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o texto narra, com certo humor, uma história de crime passional. Para sermos
mais precisos, a fábula de "Tragédia brasileira" é a seguinte: Um homem de 63
anos conhece uma prostituta em precárias condições econômicas e de saúde e
a leva para viver junto dele. Após bancar a recuperação da saúde e da beleza
da amante, ele passa a ser traído por esta. Avesso a escândalos, decide mudar
se de bairro cada vez que descobre uma traição da mulher. Após três anos e
inúmeras mudanças de endereço, ele a mata com seis tiros (Junior, 2009, p.
49).
o foco narrativo adotado pelo narrador é o narrador onisciente neutro. A história
é narrada em 3a pessoa; o narrador adota uma posição distanciada, de
observação dos fatos, o ângulo de visão é global (onisciência), mas não emite
opiniões nem comentários sobre as personagens, a história ou, mesmo, o
temário (conceito que engloba tema e motivos presentes num texto narrativo)
que aborda (Junior, 2009, p. 50).
“Esse conflito marca os diversos espaços, representados no texto pelos nomes
dos bairros e ruas do Rio de janeiro, com uma tensão crescente, que explode
em violência quando do assassinato. Como o ambiente é definido
exclusivamente a partir das ações de Misael e Maria Elvira, a ambientação
classifica-se como dissimulada” (Junior, 2009, p. 51).
Por fim, note-se que o narrador, embora lance mão do foco narrador onisciente
neutro, não deixa de posicionar-se em relação à história que narra. Sutilmente,
o modo como a história é construída revela que ele privilegia Misael em
detrimento de Maria Elvira, construindo o texto com elementos que tendem a
influenciar o posicionamento do leitor em relação aos fatos narrados (Junior,
2009, p. 51).
Isso é particularmente perceptível no fato de que a ingratidão e a
promiscuidade de Maria Elvira são ressaltadas quando o narrador afirma que,
apesar de Misael dar "tudo quanto ela queria" e relevar as traições, mudando-
se de bairro com ela em vez de lhe dar "uma surra, um tiro, uma facada", a
mulher continuava a arrumar namorados - o que reforça, na personagem, o
traço interesseiro (Junior, 2009, p. 51-52).
"Um apólogo", conto de Machado de Assis, apresenta-nos a seguinte fabula:
Um narrador conta a seu professor a história de uma disputa entre uma agulha
é uma linha para definir quem era a mais importante. A agulha provoca a briga,
ofendendo a linha. Esta reage, mas, em certo momento, cala-se e concentra-se
no trabalho que ambas, manipuladas por uma costureira, faziam: o vestido de
baile de uma baronesa (Junior, 2009, p. 53).
Quando a costureira termina os arremates finais no vestido, a linha humilha a
agulha demonstrando-lhe que é ela quem vai ao baile enquanto a outra voltará
para a caixinha de costura. A agulha cala-se e, depois, recebe um conselho de
um alfinete (Junior, 2009, p. 53).
O professor, ao ouvir tal história, faz um comentário no qual compara-se à
agulha. Há, como se pode ver, duas histórias entrelaçadas no conto de
Machado, mas a mais importante é a da disputa entre a agulha e a linha. Como
elas estão anemizadas, isto é, apresentando atributos humanos, estamos
diante de um tipo específico de conto: o apólogo (Junior, 2009, p. 53).
“As personagens que protagonizam o conflito central são a agulha e a linha,
por isso classificam-se como personagens principais. As demais são
personagens secundárias, a sabei: o alfinete, a costureira, a baronesa, o
narrador e o professor de melancolia” (Junior, 2009, p. 53).
“as personagens secundárias (costureira e baronesa; alunos ordinários e
professor). Esse paralelismo é responsável pela crítica social presente no
conto, é o que o faz um texto que cumpre o compromisso com o Realismo ao
qual se vincula Machado de Assis” (Junior, 2009, p. 53).
O nó ocorre logo no início da narrativa, nas primeiras falas da agulha e da
linha, quando a primeira provoca a segunda, e continua a procurar briga,
mesmo com a resposta reservada da outra. O desenvolvimento do conflito
chega ao auge no dia do baile, quando a linha vinga -se da agulha ao
perguntar-lhe quem é que, afinal, vai ao baile (Junior, 2009, p. 53).
As personagens do texto são João, José e Juliana. Em relação ao grau de
participação no desenvolvimento do conflito dramático, João e José
classificam-se como principais e Juliana como secundária, já que ela, embora
seja essencial para que o triângulo amoroso se configure, não faz mais do que
ocupar a posição de objeto da disputa entre Jose e João (Junior, 2009, p.
54-55).
o narrador, em "domingo no parque", é predominantemente observador, narra
em 3a pessoa, não participa diretamente do conflito dramático nem da história
narrada e não emite opiniões e/ou juízos sobre a história ou as personagens
(Junior, 2009, p. 55).
O narrador, entretanto, usa de dois focos narrativos para organizar a sua
narrativa: narrador onisciente neutro e onisciência seletiva. O primeiro foco é o
que predomina no texto, enfatizando a neutralidade do narrador e sua distância
em relação aos fatos narrados. O segundo foco manifesta-se na terceira
estrofe e nos versos de 1 a 3 da quarta estrofe, aproximando o leitor da
perturbação mental e emocional de José, tomado pelo ciúme diante da visão
de João e Juliana namorando na roda gigante (Junior, 2009, p. 55).