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N.

o 12 — 15 de Janeiro de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 301

2 — A organização do seminário a que se refere o Artigo 38.o


número anterior pode prever conteúdos diferenciados Norma revogatória
em função do nível de direcção dos destinatários.
3 — O requisito de formação específica previsto no São revogadas as Leis n.os 12/96, de 18 de Abril, e
artigo 12.o não constitui requisito de recrutamento para 49/99, de 22 de Junho.
cargos do mesmo nível e grau aos exercidos:
Artigo 39.o
a) Pelos actuais dirigentes;
Entrada em vigor
b) Por funcionários que até à data de entrada em
vigor da presente lei tenham exercido cargo diri- A presente lei entra em vigor no dia 1 do mês seguinte
gente durante pelo menos três anos seguidos. ao da sua publicação.

4 — O requisito de formação específica previsto no Aprovada em 27 de Novembro de 2003.


artigo 12.o não constitui também requisito de recruta- O Presidente da Assembleia da República, João Bosco
mento para o pessoal das Forças Armadas e das forças Mota Amaral.
de segurança.
5 — O pessoal referido nos números anteriores e os Promulgada em 30 de Dezembro de 2003.
titulares de cargos de direcção superior que sejam
nomeados em cargo dirigente após a entrada em vigor Publique-se.
da presente lei são candidatos obrigatórios ao seminário O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
referido no n.o 1, até à sua efectiva frequência.
6 — Durante o período transitório de três anos, a Referendada em 30 de Dezembro de 2003.
posse da formação profissional específica prevista no
O Primeiro-Ministro, José Manuel Durão Barroso.
artigo 12.o não constitui requisito de recrutamento
obrigatório.
Artigo 36.o Lei n.o 3/2004
de 15 de Janeiro
Prevalência
Aprova a lei quadro dos institutos públicos
1 — A presente lei prevalece sobre quaisquer dispo-
sições gerais ou especiais relativas aos diversos serviços A Assembleia da República decreta, nos termos da
ou organismos. alínea c) do artigo 161.o da Constituição, para valer
como lei geral da República, o seguinte:
2 — Os regimes de recrutamento e provimento defi-
nidos na presente lei não se aplicam aos cargos dirigentes
do Ministério dos Negócios Estrangeiros que, por força TÍTULO I
de disposição legal própria, tenham de ser providos por Objecto e âmbito de aplicação
pessoal da carreira diplomática.
Artigo 1.o
o
Artigo 37. Objecto

Normas transitórias 1 — A presente lei estabelece os princípios e as nor-


mas por que se regem os institutos públicos.
1 — A entrada em vigor da presente lei não prejudica 2 — As normas constantes da presente lei são de apli-
as nomeações do pessoal dirigente existentes àquela cação imperativa e prevalecem sobre as normas especiais
data, nem a contagem dos respectivos prazos. actualmente em vigor, salvo na medida em que o con-
2 — A suspensão das comissões de serviço ao abrigo trário resulte expressamente da presente lei.
do disposto no artigo 19.o da Lei n.o 49/99, de 22 de
Junho, mantém-se até ao termo dos mandatos que lhes Artigo 2.o
deram origem. Âmbito de aplicação
3 — As equiparações dos cargos dirigentes feitas
antes da entrada em vigor da presente lei consideram-se 1 — Os institutos públicos integram a administração
eficazes para efeitos do disposto nos n.os 3 e 4 do indirecta do Estado e das Regiões Autónomas.
artigo 2.o da mesma. 2 — A presente lei é aplicável aos institutos públicos
4 — Mantêm-se válidos os concursos cujos avisos de da Administração do Estado e será aplicável aos ins-
abertura se encontrem publicados à data de entrada titutos públicos das Regiões Autónomas dos Açores e
em vigor da presente lei, os quais deverão prosseguir da Madeira, com as necessárias adaptações estabelecidas
os seus termos ao abrigo da legislação em vigor à data em decreto legislativo regional.
da sua abertura.
5 — Mantém-se em vigor o disposto no artigo 3.o do Artigo 3.o
Decreto-Lei n.o 34/93, de 13 de Fevereiro.
Tipologia
6 — O disposto no artigo 33.o da Lei n.o 49/99, de
22 de Junho, aplica-se aos dirigentes que se encontrem 1 — Para efeitos da presente lei, consideram-se ins-
em funções à data da entrada em vigor da presente titutos públicos, independentemente da sua designação,
lei e que preencham os requisitos nele previstos até os serviços e fundos das entidades referidas no artigo 2.o,
à cessação da respectiva comissão de serviço. quando dotados de personalidade jurídica.
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2 — Quer os serviços personalizados, quer os fundos 2 — São, designadamente, aplicáveis aos institutos
personalizados, também designados como fundações públicos, quaisquer que sejam as particularidades dos
públicas, podem organizar-se em um ou mais estabe- seus estatutos e do seu regime de gestão, mas com as
lecimentos, como tal se designando as universalidades ressalvas estabelecidas no título IV da presente lei:
compostas por pessoal, bens, direitos e obrigações e posi-
ções contratuais do instituto afectos em determinado a) O Código do Procedimento Administrativo, no
local à produção de bens ou à prestação de serviços que respeita à actividade de gestão pública,
no quadro das atribuições do instituto. envolvendo o exercício de poderes de autori-
3 — Não se consideram abrangidas nesta lei as enti- dade, a gestão da função pública ou do domínio
dades públicas empresariais previstas no Decreto-Lei público, ou a aplicação de outros regimes
n.o 558/99, de 17 de Dezembro. jurídico-administrativos;
4 — As sociedades e as associações ou fundações cria- b) O regime jurídico da função pública ou o do
das como pessoas colectivas de direito privado pelo contrato individual de trabalho, de acordo com
Estado, Regiões Autónomas ou autarquias locais não o regime de pessoal aplicável;
são abrangidas por esta lei, devendo essa criação ser c) O regime da administração financeira e patri-
sempre autorizada por diploma legal. monial do Estado;
d) O regime das empreitadas de obras públicas;
e) O regime da realização de despesas públicas
TÍTULO II e da contratação pública;
f) O regime das incompatibilidades de cargos
Princípios fundamentais públicos;
g) O regime da responsabilidade civil do Estado;
Artigo 4.o h) As leis do contencioso administrativo, quando
Conceito estejam em causa actos e contratos de natureza
administrativa;
1 — Os institutos públicos são pessoas colectivas de i) O regime de jurisdição e controlo financeiro
direito público, dotadas de órgãos e património próprio. do Tribunal de Contas.
2 — Os institutos públicos devem em regra preencher
os requisitos de que depende a autonomia administrativa
Artigo 7.o
e financeira.
3 — Em casos excepcionais devidamente fundamen- Ministério da tutela
tados, podem ser criados institutos públicos apenas dota-
1 — Cada instituto está adstrito a um departamento
dos de autonomia administrativa.
ministerial, abreviadamente designado como ministério
da tutela, em cuja lei orgânica deve ser mencionado.
Artigo 5.o 2 — No caso de a tutela sobre um determinado ins-
Princípios de gestão tituto público ser repartida ou partilhada por mais de
um ministro, aquele considera-se adstrito ao ministério
1 — Os institutos públicos devem observar os seguin- cujo membro do Governo sobre ele exerça poderes de
tes princípios de gestão: superintendência.
a) Prestação de um serviço aos cidadãos com a
qualidade exigida por lei; Artigo 8.o
b) Garantia de eficiência económica nos custos
Fins
suportados e nas soluções adoptadas para pres-
tar esse serviço; 1 — Os institutos públicos só podem ser criados para
c) Gestão por objectivos devidamente quantifica- o desenvolvimento de atribuições que recomendem, face
dos e avaliação periódica em função dos resul- à especificidade técnica da actividade desenvolvida,
tados; designadamente no domínio da produção de bens e da
d) Observância dos princípios gerais da actividade prestação de serviços, a necessidade de uma gestão não
administrativa, quando estiver em causa a gestão submetida à direcção do Governo.
pública. 2 — Os institutos públicos não podem ser criados
para:
2 — Os órgãos de direcção dos institutos públicos
devem assegurar que os recursos públicos de que dis- a) Desenvolver actividades que nos termos da
põem são administrados de uma forma eficiente e sem Constituição devam ser desempenhadas por
desperdícios, devendo sempre adoptar ou propor as organismos da administração directa do Estado;
soluções organizativas e os métodos de actuação que b) Personificar serviços de estudo e concepção ou
representem o menor custo na prossecução eficaz das serviços de coordenação, apoio e controlo de
atribuições públicas a seu cargo. outros serviços administrativos.

