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INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Descrição do TabletopT M
Cada banco de Dados é estruturado a partir da definição das características (ou
propriedades) relevantes para serem registradas de uma classe de “sujeitos”. Cada sujeito
passa a ser um registro do banco de dados e as características os campos. Como aponta
Hancock et al (1992), uma das fases fundamental para o tratamento de informações via banco
de dados é o estabelecimento de formas sistemáticas de medidas e categorização. O banco de
Dado não é simplesmente uma coleção de registros, pressupõe uma gestão, sistematização e
processamento das informações.
O TabletopTM, desenvolvido pelo TERC (Tabletop (TM) and Tabletop Junior (TM),
1995), é um banco de dados educacional, o qual permite incluir as etapas de construção,
exploração e análise de banco de dados. O Tabletop apresenta-se basicamente com 2 janelas:
o de Banco de Dados (DataBase) e o de gráficos (Tabletop).
Este exemplo é um banco de dados sobre figuras planas que são ou não exemplos do
conceito. A tabela que aparece é o banco de dados em si, enquanto que a Janela com o
diagrama de Venn é o ambiente de gráficos denominado de tabletop.
O pré-teste (vide anexo) foi composto por questões sobre os procedimentos lógicos de
classificação, sendo: cinco através da interpretação do diagrama de Venn e cinco através de
uma tabela. Após a intervenção foi aplicado um pós teste foi similar ao pré-teste.
Selecionados os dois sujeitos que participariam da pesquisa, acrescentamos mais cinco
questões - envolvendo a lógica das classificações e interpretação de dados numa tabela -
constituindo o pré-teste dos sujeitos já selecionados. Todas as questões do pré-teste (vide
anexo 1), utilizando o mesmo diagrama de Venn, desdobraram-se em duas partes: 1- os
alunos afirmam ou negavam a pergunta; 2- em seguida justificavam.
As questões foram distribuídas envolvendo operações da lógica das classes: 1-
reversibilidade; 2-conjunção; 3-extensão e compreensão; 4-complemento e 5-disjunção
inclusiva. Nas questões com a representação de uma classificação numa tabela, as operações
lógicas envolvidas foram: 1-inclusão; 2-compreensão; 3-extensão e compreensão; 4-
reversibilidade da inclusão e 5-extensão e compreensão
Realizamos o experimento em três etapas, detalhadas em seguida, e aplicamos um pós-
teste, similar ao pré-teste.
1- A familiarização
Objetivou que os sujeitos obtivessem uma familiarização com o computador e com o
software TabletopTM.
2-Atividade de identificação de um conceito – 2 h/a
Apresentamos aos sujeitos uma ficha de atividade, com a representação de duas
figuras planas, uma exemplificando o quadróide e a outra o não-quadróide, e pedimos para
que descrevessem quais as propriedades que constituíam o conceito de quadróide.
Após essa intervenção mostramos um banco de dados aos sujeitos com um conjunto
de quadróides e não quadróides, identificados por Q e NQ, e as propriedades que lhes eram
comuns e as que os diferenciavam.
O objetivo destas atividades foi que os sujeitos trabalhassem com a compreensão e
extensão de um conceito não familiar, desafiados a descobrir os atributos necessários e
suficientes para que um objeto seja um exemplar daquele conceito, construindo assim o
conceito.
Atividade de classificação – 2 encontros com 2 h/a cada.
A partir da construção de um banco de dados com seres vivos colocando os atributos
que importam para uma classificação, os sujeitos foram desafiados a produzir classes e
subclasses de seres que possuíssem características semelhantes, gerando sua própria
classificação. Após gerarem sua própria classificação, foram entregues cartelas com o
desenho de cada ser, seu nome real e o nome fictício, a fim de que eles comparassem a
classificação nas ciências e a classificação gerada.
60% 50,00%
50%
38,46%
40%
26,92% 26,92%
30%
20% 11,54%
7,69%
10%
0%
O gráfico acima representa o resultado geral do pré-teste aplicado aos vinte e seis
alunos - servindo-nos como instrumento para selecionar os dois sujeitos da pesquisa, em
termos de sim ou não. Quanto às respostas com justificativas válidas, o percentual diminui
bastante. Porém, nos deteremos neste artigo à análise da intervenção pelos sujeitos
selecionados (1 e 10) e a comparação dos pré e pós-testes quanto aos sujeitos selecionados.
