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APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA (AHP) NA ESCOLHA DE

UM MEIO DE TRANSPORTE EM CONDIÇÕES PRÉ -ESTABELECIDAS

Larissa dos Santos Trindade


Lorena Pires de Souza
Lorença Vitória da Silva Mendes
Maria Eduarda Araújo
Vinicius Arana Pires de Oliveira
Wendel Oliveira de Souza Franco

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo auxiliar na escolha do meio de transporte


mais viável em condições já pré-estabelecidas. A partir da observação das dúvidas
recorrentes enfrentadas pelas pessoas que desejam adquirir algum veículo de
transporte verificou-se a importância do desenvolvimento desse artigo acadêmico.
O mecanismo utilizado foi o Método de Análise Hierárquica (AHP). Para isso foi
realizado um estudo de caso de natureza qualitativa e quantitativa, observando-se
as características de cada veículo de locomoção. Fez-se necessária a análise de
critérios como segurança, tempo, custo inicial, custo de manutenção anual e custo
de operação mensal, classificando esses fatores como prioridades para quem
necessita de um meio de locomoção. Por fim, através dos resultados obtidos
concluiu-se que a melhor alternativa é o carro.

Palavras-chave: Método AHP; Meio de transporte; Estudo de caso; Álgebra.


1 INTRODUÇÃO

A ascensão do setor automobilístico teve seu início no final do século XIX, com
o fordismo, posteriormente substituído pelo toyotismo. O surgimento da tecnologia
resultou em diversos meios de locomoção, refletindo uma sociedade com mobilidade
urbana altamente complexa. Nesse contexto observa-se a importância de escolher
adequadamente o meio de transporte a ser utilizado de acordo com a realidade em
que cada indivíduo está inserido.

A diligência em definir decisões concerne em um pensamento crítico inerente


ao senso comum em que há um grande conjunto de “aplicações” em divergentes
esferas, porém nem sempre ficará a dispor dos indivíduos informações e dados
cruciais acerca de determinado assunto que precisa de resolução.

Decidir pela escolha de um meio de transporte de forma rápida ou muito lenta


pode ser prejudicial financeiramente, moralmente e fisicamente (em casos de
assaltos). Desse modo, uma abordagem sistemática torna-se essencial para a
tomada de decisão.

De acordo com Thomas Saaty, a tomada de decisão abrange não somente


critérios como também subcritérios utilizados para classificar as alternativas de um
parecer. A partir da década de 1960 surgem visando dar apoio à tomada de decisão
os Métodos de Análise Multicritério, frequentemente usados em análises
comparativas de múltiplos fatores.

Um desses métodos é o Analytic Hierarchy Process (AHP), em português,


Método de Análise Hierárquica que consiste na utilização de modelagem matemática
para sintetizar o processo de tomada de decisão, comparando alternativas de modo
a apontar soluções mais adequadas de acordo com as preferências subjetivas
estabelecidas pelo tomador de decisão. A execução desse método conta com quatro
etapas: representação da hierarquia (com preferências qualitativas e quantitativas),
comparações de pares, definição do autovetor e agregação das prioridades (SAATY,
1991).

Sucintamente, este artigo está organizado da seguinte forma: a seção 2


apresenta o referencial teórico, a seção 3 apresenta a modelagem do problema, a
seção 4 descreve a aplicação do método AHP, a seção 5 expõe a análise dos
resultados e por fim a seção 6 fixa a conclusão final.

2 REFERENCIAL TEÓRICO: O MÉTODO AHP

O Analytic Hierarchy Process (AHP) foi desenvolvido por Thomas Saaty na


década de 1970. Trata-se de um método usado para derivar comparações pareadas
entre fatores e pesos afim de analisar critérios tangíveis e intangíveis. Em outras
palavras, o processo compreende a decomposição e sintetização das relações entre
os critérios até que se atinja uma priorização dos seus parâmetros, assim
aproximando-se de uma melhor resposta de mensuração (VARGAS, 1990).

2.1 – Etapa 1: Representação Hierárquica

Ao iniciar a aplicação do método é preciso dividir a decisão em níveis


hierárquicos visando facilitar a análise e a compreensão dos critérios e objetivos.
Para isso utiliza-se a estrutura em árvore, na qual é possível decompor a decisão
em níveis mais detalhados.

Figura 1 – Estruturação Hierárquica do AHP

Fonte: Gartner (2001)


2.2 – Etapa 2: Comparação por Pares

Após a hierarquização é necessário realizar comparações por pares em cada


nível da hierarquia fundamentada na escala de prioridades do AHP, dessa forma o
tomador de decisão é capaz de diferenciar a importância dos critérios estabelecendo
pesos para cada um (GRANDZOL, 2005).

Figura 2 – Tabela da Escala de Prioridades. Adaptada por Saaty (1991)

Fonte: usp.br

Nessa etapa do processo os critérios são comparados paritariamente sendo


agrupados em uma matriz. Para calcular o número de julgamentos par a par que
devem serem feitos em relação aos critérios, usa-se a seguinte fórmula:

n² - n/2

Sendo:

• N a ordem da matriz
• Seus elementos definidos conforme a matriz genérica mostrada na figura 3.

