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Coordenação Editorial
Editora Claraluz I 1M OLHAR SOBRE O ESPAÇO E M THE GOD OF S W PIINGS
I I 11 i:iiia Moura Colucci de Carnargo 07
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( , L m UMA ILHA QUE EMERGE NANOITE
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Ficha Catalográfica elaborada pela Seção de Patamento da Informação da Bilc
"Prof. Achille Bassi7'-Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação -ICM(
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I>IESEN@ DERNITA: RELAÇÕES ENTRE ESPACIALIDADE PÚBLICA
E EROTISMO
Poéticas do espaço literário / Organizadores Oziris Borges Filho, Ana Carolina Sanches Borges 95
Sidney Barbosa, organizadores. - São Carlos, SP :
Editora Claraluz, 2009. 208 p. ARQUITETURA LITERÁRIA: SOBRE A COMPOSIÇÃO DO ESPAÇO
ISBN 978-85-88638-40-2 NARRATIVO
Claudia Barbieri 105
1. Literatura. 2. Poemas. 3. Leitura. I. Borges Filho, Oziris,
org. 11. Barbosa, Sidney, org. ESPAÇO FICCIONAL E AMBIENTAÇÃO E M PONTE DO G ~ O ,
ROMANCE D E DALCÍDIO JURANDIR
Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodtigues 127
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e manuseio do arquiteto.
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sensação só pode ser percebida nas entrelinhas pelo leito personagem, Lins divíde o conceito de ambientação em três
indícios criados intencionalmente pelo anca (quando o espaço é descritopela introdução do narradbr),
que se apresenta à decifração. O c (quando o espaço é percebido através da personagem) e
o ritmo do texto, o espaço criado, en qua ou dissimulada (quando a personagem age e narra sua a@o,
percebidos cqmo um todo, podem gerar sensações seja, a personagem constrói o espaço e não apenas o percebe).
melancolia, tristeza, como se fosse possível antever o que irá aconte A necessidade de criar categorias, tiploghs pua a apresentação
nas linhas seguintes. O exemplo abaixo, bem elucidativo, é 0 início do espaçona narrativa, logo se mostrainfrutífera e mesmo desnecess*.
conto AQaeda du Casa de Usbwde Edgar Poe: O próprio autor encontra dificuldades em enquadrar alguns textos dentro
das divisões possíveis, afirmando que pode ocorrer uma ~ e r m a b a d a d e
Durante um dia inteiro de outono, escuro, so
em que as nuvens pairavam, baixas e op entre elas. De qualquer modo, o que fica evidente é que o estudioso
passava eu, a cavalo, sozinho, por uma região sin do espaço deve o b s m também a questão da perspectiva ou foco
monótona - e, quando as sombras da noite se narrativo, ou seja, na maioria das vezes é por meio da percepção de
finalmente me encontrei diante da meIancólica Ca alguém (mrador ou personagens) que o espaço é apreendido.
(POE, 1978, p. 07). A última questão abordada por Lins na parte teórica discute as
Nessa passagem, percebe-se que algo maligno irá acontecer funções do espaso na narrativa. O autor deixa claro também que a
na Casa de Usher, mesmo que esse mal não esteja anunciado criação do espaço dentro do texto literário serve a variados propósitos
explicitamente, 6 possível senti-lo como num press@o. A adjetivação e adverte que, a percepção de um deles não significa que o leitor
negativa, as pausas provocadas pela pontuação, o texto interrompido desvendou "totalmente a razão de ser de um determinado c e d o
pelo travessão geram uma sensação de suspensã e dos recursos mediante os quais ele se ergue do texto W S , 1976,
seguido pela conjuntiva (e), cria uma expectativa derradeira: p.97)". Entretanto, chama a atenção dos leitores para algumas fuações
personagem se encontrava diante da casa. Todos esses elemento básicas. Escreve: "Tem-se acentuado, no espaço romanesco, como das
s~madosà narrativa em primeira p mais hporrantes, sua função caracterizadora. O cenário, escreve
leitor, como se ele próprio estivesse Philippe Hamon, no estudo sobre É d e Zola, "conkma, ~recisaou
criam uma atmosfera sobrenatural que se acentua p revela o personagemy'(LINS, 1976, p. 97 - grifo nosso)".
