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TERCEIRO LIVRO
KDRAÇOES DE CRIANÇAS
Série de contos moraes e cívicos
Approvada pelo Governo e adoptada
pela Directoria Geral da Instrucção Pública para as Escolas
e Grupos Escolares do Estado de S. Paulo
<3
A autora.
Rio, 26 de Março de 1913
Arnaldo Barreta
OPINIÕES
"A Sra. D. Rita de Macedo Barreto, distincta pro
fessora paulista, acaba de publicar e de nos offerecer a
' série, em tres volumes, de livros de leitura para uso de
nossas escolas e grupos escolares, a que denominou “Co-
rações_de Crianças”. Como bem,o declara, é uma colle-
cção de pequenos contos para o ensino moral e civico.
Esta questão de livros de leitura nas escolas publicas
não é' tão simples como póde a principio afigurar-se aos
que se não dedicam á resolução dos problemas pedagógi
cos. Pelo contrario, a literatura didactica pede requisitos,
senão mais difficeis, ao menos mais especiaes do que
qualquer outra. As qualidades de singeleza dos assum-
ptos, dé simplicidade no estylo, de facil accessibilidade
ás intelligencias infantis, reunidas á necessidade de tornar.
a leitura, ao mesmo passo que util, agradavel, interes
sante, têm feito “échouer” mais de um espirito illustrado.
E embora se afigure paradoxo, a verdade é que se torna
muito difficil a uma intelligencia de alto cultivo descer
ao nivel das crianças. Este dom pertence mais geralmente
áquelles que por circumstancias varias se adaptam ao
meio infantil. E nestas condições se encontra a autora
do livro, que tem a seu favor o ser mulher, e ainda mais
— o ser professora; e mais ainda que tudo — o ser mãe.
Com effeito, essas tres condições se revelam a cada
• passo, em cada lição, em: cada conselho, em cada exemplo,
quer pela escolha dos assumptos, quer pela suavidade no
dizer, quer pela moralidade^ e bondade que transpiram de
todas as lições, onde não sê encontra nenhum mau 'exem
plo, nenhuma dessas costumeiras “partidas” de péssimo
gosto com que se procura divertir as crianças e que não
OPINIÕES
ô
Ante a bandeira
Altaneiro pendão da liberdade.
Estandarte da paz e da esperança.
Cuja egrégia divisa as ííases lança
Da mais larga e geral fraternidade!
Senha augusta da pátria, nobre herança
Do tocante labor da antiguidade,
Onde o sacro, saber da humanidade
Mostra ás eras por vir grata bonança !
Nunca zelo sem fé teu plano altere,
Antes busque entender, preze e venere
Esse voto de amor no lemma expresso!
Não tremules nos campos de batalha.
Nunca sirvas a um povo de mortalha.
Mas de pállio nas festas do progresso!
Alipio Bandeira.
Paulo uma pobre viuva que trabalha muito.
sustentando com diffículdade a casa.
Tem duas filhas: a mais velha.já pode
ajudal-a um pouco; a outra é ainda pequenina.
Em um dia de iin
verno, Gilda, que é a
mais velha, fbi entregar
uma trouxa de roupa la
vada.
Ao chegar ■ á 'casa
da fregueza, esta notou'
que a pequena tremia
de frio.
— Pobre menina!
pensou. Está a tremer
de frio e as minhas filhas deixam os agasalhos
em tão bom. estado.
E cheira de piedade deu-lhe uma capa de
a dos Pyrineus que fora de uma de suas
filhas.
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TERCEIRO LIVRO 5
te a defendel-a contra 0
inimigo; Santos Dumonf
e Bartholomeu de Gusmão
procuraram, erguendo-se
até as nuvens, elevar 0
nosso Brasil.
Rio Branco trabalhou
a 'vida toda para
tornar a Patria res
peitada e vencedo
ra em todo 0 mun
do civilizado.
