O documentário “A Lei da Água - O Novo Código Florestal”, dirigido por
André D’Elia, apresenta uma análise abrangente e diversificada da gestão dos recursos hídricos no Brasil, com base em entrevistas com cerca de quarenta indivíduos, a maioria dos quais tem uma conexão direta com o tema.
Em vez de simplesmente atribuir a culpa pela escassez de água e pela
má gestão desse recurso vital em nosso país, D’Elia opta por estruturar seu documentário como uma investigação, explorando aspectos históricos, retrocedendo no tempo e destacando eventos que merecem uma análise mais aprofundada. A jornada começa nos anos 1950, quando o primeiro Código Florestal brasileiro foi aprovado, e destaca o papel crucial da mídia em trazer o assunto para o público e atribuir-lhe a importância que merece. Ao entender o passado, começamos a compreender o presente.
A partir daí, o documentário examina o vasto território brasileiro, do Rio
Grande do Sul ao Acre, da Amazônia à Bahia, do Mato Grosso ao Rio de Janeiro, de São Paulo à Roraima. O que se percebe, independentemente da região, é um profundo desrespeito à natureza e um esforço colossal daqueles que se dedicam a preservar o meio ambiente, um trabalho tão necessário quanto negligenciado.
O que se torna mais evidente durante este intenso intercâmbio de
discursos e depoimentos é a total incompetência daqueles que são responsáveis pelas diretrizes que governam o país: os políticos. A grande maioria dos entrevistados, do senador Blairo Maggi (PR-MT) ao deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS), parece não ter a menor ideia do que estão falando, preocupados apenas com suas obrigações políticas imediatas, sem qualquer consciência ambiental e, pior ainda, sem uma visão global do assunto. Eles defendem a tese simplista de que qualquer cuidado com a natureza representa um retrocesso e uma perda de terras para a agricultura ou pecuária, esquecendo que essas atividades dependem, acima de tudo, do solo, das plantas, do sol, da chuva… em suma, da água que, aqui mais do que nunca, significa vida. Assim, ao oferecerem declarações retrógradas e assumidamente cegas em relação ao debate, tudo o que demonstram é uma ignorância atroz.
O documentário “A Lei da Água - O Novo Código Florestal” é uma obra
que aborda de maneira crítica e reflexiva as mudanças promovidas pelo novo Código Florestal brasileiro e os impactos dessas alterações na preservação dos recursos naturais, especialmente a água.
O filme, apresenta uma visão panorâmica dos problemas ambientais no
Brasil, destacando a contradição de um país rico em recursos naturais, mas que adota posturas de descuido com o meio ambiente. A obra questiona a exploração excessiva dos recursos naturais para a indústria exportadora e a falta de conscientização sobre os verdadeiros causadores do alto consumo de água.
O documentário também ressalta a importância da educação ambiental
na vida dos brasileiros, para que possam compreender e protestar contra as decisões políticas que afetam negativamente o meio ambiente. Ele é didático e tenta ser panorâmico sem superficialismo, apresentando dados históricos e denúncias sobre quem realmente paga as multas exigidas por leis.
No entanto, o filme não se limita a criticar. Ele também apresenta
técnicas agrícolas sustentáveis que podem conciliar os interesses de conservação e produção da sociedade. Além disso, destaca a necessidade de uma visão global do assunto, levantando questões históricas e iluminando episódios que merecem uma atenção mais detalhada.
Em suma, “A Lei da Água - O Novo Código Florestal” é um documentário
que provoca reflexões profundas sobre a relação entre a legislação ambiental brasileira, a preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade. Ele desafia o espectador a questionar as decisões políticas e a buscar soluções para a preservação do meio ambiente.