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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

LUANA REBECA DA SILVA E SILVA - 22154412


LETICIA ROESSING DE SOUZA - 22152907
PEDRO TAVARES DA SILVA - 22152000
ANDRE COUTO DA MOTTA DE SOUZA-22054275

MÉTODO MCA

MANAUS-AM

2024
LUANA REBECA DA SILVA E SILVA - 22154412
LETICIA ROESSING DE SOUZA - 22152907
PEDRO TAVARES DA SILVA - 22152000
ANDRE COUTO DA MOTTA DE SOUZA-22054275

MÉTODO MCA

Trabalho apresentado à disciplina de Sistemas De


Transporte, como requisito para obtenção de nota de
Avaliação Parcial, do período 2023/2, do curso de
graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal
do Amazonas - UFAM.

Professor: Augusto Cesar Rocha

Manaus-AM

2024
1. INTRODUÇÃO

No contexto específico da análise de sistemas de transporte, a MCA emerge como


uma ferramenta valiosa para avaliar alternativas e estratégias. A consideração de critérios
como custo, eficiência, sustentabilidade e flexibilidade destaca a capacidade da MCA em lidar
com a complexidade inerente aos sistemas de transporte modernos.
Ao discutir as vantagens da MCA, aspectos como a consideração abrangente de
múltiplos fatores, a incorporação de preferências subjetivas e a facilitação da comunicação
entre partes interessadas são fatores importantes. Por outro lado, desafios como a escolha de
pesos adequados para os critérios, a dependência de dados confiáveis e a interpretação dos
resultados serão examinados de forma crítica.
Este trabalho propõe uma revisão teórica sobre o uso da MCA, focalizando não
apenas em sua teoria, mas também em como adotar eficazmente esse método. Será
apresentado um exemplo prático de sua aplicação na análise de sistemas de transporte,
destacando a relevância da MCA nesse contexto específico. Além disso, serão discutidas de
maneira crítica as vantagens e desvantagens associadas à implementação desta abordagem.
2. REVISÃO TEÓRICA

2.1 Como Adotar o Método MCA

Entre os diversos métodos de análise de decisão, o Analytic Hierarchy Process


(AHP) tem sido amplamente abordado e debatido, tanto em aplicações práticas quanto no
meio acadêmico. Em várias ocasiões, tem sido objeto de questionamentos e reafirmações. O
AHP é um procedimento de análise hierárquica que auxilia na tomada de decisões
multicritério, organizando os atributos das alternativas em estudo de acordo com uma
estrutura hierárquica.

O método se desdobra em duas fases distintas. Na primeira etapa, ocorre a


construção da hierarquia, enquanto a segunda compreende a avaliação da hierarquia, dos
atributos e das várias alternativas. Através da iteração do processo de agrupamento de
elementos com características comuns, os diferentes níveis do sistema são delineados, desde o
mais inferior até o patamar mais elevado, muitas vezes identificado como o objetivo do
processo decisório. Esse procedimento estabelece a estrutura hierárquica do sistema.

A avaliação da hierarquia implica na atribuição de pesos aos elementos de cada nível


hierárquico em relação aos elementos do nível inferior. Dessa forma, são elaboradas matrizes
de comparações paritárias em que cada valor indica o quanto um elemento domina o outro no
contexto do critério avaliado. Essas comparações são consideradas a característica central do
Método de Análise Hierárquica (AHP). Essa abordagem possui a vantagem de focar
exclusivamente em dois objetos de cada vez, analisando a relação entre eles. O Método de
Análise Hierárquica destaca-se por representar de maneira consistente os julgamentos
qualitativos, os quais não podem ser avaliados por escalas numéricas precisas.

No entanto, é importante notar que essa medida não assegura a consistência absoluta
dos julgamentos. O AHP busca avaliar a magnitude da inconsistência do sistema através da
determinação do autovalor máximo, fornecendo assim uma medida do desvio da consistência.
2.1.1 Hierarquias

O AHP fundamenta-se na teoria matemática das hierarquias, permitindo a avaliação


do impacto de um nível sobre o nível imediatamente superior por meio da composição das
contribuições relativas de seus elementos em relação aos elementos do nível adjacente. Essa
análise pode ser estendida verticalmente por toda a estrutura hierárquica.

Uma hierarquia é composta pelos seguintes elementos:

- Níveis: grupos de elementos que compartilham características semelhantes. Os


diversos níveis estabelecem a hierarquia por meio das prioridades existentes.

- Nós: são os elementos pertencentes aos diferentes níveis da hierarquia,


representando características como atores, critérios, atributos, objetivos, alternativas, etc.

- Arcos: indicam as relações entre os elementos de um nível com os elementos do


nível imediatamente superior e/ou inferior.