Artigo 6.o 3 — Cada instituto público só pode prosseguir os fins


específicos que justificaram a sua criação.
Regime jurídico

1 — Os institutos públicos regem-se pelas normas Artigo 9.o


constantes da presente lei e demais legislação aplicável Formas de criação
às pessoas colectivas públicas, em geral, e aos institutos
públicos, em especial, bem como pelos respectivos esta- 1 — Os institutos públicos são criados por acto
tutos e regulamentos internos. legislativo.
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2 — O diploma que proceder à criação de um instituto Artigo 13.o


ou lei orgânica define a sua designação, sede e jurisdição
territorial, fins ou atribuições, ministro da tutela, a opção Criação ou participação em entidades de direito privado
do regime de pessoal, os meios patrimoniais e finan-
ceiros atribuídos e incluirá as disposições legais de carác- 1 — Os institutos públicos não podem criar entes de
ter especial que se revelem necessárias, em especial direito privado ou participar na sua criação nem adquirir
sobre matérias não reguladas nesta lei quadro e nos participações em tais entidades, excepto quando esteja
diplomas legais genericamente aplicáveis ao novo ins- previsto na lei ou nos estatutos e se mostrar impres-
tituto. cindível para a prossecução das respectivas atribuições,
3 — Os institutos públicos podem iniciar o seu fun- casos em que é necessária a autorização prévia dos
cionamento em regime de instalação, nos termos da lei Ministros das Finanças e da tutela, anualmente reno-
geral. vada.
2 — O disposto no número anterior não impede que
os institutos públicos autorizados por lei a exercer acti-
Artigo 10.o vidades de gestão financeira de fundos realizem, no qua-
dro normal dessa actividade, aplicações em títulos.
Requisitos e processos de criação

1 — A criação de institutos públicos obedece cumu- Artigo 14.o


lativamente à verificação dos seguintes requisitos:
Princípio da especialidade
a) Necessidade de criação de um novo organismo 1 — Sem prejuízo da observância do princípio da lega-
para consecução dos objectivos visados; lidade no domínio da gestão pública, e salvo disposição
b) Necessidade da personalidade jurídica, e da con- expressa em contrário, a capacidade jurídica dos ins-
sequente ausência de poder de direcção do titutos públicos abrange a prática de todos os actos jurí-
Governo, para a prossecução das atribuições em dicos, o gozo de todos os direitos e a sujeição a todas
causa; as obrigações necessárias à prossecução do seu objecto.
c) Condições financeiras próprias dos serviços e 2 — Os institutos públicos não podem exercer acti-
fundos autónomos, sempre que disponha de vidade ou usar os seus poderes fora das suas atribuições
autonomia financeira; nem dedicar os seus recursos a finalidades diversas das
d) Se for caso disso, condições estabelecidas para que lhes tenham sido cometidas.
a categoria específica de institutos em que se 3 — Em especial, os institutos públicos não podem
integra o novo organismo. garantir a terceiros o cumprimento de obrigações de
outras pessoas jurídicas, públicas ou privadas, salvo se
2 — A criação de um instituto público será sempre a lei o autorizar expressamente.
precedida de um estudo sobre a sua necessidade e impli-
cações financeiras e sobre os seus efeitos relativamente Artigo 15.o
ao sector em que vai exercer a sua actividade.
Organização territorial

Artigo 11.o 1 — Ressalvada a esfera própria da Administração


Regional Autónoma, os institutos públicos estaduais têm
Avaliação âmbito nacional, com excepção dos casos previstos na
lei ou nos estatutos.
Para além das medidas previstas na lei de enqua- 2 — Os institutos públicos podem dispor de serviços
dramento orçamental referentes ao controlo da despesa territorialmente desconcentrados, nos termos previstos
pública, pode ser determinada, por despacho conjunto ou autorizados nos respectivos estatutos.
dos Ministros das Finanças e da tutela, uma avaliação 3 — A circunscrição territorial dos serviços descon-
do grau de cumprimento da missão e dos objectivos centrados deverá, sempre que possível, corresponder à
de cada instituto público, a realizar por auditores exter- dos serviços periféricos do correspondente ministério.
nos ou por órgãos de controlo oficiais.
Artigo 16.o
Artigo 12.o
Reestruturação, fusão e extinção
Estatutos
1 — Os diplomas que procedam à reestruturação,
fusão ou extinção de institutos públicos regularão igual-
1 — As disposições relativas à estrutura e organização
mente os termos da liquidação e o destino do seu
dos institutos públicos que devam ser objecto de regu-
pessoal.
lamentação constam dos estatutos, aprovados por por-
2 — Os institutos públicos devem ser extintos:
taria conjunta dos Ministros das Finanças e da tutela,
e, em tudo o mais, de regulamentos internos, propostos a) Quando tenha decorrido o prazo pelo qual
pelos órgãos do instituto e aprovados por despacho nor- tenham sido criados;
mativo dos Ministros das Finanças e da tutela. b) Quando tenham sido alcançados os fins para
2 — Nos casos de autonomia estatutária, nos termos os quais tenham sido criados, ou se tenha tor-
da Constituição ou de lei especial, os estatutos são ela- nado impossível a sua prossecução;
borados pelo próprio instituto, ainda que sujeitos a apro- c) Quando se verifique não subsistirem as razões
vação ou homologação governamental, a qual revestirá que ditaram a personificação do serviço ou
a forma de despacho normativo. fundo em causa;
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d) Quando o Estado tiver de cumprir obrigações Artigo 20.o


