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FICHAMENTO 5

Novamente, podemos dizer que aqui há o funcionamento discursivo da (dis)simulação que é


determinante na fabricação do consenso de que todos sabem o que é diversidade,
democratização, equidade, ao mesmo tempo em que se tampona o real da precarização das
condições de ensino-aprendizagem: salas lotadas, “inclusão” de alunos com demandas de
atendimentos especializados e a ausência de profissionais para acompanhá-los. p. 92

É pela necessidade de uma dupla negação que se dá o processo de produção de sentidos do


enunciado “preparação básica para o trabalho e a cidadania”, em que “preparação”parece
estar substituindo “formação”. Esse deslizamento de “formação básica” para “preparação
básica” está sustentando a denegação que é produzida nessa formulação que trazemos como
recorte para análise. Primeiramente, a negação se constitui pela resposta/ articulação com um
saber lateral em forma de denegação (“... o que não significa a profissionalização precoce ou
precária”) e com isso fica o efeito de sentido do não dito presente no dito: há a questão da
profissionalização precoce (de quem? que jovens?). Essa denegação traz junto a afirmação de
que existem necessidades do mercado de trabalho que devem ser atendidas, mas isso é
modalizado pelo uso de “imediatas”, isto é, não se
trata das necessidades imediatas, então de que necessidades se trata? p. 93

É por um jogo de denegações, de (dis)simulação das próprias evidências que a discursividade


coloca, que são produzidos efeitos de consenso de relações entre “o trabalho e a cidadania”,
de “trabalho” enquanto “ocupação” (e não necessariamente profissão) possibilitada pelo
“projeto de vida”. p. 94

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