

Todas as atividades eram pensadas para desenvolver o lado artístico dos


alunos(a)s, contendo no início das aulas alongamento e aquecimento com músicas,
jogos teatrais para despertar e desenvolver o lado artístico, trabalhando sempre com a
memorização e representação de histórias fictícias e reais dos próprios estudantes. Com
todas as propostas planejadas, nosso intuito era tirar o atendido da sua zona de conforto
e convida-lo para executar junto conosco todas as dinâmicas das aulas.

2.2. Fora do campo de estágio

Durante a disciplina Estágio Supervisionado II, tivemos orientações e discussões


a respeito do comportamento de diversos alunos e também dos professores. Nestas aulas
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também foi possível a elaboração de atividades compartilhadas para colegas da turma


levarem para seu campo de estágio.

Tivemos a oportunidade de algumas aulas serem ministradas no Parque do


Itacolomi, onde observamos o espaço e sua potência para atividades de pedagogia do
teatro, associando à educação ambiental.

3. AVALIAÇÕES

3.1. Auto-avaliação

Considero ter cumprindo com a carga horária e estando presente nas propostas
pedagógicas oferecidas pela disciplina, sendo ouvinte de experiências de ensino
diferentes vivenciado por cada licenciando que executou na prática o estágio de
observação, que me promoveram experiências que contribuíram para a minha formação.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de toda vivência proporcionada pelo estágio, fico muito contente por
todas as realizações executadas durante as aulas e o estágio. Encontrei através de
reflexões a certeza que estou tomando em minha vida acadêmica. Encarei um novo
desafio que é o ensino do teatro dentro na área da arte educação com Pessoas com
Deficiência. Tudo isso me mostrou que, muitas das vezes, colocamos limitações
desnecessárias no corpo dos outros.

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