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todo 0 conto, até atingir o clímax da estória: a casa de Usher, em um O espaço serviria como um indicativo do contexto
noite de tempestade fufiosa, será engolida pelas entranhas da terta. socioeconôrnico, definindo a &se social da pei-soqem e pderia ainda
A amosfera, como pode ser percebido no exemplo dado, es esclarecer pontos sobre seu modo de ser, auxiliando no entendimento de
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ditetamente ligada ao processo, à técnica empregada pelo ficcionis suas atitudes e dos seus sentirnatos. No romance queifonan0A ctdTadi e
para criar uma série de sensações que envolvem ar s m z existe uma passagem muito interessante que s m como exemplo
~odo,0 ~0PMOO autor optou em escrever, torna-se deste caso. Zé Fkmandes, depais de sete anos, havia acabado de chegar
apreendido e analisado. Após a definição de no palacete do amigoJacinto, no número 202 da avenida Campos Euseos.
uma diferenciago entre espaço e ambient Após um reencontro caloroso,Jacinto o leva ate seu gabinete:
conjunto de processos conhecidos OU poss
na narrativa, a noção de um determinado ambiente" e espaço justamente Ele erguera uma tapeçaria - entramos no seu gabinete de
o ambiente evocado como imagem: "Para a aferição do esp trabalho, que me inquietou. Sobre a espessura dos tapetes
a nossa expeiiência do mundo; para aj&ar sobre a ambientação, onde sombrios os nossos passos perderam lago o som, e como a
transparecem os recursos expressivos do &tot.. UNS, 1976, p. 77)" realidade. O damasco das paredes, os dlvãs, as madeiras, eram
A ambienta~:Zopode ser entendida'como o modo pelo quai verdes, dum verde profundo de folha de louro. Sedas verdes
envolviam as lmes elétricas, dispersas em lâmpadas tao baixas
0 espaço é apresentado ou introduzido na narrativa. Partindo da
que lembravam estrelas caídas pôr cima das mesas, acabando
prinúpio de que esse só pode ser construído ou pelo narr de arrefecer e morrer: só uma rebnlhava, nua e clatra,no alto
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duma estante quadrada, esguia, solitária como uma livro Espaço e kkvahra: introdução a uma topoanálise levanta outras funções
pladcie, e de que o lume parecia ser o farol m atribuídas ao espaço na narrativa. Uma delas seria a de "injhenoqr as
biombo de laca verde, fresco de verde de relva, resguar personagens e também sojer suas ações (BORGES FTLHO, 2007, p. 37)".
a chaminé de mármore verde, verde de mar sombrio. ond Nessa situação, o espaço adquire uma característica determinista,
esmoreciam as brasas duma lenha aromática. E entre condicionando o desenrolar da ação. Existe uma passagem do livro O
i verdes reluzia, por sobrepeanhas epedestais, todaurnaMecânica
mziIato de Aluízio Azevedo bem elucidativa desta questão. Dona Maria
sunniosa, aparelhos, lâminas, rodas, tubos, engrenagens, hastes.
Bárbara, avó de Ana Rosa, pede ao cônego Diogo que consiga uma
friezas, rigidezas de metais... (QUEIROZ, 1979, voi. I, p. 384)- confissão da neta e que a aconselhe a esquecer Raimundo. O cônego
sabe conduzir a situação e conseguir o que quer:
A descrição do gabinete revela, em primeiro lugar, o luxo do
ambiente: a começar pelos espessos tapetes, as paredes revestidas de O cônego Diogo calculara bem. A encenação da missa, os
damasco2,os móv+ ( h ã s , estante, biombo), a presença de luz elétrica, amolecedores perfumes da igreja, o estômago em jejum,
a lareira, as peanhas e os pedestais; depois os nobres materiais de o venerando mistério dos latins, o cerimonial religioso, o
revestitnento,~fia.deiras, sedas e mármore, além da lenha aromática na esplendor dos altares, as luzes sinistramente amarelas dos
lareira. Somente alguém, com muitas posses - como de fato era Jacinto círios, os sons plangentes do órgão, impressionariam a delicada
-, poderia dispor de todo esse conforto. O gabinete também revela que sensibilidade nervosa da afilhada e quebrantariam o seu ânimo
Jacinto possuía uma curiosidade e uma tendência a se cercar de tudo aue altaneiro, predispondo-a para a confissão. A pobre moça
representasse progresso e modernidade: basta observar a quantidade considerou-se culpada; pela primeira vez, entendeu que era um
de apareihos e engenhocas dispostos pelo lugar, apresentados como crime o que havia praticado com Raimundo, sentiu minguar-
uma "Mecânica suntuosa". Porém, antes dessa passagem, Zé Eemandes lhe aquela energia de aço, que ihe inspirara o seu amor, e ao
constata que seu amigo havia mudado consideravelmente. Tinha terminar a missa, quando a avó a depusera nas mãos do velho
emagrecido, possuía rugas, estava levemente corcunda. A descrição lobo da religião, a sua vontade era chorar.
