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09/02/2024, 16:48 A participação feminina na ciência, tecnologia, engenharia e matemática: Estado atual, barreiras e caminhos para a paridad…

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A participação feminina na ciência,


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A geração atual enfrenta importantes desafios. A
desigualdade de gênero é um deles e precisa avançar 50 anos da inauguração da Nova Copacabana
em todas as áreas da sociedade para que seja uma
realidade. No ritmo atual, a igualdade de gênero só deve O novo COSCIP – Código de Segurança Contra
ser atingida em 135,6 anos. Precisamos acelerar essa Incêndio e Pânico, do CBMERJ, e sua
mudança para vivermos num mundo mais igualitário o importância para Engenharia de Segurança
quanto antes. Para isso, é importante olharmos para a
Exigências Técnicas do Anexo XII da NR-12
realidade nacional e nos perguntar: quantas mulheres
estão em cargos de direção nas empresas? Quantas
Entenda o aumento dos preços dos
mulheres ocupam assentos nas câmaras de vereadores?
alimentos e o impacto no poder de compra
Quantas mulheres atuam nas áreas de Ciência e dos brasileiros
Tecnologia?
Todas as ciências são humanas e nenhuma
Buscando responder à última dessas perguntas, o ciência é exata
Laboratório do Futuro da COPPE/UFRJ, em parceria com
o Departamento de Matemática do Instituto Superior
Técnico de Lisboa, Portugal, estão realizando um
levantamento inédito de iniciativas que favoreçam a
igualdade de gênero no mercado de trabalho e ensino
superior nas áreas de STEM (Ciência, Tecnologia,

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Engenharia e Matemática) no Brasil. Já identificamos


que a participação de mulheres no mercado de trabalho
em STEM é de 31%, enquanto que, no ensino superior
em STEM, a participação feminina é de 29%.

A Constituição Federal brasileira garante direitos iguais


a homens e mulheres. Por outro lado, essa mesma
Constituição só foi promulgada em 5 de outubro de
1988. Analisando o passado através de uma lente
histórica, verificamos que no Brasil os primeiros cursos
universitários criados – Medicina, Direito e Engenharia –
foram incentivados para auxiliar nas chamadas
profissões imperiais, que ocasionaram a hierarquização
de carreiras na formação para o mercado de trabalho e
também nas diferenças entre estudantes destas áreas.

A Engenharia Civil brasileira, por exemplo, nasceu no


período imperial e é herdeira de um pensamento
essencialmente militar, preocupado com a colonização e
a defesa do território brasileiro. Em decorrência das
relações patriarcais da sociedade brasileira, a primeira
mulher a se formar em Engenharia no Brasil, foi Edwiges
Maria Becker Hom’meil, em 1917, quase um século após
a criação do primeiro curso de Engenharia, em 1810.
Podemos citar outras grandes engenheiras brasileiras,
como a engenheira agrônoma Veridiana Victoria
Rossetti, internacionalmente reconhecida como uma
das maiores pesquisadoras em pragas e doenças e
Enedina Alves Marques, primeira engenheira negra do
Brasil, que participou do projeto de construção da usina
hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza,
na região metropolitana de Curitiba.

Apesar do Brasil ocupar a 93ª posição do ranking de


igualdade de gênero, temos desafios ainda em dar o
primeiro passo de aceitar que o problema existe e
precisa ser combatido, dado que 12% das pessoas são
contra o aumento da igualdade de gênero no país
enquanto que 21% consideram que nenhuma mudança
seja necessária.

Os desafios de igualdade de gênero no país se


encontram principalmente nos setores de
empoderamento político, dado que a participação de
mulheres no parlamento é de apenas 15%, e nas
oportunidades econômicas, onde o número de
mulheres no mercado de trabalho tem crescido, mas a
desigualdade salarial ainda é grande. Um número que
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exemplifica o tamanho do desafio das empresas no


Brasil é o de que apenas 0,8% das empresas têm CEOs
mulheres e somente 8,6% das cadeiras dos Conselho
Administrativo são ocupadas por mulheres.

Dentre as áreas onde a desigualdade de gênero ainda é


considerável, encontram-se a inserção no ensino
superior e no mercado de trabalho em STEM. Em
particular, a participação feminina nos cursos de
Engenharia é de 26%; mais baixa do que os 29% do
STEM como um todo. A tabela abaixo exibe a
participação das mulheres nos dez cursos de
Engenharia com mais estudantes. Podemos ver que
apenas três cursos possuem paridade de gênero (se
situam entre 45%-55%) e todos os demais possuem uma
predominância masculina com alguns cursos ficando
numa faixa abaixo de 13% de participação feminina.

No mercado de trabalho, os números são ainda piores:


as diferentes profissões da Engenharia só contam com
18% de participação feminina. A tabela abaixo mostra os
dados das dez profissões da Engenharia com mais
trabalhadores formais. Nesse caso, nenhuma das
profissões possui paridade de gênero e todas têm
menos do que 35% de participação feminina.

Quais são as barreiras para o aumento da participação


feminina na área de STEM no Brasil? Resultados de

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pesquisas apontam que mulheres passam por situações


enquanto alunas de cursos de graduação que
contribuem para a desistência na formação superior.
Existem as barreiras relacionadas a estereotipo de
gênero, com julgamentos que resultam em
discriminação e segregação nas atividades acadêmicas,
além de dificuldades em expor ideias, terem suas ideias
consideradas ou até mesmo serem reconhecidas como
autoras de ideias aceitas.

