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Aventuras em Sugestão
Coordenação Editorial: Janice Florido Primeira Parte
Editora de Arte: Ana Suely S. Dobón
Paginação: Nair Fernandes da Silva
Capa: Janice Florido
Tradução: Monteiro Lobato 1. Os dez “Maiores” Pensadores ..............................................17
Definições ........................................................................................21
Litania ..............................................................................................21
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Confucio ..............................................................................................21
Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Platão ...................................................................................................24
Aristóteles ............................................................................................26
Durant, William James Tomás de Aquino ...............................................................................28
Os grandes pensadores / William Durant; tradução Copernico ............................................................................................30
Monteiro Lobato. - série 1. vol. 3. - São Paulo:
Bacon ...................................................................................................32
Companhia Editora Nacional, 1939
Newton .................................................................................................33
Título Original: Great Man Of Literature Voltarie ................................................................................................35
IBSN: 85-351-0695-2 Kant ......................................................................................................37
Darwin ..................................................................................................39
1. Filosofia - Literatura norte-americana. Excusas ............................................................................................41
1. Título.
2. Os dez “Maiores” Poetas ......................................................43
Homero ................................................................................................43
“Davi” ...................................................................................................45
Índice para catálogo sistemático:
Euripedes .............................................................................................48
1. Filosofia: Literatura norte americana
Lucrecio ...............................................................................................52
Dante ....................................................................................................54
Todos os direitos reservados à Shakespeare .........................................................................................57
Companhia Editora Nacional Keats .....................................................................................................60
R. Gomes de Carvalho, 1306 Shelley ..................................................................................................62
São Paulo - SP, 04547-005 Whitman ..............................................................................................65
https://editoranacional.com.br/
3. Os cem melhores livros para uma educação ......................69
O caminho da libertação ...............................................................88
Aventuras na Filosofia França .................................................................................................197
Itália ....................................................................................................199
Segunda Parte
A europa aristocrata .........................................................................201
A europa Burguesa ...........................................................................203
A Rússia Sociética .............................................................................205
1. A filosofia de Spengler .........................................................97 Toda a Europa ..................................................................................208
O homem e o seu livro ..................................................................97 Keylerling sobre a vida e a morte ...............................................211
Interpretação da história ..............................................................102 Base lógica .........................................................................................211
Surto e queda da civilização ocidental .......................................110 A matriz metafísica ...........................................................................213
Desenvolvimento moral ...................................................................214
Primavera ...........................................................................................110 A válvula religiosa .............................................................................218
Verão ..................................................................................................114 O conflito político .............................................................................221
Outono ...............................................................................................117 A tragédia histórica ...........................................................................224
Degeneração .................................................................................120 Comentário ...................................................................................226
Fatores básicos da decadência .........................................................120
Arte .....................................................................................................125 3. Bertrand Russel: Casamento e Moral ................................231
Ciência ...............................................................................................126
O problema ...................................................................................231
Filosofia ..............................................................................................129
A proposta .....................................................................................234
Religião ..............................................................................................132
Política ................................................................................................134 Considerações ...............................................................................238
Comentário ...................................................................................140
rica do Sul. Bem informado estou das be- lezas naturais dos Os mais poderosos fatores da historia são as ideias. 1 Não ne-
paises que a compoem e sei que o pano- rama do Rio visto cessitamos fazer muito esforço para compreender que, hoje,
do mar, e viceversa, é uma das sete maravilhas do mundo mo- são as ideias invenções, religiões, filosofias, formas de pensa-
derno. Mas o que mais me fas- cina é o temperamento latino. mento falado ou escrito e formas de go- verno, ideais do indivi-
duo e da vida nacional vem os homens nas crises dos negocios
Tambem sou latino, um torturado da sensibilidade e um internacionais. As que mo- ideias de Nietzsche, por exemplo,
consumido pela imaginação, em luta para controlar o senti- influenciaram profun- damente Hitler e Mussolini; as ideias de
mento romantico pelo estudo do pensamento classico, com Karl Marx transformaram a vida da Russia; as de Spengler fa-
supressão do poeta que sou em proveito duma respeitavel e zem que cada estadista pondere sobre o futuro do seu povo e
bem domesticada prosa. Não me sinto em casa no norte, en- da sua civilização; as ideias de Flaubert influenciaram metade
tre habeis homens de negocio ou sutis diplomatas, ou fleug- da literatura da Europa e da America. Neste li- vro procurei in-
maticos hiperboreos; meu anseio é pelo sul da França, pela terpretar algumas destas concepções ba- sicas do nosso tempo
Italia, pela Espanha, pela America do Sul por paises com sol na literatura e na filosofia. Estou convencido de que as grandes
no sangue e que não se limitam a ganhar a vida, mas vivem. coisas do nosso seculo não sairão dos campos de batalha, sim
dos nossos cerebros e dos nossos corações.
