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2 — Quer os serviços personalizados, quer os fundos 2 — São, designadamente, aplicáveis aos institutos
personalizados, também designados como fundações públicos, quaisquer que sejam as particularidades dos
públicas, podem organizar-se em um ou mais estabe- seus estatutos e do seu regime de gestão, mas com as
lecimentos, como tal se designando as universalidades ressalvas estabelecidas no título IV da presente lei:
compostas por pessoal, bens, direitos e obrigações e posi-
ções contratuais do instituto afectos em determinado a) O Código do Procedimento Administrativo, no
local à produção de bens ou à prestação de serviços que respeita à actividade de gestão pública,
no quadro das atribuições do instituto. envolvendo o exercício de poderes de autori-
3 — Não se consideram abrangidas nesta lei as enti- dade, a gestão da função pública ou do domínio
dades públicas empresariais previstas no Decreto-Lei público, ou a aplicação de outros regimes
n.o 558/99, de 17 de Dezembro. jurídico-administrativos;
4 — As sociedades e as associações ou fundações cria- b) O regime jurídico da função pública ou o do
das como pessoas colectivas de direito privado pelo contrato individual de trabalho, de acordo com
Estado, Regiões Autónomas ou autarquias locais não o regime de pessoal aplicável;
são abrangidas por esta lei, devendo essa criação ser c) O regime da administração financeira e patri-
sempre autorizada por diploma legal. monial do Estado;
d) O regime das empreitadas de obras públicas;
e) O regime da realização de despesas públicas
TÍTULO II e da contratação pública;
f) O regime das incompatibilidades de cargos
Princípios fundamentais públicos;
g) O regime da responsabilidade civil do Estado;
Artigo 4.o h) As leis do contencioso administrativo, quando
Conceito estejam em causa actos e contratos de natureza
administrativa;
1 — Os institutos públicos são pessoas colectivas de i) O regime de jurisdição e controlo financeiro
direito público, dotadas de órgãos e património próprio. do Tribunal de Contas.
2 — Os institutos públicos devem em regra preencher
os requisitos de que depende a autonomia administrativa
Artigo 7.o
e financeira.
3 — Em casos excepcionais devidamente fundamen- Ministério da tutela
tados, podem ser criados institutos públicos apenas dota-
1 — Cada instituto está adstrito a um departamento
dos de autonomia administrativa.
ministerial, abreviadamente designado como ministério
da tutela, em cuja lei orgânica deve ser mencionado.
Artigo 5.o 2 — No caso de a tutela sobre um determinado ins-
Princípios de gestão tituto público ser repartida ou partilhada por mais de
um ministro, aquele considera-se adstrito ao ministério
1 — Os institutos públicos devem observar os seguin- cujo membro do Governo sobre ele exerça poderes de
tes princípios de gestão: superintendência.
a) Prestação de um serviço aos cidadãos com a
qualidade exigida por lei; Artigo 8.o
b) Garantia de eficiência económica nos custos
Fins
suportados e nas soluções adoptadas para pres-
tar esse serviço; 1 — Os institutos públicos só podem ser criados para
c) Gestão por objectivos devidamente quantifica- o desenvolvimento de atribuições que recomendem, face
dos e avaliação periódica em função dos resul- à especificidade técnica da actividade desenvolvida,
tados; designadamente no domínio da produção de bens e da
d) Observância dos princípios gerais da actividade prestação de serviços, a necessidade de uma gestão não
administrativa, quando estiver em causa a gestão submetida à direcção do Governo.
pública. 2 — Os institutos públicos não podem ser criados
para:
2 — Os órgãos de direcção dos institutos públicos
devem assegurar que os recursos públicos de que dis- a) Desenvolver actividades que nos termos da
põem são administrados de uma forma eficiente e sem Constituição devam ser desempenhadas por
desperdícios, devendo sempre adoptar ou propor as organismos da administração directa do Estado;
soluções organizativas e os métodos de actuação que b) Personificar serviços de estudo e concepção ou
representem o menor custo na prossecução eficaz das serviços de coordenação, apoio e controlo de
atribuições públicas a seu cargo. outros serviços administrativos.