do gabinete também acompanha esse estado de espírito de Jacinto: as Ajoelhou-se, muito comovida, na cadeira, junto ao
lâmpadas baixas que lembravam estrelas caídas, "acabando de arrefecer confessionário e gaguejou, quase sem fôlego, o confiteor. Mas à
e morrer", a estante esguia e solitária, o lume melancólico, o tom verde proporção que rezava, os seus sentidos embaciavam-se por um
de mar que era sombrio, as brasas que esmoreciam, os aparelhos frios acanhamento espesso (AZEVEDO, 2006, p. 147).
e rígidos. Apesar do ambiente rico e luxuoso, a sensação que fica do
gabinete é de um lugar mste, pouco acolhedor, monótono, onde nem Como é possível perceber nesse exemplo, o cônego Diogo se
os estranhos aparelhos despertam a atenção. No fundo, era assim que aproveita dos rituais religiosos, do ambiente sagrado e sugestivo da
Jacinto se sentia: entediado, sozulho, desinteressado de tudo. igreja, acentuado pelos altares e pela luz difusa, pelo aroma espalhado
Nessa passagem também é interessante notar a ênfase dada à do incenso, pela música sacra tocada no órgão, para impressionar Ana
cor verde, repetida várias vezes com variações de tom, substituindo, Rosa, envolvê-la numa aura quase mística, santa e assim, fragilizá-la a fim
talvez e artificialmente, o verde genuíno da natureza. Isso aumenta de atingir os seus objetivos. Esse espaço imponente da igreja, somado
a uniformidade na decoração, tornando o gabinete um lugar quase à cerimônia religiosa, influenciou o espírito da moça: a atmosfera sacra
monocromático e, por ser um tom frio, diminui a sensação agradável de do lugar fez Ana se sentir culpada por ter se entregue ao seu amor,
conforto. Pela construção espacial do gabinete foi possível distinguir a Raimundo. O cônego consegue o que quer: Ana Rosa ia se confessar.
classe social de Jacinto e, também, klguns traços da sua personalidade, Essa passagem é interessante porque um dos personagens, no
do seu modo de ser e estado de espídt'o. caso o cônego, sabe da influência que o espaço da igreja pode exercer
O estudioso de espaço e literaha, Ozíris Borges Filho, no sobre os espíritos religiosos e, assim, soube manipular a cerimônia,
para obter exatarnente o que queria. O espaço religioso colaborou para
2 Estofo grosso de seda, com desenhos em relevo, que se fabricava em Damasco. influenciar, de forma direta, o comportamento da moça e despertar
nela a necessidade de se confessar. A personagem ficou submissa * No sentido oposto, em uma passagem do romance Senhora de
imposições do espaço. José de Alencar, é possível perceber o espaço, o ambiente do en'tiprno
Outra função apresentada por Ozíris Borges Filho como contrastantes com os sentimentos das personagens. Aurélia
quando o espaço e tudo o que o envolve, enfatizam, ou contras dava um baile em sua casa e valsava com Fernando intensamente. Os
significativpente com os sentimentos sentidos pela personagem. N rodopios causaram-lhe uma pequena vertigem e, por alguns instantes,
conto A cdrtomatzte, Machado de Assis cria justamente espaços perdeu a consciência, sendo levada por Fernando ao toucador. Lá,
corroboram os sentimentos sentidos por Camílo. Este, ao re a sós com o marido, ainda impregnada do torpor da dança, Aurélia
um bilhete do amigo Vilela, pedindo que fosse urgentemente esquece todas as razões que a separam do seu amor, porém, nesse
casa, fica desesperado e pensa que ele havia descoberto o caso que- quase movimento de entrega, menciona que Fernando era dela e que
mantinha com a sua esposa Rita. No caminho, tudo parece aumentar- '
o havia comprado muito caro. Com essas palavras, Fernando ergue-se
lhe a angústia: o ritmo do trote do cavalo, a rua atravancada por uma de sobressalto e é sarcástico com ela, dissipando aquelas condições de
carroça, as pessoas olhando curiosas o tumulto. Mas, quando se possível reencontro. Aurélia desejava voltar para o baile:
depara na frent~do prédio onde morava a cartomante anteriormente
consultada por Rita, Camilo, depois de ter hesitado por alguns Todos estes incidentes foram curtos e sucederam-se tão breves,
instantes, resolve também consultar a mulher. As cartas lhe dizem que que um quarto de hora depois do desmaio, Aurélia entrava
tudo ficará bem, para não se preocupar: no salão pelo braço do marido, tão fresca e viçosa como no
princípio do baile, e ainda mais deslumbrante de beleza.