E por isso invejo aos meus livros, e desejaria poder segui-los Will Durant
para alem do equador e viver algum tempo proximo ao Rio
ou São Paulo, aprendendo a lingua que aí se fala, estudando a Great Neck, New York, 6 de Maio de 1939.
literatura e (nas entrelinhas) observando as mulheres, que são,
afinal de contas, muito mais interessantes que os nossos livros.
Mas se o não posso fazer, muita honra sinto em que minhas
palavras o possam, e que por meio delas eu fale através de ma-
res e con- tinentes aos sul-americanos amigos dos genios, e que
se deleitam em conversar e refletir sobre os grandes homens.”
VIII IX
Introdução
XI
em mar calmo, por que não faremos o mesmo diante do maior dos seus homens e mulheres excepcionais, seus inventores,
dos milagres um homem ao mesmo tempo grande e bom? Mui- cientistas, homens de estado, poetas, artistas, musicos, filosofos
tos de nós somos apenas talentos, crianças ir requietas no jogo e santos, e de adições que eles trouxeram á tecnica e á sabe-
da vida, e quando o genio surge em nos- sa presença apenas po- doria, ás artes e aos costumes, tanto da França como da huma-
demos curvar-nos diante dele como dum ato de Deus, uma con- nidade. E o mesmo com todos os demais paises; a historia do
tinuação da genese. Tais ho- mens são o verdadeiro sangue da mundo é a historia dos grandes homens. Que somos nós senão
historia, da qual a poli- tica e a industria não passam da ossatura. tijolos e cimento que eles manejam para a melhoria das raças?
Parte em virtude do seco escolasticismo de que pas- samos Por esse motivo encaro a historia, não como o dolo- roso palco
a sofrer quando James Harvey Robinson nos inti- mou a hu- da politica e das carnificinas, mas da luta do homem guiado
manizar o conhecimento, é que surgiu o conceito da historia pelo genio contra a inercia da materia e o escorregadio segredo
como fluxo impessoal de figuras e “fatos”, no qual os genios do espirito; luta para compreender, para dominar e para refa-
representavam papeis de tal insignifi- cancia que o melhor era zer-nos a nós e ao mundo. Vejo homens de pé á beira do co-
ignora-los. Foi sobretudo Marx o implantador desta concep- nhecimento, sustendo um ar- chote pouco adiante de suas ca-
ção da historia; ele apaixona- ra-se por uma visão da vida hos- beças; homens esculpindo no marmore formas que enobrecem
til a todos os homens de exceção, sentia ciumes de todas as a especie; homens moldando povos em melhores instrumentos
superioridades e exaltava os humildes como os herdeiros da da grandeza; homens sonhando com vidas mais altas e vivendo-
terra. Por fim começou-se a escrever a historia como se ela -as. Temos aqui um processo de creação mais vivaz do que em
nunca fora vivida, como se nenhum drama jamais a sacudis- qualquer mito, uma religião mais real do que todos os credos.
se, nem igualmente comedias e tragedias de lutadores falhos.
As vívidas narrações de Gibbon e Taine cederam o passo Contemplar tais homens, insinuar-nos pelo estudo em seu convi-
a montes de cinzas eruditas, com todos os fatos estabeleci- vio, observa-los no labor e aquecer-nos á flama que os consome
isto é reconquistar alguma coisa do extase que a juventude nos
dos e documentados com a maior correção-mas mortos. Não, dava, quando no altar ou no confessionario sentiamos a presen-
a verdadeira historia do homem não está nos preços e salarios, ça de Deus. Nessa sonhadora juventude críamos que a vida era
nem em eleições e batalhas, nem no nivel de vida do homem um mal, e que só a morte nos poderia erguer ao paraiso. Erro.
comum: está nas duradouras con- tribuições dos genios para a Ainda em vida podemos penetrar no eden. Cada grande livro,
soma da civilização e da cul tura humana. A historia da França cada fina obra d’arte, cada biografia dum grande homem cons-
não é a historia do povo francês, o desenrolar da vidinha de titue um apelo e um abre-te-sezamo para os Campos Eliseos.
creaturas sem nome que lavraram o solo, fizeram sapatos e rou- Muito cedo apagamos a chama da nossa esperança e da nossa
pas, mas- catearam artigos (porque estas coisas sempre foram fe reverencia. Mudemos de idolos e reacendamos as velas.
itas em todos os tempos); a historia da França é o relato da ação
Will Durant
XII XIII
Nota do Autor
Reclamo do leitor indulgencia para a inclusão de vários en-
saios que nada têm com o título desta obra. E apresento meus
agradecimentos ao American Magazine, ao Plain Talk, ao Red
Book, Bo Forum e ao Thinker, nos quais alguns apareceram
em forma cruelmente abreviada. Os primeiros são populares
e pedagógicos; os leitores que não necessitarem disso poderão
começar pela terceira parte.