assumidas pelos órgãos do instituto para as quais
o respectivo património se revele insuficiente. Duração e cessação do mandato

3 — A reestruturação, fusão ou extinção de institutos 1 — O mandato dos membros do conselho directivo


públicos são objecto de diploma de valor igual ou supe- tem a duração de três anos, sendo renovável por iguais
rior ao da sua criação. períodos.
2 — O mandato do presidente do conselho directivo
terá como limite máximo três renovações, não podendo
TÍTULO III este ser provido no mesmo cargo do respectivo instituto
antes de decorridos três anos.
Regime comum 3 — Os membros do conselho directivo podem ser
livremente exonerados por quem os nomeou, podendo
CAPÍTULO I a exoneração fundar-se em mera conveniência de
serviço.
Organização 4 — A exoneração dá lugar, sempre que não se fun-
damente no decurso do prazo, em motivo justificado
SECÇÃO I ou na dissolução do órgão de direcção e quando não
se siga imediatamente novo exercício de funções diri-
Órgãos gentes do mesmo nível ou superior, ao pagamento de
uma indemnização de valor correspondente à remune-
Artigo 17.o ração base ou equivalente vincenda até ao termo do
Órgãos necessários mandato, com o limite máximo de 12 meses.
5 — A indemnização eventualmente devida é redu-
1 — São órgãos necessários dos institutos públicos, zida ao montante da diferença entre a remuneração base
sem prejuízo do disposto no artigo 45.o: ou equivalente como membro do conselho directivo e
a) O conselho directivo; a remuneração base do lugar de origem à data da ces-
b) O fiscal único. sação de funções directivas.
6 — Considera-se motivo justificado para efeitos do
2 — Os estatutos podem prever outros órgãos, disposto no n.o 3:
nomeadamente de natureza consultiva ou de partici-
pação dos destinatários da respectiva actividade. a) A falta grave de observância da lei ou dos esta-
tutos do instituto;
b) A violação grave dos deveres que lhe foram
SECÇÃO II cometidos como membro do conselho directivo.
Conselho directivo
7 — O apuramento do motivo justificado pressupõe
o
a prévia audiência do membro do conselho sobre as
Artigo 18. razões invocadas, mas não implica o estabelecimento
Função ou organização de qualquer processo.
8 — O conselho directivo pode ser dissolvido
O conselho directivo é o órgão colegial responsável mediante despacho fundamentado dos membros do
pela definição da actuação do instituto, bem como pela Governo competentes para a nomeação, por motivo jus-
direcção dos respectivos serviços, em conformidade com tificado, nomeadamente:
a lei e com as orientações governamentais.
a) O incumprimento das orientações, recomenda-
Artigo 19. o ções ou directivas ministeriais no âmbito do
poder de superintendência;
Composição e nomeação b) O incumprimento dos objectivos definidos no
1 — O conselho directivo é um órgão colegial com- plano de actividades aprovado ou desvio subs-
posto por um presidente e dois a quatro vogais, podendo tancial entre o orçamento e a sua execução,
ter também um vice-presidente em vez de um dos vogais. salvo por razões não imputáveis ao órgão;
2 — O presidente é substituído, nas faltas e impe- c) A prática de infracções graves ou reiteradas às
dimentos, pelo vice-presidente, se o houver, ou pelo normas que regem o instituto;
vogal que ele indicar, e na sua falta pelo vogal mais d) A inobservância dos princípios de gestão fixados
antigo. nesta lei;
3 — Os membros do conselho directivo são nomeados e) O incumprimento de obrigações legais que, nos
por despacho conjunto do Primeiro-Ministro e do minis- termos da lei, constituam fundamento de des-
tro da tutela, sob proposta deste. tituição dos seus órgãos.
4 — A nomeação é acompanhada da publicação de
uma nota sobre o currículo académico e profissional 9 — A dissolução implica a cessação do mandato de
dos nomeados. todos os membros do conselho directivo.
5 — Não pode haver nomeação de membros do con- 10 — No caso de cessação do mandato, os membros
selho directivo depois da demissão do Governo ou da do conselho directivo mantêm-se no exercício das suas
convocação de eleições para a Assembleia da República, funções até à efectiva substituição, mas podem renunciar
nem antes da confirmação parlamentar do Governo ao mandato com a antecedência mínima de três meses
recém-nomeado. sobre a data em que se propõem cessar funções.
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Artigo 21.o Artigo 22.o