Não há um conjunto de procedimentos inflexíveis para formular objetivos, critérios e


atividades a serem incorporados em uma hierarquia. A essência central reside na
decomposição do sistema em análise em subsistemas, buscando simplificar a compreensão.

A criação da hierarquia pode ser realizada por meio dos seguintes procedimentos:

- Identificação de todos os elementos e sua agrupação com base em características


comuns.

- Estabelecimento dos níveis hierárquicos, definindo as prioridades entre os grupos.

- Definição das relações de causa e efeito entre os elementos de um nível em relação


ao nível imediatamente inferior.

2.1.2. Matrizes

O AHP lida tanto com variáveis quantificáveis quanto não quantificáveis. Para
manipular ambos os tipos, é empregada uma escala numérica que viabiliza as comparações
paritárias. Cada elemento da hierarquia, com exceção daqueles pertencentes ao último nível,
está associado a uma matriz. A matriz de um elemento é composta pelos elementos do nível
imediatamente inferior, conectados ao primeiro por meio de um arco.
2.1.3. Atribuição de Valores

A atribuição de pesos aos valores ocorre por meio da comparação entre os elementos
dois a dois em relação ao objetivo. Avalia-se o quão significativa é a contribuição de um
elemento em relação ao outro para alcançar o objetivo. Tomando como exemplo uma matriz
com três alternativas (1, 2 e 3) para um critério 1, a comparação é realizada considerando
quanto a alternativa 1 é melhor ou pior que a alternativa 2 em relação ao critério 1, a
alternativa 1 em relação à alternativa 3, e a alternativa 2 em relação à alternativa 3. Dessa
forma, todas as células da matriz são preenchidas, sendo necessário avaliar apenas a diagonal
superior da matriz, uma vez que a comparação entre a alternativa 1 e a alternativa 2 é o
inverso da comparação entre a alternativa 2 e a alternativa 1. Essa operação também serve
como um elemento de controle da consistência da matriz. Por convenção, ao preencher a
matriz, os elementos da linha i são comparados com o elemento da coluna j.

2.1.4. Julgamento

A escala de medida utilizada pelo AHP para comparação é bastante direta,


possibilitando que os julgamentos entre os elementos sejam expressos em termos de
importância, preferência e probabilidade. No quadro a seguir, são apresentados os valores da
escala de medidas para a comparação de dois elementos hipotéticos, A e B:

Quadro 1 - Escala de medidas do Método de Análise Hierárquica

Fonte - SAATY (1991).


Um elemento é considerado igualmente relevante quando comparado consigo
mesmo. Portanto, a diagonal principal da matriz de comparações paritárias contém todos os
elementos iguais a 1 (um). Para representar julgamentos levemente distintos, são empregados
os valores 2, 4, 6, 8 e seus recíprocos.

O número de avaliações requeridas para a elaboração de uma matriz de julgamentos


genérica A é dado por n (n-1)/2, sendo n o número de elementos presentes nesta matriz.

2.1.5. Justificativa Intuitiva do Método

Até este ponto, tem-se uma matriz A = (i, j) que inclui as avaliações obtidas por meio
da comparação paritária dos elementos. O propósito do método é derivar, a partir dessas
avaliações, os pesos associados a cada elemento.

Considera-se uma estrutura hierárquica na qual os elementos representam um


conjunto de atividades C1, C2, ...... ,Cn. As avaliações quantificadas dos pares de atividades
Ci, Cj são expressas por uma matriz de dimensões n por n, denotada como A = (i, j) (para i, j
= 1, 2, 3 ... n).

Com os julgamentos comparativos entre Ci e Cj representados por ai,j na matriz A, o


desafio consiste em converter essas avaliações em um conjunto de pesos w1, w2, ........ wn
que capturem esses julgamentos para o conjunto completo de atividades C1, C2, ......Cn.

Portanto, o problema deve ser formulado como um problema matemático preciso. É


necessário expressar em termos aritméticos precisos como os pesos wi devem se relacionar
com os julgamentos ai,j. Inicialmente, considera-se o caso em que os "julgamentos" são
simplesmente o resultado de medidas físicas precisas, e as relações entre os pesos wi e os
julgamentos ai,j são determinadas por wi/wj = aij (para i,j = 1, 2, …, n).