1 — Compete ao conselho directivo, no âmbito da 1 — O conselho directivo reúne uma vez por semana
orientação e gestão do instituto: e extraordinariamente sempre que o presidente o con-
voque, por sua iniciativa ou a solicitação da maioria
a) Dirigir a respectiva actividade; dos seus membros.
b) Elaborar os planos anuais e plurianuais de acti- 2 — Nas votações não há abstenções, mas podem ser
vidades e assegurar a respectiva execução; proferidas declarações de voto.
c) Acompanhar e avaliar sistematicamente a acti- 3 — A acta das reuniões deve ser aprovada e assinada
vidade desenvolvida, designadamente responsa- por todos os membros presentes, mas os membros dis-
bilizando os diferentes serviços pela utilização cordantes do teor da acta poderão nela exarar as res-
dos meios postos à sua disposição e pelos resul- pectivas declarações de voto.
tados atingidos;
d) Elaborar o relatório de actividades;
Artigo 23.o
e) Elaborar o balanço social, nos termos da lei
aplicável; Competência do presidente
f) Exercer os poderes de direcção, gestão e dis- 1 — Compete, em especial, ao presidente do conselho
ciplina do pessoal; directivo:
g) Praticar actos respeitantes ao pessoal previstos
na lei e nos estatutos; a) Presidir às reuniões, orientar os seus trabalhos
h) Aprovar os projectos dos regulamentos previs- e assegurar o cumprimento das respectivas
tos nos estatutos e os que sejam necessários ao deliberações;
desempenho das atribuições do instituto; b) Assegurar as relações com os órgãos de tutela
i) Praticar os demais actos de gestão decorrentes e com os demais organismos públicos;
da aplicação dos estatutos e necessários ao bom c) Solicitar pareceres ao órgão de fiscalização e
funcionamento dos serviços; ao conselho consultivo, quando exista;
j) Nomear os representantes do instituto em orga- d) Exercer as competências que lhe sejam dele-
nismos exteriores; gadas pelo conselho directivo.
l) Exercer os poderes que lhe tenham sido dele-
gados; 2 — O presidente pode delegar, ou subdelegar, com-
m) Elaborar pareceres, estudos e informações que petências no vice-presidente, quando exista, ou nos
lhe sejam solicitados pelo membro do Governo vogais.
da tutela; Artigo 24.o
n) Constituir mandatários do instituto, em juízo Responsabilidade dos membros
e fora dele, incluindo com o poder de subs-
tabelecer; 1 — Os membros do conselho directivo são solida-
o) Designar um secretário a quem caberá certificar riamente responsáveis pelos actos praticados no exer-
os actos e deliberações. cício das suas funções.
2 — São isentos de responsabilidade os membros que,
2 — Compete ao conselho directivo, no domínio da tendo estado presentes na reunião em que foi tomada
gestão financeira e patrimonial: a deliberação, tiverem manifestado o seu desacordo, em
declaração registada na respectiva acta, bem como os
a) Elaborar o orçamento anual e assegurar a res- membros ausentes que tenham declarado por escrito
pectiva execução; o seu desacordo, que igualmente será registado na acta.
b) Arrecadar e gerir as receitas e autorizar as
despesas; Artigo 25.o
c) Elaborar a conta de gerência;
d) Gerir o património; Estatuto dos membros
e) Aceitar doações, heranças ou legados; 1 — Aos membros do conselho directivo é aplicável
f) Assegurar as condições necessárias ao exercício o regime definido na presente lei e, subsidiariamente,
do controlo financeiro e orçamental pelas enti- o fixado no estatuto do pessoal dirigente da Adminis-
dades legalmente competentes; tração Pública.
g) Exercer os demais poderes previstos nos esta- 2 — O estatuto remuneratório dos membros do con-
tutos e que não estejam atribuídos a outro órgão. selho directivo consta de diploma próprio, o qual pode
estabelecer diferenciações entre diferentes tipos de ins-
3 — Os institutos públicos são representados, desig- titutos, tendo em conta, nomeadamente, os sectores de
nadamente, em juízo ou na prática de actos jurídicos, actividade e a complexidade da gestão.
pelo presidente do conselho directivo, por dois dos seus
membros, ou por mandatários especialmente desig-
nados. SECÇÃO III
4 — Sem prejuízo do disposto na alínea n) do n.o 1, Órgão de fiscalização
o conselho directivo pode sempre optar por solicitar
o apoio e a representação em juízo por parte do Minis- Artigo 26.o
tério Público, ao qual competirá, nesse caso, defender Função
os interesses do instituto.