Competência Funcionamento

1 — Compete ao conselho directivo, no âmbito da 1 — O conselho directivo reúne uma vez por semana
orientação e gestão do instituto: e extraordinariamente sempre que o presidente o con-
voque, por sua iniciativa ou a solicitação da maioria
a) Dirigir a respectiva actividade; dos seus membros.
b) Elaborar os planos anuais e plurianuais de acti- 2 — Nas votações não há abstenções, mas podem ser
vidades e assegurar a respectiva execução; proferidas declarações de voto.
c) Acompanhar e avaliar sistematicamente a acti- 3 — A acta das reuniões deve ser aprovada e assinada
vidade desenvolvida, designadamente responsa- por todos os membros presentes, mas os membros dis-
bilizando os diferentes serviços pela utilização cordantes do teor da acta poderão nela exarar as res-
dos meios postos à sua disposição e pelos resul- pectivas declarações de voto.
tados atingidos;
d) Elaborar o relatório de actividades;
Artigo 23.o
e) Elaborar o balanço social, nos termos da lei
aplicável; Competência do presidente
f) Exercer os poderes de direcção, gestão e dis- 1 — Compete, em especial, ao presidente do conselho
ciplina do pessoal; directivo:
g) Praticar actos respeitantes ao pessoal previstos
na lei e nos estatutos; a) Presidir às reuniões, orientar os seus trabalhos
h) Aprovar os projectos dos regulamentos previs- e assegurar o cumprimento das respectivas
tos nos estatutos e os que sejam necessários ao deliberações;
desempenho das atribuições do instituto; b) Assegurar as relações com os órgãos de tutela
i) Praticar os demais actos de gestão decorrentes e com os demais organismos públicos;
da aplicação dos estatutos e necessários ao bom c) Solicitar pareceres ao órgão de fiscalização e
funcionamento dos serviços; ao conselho consultivo, quando exista;
j) Nomear os representantes do instituto em orga- d) Exercer as competências que lhe sejam dele-
nismos exteriores; gadas pelo conselho directivo.
l) Exercer os poderes que lhe tenham sido dele-
gados; 2 — O presidente pode delegar, ou subdelegar, com-
m) Elaborar pareceres, estudos e informações que petências no vice-presidente, quando exista, ou nos
lhe sejam solicitados pelo membro do Governo vogais.
da tutela; Artigo 24.o
n) Constituir mandatários do instituto, em juízo Responsabilidade dos membros
e fora dele, incluindo com o poder de subs-
tabelecer; 1 — Os membros do conselho directivo são solida-
o) Designar um secretário a quem caberá certificar riamente responsáveis pelos actos praticados no exer-
os actos e deliberações. cício das suas funções.
2 — São isentos de responsabilidade os membros que,
2 — Compete ao conselho directivo, no domínio da tendo estado presentes na reunião em que foi tomada
gestão financeira e patrimonial: a deliberação, tiverem manifestado o seu desacordo, em
declaração registada na respectiva acta, bem como os
a) Elaborar o orçamento anual e assegurar a res- membros ausentes que tenham declarado por escrito
pectiva execução; o seu desacordo, que igualmente será registado na acta.
b) Arrecadar e gerir as receitas e autorizar as
despesas; Artigo 25.o
c) Elaborar a conta de gerência;
d) Gerir o património; Estatuto dos membros
e) Aceitar doações, heranças ou legados; 1 — Aos membros do conselho directivo é aplicável
f) Assegurar as condições necessárias ao exercício o regime definido na presente lei e, subsidiariamente,
do controlo financeiro e orçamental pelas enti- o fixado no estatuto do pessoal dirigente da Adminis-
dades legalmente competentes; tração Pública.
g) Exercer os demais poderes previstos nos esta- 2 — O estatuto remuneratório dos membros do con-
tutos e que não estejam atribuídos a outro órgão. selho directivo consta de diploma próprio, o qual pode
estabelecer diferenciações entre diferentes tipos de ins-
3 — Os institutos públicos são representados, desig- titutos, tendo em conta, nomeadamente, os sectores de
nadamente, em juízo ou na prática de actos jurídicos, actividade e a complexidade da gestão.
pelo presidente do conselho directivo, por dois dos seus
membros, ou por mandatários especialmente desig-
nados. SECÇÃO III
4 — Sem prejuízo do disposto na alínea n) do n.o 1, Órgão de fiscalização
o conselho directivo pode sempre optar por solicitar
o apoio e a representação em juízo por parte do Minis- Artigo 26.o
tério Público, ao qual competirá, nesse caso, defender Função
os interesses do instituto.
5 — Os actos administrativos da autoria do conselho O fiscal único é o órgão responsável pelo controlo
directivo são impugnáveis junto dos tribunais adminis- da legalidade, da regularidade e da boa gestão financeira
trativos, nos termos das leis do processo administrativo. e patrimonial do instituto.
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Artigo 27.o sença dos respectivos responsáveis, e solicitar


os esclarecimentos que considere necessários;
Designação, mandato e remuneração
c) Tomar ou propor as demais providências que
1 — O fiscal único é nomeado por despacho conjunto considere indispensáveis.
dos Ministros das Finanças e da tutela obrigatoriamente
de entre revisores oficiais de contas ou sociedades de 4 — O fiscal único não pode ter exercido actividades
revisores oficiais de contas. remuneradas no instituto nos últimos três anos antes
2 — O mandato tem a duração de três anos e é reno- do início das suas funções e não poderá exercer acti-
vável uma única vez mediante despacho conjunto dos vidades remuneradas no instituto público fiscalizado
ministros referidos no número anterior. durante os três anos que se seguirem ao termo das suas
3 — No caso de cessação do mandato, o fiscal único funções.
mantém-se no exercício de funções até à efectiva subs-
tituição ou à declaração ministerial de cessação de SECÇÃO IV
funções.
4 — A remuneração do fiscal único é aprovada por Conselho consultivo
despacho conjunto dos Ministros das Finanças e da
tutela, publicado no Diário da República. Artigo 29.o
Função

Artigo 28. o O conselho consultivo, quando exista, é o órgão de


consulta, apoio e participação na definição das linhas
Competências gerais de actuação do instituto e nas tomadas de decisão
1 — Compete ao fiscal único: do conselho directivo.