AVENTURAS EM SUGESTÃO
PRIMEIRA PARTE
XIV
1. Os Dez “Maiores”
Pensadores
Definições
Que é pensamento? Não ha definição possivel porque a pa-
lavra inclue tudo através do que pode ela ser de- finida. E’ o
fato mais imediato que conhecemos e o ultimo misterio do
nosso ser. Todas as outras coisas nos chegam como formas do
pensamento, e todas as realizações humanas nele encontram
a sua fonte e a sua meta. O surto do pensamento constitue a
grande virada do drama da evolução.
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William Durant Primeira Parte Os Grandes Pensadores
a arte do fogo, da cozinha e do vestuário, resistiu a calamida- mais alta. As invenções determinam a historia -e as invenções
de e levantou-se a uma indiscutivel supremacia sobre todas as saem das idéias. Sem duvida que é o desejo, a inquietação e a
espécies. Esse animal, o homem. Foi presumívelmente numa insaciavel das nossas necessidades, o que nos força a pensar,
emergencia terrivel como essa que o humano raciocínar apa- mas, embora assim motivado ou inspirado, é o pensamento
receu. A mesma “incompletidão” e adaptabilidade de reações que descobre os caminhos. Não podemos pois admitir a velha
que vemos hoje na criança e que a faz tão inferior aos filhotes disputa entre os exalgadores dos herois, como Carlyle e Nietzs-
de todos os outros animais, mas é compensada pela possibili- che, que interpretam a historia em função dos grandes homens,
dade do aprender essa mesma plasticidade salvou o homem e es depreciadores dos herois, como Spencer e Marx, que atrás
os - mais elevados mamiferos; concomitantemente, poderosos de todos as acontecimentos só descobrem causas economicas.
orga- nismos, como o mamute e o mastodonte, que até en- Estamos seguros de que nenhuma pressão de og circunstancia
tão reinavam como supremos, sucumbíram diante da invasão economica teria sido bastante para fazer avançar a humanida-
glacial a ponto de existirem hoje apenas para os paleontolo- de, se as iluminantes faiscas do pensamento não houvessem in-
gos. Tiritaram e extinguiram-se, ao passo que o debil Homo terferido. Talvez Gabriel Tarde e William James tenham razão,
permaneceu. O pensamento e a força inventiva surgem no e toda a historia seja uma sucessão de inven- ções feitas pelos
mundo: a tonteira dos instintos colhidos de surpresa dá surto genios e adotadas pela massa, uma serie de iniciativas tomadas
ás timidas hipoteses, ás primeiras tentativas de ligar coisas, ás pelos lideres aventureiros e propagadas no povo pelas ondas
primeiras generalizações, ás primeiras ideias de similaridade e da imitação. Não ha duvida que no começo e no topo de cada
de regularidade de sequencia, á primeira adaptação de coisas epoca aparecem uns tantos genios heroicos, vozes e sumulas
aprendidas a situações tão novas que diante delas as reações do seu tempo, herdeiros e inter- pretes do passado, pioneiros
instintivas habituais já de nada valiam. Foi então que certos e guias do futuro. Se pudermos acertar em cada periodo da
instintos de ação envolveram em modos de pensamento e em civilização com os homens que lhes guiaram o pensamento,
instrumentos da inteligencia: o que havia sido simples espera teremos um panorama vivo da nossa historia. Mas quando nos
da presa tornou-se atenção; o medo e a fuga fizeram-se cautela defrontamos com a tarefa de selecionar esses personagens ma-
e deliberação; a pugnacidade e o assalto passaram a curiosida- ximos em redor dos quais a peça se desenvolve, uma duzia
de e analise; a manipulação virou experiencia. O animal erecto de dificuldades nos surgem á frente. Qual deverá ser o test da
fazia-se homem, escravo ainda de mil circunstancias, timida- grandeza? Quais, no rol dos genios humanos, os que devemos
mente valente ante os incontaveis perigos, mas já assinalado omitir e os que devemos nomear?
para tornar-se o senhor da terra. Desse obscuro periodo até o
presente, a historia da civilização tem sido uma aventura da ra- Temos aquí de ser implacaveis e dogmaticos; e embora nos
zão humana. Foi o pensamento que nos ergueu, passo a passo, doa, não podemos admitir em nossa lista nenhum tipo de ge-
penosamente e por tentativas, a um poder maior e a urna vida nio senão o que exerceu duradoura influencia sobre a vida da
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William Durant
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Esta obra foi composta por corpo
em Barkerville, impressa em sulfi-
te 75 g/m², com capa cartão 200 g/
m². Para o curso de Design Edi-
torial da UFPE-CAA, em abril de
2023.