5 — Os actos administrativos da autoria do conselho O fiscal único é o órgão responsável pelo controlo
directivo são impugnáveis junto dos tribunais adminis- da legalidade, da regularidade e da boa gestão financeira
trativos, nos termos das leis do processo administrativo. e patrimonial do instituto.
306 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-A N.o 12 — 15 de Janeiro de 2004
que convocado pelo seu presidente, por sua iniciativa, as suas obrigações com o pessoal, face aos recursos dis-
ou por solicitação do conselho directivo, ou a pedido poníveis e às atribuições cuja prossecução lhe cabe
de um terço dos seus membros. assegurar.
2 — Podem participar nas reuniões, sem direito a
voto, por convocação do respectivo presidente, mediante CAPÍTULO III
proposta do conselho directivo, quaisquer pessoas ou
entidades cuja presença seja considerada necessária para Gestão económico-financeira e patrimonial
esclarecimento dos assuntos em apreciação.
3 — O conselho consultivo pode funcionar por sec- Artigo 35.o
ções. Regime orçamental e financeiro
-lhe afectos, desde que tal possibilidade esteja expres- 5 — Sempre que o instituto detenha participações em
samente prevista no diploma legal que proceder à fusão outras pessoas colectivas deve anexar as contas dessas
ou reestruturação. participadas e apresentar contas consolidadas com as
entidades por si controladas directa ou indirectamente.
Artigo 37.o
Receitas Artigo 40.o
1 — Os institutos públicos dispõem dos tipos de recei- Sistema de indicadores de desempenho
tas previstos na legislação aplicável aos serviços e fundos 1 — Os institutos públicos devem utilizar um sistema
autónomos e, se for caso disso, na legislação da segu- coerente de indicadores de desempenho, o qual deverá
rança social, com excepção daqueles que apenas pos- reflectir o conjunto das actividades prosseguidas e dos
suam autonomia administrativa. resultados obtidos.
2 — Em casos devidamente fundamentados, e 2 — O sistema deve englobar indicadores de econo-
mediante portaria conjunta dos Ministros das Finanças mia, eficiência, eficácia e também de qualidade, caso
e da tutela, podem ser atribuídas receitas consignadas prestem serviços directamente ao público.
aos institutos públicos que não disponham de autonomia 3 — Compete aos órgãos de controlo sectorial res-
financeira. pectivos aferir a qualidade desses sistemas, bem como
3 — Os institutos públicos não podem recorrer ao cré- avaliar, anualmente, os resultados obtidos pelos insti-
dito, salvo em circunstâncias excepcionais expressa- tutos públicos em função dos meios disponíveis, cujas
mente previstas na lei de enquadramento orçamental. conclusões são reportadas ao ministro da tutela.
Artigo 38.o
CAPÍTULO IV
Despesas
Tutela, superintendência e responsabilidade
1 — Constituem despesas dos institutos públicos as
que resultem de encargos decorrentes da prossecução
Artigo 41.o
das respectivas atribuições.
2 — Em matéria de autorização de despesas, o con- Tutela
selho directivo tem a competência atribuída na lei aos
titulares dos órgãos máximos dos organismos dotados 1 — Os institutos públicos encontram-se sujeitos a
de autonomia administrativa e financeira, ainda que o tutela governamental.
instituto público apenas possua autonomia administra- 2 — Carecem de aprovação do ministro da tutela:
tiva, bem como a que lhe for delegada pelo ministro a) O plano de actividades, o orçamento, o relatório
da tutela. de actividades e as contas;
3 — Considera-se delegada nos conselhos directivos b) Os demais actos previstos na lei e nos estatutos.
dos institutos públicos dotados de autonomia financeira
a competência para autorização de despesas que, nos 3 — Carecem de autorização prévia do ministro da
termos da lei, só possam ser autorizadas pelo ministro, tutela:
sem prejuízo de este poder, a qualquer momento, revo- a) A aceitação de doações, heranças ou legados;
gar ou limitar tal delegação de poderes. b) A criação de delegações territorialmente des-
concentradas;
Artigo 39.o c) Outros actos previstos na lei ou nos estatutos.