A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia Valsaram tanto tempo quanto da primeira, e o mínimo alvoroço
com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se não agitou esses corações, que ainda há pouco se confundiam
dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a na mesma pulsação, e agora batiam isolados e cadentes, apenas
cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando agitados pelo movimento, como ponteiros de relógio. Havia
urna barcarola. Camilo achou o tíiburi esperando; a rua entre ambos um oceano de gelo. O baile continuou cada vez
estava livre. Entrou e sentiu o trote largo. Tudo ihe parecia mais animado (ALENCAR, 1997, p.193).
agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu
estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, Nesse trecho, o clima do baile, a música, a animação dos
que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e outros convidados, a valsa contrastam com os sentimentos do casal.
reconheceu que eram íntimos e fadares. Onde é que ele lhe Entre Aurélia e Fernando existe uma fronteira gélida, aparentemente
descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e impossível de ser transposta. Valsam desacreditados, magoados um
que hera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio com o outro, agmdo de forma mecânica, por obrigação. Precisam
grave e gravíssimo (ASSIS, 1997, p. 11).
manter as aparências e a encenação de um casamento ,ef. sequer
consumado, como é sabido pelo enredo do romance. E possível
O alívio sentido por Camilo mudara-lhe a percepção.A rua, antes perceber também um traço forte da personalidade de cada um. Aurélia
atravancada como os seus sentimentos, agora se encontrava livre; o trote mantinha-se impassível, determinada, "deslumbrante de beleza",
do cavalo que o angustiava, agora é percebido como largo (sensação de firme em seus propósitos; Fernando, resignado, derrotado e agressivo
fluidez); o céu estava com outro aspecto, lírnpido, como a clareza e a apenas conduzia sua mulher pelo braço.
certeza que sentia de que tudo não passara de sua imaginação; as caras Atribuir funções ao espaço é o mesmo que entender que
joviais...ou seja, o olhar de C d o mudara. O espaço que antes parecia este não ganha importância por surpreender ou inovar isoladamente,
assustador e aumentava a sua comoção psicológica, agora era claro e senão pelo que corrobora e enfatiza ao ser percebido ou acionado pelo
vivo. Seu espírito, tranqüjlizado pelá$;<,palavras da cartomante, fizera narrador ou pelas personagens. Põe-se ao lado de outros dados que
que ele percebesse as coisas à sua.voltá com serenidade e confiança. a ele se juntam para dar significado a aspectos que ele complementa.
Essa sensação falsa de segurança, com referência ao espaço, faz Camilo Isso, porém não diminui sua relevância como categoria fundamental
despreocupar-se faciiitando, assim, o fim trágico do conto. na narrativa. De fato, ele ressalta a relação que estabelece com o todo
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da obra e Ihe dá uma noção de conjunto, de harmonia, pois es omunicava à sociedade que estava com idade para se casar,
sem dúvida, ligado a um projeto muito maior, junto a todas as outr demonstrava sua solteirice e que procurava possíveis preteqentes.
categorias narrativas, que é a composição final da obra. Guy de Maupassant (1850-1 893), no conto O Sinal, também joga com
Após essa breve apresentação de alguns conceitos important esse sentido suül que o espaço da janela representava. Nele, a baronesa
da teoria específica dos estudos sobre espaço literário, é poss de Grangerie relata à amiga que gostava de ficar na janela observando
distinguir 'quatro elementos compositivos agentes na constru o movimento da rua. Porém, como era casada, mandara colocar uma
espacial narrativa. Embora possam ser compreendidos separadament cadeira baixa junto à janela para que pudesse ver a rua sem correr o
eles agem de forma simultânea na concepção do espaço e, p risco de ser vista pelas pessoas que por ali passavam, evitando assim,
essa razão, devem ser analisados, sempre, a partir das relações qu comentários maledicentes. Um dia, observando o prédio da frente, viu
estabelecem entre si, pois, na verdade, são diferentes manifestaç uma moça que se colocava na janela e que, com um sinal diminuto,
de um mesmo processo semântico. São eles: espaço-represe convidava os homens que passavam para subir. Era uma prostituta. A
espaço-cena e espacialidade e espaço do texto. baronesa, impressionada com o que via, foi tomada pela curiosidade
Por espaço-representado entende-se, principalmente, o caráter de saber se ela, uma alta dama da sociedade, ficasse na janela como a
que está por trás de sua constituição. Aos espaços físicos e geográficos, às outra mulher e fizesse o mesmo sinal, seria tomada por uma prostituta.
paisagens, às distâncias, às direções, aos objetos colocados na cena, sorna- De fato, foi o que aconteceu.