a) Acompanhar e controlar com regularidade o Artigo 30.o


cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis,
a execução orçamental, a situação económica, Composição
financeira e patrimonial e analisar a conta- 1 — O conselho consultivo é composto nomeada-
bilidade; mente por representantes das entidades ou organizações
b) Dar parecer sobre o orçamento e suas revisões representativas dos interessados na actividade do ins-
e alterações, bem como sobre o plano de acti- tituto, por representantes de outros organismos públi-
vidades na perspectiva da sua cobertura orça- cos, bem como por técnicos e especialistas independen-
mental; tes, nos termos previstos nos estatutos.
c) Dar parecer sobre o relatório de gestão de exer- 2 — O conselho consultivo pode incluir representan-
cício e contas de gerência, incluindo documen- tes respectivamente dos beneficiários e dos utentes das
tos de certificação legal de contas; actividades ou serviços em causa, cabendo ao ministro
d) Dar parecer sobre a aquisição, arrendamento, de tutela definir as modalidades dessa representação.
alienação e oneração de bens imóveis; 3 — O presidente do conselho consultivo é indicado
e) Dar parecer sobre a aceitação de doações, nos estatutos, designado nos termos neles previstos, ou
heranças ou legados; nomeado por despacho do ministro da tutela.
f) Dar parecer sobre a contratação de emprésti- 4 — O exercício dos cargos do conselho consultivo
mos, quando o instituto esteja habilitado a não é remunerado, sem prejuízo do pagamento de ajudas
fazê-lo; de custo, quando a tal houver lugar.
g) Manter o conselho directivo informado sobre
os resultados das verificações e exames a que Artigo 31.o
proceda;
h) Elaborar relatórios da sua acção fiscalizadora, Competência
incluindo um relatório anual global; 1 — Compete ao conselho consultivo dar parecer
i) Propor ao ministro da tutela ou ao conselho sobre:
directivo a realização de auditorias externas,
quando isso se revelar necessário ou conve- a) Os planos anuais e plurianuais de actividades
niente; e o relatório de actividades;
j) Pronunciar-se sobre os assuntos que lhe sejam b) Os regulamentos internos do instituto.
submetidos pelo conselho directivo, pelo Tri-
bunal de Contas e pelas entidades que integram 2 — Compete ainda ao conselho consultivo pronun-
o controlo estratégico do sistema de controlo ciar-se sobre as questões que lhe sejam submetidas pelo
interno da administração financeira do Estado. conselho directivo ou pelo respectivo presidente.
3 — O conselho consultivo pode receber reclamações
ou queixas do público sobre a organização e funcio-
2 — O prazo para elaboração dos pareceres referidos namento em geral do instituto e apresentar ao conselho
no número anterior é de 15 dias a contar da recepção directivo sugestões ou propostas destinadas a fomentar
dos documentos a que respeitam. ou aperfeiçoar as actividades do instituto.
3 — Para exercício da sua competência, o fiscal único
tem direito a:
Artigo 32.o
a) Obter do conselho directivo as informações e Funcionamento
os esclarecimentos que repute necessários;
b) Ter livre acesso a todos os serviços e à docu- 1 — O conselho consultivo reúne ordinariamente pelo
mentação do instituto, podendo requisitar a pre- menos duas vezes por ano e extraordinariamente sempre
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que convocado pelo seu presidente, por sua iniciativa, as suas obrigações com o pessoal, face aos recursos dis-
ou por solicitação do conselho directivo, ou a pedido poníveis e às atribuições cuja prossecução lhe cabe
de um terço dos seus membros. assegurar.
2 — Podem participar nas reuniões, sem direito a
voto, por convocação do respectivo presidente, mediante CAPÍTULO III
proposta do conselho directivo, quaisquer pessoas ou
entidades cuja presença seja considerada necessária para Gestão económico-financeira e patrimonial
esclarecimento dos assuntos em apreciação.
3 — O conselho consultivo pode funcionar por sec- Artigo 35.o
ções. Regime orçamental e financeiro

CAPÍTULO II 1 — Os institutos públicos encontram-se sujeitos ao


regime orçamental e financeiro dos serviços e fundos
Serviços e pessoal autónomos, à excepção dos institutos públicos despro-
vidos de autonomia financeira, aos quais são aplicáveis
Artigo 33.o as normas financeiras dos serviços com autonomia admi-
nistrativa, sem prejuízo das especificidades constantes
Serviços da presente lei.
1 — Os institutos públicos dispõem dos serviços indis- 2 — Anualmente será fixada, no decreto de execução
pensáveis à efectivação das suas atribuições, sendo a orçamental, a lista de organismos em que o regime de
respectiva organização e funcionamento fixados em autonomia administrativa e financeira, ou de mera auto-
regulamento interno. nomia administrativa, deva sofrer alteração.
2 — A organização interna adoptada deve possuir
uma estrutura pouco hierarquizada e flexível, privile- Artigo 36.o
giando as estruturas matriciais.
3 — Os institutos públicos deverão recorrer à con- Património
tratação de serviços externos para o desenvolvimento 1 — O património próprio dos institutos públicos que
das actividades a seu cargo, sempre que tal método asse- disponham de autonomia patrimonial é constituído
gure um controlo mais eficiente dos custos e da qua- pelos bens, direitos e obrigações de conteúdo econó-
lidade do serviço prestado. mico, submetidos ao comércio jurídico privado, trans-
feridos pelo Estado ao instituto quando da sua criação,
ou que mais tarde sejam adquiridos pelos seus órgãos,
Artigo 34.o
e ainda pelo direito ao uso e fruição dos bens do patri-
Pessoal mónio do Estado que lhes sejam afectos.
2 — Os institutos públicos podem adquirir bens do
1 — Os institutos públicos podem adoptar o regime
património do Estado que por portaria do Ministro das
do contrato individual de trabalho em relação à tota-
Finanças lhes sejam cedidos para fins de interesse
lidade ou parte do respectivo pessoal, sem prejuízo de,
público.
quando tal se justificar, adoptarem o regime jurídico
3 — Podem ser afectos, por despacho do Ministro das
da função pública.
Finanças, à administração dos institutos públicos os bens
2 — O pessoal dos institutos públicos estabelece uma
do domínio público consignados a fins de interesse
relação jurídica de emprego com o respectivo instituto.
público que se enquadrem nas respectivas atribuições
3 — O recrutamento do pessoal deve, em qualquer
e ainda os bens do património do Estado que devam
caso, observar os seguintes princípios:
ser sujeitos aos seu uso e fruição, podendo essa afectação
a) Publicitação da oferta de emprego pelos meios cessar a qualquer momento por despacho do membro
mais adequados; do Governo.
b) Igualdade de condições e de oportunidades dos 4 — Os bens dos institutos públicos que se revelarem
candidatos; desnecessários ou inadequados ao cumprimento das suas
c) Fundamentação da decisão tomada. atribuições são incorporados no património do Estado,
salvo quando devam ser alienados, sendo essa incor-
4 — Nos termos do artigo 269.o da Constituição, a poração determinada por despacho conjunto dos Minis-
adopção do regime da relação individual de trabalho tros das Finanças e da tutela.
não dispensa os requisitos e limitações decorrentes da 5 — Os institutos públicos elaboram e mantêm actua-
prossecução do interesse público, nomeadamente res- lizados, anualmente, com referência a 31 de Dezembro,
peitantes a acumulações e incompatibilidades legal- o inventário de bens e direitos, tanto os próprios como
mente estabelecidas para os funcionários e agentes os do Estado que lhes estejam afectos, e prepararão
administrativos. o balanço.
5 — Os institutos públicos dispõem de mapas de pes- 6 — Pelas obrigações do instituto responde apenas
soal aprovados por despacho conjunto dos Ministros o seu património, mas os credores, uma vez executada
das Finanças e da tutela, publicado no Diário da Repú- a integralidade do património do mesmo ou extinto o
blica, dos quais constarão os postos de trabalho com instituto público, poderão demandar o Estado para satis-
as respectivas especificações e níveis de vencimentos, fação dos seus créditos.
sendo nula a relação de trabalho ou de emprego público 7 — Em caso de extinção, o património dos institutos
estabelecida com violação dos limites neles impostos. públicos e os bens dominiais sujeitos à sua administração
6 — Os órgãos de direcção do instituto devem propor revertem para o Estado, salvo quando se tratar de fusão
os ajustamentos nos mapas de pessoal necessários para ou reestruturação, caso em que o património e os bens
que o mesmo esteja sempre em condições de cumprir dominiais podem reverter para o novo instituto ou ser-
308 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 12 — 15 de Janeiro de 2004