Homens como es:
tes, meu filho, são
os verdadeiros pa
triotas. ' •
Patria latejo em ti, no teu lenho, por onde
Circulo! E sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho
E, em' seiva, ao teu clamor a minha voz responde
E subo do teu cerne ao céo. de galho em galho!
Olavo Bilac
Simples e util.
Seus ramos, suas flores,
seus fructos não causam
admiração, mas são grandes
os benefícios que elleespalha.
0 linho produz bellos
tecidos, que só~ os ricos po
dem comprar.
O carneiro dá tecidos
quentes que se usam no tempo
de frio e que também são
- caros.
A seda, tão linda e admi
rada, só
mente
pode ser adquirida por
aquelles que dispõem de
muitos recursos.
32 TERCEIRO LIVRO
Cláudio Nunes.
A. Patria
/ •<< A MÃE, eu ouço falar nas bellezastl
dos outros paizes, no seu grande progresso, em |
suas riquezas e monu
mentos. em tudo em-
fim. Mas parece-me que
os outros, com todas "as
riquezas e bellezas, não.
valem o meu !
Creio que teria um
grande desgosto se não
fosse filho do Brasil.
— Isto não é de admjrar em ti. Lauro,
qúe nasceste em umpaiz como' ò'Brasil, grande,
bello e rico; mas o que te acontece, meu filho,
acontece a todos os homens.
Os moradores, dos polos que vivem no meio
do gelo e quasi ás escuras; os habitantes das
brenhas ardentes da África têm, como tu, o
mesmo .amor da Patria.
TERCEIRO LIVRO
Desprezivel é a vaidade
Quanto é bella a singeleza.;
Só tem valor a belJeza
Que ao lado está da bondade”.
sJLsseBad & e Miloca plantámos duas sementes
de pecegõ no quintal: a minba nasceu e a delia
não. O jardineiro disse
que Miloca calcou mui
to o chão e que não o
humideceu.
— Para que uma
semente germine, Ru
bens, é preciso calor,-hu
midade e ãr. Miloca,
apertando muito o chão,
penetrasse até á semente.
Se o lugar era muito secco, também
era preciso agúal-o para a semente germinar.
Ainda é necessário para isso o calor que exis
te sempre na terra.
— Se os homens não plantassem as semen- •
tes, não se reproduziríam as plantas, <papae?
— Os homens fazem a disseminação, Ru
bens: mas as chuvas, os ventos eos passari
nhos se encarregam também dessa tarefa.
66 TERCEIRO LIVRO ■
Olavo Bilac.
ereta.
Seu pae, gerente de uma grande casa, de
fazendas, tinha um bom ordenado.
Uma vez, conversava elle intimamente com'
a esposa, sem ter visto a filha que, por brin
cadeira, se havia escondido atraz de umá porta..
— Se não fosse a difficuldade de achar
outro emprego, eu deixaria, o meu patrão. 3
Não posso supportal-oé umihomem sem
caracter e sem escrúpulos.
Passados alguns dias, Dolores foi passear
á casa de uma vizinha.
Lá estava uma se
nhora, que a chamou e lhe
fez muitas festas.
A menina poz-se a
tagarelar muito e ficou
com a senhora á janella
da rua, emquanto a dona
da casa foi dar alguYnas ordens á criada.
TERCEIRO LIVRO
_79
Rene’ Barreto
A embriaguez
(Jfeproclucção cie um /Um) Do caderno de Laura
* * .. “
E Carmen, com o consentimento de sua
mae, dahi em deante, foi diariamente fazgr
TERCEIRO LIVRO
21
uma visita e levar uma gulodice qualquer á
enferma. .‘1
LUL Esta era só
no mundo. Criou
pela menina uma
grande affeiçâo
e, quando já es
tava quasi boa.
um dia, segurãnl
do-lhe nas mãos,'
falou-lhe com muito carinho e bondade: '■.I
— Eu sempre bemdigo o meu ferimento
que te illuminou a alma, formada para o bem'
e pervertida pelas más companhias.
itAj*
0 polichinello
l) (Reproducçao de um film) Do caderno de Nina
governante.