se um estrato de conotações novas, que pode representar, por exemplo, Da força representacional do espaço esses dois exemplos são
um certo s&tz/s social da personagem. O espaço apresentado na obra, significativos, mas existem inúmeros outros que conotam sentidos
enquanto representação, está impregnado de sentidos que possibilitam muito diversos. No teatro, a distribuição das pessoas nos camarotes
ao leitor sair da objetividade da obra e agregar outros caracteres possíveis e na platéia representa uma hierarquia rígida de poderio econômico
para o que lhe foi dado a conhecer ao longo da lei- e social. O mesmo acontece com residir em determinado bairro
Osman Lins, ao alertar que o entendimento do espaço não ou cidade, frequentar ou não algum local, com a decoração de um
deve ater-se unicamente ao denotado, já havia introduzido esta questão. ambiente, o número de cômodos de uma casa, e n h , com uma série
Porém, é muito comum ao leitor projetar-se culturalmente na ob de indicativos e consmções espaciais que geram interpretações, pelo
lida. Ler um romance do século XIX a partir do entendimento caráter com que se apresentam no texto.
tem hoje de cidade, da família, das relações sociais, da educaç O espaço-cena é constituído pelos elementos cênicos
divertimento, do namoro pode não ser tão enriquecedor quant do espaço-representado (objetos, luz, sons, texturas, cheiros),
leitura contextualizada. Que representação, por exemplo, assumia responsáveis pela composição dos ambientes e que contribuem na
espaço da janela, quando nesta se mostrava ou se debruçava algumamoça criação da atmosfera do texto. Michel Butor, no ensaio O e q q o no
Novamente, o romance Senhora pode ser usado como referência, po' romance, escreve o seguinte:
José de Alencar utiliza-se com maestria desse espaço representacional:
Primeiramente, como no teatro de outrora, bastará uma
Redobraram pois as insistências da pobre viúva; e Aurélia ain tabuleta: "lugar magnífico", "bosque encantador", "floresta
coberta do luto pesado que trazia do irmão condescendeu horrível", "uma esquina", "um quarto". Especificação que
a vontade da mãe, pondo-se à janela todas as tardes. Foi se afinará; será preciso sabermos que tipo de quarto. Lugaí
a menina um suplício cruel essa exposição de sua beleza co magnífico, você diz, mas que esrilo de magnificência?Teremos
a mira no casamento. Venceu a repugnância que lhe inspir necessidade de pormenores, de que nos apresentem uma
semelhante amostra de balcão, e submeteu-seà humiihação po amostra desse cenário, um objeto, um móvel que representará
amor daquela que lhe derao ser e cujo o único pensamento er o papel de indício. Que tipo de quarto?Aquele em que se pode
a sua felicidade ( A L E N C A 997,
~ ~ .p.
~ 84). encontrar tal espécie de cadeira (BUTOR, 1974, p. 42).
No caso do trecho acima, Aurélia, ao se colocar na janela, Pode-se apreender dessas palavras de Butor que a simples
farrapos de mortalhas: sobre as árvores imóveis, os pássaro Essa pequena passagem construiu um espaço-cena por meio
1
quietos e mudos, eriçavam as plumagens aos ventos cortante
As nuvens cltssolviam-sepelo ar, cheias de orvalhos estéreis. O exploração das sensações e dos tons emocionais. Aos ele&ntos
lenhador caminhava sempre, rasgando-se nas silvas, orvalhad cos apresentados eram atribuídos adjetivos que os qualificavam
dos pingos das árvores, pálido como os choupos e seren eensorialmente. Os sentidos -visão, audição e tato - foram explorados
: (QUEIROZ, 1979, vol. I, p. 594). para criar uma espacialidade que não foi descrita, porém implícita e
construída pelas percepções do narrador.
O percurso do lenhador pela floresta é construído, em Dois exemplos, duas concepções. Cada espaço foi obtido pela
primeiro lugar, por uma linguagem rica e poética com uma valoração composição e escolha de partidos e elementos cênicos diferentes. Resta,
intensa das percepções sensoriais. As sensações são reforçadas pelo ainda, um ponto a ser desenvolvido sobre espaço-cena: a percepção,
uso abundante de adjetivos que diferenciam, aclaram e individualizam cuja importância já foi exemplificada nesse último fragmento.