-lhe afectos, desde que tal possibilidade esteja expres- 5 — Sempre que o instituto detenha participações em
samente prevista no diploma legal que proceder à fusão outras pessoas colectivas deve anexar as contas dessas
ou reestruturação. participadas e apresentar contas consolidadas com as
entidades por si controladas directa ou indirectamente.
Artigo 37.o
Receitas Artigo 40.o
1 — Os institutos públicos dispõem dos tipos de recei- Sistema de indicadores de desempenho
tas previstos na legislação aplicável aos serviços e fundos 1 — Os institutos públicos devem utilizar um sistema
autónomos e, se for caso disso, na legislação da segu- coerente de indicadores de desempenho, o qual deverá
rança social, com excepção daqueles que apenas pos- reflectir o conjunto das actividades prosseguidas e dos
suam autonomia administrativa. resultados obtidos.
2 — Em casos devidamente fundamentados, e 2 — O sistema deve englobar indicadores de econo-
mediante portaria conjunta dos Ministros das Finanças mia, eficiência, eficácia e também de qualidade, caso
e da tutela, podem ser atribuídas receitas consignadas prestem serviços directamente ao público.
aos institutos públicos que não disponham de autonomia 3 — Compete aos órgãos de controlo sectorial res-
financeira. pectivos aferir a qualidade desses sistemas, bem como
3 — Os institutos públicos não podem recorrer ao cré- avaliar, anualmente, os resultados obtidos pelos insti-
dito, salvo em circunstâncias excepcionais expressa- tutos públicos em função dos meios disponíveis, cujas
mente previstas na lei de enquadramento orçamental. conclusões são reportadas ao ministro da tutela.

Artigo 38.o
CAPÍTULO IV
Despesas
Tutela, superintendência e responsabilidade
1 — Constituem despesas dos institutos públicos as
que resultem de encargos decorrentes da prossecução
Artigo 41.o
das respectivas atribuições.
2 — Em matéria de autorização de despesas, o con- Tutela
selho directivo tem a competência atribuída na lei aos
titulares dos órgãos máximos dos organismos dotados 1 — Os institutos públicos encontram-se sujeitos a
de autonomia administrativa e financeira, ainda que o tutela governamental.
instituto público apenas possua autonomia administra- 2 — Carecem de aprovação do ministro da tutela:
tiva, bem como a que lhe for delegada pelo ministro a) O plano de actividades, o orçamento, o relatório
da tutela. de actividades e as contas;
3 — Considera-se delegada nos conselhos directivos b) Os demais actos previstos na lei e nos estatutos.
dos institutos públicos dotados de autonomia financeira
a competência para autorização de despesas que, nos 3 — Carecem de autorização prévia do ministro da
termos da lei, só possam ser autorizadas pelo ministro, tutela:
sem prejuízo de este poder, a qualquer momento, revo- a) A aceitação de doações, heranças ou legados;
gar ou limitar tal delegação de poderes. b) A criação de delegações territorialmente des-
concentradas;
Artigo 39.o c) Outros actos previstos na lei ou nos estatutos.

Contabilidade, contas e tesouraria 4 — Carecem de aprovação dos Ministros das Finan-


ças e da tutela:
1 — Os institutos públicos aplicam o Plano Oficial
de Contabilidade Pública, devendo essa aplicação ser a) Os regulamentos internos;
complementada por uma contabilidade analítica, com b) Os mapas de pessoal;
vista ao apuramento de resultados por actividades. c) Outros actos previstos na lei ou nos estatutos.
2 — A prestação de contas rege-se, fundamental-
mente, pelo disposto nos seguintes instrumentos legais 5 — Carecem de autorização prévia dos Ministros das
e regulamentares: Finanças e da tutela:
a) Lei de enquadramento orçamental; a) A negociação de acordos e convenções colec-
b) Regime de administração financeira do Estado; tivas de trabalho;
c) Lei de Organização e Processo do Tribunal de b) A criação de entes de direito privado, a par-
Contas; ticipação na sua criação, a aquisição de par-
d) Instruções emanadas pelo Tribunal de Contas; ticipações em tais entidades, quando esteja pre-
e) Diplomas anuais de execução orçamental. visto na lei ou nos estatutos e se mostrar impres-
cindível para a prossecução das respectivas
3 — É aplicável aos institutos públicos o regime da atribuições;
Tesouraria do Estado e, em particular, o princípio e c) Outros actos previstos na lei ou nos estatutos.
as regras da unidade de tesouraria.
4 — O instituto prepara um balanço anual do seu 6 — A lei ou os estatutos podem fazer depender cer-
património, devendo figurar em anotação ao balanço tos actos de autorização ou aprovação de outros órgãos,
a lista dos bens dominiais sujeitos à sua administração. diferentes dos indicados.
N.o 12 — 15 de Janeiro de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 309

