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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFAS - UNIME


CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Cristina de Siqueira Cavalcanti

CRUZAMENTO ENTRE EQUINOS (Equus caballus) E


ASININOS (Equus asinus)

Professor: Felipe Pinheiro


Disciplina: Equideocultura

LAURO DE FREITAS-BA
2024
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CRUZAMENTOS ENTRE EQUINOS E ASININOS

Os muares são animas inférteis por serem produtos híbridos resultantes do cruzamento
de duas espécies distintas.

Animais desta espécie, proveniente de cruzamento entre um jumento (Equus asinus) e


uma égua (Equus caballus) são chamados de mula ou burro. A égua tem 64
cromossomos e o jumento, 62. O resultado é a mula (Equus mulus), com 63
cromossomos. Por conta disso, o animal é estéril.

São animais utilizados para trabalho e tração devido a sua rusticidade, força e
resistência.

Quando o cruzamento ocorre entre um garanhão com uma jumenta, são denominados
de bardoto ou bardota. Os bardotos são animais que possuem menor tamanho e menor
beleza zootécnica, por isto, são menos valorizados, gerando menor lucratividade para
os criadores. Já as mulas, devido sua beleza, rusticidade e versatilidade, vem ganhando
espaço no mercado da equideocultura (ARAÚJO, 2010).

O mais comum a ser realizado é o cruzamento da fêmea equina e o macho asinino, o


qual é determinado como muar.

Na produção de muares podem ser utilizadas três raças diferentes como o jumento
nacional, o jumento Pêga e o jumento nordestino, porém a raça mais utilizada é o
jumento Pêga.

Nas éguas a raça mais utilizada é a Quarto de Milhas, por se tratarem de animais
robustos e fortes para lida de gado e atualmente utilizados em diferentes provas,
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gerando assim animais mais robustos e resistentes com uma força de tração maior do
que apenas do jumento.

Os muares resultantes dessa cruza são dóceis e hábeis para lida bovina e principalmente
muito resistentes.

Outra raça de éguas utilizada é a Mangalarga Machador, a principal diferença desta raça
com animais da raça Quarto de Milha é a característica da marcha, o que faz com que
traga comodidade ao cavaleiro. Seu cruzamento da égua com o jumento pêga gera um
muar de grande valor econômico devido a sua beleza, rusticidade, inteligência e alto
potencial de marcha e bem valorizado (ABCCMM, GONÇALVES et al, 2012).

Por serem animais inférteis, pois os óvulos das mulas não amadurecem normalmente,
foram realizados estudos como barriga de aluguel, visto que as mulas possuem útero,
ovário e ciclo estral muito parecidos com das éguas.

Mulas são estéreis, mas existem casos raríssimos de gestação desses animais, quando a
mula herda um número par de cromossomos.

Conforme estudo realizado com mulas barrigas de aluguel na fazenda experimental


Gralha Azul, no município de fazenda Rio Grande, na região de Curitiba. O coordenador
da pesquisa explica que a ideia é testar a capacidade materna das mulas e a viabilidade
econômica da técnica. É a primeira pesquisa científica no Brasil sobre o tema
(CAMARGO, 2016).

A transferência de embriões funciona assim: o sêmen dos cavalos é analisado em


laboratório. Os espermatozoides com mais qualidade são inseminados nas éguas. O
embrião é coletado da égua-mãe e transferido para as mulas. A gestação dura em média
330 dias (CAMARGO, 2016).

Já houve também um caso raro de uma mula emprenhar naturalmente, segundo seu
tutor, o animal já havia tido outras gestações.

O animal foi encaminhado ao Hospital Veterinário da UFMG para ser monitorado pela
equipe do professor Marc Henry. A capacidade de gerar filhotes despertou a atenção
dos pesquisadores. De acordo com o professor Marc Henry, o animal foi monitorado por
volta de oito meses, e ficou comprovado tratar-se de mais um caso raro (UFMG, 2012).