as imagens espaciais formadas. Para passar a idéia de que o dia estava Para iniciar a abordagem desse assunto, vale transcrever
amanhecendo e que a luz tinha dificuldade de passar por entre as a concepção de espaço literário de Paulo Astor Soethe, professor
árvores, são acentuados o ritmo e o como essa luz chegava: são atribuídos estudioso do tema:
para isso três-adjetivos e uma comparação - "a manhã vinha escura Podemos definir espaço literário como o conjunto dereferências
[estava amanhecendo], lenta [pela dificuldade da luz passar por entre discursivas, em determinado texto ficcional e estético, a locais,
as árvores] e lacrimosa [o pouco calor começa a desfazer o orvalho movimentos, objetos, corpos e superficies, percebidos pelos
da noite], como uma viúva à hora dos enterros [a comparação com a personagens ou pelo narrador e às múltiplas relações que esses
viúva caminhando no enterro, acentua o adjetivo 'lacrimosa' e reforça locais, movimentos, objetos, corpos e superficies estabelecem
a imagem das árvores pingando o orvalho desfeito, além de ambuir entre si (SOETHE, 1999, p. 102).
um ritmo moroso, dificil e pesado, para a chegada da luz]". Depois, Nesse sentido o espaço-cena sempre será percebido pelo
outros dois adjetivos qualificam a luz que chegava: pouca e tênue. narrador ou por alguma personagem e será constituído pelas relações
No ambiente da floresta, a escassez de luz tira a nitidez com que eles travam entre si e pela construção literária do ambiente. Sua
que as coisas são vistas e os pedaços de gelo pendentes nos arbustos e apresentação no texto será feita pela perspectiva de um ou de outro,
forrações, secos pelo inverno, parecem tiras de pano rotas envolvendo- ou por ambos. O narrador, mesmo de forma imparcial, ao descrever
os em suas mortalhas. Por duas vezes foram feitas referências à morte: ou contextualizar um determinado espaço, fará isso pelo seu ponto
nas palavras enterro e mortaZhas. Nas árvores, os pássaros não emitiam de vista, elegendo elementos, discorrendo mais ou menos sobre cada
nenhum pio ou barulho, "quietos e mudos", permanecendo o silêncio, um deles. Isso acontece também com as personagens, acrescida a
apenas entrecortado pelos passos do lenhador e pelo vento passando possibilidade de o espaço (o mesmo em alguns casos) ser percebido de
por entre as folhagens (sons implícitos). A sensação térmica passada é várias formas, de acordo com as nuances de seus estados emocionais.
'
a de um frio intenso reforçado pelo gelo e pelos ventos cortantes. Ao Isso significa que o modo pelo qual a personagem, por meio
apresentar as nuvens que se dissolviam pelo ar, esse elemento pode ser do narrador ou por si mesma, estabelece contato com o mundo que a
entendido como uma espécie de névoa ou neblina que pairava mais cerca, mostra como ela o percebe, revela muitas das suas características
baixo, compondo uma atmosfera densa. Porém, as nuvens eram cheias e da sua personalidade que, sem isso, não seria possível observar. O
de "orvalhos estéreis": o frio do inverno impossibilitava qualquer espaço pode também provocar determinados estados e sensações
ação benfazeja das pequenas gotas de orvalho quando caídas no solo naquele que o percebe, como este, pode ambuir sentidos e impressões
e, por isso, o adjetivo atribuído '~estéreis". Por fim,o lenhador em para ele a partir de suas experiências. A percepção do espaço sempre
seu caminho, com seu passo contínuo, rasgando-se nos espinhos das passa pelo sujeito e, por isso, será sempre subjetiva. O escritor e
silvas, molhado pelos pingos das á r k s : ia pálido (branco como os filósofo francês, Maurice Mer1eau:Ponty (1908-1961), no seu livro
choupos cobertos pela neve) e sereno, tom psicológico do lenhador e Fenomenologia da Percqção, de 1945, escreveu o seguinte: "Tudo aquilo
de todo o relato. que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão
soberba égua alazã, as áleas floridas do Bosque de Bolonha".
minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos - Que lhe parece?
ciência não poderiam dizer nada (MERLEAU-PONTY, 2006, p. 03)". '?r
Pouco adiante completa: Rieux respondeu que o princípio lhe despertava a curiosidade
de conhecer o resto. Mas o outro afirmou com desânimo que
, Portanto, não é preciso perguntar-se se nós percebemos esse ponto de vista não era bom e bateu nos papéis com a
verdadeiramente um mundo, é preciso dizer, ao contrário: palma da mão.