7 — A falta de autorização prévia ou de aprovação TÍTULO IV


determina a ineficácia jurídica dos actos sujeitos a
aprovação. Regimes especiais
8 — No domínio disciplinar, compete ao ministro da
tutela: Artigo 45.o
a) Exercer acção disciplinar sobre os membros dos Institutos com organização simplificada
órgãos dirigentes;
b) Ordenar inquéritos ou sindicâncias aos serviços 1 — Os institutos cuja menor complexidade justifique
do instituto. uma organização simplificada têm como único órgão
de direcção um director, eventualmente um subdirector,
9 — O ministro da tutela goza de tutela substitutiva e um conselho administrativo.
na prática de actos legalmente devidos, em caso de inér- 2 — O director e o conselho administrativo dispõem
cia grave do órgão responsável. dos poderes definidos no regime geral de administração
dos fundos e serviços autónomos e dos que estiverem
definidos na lei orgânica e nos estatutos.
Artigo 42.o
Superintendência Artigo 46.o
1 — O ministro da tutela pode dirigir orientações, Regime jurídico da função pública
emitir directivas ou solicitar informações aos órgãos diri- 1 — Nos casos em que a especificidade do organismo
gentes dos institutos públicos sobre os objectivos a atin- ou dos postos de trabalho o justifiquem, o diploma ins-
gir na gestão do instituto e sobre as prioridades a adoptar tituidor dos institutos públicos pode adoptar em relação
na respectiva prossecução. à totalidade ou parte do respectivo pessoal o regime
2 — Além da superintendência do ministro da tutela, da função pública.
os institutos públicos devem observar as orientações 2 — No caso de o regime da função pública ser adop-
governamentais estabelecidas pelo Ministro das Finan- tado como regime transitório, o mesmo apenas poderá
ças e pelo membro do Governo responsável pela Admi- ser aplicado ao pessoal que se encontrava em funções
nistração Pública, respectivamente em matéria de finan- nesse regime à data dessa adopção.
ças e pessoal.
3 — Compete ao ministro da tutela proceder ao con-
trolo do desempenho dos institutos públicos, em especial Artigo 47.o
quanto ao cumprimento dos fins e dos objectivos esta-
belecidos e quanto à utilização dos recursos pessoais Institutos de gestão participada
e materiais postos à sua disposição. Nos institutos públicos em que, por determinação
constitucional ou legislativa, deva haver participação de
Artigo 43.o terceiros na sua gestão, a respectiva organização pode
contemplar as especificidades necessárias para esse
Responsabilidade efeito, nomeadamente no que respeita à composição
do órgão directivo.
1 — Os titulares dos órgãos dos institutos públicos
e os seus funcionários, agentes e trabalhadores respon-
dem civil, criminal, disciplinar e financeiramente pelos Artigo 48.o
actos e omissões que pratiquem no exercício das suas Institutos de regime especial
funções, nos termos da Constituição e demais legislação
aplicável. 1 — Gozam de regime especial, com derrogação do
2 — A responsabilidade financeira é efectivada pelo regime comum na estrita medida necessária à sua espe-
Tribunal de Contas, nos termos da respectiva legislação. cificidade, os seguintes tipos de institutos públicos:
a) As universidades e escolas de ensino superior
Artigo 44.o politécnico;
b) As instituições públicas de solidariedade e segu-
Página electrónica
rança social;
Os institutos públicos devem disponibilizar uma c) Os estabelecimentos do Serviço Nacional de
página electrónica, com todos os dados relevantes, Saúde;
nomeadamente: d) As regiões de turismo;
e) O Banco de Portugal e os fundos que funcionam
a) Os diplomas legislativos que os regulam, os esta- junto dele;
tutos e regulamentos internos; f) As entidades administrativas independentes.
b) A composição dos corpos gerentes, incluindo
os elementos biográficos mencionados no n.o 4 2 — Cada uma destas categorias de institutos públicos
do artigo 19.o; pode ser regulada por uma lei específica.
c) Os planos de actividades e os relatórios de acti- 3 — Gozam ainda de regime especial, com derroga-
vidades dos últimos três anos; ção do regime comum na estrita medida necessária à
d) Os orçamentos e as contas dos últimos três anos, sua especificidade, o Instituto de Gestão Financeira e
incluindo os respectivos balanços; Patrimonial da Justiça e o Fundo de Garantia Financeira
e) O mapa de pessoal. da Justiça por aquele gerido.
310 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 12 — 15 de Janeiro de 2004

TÍTULO V Artigo 52.o


Estabelecimentos
Disposições finais e transitórias
1 — No caso de o instituto dispor de um ou mais
Artigo 49.o estabelecimentos deverá o seu órgão de direcção espe-
Base de dados sobre os institutos públicos cificar, em aviso publicado na 2.a série do Diário da
República, qual o pessoal que se encontra afecto ao esta-
1 — Junto da Direcção-Geral da Administração belecimento e qual o regime jurídico em que o mesmo
Pública é organizada uma base de dados informatizada presta funções.
sobre os institutos públicos, a qual contém para cada 2 — Pode o órgão de direcção do instituto, mediante
um deles, entre outros, os seguintes elementos: desig- prévia autorização dos Ministros das Finanças e da
nação, diploma ou diplomas reguladores, data de criação tutela, que desafecte o estabelecimento da prestação
e de eventual reestruturação e composição dos corpos de serviço público, transmitir, ou ceder temporariamente
gerentes. a terceiros, a exploração de estabelecimentos que inte-
2 — A base de dados referida no número anterior grem o seu património.
é disponibilizada em linha na página electrónica da 3 — A transmissão ou cessão de exploração será titu-
Direcção-Geral da Administração Pública, incluindo lada por contrato escrito, em que ficarão consignados
conexões para a página electrónica de cada instituto todos os direitos e obrigações assumidos quanto à explo-
referida no artigo 44.o ração do estabelecimento, devendo a escolha do adqui-
rente ou cessionário ficar sujeita às mesmas formali-
Artigo 50.o dades que regulam a realização de despesas públicas
de valor equivalente ao da receita obtida.
Revisão dos institutos públicos existentes 4 — No caso de transmissão ou cessão de exploração
1 — A presente lei aplica-se apenas para o futuro, do estabelecimento serão transferidos para o adquirente,
salvo acordo em contrário entre transmitente e adqui-
com excepção do disposto nos artigos 20.o, 24.o, 41.o,
rente, a posição jurídica de entidade patronal e os direi-
42.o, 43.o, 44.o, 46.o, n.o 2, e 52.o a 54.o, que se aplicam
tos e obrigações do instituto relativos ao pessoal afecto
a partir da data da sua entrada em vigor.
ao estabelecimento, em regime de direito público ou
2 — Todos os institutos existentes à data da entrada
privado, sem alteração do respectivo conteúdo e natu-
em vigor da presente lei serão objecto de uma análise
reza.
à luz dos requisitos nela estabelecidos, para efeitos de
eventual reestruturação, fusão ou extinção.
3 — Para efeitos do disposto no número anterior será Artigo 53.o
incumbida uma comissão, que funcionará na dependên- Concessões
cia do Ministro das Finanças e do membro do Governo
que tiver a seu cargo a Administração Pública, cons- 1 — Os órgãos de direcção do instituto podem,
tituída do seguinte modo: mediante prévia autorização do ministro da tutela, con-
ceder a entidades privadas, por prazo determinado e
a) Dois representantes do Ministro das Finanças mediante uma contrapartida ou uma renda periódica,
e do membro do Governo que tiver a seu cargo a prossecução por conta e risco próprio de algumas das
a Administração Pública, para as áreas orça- suas atribuições, e nelas delegar os poderes necessários
mental e financeira e de administração pública; para o efeito.
b) Um representante de cada um dos ministros, 2 — Os termos e condições da concessão constarão
com participação limitada à análise dos insti- de contrato administrativo, publicado no Diário da Repú-
tutos públicos sob sua tutela. blica, sendo a escolha do concessionário precedida das
mesmas formalidades que regulam o estabelecimento
4 — Cada um dos institutos públicos existentes apre- de parcerias público-privadas na Administração Pública.
sentará à referida comissão um relatório sobre a sua 3 — No caso de a concessão ser acompanhada pela
justificação, bem como sobre as alterações a introduzir cessão da exploração de estabelecimento do instituto
para o conformar com o regime previsto na presente aplicar-se-ão as correspondentes disposições.
lei.
5 — No prazo que lhe for determinado a comissão
Artigo 54.o
apresentará ao Ministro das Finanças e aos demais mem-
bros do Governo referidos no n.o 3 um relatório e uma Delegações de serviço público
proposta relativa a cada um dos institutos públicos
1 — Os órgãos de direcção do instituto podem,
existentes.
mediante prévia autorização do ministro da tutela, dele-
gar em entidades privadas, por prazo determinado, e
Artigo 51.o com ou sem remuneração, a prossecução de algumas
Uso da designação «Instituto, IP» ou «Fundação, IP» das suas atribuições e os poderes necessários para o
efeito, assumindo o delegado a obrigação de prosseguir
1 — No âmbito da administração central os institutos essas atribuições ou colaborar na sua prossecução sob
públicos, abrangidos pela presente lei, utilizam a desig- orientação do instituto.
nação «Instituto, IP» ou «Fundação, IP». 2 — Os termos e condições de delegação de serviço
2 — A designação «Fundação, IP» só pode ser usada público constarão de contrato administrativo publicado
quando se trate de institutos públicos com finalidades no Diário da República, sendo a escolha do delegado
de interesse social e dotados de um património cujos precedido das mesmas formalidades que regulam o esta-
rendimentos constituam parte considerável das suas belecimento de parcerias público-privadas na Adminis-
receitas. tração Pública.
N.o 12 — 15 de Janeiro de 2004 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A 311

