JORNAL DO BRASIL Brasil quarta-feira, 19/7/89 ?

Io caderno d' 5

Jucá atua para legalizar Cirurgia — Passa bem o ministro

da Educação, Carlos SanfAnna, submc-
tido ontem a uma cirurgia para im-
de artéria mamaria. O músculo cardíaco,
irrigado pelas artérias tratadas, não
apresentou qualquer alteração.
a um filete depois que a água passou a
ser bombeada para o povoado. Morado-
res de Alagoinhas denunciaram a ação
plantação de duas pontes para desobs- Sem água — O sistema de abaste- do prefeito na Assembléia Legislativa e

a garimpagem em Roraima J. l~J Brasília — José Varella

Braslli
trução do mioeárdio, no Instituto do
Coração (Incor), do Hospital das Clini-
cas. Segundo o boletim médico divul-
cimento de água do povoado baiano de
Alagoinhas, construído pela comunidade
e que atendia cerca de 200 pessoas, foi
anunciaram que vão processá-lo.
Madeira — O juiz federal Pedro
Paulo Castelo Branco determinou que o
BRASÍLIA — Bastaram duas horas de uma reunião a gado no final da tarde, o ministro de- destruído pelo prefeito de Érico Cardoso Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
verá permanecer internado até o dia (799 quilômetros de Salvador), Antônio (Ibama) devolva ao presidente do Sin-
portas fechadas para que o governador de Roraima, Romero 28. A cirurgia, comandada pelo diretor Medrado (PFL) e funcionários da prefei- dicato das Indústrias Madeireiras do
Jucá Filho, conseguisse sua maior vitória política na polêmi- clínico do Incor, Adib Jatene, demo- tura. Medrado justificou a destruição ar- Acre, Jorge Moura, os 45 metros cúbi-
ca em torno da exploração de recursos minerais em terras rou quatro horas e transcorreu sem qual-
indígenas: convenceu o ministro das Minas e Energia, Vicente gumentando que o Rio do Morro, único cos de castanheiras serrados ilegalmente
Fialho, a afastar a hipótese de intervenção militar contra os quer complicação. Carlos SanfAnna re- ponto de suprimento que restou à popu- e que foram apreendidos no dia 16 de
cebeu uma ponte de veia safena e outra lação de Érico Cardoso, estava reduzido maio, em Rio Branco.
garimpeiros que atuam em reservas indígenas e ainda conse-
guiu a criação de um grupo de trabalho que enviará ao
Congresso mensagem regulando a exploração de ouro no
estado, incluídos os territórios indígenas e as florestas do
Parque Nacional de Monte Roraima.
Embora o grupo, que começou a trabalhar ontem, só vá
apresentar o resultado na próxima terça-feira, participantes
da reunião anteciparam que seu trabalho legalizará a situa-
ção dos 40 mil garimpeiros de Rondônia transformando os
garimpos em cooperativas e pequenas empresas nacionais de
mineração, aproveitando o vazio da legislação. ¦_¦ WB¦HMBP^^BBwBi BB9 tBMJHt^tB^-
Durante duas horas, o governador Jucá, que defendeu a
legalização do garimpo nas reservas indígenas, reuniu-se com
o ministro Fialho. l&f^fiy^ tl:;-fl j^WÍU *' V' Sk
Os índios querem motosserra, escola, agricultura e ^k ^| ji _W_P^^_aBk Àm\ ^^^B ^^ I B^^B hK __D_hS&
— afirmou Jucá na reunião. BH ^BB _H_^__B_ mmmW ______&_E mm_l ^IBfl ~AmwW ___^___&
parte da renda do garimpo HH ¦___• JBMf __ ma 19 • ¦""^¦êSIH -¦¦ |"H "ri ___Sr _sSflL •¦~W
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Foi contestado pelos presidentes da Funai, íris Pedro de ^H ___H___v __H_ II B^L.Jl ¦¦^^¦B||
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Oliveira, e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos IH ______pL ^SB __&___ WjP V ", ^Mf _j MMS. Ba _fl^L.
Naturais Renováveis (Ibama), Fernando César Mesquita. BH ________£ Íwl _J^Elon ^mH^mwrmmm¦_¦_Hi ^*"^__B W^P
Temos que pensar do ponto de vista ambiental — w^mw mwmU mmwm ..:..-. :.> :..-...¦'.....::-. <¦.,:.-,:. _¦...¦.:,.¦¦.,:„ ".¦:_¦ ""¦¦*.¦¦: .v..;-:l[!í!U'"-
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rebateu Mesquita, que lamentou que setores como a Igre- PMIP^^B ' vi^___l _________N__&pn____B HfaÉH
ja, os índios e os grupos ambientalistas estivessem fora da
discussão. — Não podemos aceitar soluções ilegais que im-
portem em danos ao meio ambiente — insistiu, temendo o
precedente de se permitir garimpo em área indígena.
Funai com Ibama — A posição de Mesquita teve o
apoio na reunião, a portas fechadas, do presidente da Funai,
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*