o mundo é aquilo que nós percebemos. (...) O mundo é não
aquilo que eu penso, mas aqdo que eu vivo; eu estou aberto - Isto é apenas uma aproximação. Quando eu conseguir dar
ao mundo, comunico-me indubitavbente com ele, mas não o perfeitamente o quadro que tenho na imaginação, quando
possuo, ele é inesgotável (IDEM, p. 13-14). a minha frase tiver o próprio ritmo deste passeio a trote -
um-dois-três, um-dois-três -, então o resto será mais fácil e,
Uma interpretação possível do que Merleau-Ponty disse 6 - sobretudo, a ilusão será tal, desde o princípio, que será possível
que o fenômeno pelo qual o sujeito apreende o mundo é o que pode dizer: 'Tirem o chapéu". (CAMUS, s/d, p. 119-120)
ser denominado por percepção. Porém, essa percepção pode e irá Esse trecho é muito significativo do que se pode entender por
variar sempre, pois o modo pelo qual o homem se relaciona com o espacialidade do texto. No livro A Peste, Grand tem o sonho de se
espaço não é imutável. Um mesmo local pode suscitar impressões tornar escritor, porém nunca consegue sair da primeira frase: como
diferentes no sujeito, pois existem n variáveis que podem influenciar artista deseja que ela represente o sentido do que vai escrito. No caso,
nessa relação: um estado de espírito, um conhecimento novo, uma exigia que a frase passasse o mesmo ritmo do trote do cavalo, que essa
outra qualidade sensorial (luz,algum cheiro, um ruído). Espaço e sensação do passeio envolvesse por completo o leitor. A espacialidade
sujeito mudam constantemente, como mudam também o olhar, a do texto se relaciona diretamente com os outros dois espaços
perspectiva, a situação... Por esse viés, não só o mundo é inesgotável, (representado e cena) e, juntos, produzem uma unidade compositiva.
mas também o espaço percebido está impregnado de subjetividade, Grand nunca conseguiu dar à sua frase o ritmo desejado - e, então,
pois ele é resultado de uma confluência de fatores, que fizeram o desistiu de escrever.
sujeito percebê-lo daquele jeito e não de outra forma. Outros recursos ampliam a exploração da espacialidade do
A espacialidade do texto é caracterizada pelo uso de recursos texto: além do ritmo obtido pela pontuação e pelas pausas, a sonoridade
artísticos e plásticos empregados na sua composição, tais como ritmo, alcançada por aliterações, repetições, rimas, reforçam o conteúdo
sonoridade, pausas, repetições, e outros, enquanto o espaço do exposto e provocam efeitos de evocação musical extremamente
texto é constim'do pela organização estrutural deste em capitulas, sugestivos. Isso poderá ser entendido observando os exemplos a
parágrafos, frases. Todos esses elementos reforçam os outros dois seguir, extraídos do romance A idade e e smzr de Eça de Queiroz:
espaços estabelecidos: o representado e o cena. O entrelaçamento "Aquele grande mar da Odisséia - resplandecente e sonoro, sempre
desses fatores colabora na composição de uma obra harmoniosa, azul, todo azul, sob o v60 branco das gaivotas, rolando, e mansamente
uma vez que todos os seus elementos dialogam entre si e trabalham quebrando sobre a areia fina ou contra as rochas de mármore das ilhas
conjuntamente para a constmção espacial na narrativa. divinas (QUEIROZ, 1979, vol. I, p. 490)".
Para entender esse entrelaçamento, há uma passagem Nesse primeiro exemplo, o ritmo abarca todo o parágrafo,
interessante no livro A P& de Albert Camus: inteiramente entrosado com o sentido, combinando-se tão
- Não olhe - pediu Grand. - É a minha pheira frase. Dá-me delicadamente com ele que se percebem logo os seus efeitos: a
que fazer, dá-me m&o que fazer. mensagem e sua representação formam-se conjuntamente. Isso se
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torna mais manifesto quando o parágrafo é disposto de acordo com o
(...) - Sente-se - pediu o3édico - e leia-me.
ritmo que apresenta e com aiguns elementos importantes destacados
(...) A voz de ~ r k elevou-se
d surdamente: Tor uma bela elas maiúsculas:
manhã do mês de Maio, uma elegante amazona percorria, numa
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Aquele grande mar da Odisséia - usical e pictórica das palavras chega a confundir-se: o vermelho ficou
resplandecente e sonoro, ais vermelho, mais quente, ao ser contrastado de tal manem+om o
sempre AZUL, ambiente escuro que contribui para reforçar o ar antigo da cozinha.