3 — No caso de a delegação ser acompanhada pela Artigo 3.o


cessão de exploração de estabelecimento do instituto,
aplicar-se-ão as correspondentes disposições. Princípios

1 — A organização, a estrutura e o funcionamento


Artigo 55.o da Administração Pública devem orientar-se pelos prin-
Entrada em vigor
cípios da unidade e eficácia da acção da Administração
Pública, da aproximação dos serviços às populações, da
A presente lei entra em vigor no dia 1 do mês seguinte desburocratização, da racionalização de meios, da efi-
ao da sua publicação. ciência na afectação de recursos públicos, na melhoria
quantitativa e qualitativa do serviço prestado e da garan-
Aprovada em 27 de Novembro de 2003. tia de participação dos cidadãos, bem como pelos demais
princípios constitucionais da actividade administrativa
O Presidente da Assembleia da República, João acolhidos pelo Código do Procedimento Administrativo.
Bosco Mota Amaral. 2 — O princípio da unidade e eficácia da acção da
Administração Pública consubstancia-se no exercício de
Promulgada em 30 de Dezembro de 2003. poderes hierárquicos, nomeadamente os poderes de
direcção, substituição e revogação e nas inerentes garan-
Publique-se.
tias dos destinatários dos actos praticados no âmbito
O Presidente da República, JORGE SAMPAIO. destes poderes.
3 — Em obediência ao princípio da aproximação dos
Referendada em 30 de Dezembro de 2003. serviços às populações, as funções de cada serviço devem
ser exercidas no nível territorial mais próximo possível
O Primeiro-Ministro, José Manuel Durão Barroso. dos respectivos destinatários.
4 — A desburocratização deve traduzir-se numa clara
definição de atribuições, competências e funções, numa
Lei n.o 4/2004 simplificação das estruturas orgânicas existentes e na
redução dos níveis hierárquicos de decisão.
de 15 de Janeiro 5 — Em cumprimento do princípio da racionalização,
Estabelece os princípios e normas a que deve obedecer devem ser prosseguidas a economia de meios e a eficácia
a organização da administração directa do Estado da actuação administrativa, evitando-se a criação de
novos serviços e a dispersão de funções ou competências
A Assembleia da República decreta, nos termos da por pequenas unidades orgânicas.
alínea c) do artigo 161.o da Constituição, para valer 6 — Tendo em vista o acréscimo da eficiência na afec-
como lei geral da República, o seguinte: tação de recursos públicos e a melhoria quantitativa
e qualitativa do serviço prestado ao cidadão pode, desde
que no respeito pela Constituição e em termos e con-
CAPÍTULO I dições a fixar em diploma próprio, ser objecto de dele-
Princípios gerais gação ou concessão a entidades privadas, por prazo
determinado, a prossecução de algumas das funções de
Artigo 1.o serviços da administração directa do Estado.
7 — No respeito pelo princípio da participação dos
Objecto administrados, a administração directa do Estado deve
A presente lei estabelece os princípios e normas a assegurar a interacção e a complementaridade da sua
que obedece a organização da administração directa do actuação com os respectivos destinatários, bem como
Estado. com entidades representativas dos interesses económi-
cos e sociais.
Artigo 2.o 8 — Norteados pela prossecução do interesse público,
Âmbito os órgãos e serviços da administração directa do Estado
devem observar ainda os princípios gerais referidos nos
1 — Integram a administração directa do Estado os números anteriores mediante o incremento, na sua
serviços centrais e periféricos que, pela natureza das actuação:
suas competências e funções, devam estar sujeitos ao
poder de direcção do respectivo membro do Governo. a) Da prestação de serviços orientados para os
2 — Incluem-se no disposto no número anterior os cidadãos;
serviços de cujas atribuições decorra, designadamente, b) Da imparcialidade na actividade administrativa;
o exercício de poderes de soberania, autoridade e repre-
c) Da responsabilização a todos os níveis pela ges-
sentação política do Estado ou o estudo e concepção,
coordenação, apoio e controlo ou fiscalização de outros tão pública;
serviços administrativos. d) Da racionalidade e celeridade nos procedimen-
3 — A aplicação da presente lei às Forças Armadas, tos administrativos;
às forças militarizadas e aos serviços do Sistema de Infor- e) Da eficácia na prossecução dos objectivos fixa-
mações da República Portuguesa faz-se sem prejuízo dos e controlo de resultados obtidos;
das necessárias adaptações constantes das respectivas f) Da eficiência na utilização dos recursos públi-
leis orgânicas. cos;

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