2.1.6. Índice de Consistência

Para garantir a consistência de uma matriz positiva recíproca, é necessário que seu
autovalor máximo seja igual a n, que representa a dimensão da matriz. Em situações de
consistência, precisa-se de n-1 comparações paritárias, pois, a partir delas, as demais podem
ser deduzidas de maneira lógica. O autovetor oferece a ordem de prioridade, enquanto o
autovalor serve como medida de consistência da avaliação.
No método da análise hierárquica, busca-se o autovalor máximo, λmax, que é
calculado multiplicando a matriz de julgamentos A pelo vetor coluna de prioridades
computado w. Em seguida, realiza-se a divisão desse novo vetor resultante, Aw, pelo primeiro
vetor w, obtendo-se o valor de λmax.

Vale ressaltar que Aw = λw e, no contexto do método da análise hierárquica, Aw =


λmaxw. O cálculo de λmax é realizado através da aplicação da fórmula:

λ 𝑚𝑎𝑥 = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑣𝑒𝑡𝑜𝑟 𝑤 /𝐴𝑤

Se o índice de consistência for inferior a 0.1, então há uma consistência suficiente


para avançar com os cálculos do AHP. Se o índice de consistência for superior a 0.1, é
recomendável revisar os julgamentos até que a consistência atinja um patamar aceitável.

2.2 Exemplo de Uso do Método MCA

Como exemplo da aplicação desse método, tem-se um estudo de caso de avaliação de


alternativas de rede para o sistema de transporte coletivo da cidade de Porto Alegre. O
problema abordado foi examinado no contexto do desenvolvimento do Plano Diretor de
Transporte Coletivo para o município em 1999.

2.2.1. Alternativas

As opções examinadas neste estudo coincidiram com aquelas analisadas no âmbito


do Plano Diretor de Transporte Coletivo, sendo originadas a partir das diretrizes estabelecidas
pelo órgão gestor municipal.

As diretrizes estabelecidas para a seleção da nova rede de transporte coletivo são


detalhadas a seguir:

- Minimização do impacto para o usuário ao utilizar terminais de transferência;

- Limite da taxa de ocupação nos veículos na seção crítica em, no máximo, 6 (seis)
passageiros em pé por metro quadrado;

- Aumento da acessibilidade geral aos usuários;


- Redução das transferências onerosas atualmente realizadas em pontos de ônibus
dispersos no sistema;

- Melhoria da acessibilidade interna às próprias regiões;

- Adaptação da rede proposta às projeções de viagens para o horizonte do projeto


(2013);

- Racionalização da rede de transporte coletivo por ônibus municipal;

- Utilização de modais de transporte coletivo adequados às faixas de demanda.

As alternativas foram:

Alternativa 0: A alternativa zero preserva as características da rede atual, acrescida


da rede integrada proposta para o corredor Norte/Nordeste, que já está em implantação.

Alternativa 1: Consiste na configuração atual, com a adição de tratamentos viários


nos corredores que atendem a região Sul (Icaraí/Borges de Medeiros e Nonoai/Teresópolis),
porém sem a implementação de terminais ou esquemas de integração.

Alternativa 2: Inclui o seccionamento completo das linhas radiais, formando um


conjunto de linhas alimentadoras com concentração de demanda em Terminais de Integração
e mudança de tecnologia veicular para as ligações troncais.

Alternativa 3: Representa a alternativa de flexibilidade operacional, mantendo o


conceito de integração em terminais, porém ajustando a rede de acordo com os principais
fluxos de viagens.

2.2.2. Hierarquia

No contexto do problema abordado, a hierarquia foi estabelecida em quatro níveis,


conforme descrito abaixo:

- Nível 1: Objetivo da análise, que consiste na escolha da melhor alternativa.

- Nível 2: Critérios de avaliação.

- Nível 3: Subcritérios de avaliação.

- Nível 4: Alternativas.
A estrutura hierárquica é mostrada a seguir

Imagem 1 - Estrutura hierárquica proposta

- Critérios: Indicadores econômicos, de qualidade e ambientais.


- Subcritérios econômicos: Taxa Interna de Retorno (TIR), Custo de
Implantação e Custo Operacional.
- Subcritérios de qualidade: Tempo de viagem (incluindo acesso e espera),
número de transbordos onerosos e número de transbordos não onerosos.
- Subcritérios ambientais: Emissão de poluentes e a intrusão urbana.

2.2.3. Julgamentos

Os julgamentos foram adquiridos por meio da colaboração de um grupo de


especialistas composto por sete técnicos da Secretaria Municipal de Transportes de Porto
Alegre e três técnicos da empresa de consultoria envolvida na elaboração do Plano Diretor de
Transporte Coletivo.
2.2.4. Matrizes

As matrizes foram calculadas utilizando o software Expert Choice.