Percentual de Acertos dos Sujeitos 1 e 10
100%
100%
80%
80%
60% Pré-teste
40% 40%
40% Pós-teste
20% 20%
20%
0%
Sujeito 1 - Sujeito 10 - Sujeito 1 - Sujeito 10 -
Diagrama Diagrama Tabela Tabela
100
80
60
pré-teste
40
pós-teste
20
0
sujeito 1- sujeito 1- sujeito 10 sujeito10-
Diagrama tabela diagrama tabela
Conclusão
A nossa hipótese inicial era de que um banco de dados eletrônico que permitisse a
organização dos dados pelos sujeitos, simulasse representações de inclusão de classes, através
de critérios selecionados por estes, trabalhasse com múltiplas representações desses dados,
seria relevante para o desenvolvimento dos procedimentos lógicos de classificação.
Partimos dos resultados de um pré-teste no qual os sujeitos não conseguiram justificar
as questões indicadas acima, e atingimos um percentual acima de 80% nos resultados do pós-
teste, confirmando a nossa hipótese inicial.
Na atividade de construção de um conceito, os sujeitos permaneceram observando
apenas a figura que representava o conceito, sem realizar qualquer tipo de comparação com as
propriedades complementares.
A mesma atividade apresentada através de um banco de dados, no qual aparecia a
relação das propriedades numa tabela contribuiu para que começassem a relacionar as
propriedades complementares com as propriedades comuns ao conceito. No final desta
atividade os sujeitos representam o conceito sempre fazendo referências ao que ele não é. As
identidades e contradições com o não exemplo, ou o outro conceito, passaram a ser para os
sujeitos em questão um fator importante nas estratégias construídas para a construção da
classe e a formação do conceito.
Nas pesquisas realizadas por Piaget (1976), o procedimento lógico da reversibilidade,
a realização mental de ações opostas simultaneamente- excluir as partes do todo e incluir as
partes formando o todo-, é apontado como sendo um dos mais difíceis, pois implica os
princípios lógicos fundamentais descritos acima: a identidade e a não contradição.
Um outro dado significativo foi que apoiados na investigação paralela com o diagrama
de Venn (presente no banco de dados), os alunos passam a construir um entendimento da
representação da tabela, conseguindo identificar a extensão e compreensão do conceito. Por
sua vez, o uso das tabelas melhorou significativamente a compreensão dos diagramas de Venn
e os mecanismos da lógica das classes que ele representa.
O movimento simulado no programa de reunião e dissociação das classes,
representando relaçôess lógicas, a possibilidade dos sujeitos observarem na tabela o
significado daquela representação no relacionamento das propriedades (compreensão e
extensão), contribuiu para que os sujeitos usassem o banco de dados na elaboração das
hipóteses de solução dos problemas apresentados e usasssem os diagramas para checar tais
hipóteses.
Os dados indicam que esse processo de sensibilização "lógico visual" contribuiu para
que os sujeitos demonstrassem habilidades em realizar e justificar o procedimento lógico da
reversibilidade.
2
Classe aqui refere-se a um dos itns da taxonomia.
O estudo mostrou, ainda, uma dificuldade em coordenar a extensão e compreensão,
identificar a inclusão de classes na tabela, sem a manipulação dos diagramas, embora
comparando a performance dos sujeitos no pré e no pós-teste podemos identificar uma
melhora bastante significativa.
Apontamos como essencial para a interpretação da tabela, sem o recurso dos
diagramas de Venn, a atividade de construção do Banco de Dados pelos próprios sujeitos pois
o processo de organização dos dados na tabela exigem habilidades para selecionar critérios
que nos permitam compreender as propriedades.
E, por último, o desenvolvimento significativo do sujeito que ficou no computador, e
diferenciado do desenvolvimento do sujeito que em todos os momentos não manipulou o
computador, fica explicitado pelos resultados da análise das atividades com o ambiente
computacional, porém, os resultados quantitativos e comparativos entre pré-teste e pós-teste
não os diferenciam muito. Esta diferenciação aparece nos resultados qualitativos das
justificativas das respostas às questões dos testes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HANCOCK, C.; Kaput, J.J. and Goldsmith, L.T “Authentic Inquiry with Data: Critical
Barriers to Classroom Implementation”, in Educational Psychologist, 27(3), 337-364, 1992.
PIAGET, Jean e INHELDER, B. Gênese das Estruturas Lógicas Elementares,[La genèse des
structures logiques élémentaires”];tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 3ª
Edição, 1983.
Tabletop (TM) and Tabletop Junior (TM): New computer Tools for Logic, Information,
Graphing and Data Analysis. In Hands on! 17(2), 1994.