Figura 3 – Caracterização de Uma Matriz no AHP


Fonte: Os Autores

Onde:

● aij > 0
● aij = 1/aji (recíproca)

● i=j, logo aij= 1 ∴ j=i, aji = 1

A matriz de decisão é sempre uma matriz quadrada, recíproca e positiva.

2.3 – Etapa 3: Definição do Autovetor

A fase que dá sequência a aplicação do método é a chamada definição do


autovetor, esse processo expõe a ordem de prioridade entre os critérios (COYLE,
G., 2004).

Primeiramente é preciso encontrar o autovetor parcial (AVP), obtido pela


média dos valores estabelecidos em cada linha da matriz elevado ao inverso do
número de colunas.

Autovetor parcial = (a11 × a12 ×…× a1n)1/n

Em seguida deve-se calcular o autovetor total (AVT) somando todos os


valores. E por fim determinar o autovetor normalizado (AVN), sendo esse encontrado
pela divisão do autovetor parcial pelo autovetor total, como segue na fórmula:

AVN = AVP/ AVT


2.4 – Etapa 4: Agregação das Prioridades

A quarta e última etapa consiste em somar o autovetor normalizado de cada


critério de modo que se obtenha 1 como resultado, o equivalente a 100% de
consistência.

O Método da Média Geométrica é classificado como o mais eficaz para a


obtenção do autovetor das prioridades, isso dentro do respeito as propriedades
exigidas (COYLE, G., 2004).

2.4.1 – Cálculo do Resultado de Consistência

O método AHP fornece uma ferramenta capaz de verificar a consistência dos


julgamentos, a chamada Razão de Consistência, que apresenta um novo vetor, em
que cada elemento é divido pelo elemento correspondente no autovetor, dessa
forma, os resultados são somados e em seguida obtém-se a média total
(BERNARDON, et. al, 2011).

Para realizar a análise de consistência dos julgamentos, que visa diminuir as


incertezas do resultado, utiliza-se a equação presente na figura 4.

Figura 4 – Fórmula do Resultado de Consistência

Fonte: Os Autores

Em que o índice randômico (IR) é fornecido pela tabela adaptada de SAATY(1991),


presente na figura abaixo:

Figura 5 – Tabela de Índice Randômico, Saaty (1991).


Fonte: sciELO

E o índice de consistência, responsável por determinar a coerência geral das


informações, calculado pela fórmula descrita na figura 6.

Figura 6 – Fórmula do Índice de Consistência

Fonte: Os Autores

de modo que n corresponde a ordem da matriz e o lambda(λ) máximo é dado pela


multiplicação do somatório de cada coluna da matriz de comparação dividido pelos
valores encontrados no cálculo do autovetor normalizado.

Quanto maior for o resultado de consistência de uma matriz n em relação ao


índice randômico, maior será a inconsistência dos julgamentos.

3 MODELAGEM DO PROBLEMA

Nesse processo foram elencados os critérios a serem considerados para a


meta de decisão. Sendo baseados nos fatores classificados de maior importância
para a escolha de um meio de transporte adequado, de forma que seja possível por
meio deles analisar e identificar as melhores alternativa entre as opções já
estabelecidas, respeitando a questão econômica e de segurança dos usuários.

Conforme pode ser observado na Figura 7, os critérios escolhidos foram custo


inicial, tempo, segurança, custo de manutenção (anual) e de operação (mensal).
Entre as seguintes alternativas de meio de locomoção: carro, motocicleta, ônibus e
bicicleta.

Figura 7 – Árvore Hierárquica de Estruturação do Problema

Fonte: Os Autores

Com a meta de decisão, critérios e as escolhas já definidos foi possível


elaborar a estruturação do problema, como visto na Figura 7 acima, dessa forma,
objetivando auxiliar e facilitar a aplicação do método AHP.

4 APLICAÇÃO DO MÉTODO AHP

Para iniciar a resolução do problema e definir a prioridade deve-se ter bem


claro os Critérios, estes são os itens que devem ser analisados e que são relevantes
para a definição de ações de combate as perdas não técnicas. Estes Critérios são
os itens que compõem os problemas, igualmente em cada argumento em discussão,
assim, está enumerado de 01 a 05 na Tabela 1, bem como a descrição de cada um,
que assim será identificado neste trabalho.

Tabela 1 – Critérios para a Aplicação do AHP

Critérios Descrição
01 segurança
02 tempo
03 custo inicial
04 manutenção
05 operação

Fonte: Os Autores

Na Tabela 2 é mostrada a matriz A, de comparação dos critérios (01 ao 05), na


qual todos os critérios têm seu peso atribuído em relação aos demais.