Mas em breve
tempo ella de
sempregou-se.
Percorreu, depois, varias casas e não parou
em parte alguma por causa da preguiça. Com o
TERCEIRO LIVRO
Coelho Netto.
Ordem e progresso
MrAZENDO uma bandeira brasileira,
Aristides chegou-se perto de seu pae e pergun
tou-lhe :
— Que quer dizer esta inscripção, “Ordem
e Progresso’', que eu vejo em nossa bandeira ?
— Quer dizer, meu filho, que num paiz onde-
não haja ordem não póde haver progresso, por
que este c companheiro daquella. .. "
A Pat.ria é uma grande familia. Ora, em
uma familia é preciso que todos da. casa, e prin
cipalmente os, chefes, tenham energia e caracter.
para, que tudo corra bem.
Do contrario, vaetudo pela agua abaixo, co
mo é costume dizer-se.
Respeitas os ninhos
(Victor Hugo)
II
AInstrucção, novo sol que vem doirar a infancia,
Do mesmo modo fala á fúnebre Ignorância,
Neste dia de festa:
— l‘Ao longe! Para longe .
■‘0 teu manto côr de um hábito de monge...
“Esconde a sombra tua, esconàe esse teu rosto
.“Negro como o pesar, feroz como o desgosto !
“Desapparece sem mais teres esperanças,
“E deixa-me aclarar a mente das crianças!
“É’s.amágua, és a dor! Sou, no entamto, aalegria!
“Ignorância cruel,"foge ao rutilo dia!”
D ella, feita de treva, oh ! não resiste, não!
Triste, vencida, foge aos raios da Instrucção!
B. Octavio
A fallencia
pae de Dulce, um rico negociante, fez
uma grande festa no dia do anniversario de sua
filha mais velha, e deu-lhe de
presente uma pequena machina
de photographia instantânea.
Passados raezes, o nego
ciante teve uma grande infelici
dade nos negocios e falliu. Tu
do o que tinha entregou aos cre
dores, mas faltava pagar ainda a um riquíssimo
proprietário morador na sua vizinhança. . :
Este, querendo receber alguma cousa do
que lhe deviam, havia penhorado toda a mobilia
da casa e no dia seguinte Os meirinhos e
escrivães iriam invadir aquelle lar sagrado. O
sr.. Cordeiro, pae de Dulce, e sua mulher que
se 'haviam resignado com a perda de todos
os bens, não podiam conformar-se, com este
ultimo golpe.
Sentados a um canto, as physioiiomias
abatidas' e o olhar triste, reflectiam no semblan
te o desanimo que lhes dominava a alma.
TERCEIRO LIVRO 149
É
/ tuas, que se desprendeu
c‘° pedestal, cahiu e
’ quebrou-se.
As companheiras de -
.< í estavam que
' Zulmira, nesse còm
de ponta dia ■
. ella, resolveram accu-“
sal-a do desastre.
Esta, por sua peraltice, já tinha soffrido
todas as penas a que estavam sujeitas as
ai umuas.
Agora devia ser expulsa. "'SKF
0 director chamou as meninas e começou
a interrogal-as. Todas accusaram Zulmira.
que aliás affirmava não ser culpada: mas
ninguém lhe dava credito, visto ter muito
maus procedentes.
TBRCEIKO LIVRO
A terra é um charco.
c o céu é o mar...
Voa, meu barco,
sem descançar!
TERCEIRO LIVRO 163
Partamos. A madrugada
Já vem tocando a alvorada
no seu risonho clarim . .
Ai 1 vou cobrir-te de flores,
de perfumes e esplendores.
meu formoso bergantim !
E a casquinha de noz.
tão rapida e veloz
como a pedra ao sahir de dentro de uma funda,
corre para o rochedo, espedaça-se, afunda.. .
***
Amaina o temporal. Os ventos esfusiantes
rccolherh-sé á caverna em que se achavam dantes.
As nuvens, em tropel — levípedes gazellas —
deixando a descoberta as pállidas estrellas,
dirigem-se a correr precipitadamente
para os lados do sul.