Foram feitas diversas tentativas de inseminação com sémen de jumento até que ela
ficou prenha.
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Tem-se observado que as mulas apresentam exigências nutricionais menores que as das
éguas, possibilitando boa produção de leite mesmo em condições pouco favoráveis
(RIBEIRO, 2012). De acordo com relatos de profissionais que 15 utilizaram mulas como
receptoras, a habilidade materna desses animais é muito boa, pois além da produção de
leite satisfatória possuem um instinto materno forte, defendendo a cria. As mulas
acíclicas respondem bem ao protocolo hormonal com progesterona e além disso são
versáteis, podendo receber embrião equino, muar ou mesmo asinino e possuem um
custo semelhante aos das éguas receptoras (RIBEIRO, 2012).

Protocolos hormonais podem potencialmente ser utilizados em mulas sem problemas,


mas poucos estudos foram publicados envolvendo diretamente a preparação de
receptoras dessa espécie (Equus mulus), podemos citar a utilização de mulas com
folículos menores que 29 mm em diâmetro, sem a presença de corpo lúteo, aplicando-
se uma dose única de cipionato de estradiol, seguida de P4 LA, sendo essa mantida nos
animais gestantes até o dia 100, obtendo-se 3 mulas prenhas aos 14 dias de 5 que
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receberam embriões muares (Ribeiro e Mello, 2012). Em mulas cíclicas já foi


comprovada a eficiência da sincronização de ovulação com hCG com a égua doadora de
embrião via controle folicular, seguida pela aplicação diária de 200 mg de progesterona
até o dia 80 de gestação, seguida por doses diárias de allyltrembolona, oralmente, até o
dia 100 de gestação, levando a gestação a termo (Camilo et al., 2003). A manutenção do
uso de progestágenos mesmo com a ovulação induzida em mulas está relacionada à
formação dos cálices endometriais (produtores de eCG) anômalos quando da
transferência de embriões interespécies (Davies et al., 1985; Camilo et al., 2003). Apesar
da escassez de literatura a respeito do tema, têm-se conhecimento de aplicação a
campo, em diversas fazendas, da eventual utilização de mulas como receptoras de
embriões asininos, equinos e muares com sucesso.

REFERÊNCIAS

ABCCMM – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAVALO MANGALARGA


MARCHADOR. Características da raça. s. d. Disponível em
http://www.abccmm.org.br/caracteristicas-da-raca. Acesso em: 08 jun 2021.

ARAÚJO, N.A. Origem histórica do jumento doméstico: suas raças. 1 ed. Patos de Minas:
Editora Grafipress, 2010, 311 p.

CAMARGO, C.A. A Mula (Equus mulus) como Receptora de Embriões Equinos (Equus caballus):
Aspectos Reprodutivos, Hormonais e Ultrassonográficos da Gestação. Porto Alegre RS 2012.

CAMILO F, VANNOZZI I, ROTA A, DI LUZIO B, ROMAGNOLI S, ARIA G, ALLEN WR. Successful


non-surgical transfer of horse embryos to mule recipients. Reprod Domest Anim, v.38, p.380-
385, 2003.

Rev. Bras. Reprod. Anim., Belo Horizonte, v.39, n.1, p.220-222, jan./mar. 2015. Disponível em
www.cbra.org.br
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REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS APLICADAS DA FAIT. n. 2. Novembro,


2021.

RIBEIRO, E.A., MELLO, M.O. Transferência de embrião muar para mulas acíclicas. Disponível em:
http://www.mulaparida.com/sobre.pdf. Acessado em: 21 de fev. 2012.

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2016/02/veja-como-acontece-
o-momento-rarissimo-do-parto-de-uma-mula.html

https://abcjpega.org.br/momento-rarissimo-do-parto-de-uma-mula/

https://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2016/02/veja-como-acontece-
o-momento-rarissimo-do-parto-de-uma-mula.html

https://www.ufmg.br/online/arquivos/025875.shtml#:~:text=Os%20casos%20de%20fe
rtilidade%20desse,vimos%20que%20ela%20realmente%20ovulava.

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