Tabela 2 – Pesos atribuídos aos Critérios, Vetor Prioridade e Soma

Melhor meio de
locomoção seguran custo manutenç operaç priorida
disponível ça tempo inicial ão ão des VN

segurança 1 3 3 7 7 0,447 44,7%

tempo 1/3 1 3 7 7 0,292 29,2%

custo inicial 1/3 1/3 1 5 5 0,171 17,1%

manutenção 1/7 1/7 1/5 1 1 0,045 4,5%

operação 1/7 1/7 1/5 1 1 0,045 4,5%


soma 1,952 4,619 7,40 21,0 21,0 1,0 100%

Fonte: Os Autores

λ max = 1,952×44,7+4,619×29,2+7,40×17,1+21×4,5+21×4,5/100 = 5,376

IC = 5,376- 5/(5 - 1) = 0,376/4 = 0,094

RC = 0,094 /1,12 = 0,084

Sendo o IR adotado igual a 1,12, de acordo com a tabela de saaty (figura 5) para
uma matriz com cinco critérios (ordem 5)

O valor de RC é menor que 1,12 e portanto, confirma que os valores inseridos na


matriz são coerentes.
Após o cálculo da razão de consistência dos julgamentos, efetuou-se o
desenvolvimento da multiplicação dos valores estabelecidos para os critérios de
cada alternativa pelos valores das prioridades dados pela tabela 2.

Tabela 3 – Multiplicação Carro × Vetor Prioridade

tempo custo inicial manutenção


x segurança (min) (reais) (reais) operação
Carro 10 36 70.000,00 2.000,00 110,00
Carro x prioridades 4,470 10,512 11.970,00 90,00 4,95

Fonte: Os Autores

Tabela 4 – Multiplicação Ônibus × Vetor Prioridade

tempo custo inicial manutenção


x segurança (min) (reais) (reais) operação
Ônibus 5 96 0 0 193,60
Ônibus x prioridades 2,235 28,032 0,0 0,0 8,712

Fonte: Os Autores

Tabela 5 – Multiplicação Bicicleta × Vetor Prioridade

tempo custo inicial manutenção


x segurança (min) (reais) (reais) operação
Bicicleta 0 52 1.000,00 150,00 0
Ônibus x prioridades 0 15,184 171,00 6,75 0,0

Fonte: Os Autores

Tabela 6 – Multiplicação Motocicleta × Vetor Prioridade

tempo custo inicial manutenção


x segurança (min) (reais) (reais) operação
Motocicleta 0 30 20.000,00 500,00 193,60
Motocicleta x prioridades 0 8,76 3.420,00 22,50 8,712

Fonte: Os Autores

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Ao realizar a comparação dos resultados obtidos pelas tabelas 3,4,5 e 6


construídas a partir da aplicação do método AHP, para a escolha de um meio de
transporte adequado, verificou-se que alternativa carro possui o maior valor no
quesito segurança, esse que, por sua vez, é o critério mais importante para a tomada
de decisão. No segundo mais importante critério, o tempo, sabe-se que quanto
menor o resultado, mais rápido o meio de transporte é. Como o menor valor definido
encontra-se no item moto, conclui-se que essa opção é a melhor quando se busca
rapidez. Entretanto, essa possibilidade não obtém sucesso no requisito segurança,
então é descartada.

Por fim, a alternativa carro torna-se cada vez melhor, visto que, além de
oferecer segurança, também oferece o segundo menor valor para o tempo, ou seja,
é o segundo meio de transporte mais rápido.

6 CONCLUSÃO

Constatou-se que, após a aplicação do método de Análise Hierárquica (AHP)


na escolha da melhor forma de locomoção, o carro é a alternativa mais viável para
o tomador de decisão pois atende aos dois critérios mais importantes, segurança e
tempo, respectivamente. O resultado da razão de consistência mostra que os
julgamentos foram precisos, e, portanto o método AHP foi eficaz para auxiliar na
decisão final.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDON, D. P. et al. AHP decision-making algorithm to allocate remotely


controlled switches in distribution networks. IEEE Transactions on Power Delivery,
v. 26, n. 3, p. 1884–1892, 2011.

COSTA, H.G. Auxílio Multicritério à Decisão: método AHP, Artigo, ABEPRO,


2006.

COYLE, G. The Analytic Hierarchy Process. New York: Pearson Educational,


2004.

ENSSLIN, S.R.(1995). A Estruturação no Processo Decisório de Problemas


Multicritérios Complexos. Dissertação de mestrado, PPEPS, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

GRANDZOL, J.R. Improving the Faculty Selection Process in Higher Education:


A Case for the Analytic Hierarchy Process. Bloomsburg University of
Pennsylvania. IR Applications, v. 6, August 24, 2005.

ISHIZAKA, A.;NEMERY, P. Multi-criteria decision analysis: methods and


Software. John Wiley & Sons, 2013.

JORDÃO, B. M. C.; PEREIRA, S. R. A Análise Multicritério na Tomada de


Decisão - O Método Analítico Hierárquico de TL Saaty: Desenvolvimento do
método com recurso à análise de um caso prático explicado ponto a ponto,
2006.

SAATY, Thomas L. (1980) The Analytic Hierarchy Process: planning, priority


setting, resource allocation. McGraw- Hill, Inc. 287 p.

VARGAS, L.G. (1990). An Overview of the Analytic Hierarchy Process and its
Applications. European Journal of Operational Research, 48, 2-8.

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