Rompe a manhã no oriente.
E o sol, abrindo o grandè e ignívona pupilla,
inunda a superfície oceanica, tranquilla,
de um múltiplo matiz de tintas ignotas.
Um bando de gaivotas.
pousa de vaga em vaga, ou volteja pelo ar.
Rrné Barreto'
Ã^^^fNTRE as virtudes que mais deveis
cultivar estão a gratidão, a lealdade, a since
ridade.
Os ingratos são desprezados, são odiados
por todos, e os exemplos de ingratidão e desleal
dade, a historia os conserva através dos séculos,
para cobrirem de op-
próbio, os nomes da-
quelles que os deram,
como Judas que tra-
hiu Jesus Christo, seu
mestre; Lazaro de
Mello que trahiu Be-
ckman, seu padrinho e
protector; Silverio dos
Reis que trahiu os in
confidentes mineiros.
Também os exem
plos de gratidão,^ de
i68 TERCEIRO LIVRO
D
OC
Quem hicta vence .
O desmazêlo . . . .
O cumprimento do dever ... ............................ 42
As duas nobrezas (poesia).................................................. 44
A patria............................................ ... 46
A caridade.................................. ............................ 48
A caridade (poesia).................................................. 50
O imposto. .... ............................................. 53
A alegria das mães. .. . .................................. 55
A rua.......................................................................................... 57
O orgulho ..... . .................................. 59
A bella Corina (poesia)............................................. .... 62
As sementes................................. ..... 65
O asseio.................................................. ... 67
O caipira............................................................. 69
A magnanimidade ... ... 71
A fraternidade....................................... 74
TERCEIRO LIVRO
12L
Paginas J
A casa (poesia). ..... ... 76 .
A faladora........................................................................... 78
A mentira........................................................................... <S1
A honradez............................................................................ 841
A arvore.................................................................................. 86 ■
Que plantamos quando uma árvore plantamos (poesia); 89
A embriaguez...................................................................... $S
0 governo............................................................................ 93 *
Respeito á velhice . '................................... 96
O polichinello............................. . 99
O vendedor de jornaes..................................................... 101
A guerra..................................................... . . 104
A prodigalidade.............................................. 107
Não condcmnenios' sem provas........................ . - 110
Uma visita á classe......................................... .113
A sciencia (poesia) .... ....................... 115
A cortezia .......................................... 118
A preguiça . . .............................. ................................... 121? £
Tua mãe ............ 1-24
Ser mãe (soneto)....................... ............................. 127
Ordem e Progresso .................................................... 129
Respeito á dôr alheia..................................................... 182
A economia............................................................................ 185
Respeitae os ninhos (poesia) ......................................... 189
O herde..................................................... 1'10
A vaidosa............................................................................ J18
Duas alvoradas (poesia) ... 146
A fallencia................................... ....................... 148
Os defeitos da alma......................................... • 484
Carta ............................................... 155 _
A noite de natal....................... . . . 158
O pescador (poesia) .... ............................. 160 .
A meus filhos...................................................................... 167
SfeFibulas . !$500
$ÔS DE EEITU.RÁ
KÕPKE
áfe^itrato-. livro..................... 43000
R
33000
< 2$S00
23000
2$000
2$500
-- 3$5QO
. 33500-
FRANCISCO VIANNA
Leituras Infantis — Cartilha ípela. sentenciarão) . ’. ’ . .» , J$300
— Leitura Preparatória (de cpiráboraçáJ)'toiTt .
. (Micúel CarjÚí>ro Junior)........................ ?3$5j)0
" — Primeiro livre 23500
2' ■ • ‘ . Sejjánd. «JK: •> 33000
' -* -Jctc.C livro . . . . ...... 33000
-i" - Quarto livro \ . . . .. . 43'000
r nmeiro^Kâjços'na Leitura (pela sénfenciação cq»3y)laba<;ãn
. explicit-i) . . .-........................ 13500
csssEsn^