todo AZUL, O espaço do texto explora uma outra possibilidade: o
sob o vôo BRANCO das gaivotas, tamanho dos parágrafos. Esse uso fica evidente no conto queiroziano
; rolANDO, ja citado, As misérias: entre a neve. Nele, os tamanhos dos parágrafos
e mansamente quebrAND0 dialogam diretamente com o que se passa na história. No início,
sobre a areia fINA quando é apresentado o lenhador, sua f a d a , o local onde moram,
ou contra as rochas de mármore das ilhas divINAs. todas as dificuldades por quis eles passam naquele ambiente hostii,
os parágrafos são longos, pesados, formam uma massa conjunta no
As medidas das frases que se alternam em longas e breves, papel. Ao adentrar a floresta os parágrafos duninuem um pouco, e
a repetição, as assonâncias e a evocadora harmonia imitativa dos possuem quase todos o mesmo tamanho. A uniformidade demonstra
sons (rolando, e hansamente quebrando), os elementos de reiteração não só a sequência infinita de árvores na floresta, como pode
cromática (qu'l e o branco), tudo provoca a representação da realidade representar também, os movimentos monótonos e repetitivos do
sensível de uma praia, com o vaivém compassado das ondas que se lenhador, ao cortar as árvores com machadadas. Depois do longo dia
desfazem em espuma.Esses recursos podem ser usados separadamente, de trabalho, o cansaço, a fome, o fwo, a febre levam o lenhador a
dependendo da intenção e do sentido desejado. No caso seguinte, é um estado limite, e ele desfalece. Colaborando na representação desta
um exemplo simples da força de uma aliteração, aliado a um efeito situação, os parágrafos se encurtam pouco a pouco, como a vida do
provocado pela pontuação: "Mas um rude trovão rolou, atroou a noite lenhador que se esvai lentamente. Mas ele tenta ainda realizar uma
negra: - e uma bátega de água cantou nos vidros, e nas pedras da reação. O tamanho do parágrafo acompanha esse último esforço -
varanda (IDEM, p. 517)". como o lenhador, que tentou juntar toda a sua força para se erguer.
A aliteração de r e t combina-se com a harmonia imitativa O parágrafo ganha corpo mais uma vez. Mas esse derradeiro ímpeto
das vogais fortes, especialmente o e u, para sugerir auditivamente foi inútil. O último parágrafo longo é o exato momento em que o
o retumbar do trovão. Esse simples efeito gera uma espacialidade lenhador aceita a sua situação e sua condição, e põe-se a morrer. Deste
que transcende o ambiente do texto. O som do trovão expande-se instante em diante, os parágrafos diminuem até quase inexistirem - tal
por toda a paisagem externa. O uso dos dois pontos, seguido pelo como está acontecendo com o personagem lenhador.
travessão, atrai a atenção, gera um interesse e uma expectativa, criando
uma pausa longa, um silêncio que prepara o leitor para um efeito A neve caía, indomável e estéril. A testa do pobre estava
de surpresa. A conjunção e ligando a outra frase adquire um valor coberta, e apenas se moviam ainda, lentamente, ao vento, os
de notação respiratória, como se depois da expectativa criada, fosse seus grandes cabelos escuros.
I A neve riscava a noite de branco. Ao longe uivavam os lobos.
necessário recuperar o fôlego para continuar. No caso, é a chuva que
E a neve descia. As sombras dos corvos sumiram-se para além
começa a cair torrencialmente lá fora. No trecho seguinte, a repetição das ramas negras.
é usada de forma abundante para reforçar o caráter do espaço: "Ao Os cabelos desapareceram.
fundo a cozinha, imensa, era uma massa de formas negras, madeira Só ficou a neve (QUEIROZ, 1979,vol. I, p. 59911
negra, pedra nega, densas nepras de felugem secular. E neste n p m e
refulgia a um canto, sobre o chão de terra negra, a fogueira vermelha
(IDEM, p. 463)". #,
A conformação do texto entrelaça-se com os recursos
No terceiro exemplo, o q u a b quase monocromático destaca utilizados na sua composição e com o sentido a ser passado e forma
uma única nota viva e trêmula, de vermelho, colocada no final, para uma unidade harmônica e plástica, na qual tudo converge para uma
valorizar o negro, que representa a matéria estática do quadro. Este construçãorica e minuciosa. O espaço, neste caso, ultrapassa o que está
tom reiterado por várias vezes grava-se de tal maneira que a matéria escrito e explode nas entrelinhas, nas próprias páginas da escritura, no
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1 I
I&torr E%ga relação não é uma regra rígida, e nem sempre esse recursq ESPAÇO FICCIONAL E AMBIENTAÇÃ
é utilizado, mas, quando acontece, a compreensão total da obra s *
amplia significativamentee o efeito estético se completa. EM PONTE DO GALO, ROMANCE DE
DALCÍDIO JURANDIR
Referências Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues'
ALENCAR, José de. Senhora. São Paulo: Ática, 1997.
ASSIS, Machado. A cartomante in Várias bi~tória~.
São Paulo: Globo,