Algumas ações supostamente gentis, como carregar


objetos para as mulheres em atividades práticas,
quando, claramente, elas teriam capacidade de
carregar, podem ser sentidas como subjugação de
capacidade, com base em um estereótipo de
feminilidade e de relação entre os gêneros, em que o
homem terá as condições de ajudar a mulher que,
nesse caso, não é capaz.

São ainda bem comuns as mulheres serem alvos de


anedotas e “brincadeiras”, tendo como base o reforço
de uma percepção de superioridade das habilidades de
uma pessoa sobre a outra. Juntando ao fato de serem
sempre a minoria nos cursos, ocorre o isolamento das
mulheres, o que dificulta a interação em atividades
acadêmicas e sociais. Outras barreiras bem citadas
pelas mulheres em outras áreas de conhecimento
também ocorrem na área de STEM: interrupções na fala,
mansplaining (quando um homem explica coisas óbvias
à mulher), estereótipos de gênero durante a divisão de
tarefas, assédio moral e sexual.

Certas barreiras têm origem antes da mulher entrar em


curso de graduação em STEM, ainda na infância e
adolescência. Uma delas é a considerável baixa
exposição aos assuntos de STEM (comparado ao que
ocorre com os meninos), que leva ao medo ou mesmo à
repulsa à área de STEM. Quando chegam na graduação,
o efeito disso é que as mulheres sentem que precisam
se esforçar muito para alinharem seus conhecimentos
aos que os homens já tiveram antes da graduação. A
falta de confiança das mulheres em seu desempenho
pode agir tanto como causa quanto efeito dos
estereótipos e das demais barreiras e complicar ainda
mais a participação das mulheres em áreas STEM.

Também é possível encontrar em resultados de


pesquisa um conjunto de fatores que são reconhecidos
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como motivadores para as mulheres que ultrapassaram


as barreiras encontradas em suas jornadas na formação
e carreira na área de STEM. Assim como as barreiras, os
motivadores surgem ainda na infância e adolescência
através do incentivo da família, amigos e escola. Esses
mesmos motivadores continuam sendo importantes
durante a formação superior da mulher na área de
STEM para que ela mesma persista na graduação.

O ambiente escolar é um fator ambiental que afeta o


interesse de crianças e adolescentes, quando incluem
no currículo escolar ações que apoiem atividades
científicas e/ou em outras áreas de STEM, com
desenvolvimento de habilidades através de resolução
de problemas, atividades práticas, conteúdo científico
associado a aplicações da vida cotidiana, aprendizagem
cooperativa, atividades investigativas, trabalho em
grupo e aprendizagem ativa. Tal exposição à área de
STEM durante o ensino médio favorece o
empoderamento das meninas ao aumentar a
autoconfiança em suas habilidades em atuar nas áreas
de STEM. A participação nas ações e incentivo dos
professores também é fundamental, pois eles têm papel
de modelos. O nível educacional dos professores em
áreas de STEM também age como motivador, quando
eles se comunicam de forma confiante com os alunos e
expressam suas preferências e empolgação pela área.

Alinhadas a esses fatores motivacionais, têm-se aplicado


estratégias voltadas para a mudança de percepção
sobre a área de STEM e aumento da confiança das
meninas estudantes do ensino médio em relação à
disciplina dessa área. Uma estratégia que se desdobra
em várias ações é a exposição a treinamento em temas
da área de STEM. O contato com trabalhos na área
executados em universidades, visita a laboratórios
como de Informática e demais temas de Engenharia,
cursos, workshops, desafios práticos, entre outros, são
estratégias para desconstruir estereótipos de gênero
que possam estar internalizados nas meninas. Também
são adotadas estratégias com foco em Role Models
(pessoa que exerce um papel e pode ser um exemplo),
com o contato de meninas com mulheres da área STEM,
nas quais a rotina dessas mulheres e seus desafios são
compartilhados.

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A Heroines Learning Journey, ou Jornada de


Aprendizado da Heroína em Português, é uma proposta,
desenvolvida por alguns dos pesquisadores do
Igualdade STEM, focada na vida prática e real projeto,
que visa gerar curiosidade e interesse para jovens
mulheres, entre 15 e 20 anos, nas áreas de STEM,
proporcionando uma linguagem de gênero mais
igualitária, aprimorando habilidades matemáticas, bem
como ensino de conteúdos relacionados à
aprendizagem STEM. Esta jornada na área da educação,
tem experiências de aprendizagem coletiva ou
individual. Nesse tipo de aprendizagem, os estudantes
precisam buscar o conhecimento primeiro e depois
buscar auxílio para tirar as dúvidas.

Além disso, por meio de um séries de desafios,


estruturados em uma narrativa, contendo três Atos e
doze estágios, os estudantes também são influenciados
pela teoria de metas, uma vez que a definição do
objetivo é uma parte indispensável da configuração e
também está relacionada ao propósito, para que os
alunos possam estabelecer desafios até atingir o
objetivo final. Finalmente, o feedback recebido por
estudantes, durante o percurso percorrido entre os
estágios, é um estímulo à autodeterminação e
motivação para o progresso das habilidades. Teorias
motivacionais ajudam a incentivar estudantes a realizar
tarefas, preparar-se para testes e apresentações,
estabelecer suas próprias redes de colaboração e atingir
seus objetivos finais de sucesso no curso, servindo
também como uma abordagem para a autorregulação
da aprendizagem.

Iniciativas como essas são importantes e necessárias


para que possamos acelerar a igualdade de gênero em
STEM de forma que a Ciência e Tecnologia produzidas
no Brasil sejam cada vez mais inclusivas e respeitem
uma sociedade plural como a nossa.

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