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FICHAMENTO 4

Os sentidos não estão soltos, para que as palavras signifiquem é necessário que sejam
enunciadas por uma posição sujeito determinada por processos de identificação com saberes
de uma formação discursiva ou outra. As formações discursivas representam, no discurso, as
formações ideológicas. Assim podemos dizer que os sentidos das palavras não estão nelas,
mas são derivados das formações discursivas em que se inscrevem. p. 91

O funcionamento discursivo pelo mecanismo da (dis)simulação na discursividade do arquivo


da BNCC é um elemento importante para a compreensão dos processos de identificação, pela
ideologia, nos/dos sujeitos do discurso constituídos nesse “universo”. Nogueira (2017)
mobiliza a noção de (dis)simulação enquanto um jogo de sentidos: simulação – dissimulação.
A simulação ou o efeito de simular traz os sentidos de disfarce, de fingimento, de fazer
“parecer real o que não é”, podendo inclusive ser pensada numa relação de sinonímia com
dissimulação e numa relação de antonímia com real. A dissimulação, por sua vez, carrega
ainda sentidos de fingimento, de disfarce, de ocultação de propósitos, mas na especificidade
de tornar algo imperceptível. p. 92

Podemos dizer,então, que há dois movimentos na (dis)simulação: de um lado há um


“ocultamento”, um silenciamento (dissimulação) de uma posição x e, de outro, há uma
“invenção” (simulação) de uma outra posição x. Do modo como estamos analisando,
entendemos que são casados esses processos (NOGUEIRA, 2017, p. 226).
De um processo de (dis)simulação de saberes de uma formação discursiva em outra,
entendemos que certos deslocamentos estão sendo produzidos, tais como: em vez de uma
democratização do ensino via uma mesma base que visa a unidade nacional, o que há é uma
massificação nas políticas públicas de ensino determinada pelo mercado- lógico, próprio da
FD neoliberal, de maneira que é determinado o que pode e deve ser dito, neste caso articulado
sob a forma de uma política pública de educação. p. 92

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