que insistiu em que hoje a garimpagem na região é uma
ilegalidade, contrariando o Artigo 231 da Constituição.
Segundo um dos participantes da reunião, a criação do
grupo de trabalho - composto de representantes do Ministé-
rio das Minas e Energia, governo de Roraima, Ibama, Funai
e Secretaria de Assessoramento de Defesa Nacional (Saden) -
foi uma "vitória política" de Jucá, que não aceita que
os garimpeiros sejam retirados militarmente da região.
Durante a reunião, a posição de Romero Jucá foi apoiada
coronel Euclimar Lima da Silva, da Saden, que acredita
pelo "não
que se pode abrir mão da mineração na região" e defen-
deu a busca de uma fórmula para tentar tornar legal a
garimpagem lá.
índios calados — Para acabar com o
chamou de
"farsas e manipulações de órgaõs indigenistasquecom finalida-
des políticas, o ex-presidente da União dos Sindicatos e
Associação dos Garimpeiros da Amazônia Legal (Usagal),
José Altino Machado, apresentando-se como porta-voz dos
garimpeiros, levou ao ministro três índios surucurus e auaris
(José, Tomás e Macuxi). Os índios permaneceram sempre
calados e alheios à discussão, mas foram apresentados como
uma prova de seu apoio à permanência dos garimpeiros em
áreas indígenas.
O governador Romero Jucá justifica a exploração com
cifras: segundo ele, enquanto oficialmente a extração mensal
de ouro no estado não passa de 700 quilos, cerca de quatro
toneladas de ouro deixam a região ilegalmente no mesmo
período.
Sobre a participação da Igreja nas discussões, sugerida
por Fernando César Mesquita, um dos representantes da
Saden ironizou:
— Padre para mim só é representante de Deus.
E manipulados — O coordenador do programa Povos
Indígenas no Brasil, do Centro Ecumênico de Documenta-
ção e Informação (Cedi), antropólogo Carlos Alberto Ricar-
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É O LEILÃO
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Àhino levou índios silenciosos à reunião DE VAGAS
do, a propósito dos índios levados por Altino à reunião
"para supostamente apoiar os
garimpeiros", disse que eles
representam apenas uma pequena minoria entre os ianomâ- Não perca esta grande oportunidade
mis que, está sendo usada pelos garimpeiros:
É coisa de poucos indivíduos das tribos, que não são de garantir a vaga do seu barco.
seus lideres, mas os que falam português e, por isso, detêm
algum poder, no minimo como intermediários entre o índio e Amanhã, dia 20 de julho, às 10:00
o branco.
Segundo o antropólogo, n. iiinnmíimis, que têm muito horas. Informações pelos telefones
pouco contato com o branco, estão num beco sem saída: são
ao todo 450 aviões que voam de Boa Vista à pista de Paapiú, 252-3131/205-6849/297-7117/205-6447
onde já há em média 300 operações de pouso e decolagem por
dia, num barulho infernal.
Os índios não tem o que comer (a caça fugiu) nem com
ou na gerência da Marina das 9:00
quem reclamar. Estão negociando com os garimpeiros numa às 17:00 horas.
situação de pressão extrema - disse Carlos Alberto.
Quanto a Paapiú, a Procuradoria Geral da República APOIO
entrou com ação na Justiça federal pedindo liminar pa-
ra interdição imediata das pistas de pouso clandestinas da
área dos ianomãmis (Parque do Pico da Neblina e Floresta
IRINk
Nacional de Roraima), na divisa Amazonas-Roraima. O
procurador Osvaldo José Barbosa da Silçva e o subprocura-
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denunciam, na ação, que 50 mil
dor-geral Carlos Vitor Muzzi "astutos" @JjCÍÍoeiroPÕ0icOç@ Shel!
garimpeiros incentivados por atravessadores e apoia- ÉiimmR
dos "irresponsavelmente" pelo governador nomeado de Rorai- OBRA SOCIAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
ma, Romero Jucá Filho, estão ponde em risco os mais
de 20 mil ianomãmis que vivem na região.

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