2.2.4.1. Indicadores

2.2.4.2. Subcritérios Econômicos

2.2.4.3. Subcritérios de Qualidade


2.2.4.4. Subcritérios Ambientais

2.2.4.5. TIR (Taxa Interna de Retorno)

2.2.4.6. Custo de Implantação

2.2.4.7. Custo Operacional


2.2.4.8. Número de Transbordos Onerosos

2.2.4.9. Número de Transportes Não Onerosos

2.2.4.10. Tempo de Viagem

2.2.4.11. Emissão de Poluentes


2.2.4.12. Intrusão Urbana

2.2.5. Resultado Final

Com base nas prioridades derivadas de cada matriz no "Expert Choice", foi realizado
o processo de agregação para a hierarquia completa. Optou-se pelo uso do "modo Ideal" na
composição da priorização final, uma vez que o objetivo do problema decisório é selecionar a
melhor alternativa dentro do conjunto.

O resultado final é mostrado a seguir:

A melhor classificação foi alcançada pela alternativa 3, seguida pela alternativa 2,


depois pela alternativa 1 e, por último, pela alternativa 0, que representa a não implementação
de nenhum projeto. A tabela abaixo oferece um resumo dos resultados obtidos por meio do
Método de Análise Hierárquica.
A alternativa 2 se destaca com melhores resultados em cinco dos oito itens
analisados, enquanto a alternativa 3 lidera em quatro itens. Porém, é importante observar que
a alternativa 2 alcança seus melhores resultados nos indicadores econômicos, que possuem
uma importância menor (0.220), conforme avaliação do grupo de especialistas. Os
indicadores mais significativos são os de qualidade (0.476), seguidos pelos ambientais
(0.304), nos quais a alternativa 3 apresenta um desempenho superior, justificando assim o
resultado final favorável a essa alternativa.

2.3 Vantagens e Desvantagens do Método MCA

A Análise Multicritério (MCA) é uma técnica estatística. Suas vantagens incluem a


capacidade de lidar eficientemente com variáveis não métricas, oferecendo uma análise
simultânea de múltiplas categorias. A vantagem do método reside no fato de que, uma vez que
os valores das comparações paritárias são derivados da experiência, intuição e também de
dados físicos, o AHP consegue lidar tanto com aspectos qualitativos quanto quantitativos de
um problema de tomada de decisão. Dentre outras vantagens, são elas:

● Redução de Dimensionalidade;

● Identificação de Padrões Não Evidentes;

● Flexibilidade em Tipos de Dados;

● Interpretação Facilitada;

● Visualização Eficiente;

No entanto, é importante reconhecer as desvantagens associadas ao MCA. Uma das


restrições do método está relacionada à sua aplicação inadequada, ou seja, em contextos
desfavoráveis nos quais a utilização é percebida como uma simplificação excessiva ou um
desperdício de tempo. Sua sensibilidade à escala das variáveis pode impactar os resultados,
exigindo um cuidadoso pré-processamento dos dados. A interpretação pode se tornar
complexa em conjuntos de dados intrincados, e a escolha das variáveis desempenha um papel
crucial na análise, influenciando diretamente os resultados obtidos. Além disso, a assunção de
independência entre categorias, embora seja uma simplificação útil, deve ser considerada com
cautela, pois pode não refletir completamente a realidade. Dentre outras desvantagens, tem-se:

● Assunção de Linearidade;
● Risco de inconsistência;

● Sensibilidade a Outliers;

● Dependência de Variáveis Selecionadas;

● Limitações na representação de complexidade.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Método MCA (Análise de Componentes Principais Múltiplas) destaca-se por sua


versatilidade ao lidar com dados categóricos, sendo uma ferramenta valiosa para explorar
relacionamentos complexos em conjuntos de dados multivariados. Ao identificar as
componentes principais, proporciona uma interpretação simplificada e visualização eficiente
dos padrões subjacentes. No entanto, é crucial considerar suas limitações, como a
sensibilidade à escala, a necessidade de pré-processamento adequado e a interpretação
complexa em conjuntos de dados intrincados. A escolha consciente das variáveis é essencial,
e a aplicação do MCA encontra relevância em pesquisas de mercado, ciências sociais e áreas
afins. Compreender a assunção de independência entre categorias é fundamental para avaliar a
adequação do método ao contexto específico. Em resumo, ao aplicar o MCA de forma
consciente, os pesquisadores podem obter insights significativos e interpretáveis,
enriquecendo a compreensão de padrões nos dados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, Diva Martins Rosas; Hamacher, Silvio. Aplicação do Método AHP para Avaliação
de Projetos Industriais. Rio de Janeiro, 2007. 128p. Dissertação de Mestrado -
Departamento de Engenharia Industrial, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

MOREIRA, Roberto. Avaliação de projetos de transportes utilizando análise benefício


custo e método de análise hierárquica. 2000. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Civil)–Universidade estadual de Campinas.

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