Foto: LC.

Marinho
BOLETIM PETBio | UFMA
Edição especial
ISSN: 2237-6372
ANO 17, N. 64, DEZEMBRO/2023

O impacto dos resíduos sólidos

nos manguezais

ENSAIO ENSAIO
Os caranguejos do NANOPLÁSTICOS
mangue Um perigo nanométrico

1 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023

 ISSN: 2237-6372
ANO 17, N.64, DEZEMBRO 2023

SUMÁRIO

Ensaios Ensaios
O clima não é mais o mesmo Tipos de mangues
6 14 Por Klaiton Do Nascimento Santana, Ediney Lucas Castelo
Por Mabele Cristina Silva Torres
Branco Frazão e Gustavo Viegas Marques
7 Nanoplásticos Revisado por Júlia Kellen Dias e Jéssica Nunes Teixeira
Um perigo nanométrico
Por Wendell Matos Silva e Wesley Costa Martins Os caranguejos do mangue
Revisado por July Ana Ferreira Araújo e Weneson Victor Diniz 15 Por Wellington Souza Silva e Moisés Silva Arouche
Sarges Revisado por Rafael Felix Vasconcelos e Vitória dos Santos
Carneiro
8 A importância do manguezal como berçário
Conhecer para proteger
Por Ana Letícia Oliveira Costa, José Lucas da Silva e Silva e 16 Manguezais e captura de carbono
Karolline Victória Alves Viegas Por Ada Maria Conceição Sousa
Revisado por July Ana Ferreira Araújo e Weneson Victor Diniz
Sarges
Ecologia e história natural do Guará,
10 Impacto das mudanças climáticas nos ecossistemas 17 Eudocimus ruber (innaeus, 1758)
costeiros Conheça mais sobre este incrível habitante dos
Por Layla Letícia Alves de Sousa manguezais
Por Carlos Daniel Araújo Barros e Carlos Daniel Martins
Tipos de resíduos Vasconcelos
11 Por Maria Clara Ferreira Meireles e Glaucia Maria Rocha Dos Revisado por Maria Clara Araújo Melo e João Gabriel Marques
Muniz
Santos
Revisado por Emilly Cristine Santos França e Josué Kaleb de Sá
Melo

A importância dos crustáceos para a fauna do

13 manguezal
Por Joycy Kelly Medeiros das Neves, Lauriane Ribeiro Bastos e
Vitória Cristina Veras Souza 18
Revisado por Thaiza Carvalho de Sousa (Revisor) e Mariana do
Nascimento Moraes Rego (Revisor)
Ensaio:
O impacto dos resíduos sólidos
nos manguezais
Por Anna Evellyn da Silva da Mata,
Carlos Henrique Ribeiro dos Santos e
Rikelme Cintra de Freitas

Revisado por Ada Maria Conceição

Sousa e Elias Pereira Silva Neto

2 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023

 Centro Educa Mais Desembargador Sarney
Estudantes das Ciências da Saúde
2ª Série do Ensino Médio
Guará
(Eudocimus ruber)
Ana Leticia Oliveira costa
Anna Evellyn da Silva da Mata
Breno Sousa Pereira
Bruno Barbosa Rabelo
Carlos Daniel Araujo Barros
Carlos Daniel Martins Vasconcelos
Carlos Henrique Ribeiro dos Santos
Ediney Lucas Castelo Branco Frazao
Eric Souza Sodre
Glaucia Maria Rocha dos Santos
Gustavo Viegas Marques
Joao Lucas Mendonca Dias
Joao Pedro Castro Coelho
Jose Lucas da Silva e Silva
Joycy Kelly Medeiros das Neves
Karolline Victoria Alves Viegas
Klaiton do Nascimento Santana Garça-branca-pequena
Lauriane Ribeiro Bastos (Egretta thula)

Maria Clara Ferreira Meireles

Moises Silva Arouche
Rikelme Cintra de Freitas
Vitoria Cristina Veras de Souza
Wellington Souza Silva
Wendell Matos Silva
“...O mangue como grande
Wesley Costa Martins anfitrião,
Só a existência dele é uma
lição:
Gestora Geral de paciência, resiliência
Professora. Rosana Gomes Mendes e fonte de sabedoria
- Ele surpreende porque é veia;
Gestora Pedagógica Existe nele um sangue
invisível,
Professora. Conceição de Maria O mangue é um lugar incrível!
dos Santos Pacheco Respeite o mangue como
intangível,
Professora de Língua Portuguesa Ele é a cintura da terra que liga,
Professora. Maria Viegas Ferreira O rio com todo o oceano, ele é
pura lida!”
Câmara
Anna Flávia Schmitt Wyse Baranski
Professora de Ciências Biológicas
Professora. Beatriz de Oliveira
Pereira
3 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
 BOLETIM PETBIO UFMA
Ano 17, N. 64, Dezembro de 2023
ISSN: 2237-6372

CORPO EDITORIAL

Realização
Guará Grupo PET Biologia - UFMA
(Eudocimus ruber)

Surpervisão geral
Prof. Dr. Lucas Cardoso Marinho

Revisores
Ada Maria Conceição Sousa
Anna Clara Vieira Pinto
Davi Patricio Kzam Pereira
Elias Pereira Silva Neto
Emilly Cristine Santos França
Jessica Nunes Teixeira
João Gabriel Marques Muniz
Josué Kaleb de Sá Melo
Julia Kellen da Silva Dias
July Ana Ferreira Araújo
Maria Clara Araújo Melo
Mariana do Nascimento Moraes Rego
Rafael Felix Vasconcelos
Sabrina Chaves Sá
Thaiza Carvalho de Sousa
Thalyson Victor Ribeiro Reinaldo
Vitória dos Santos Carneiro
Garça-azul
Weneson Victor Diniz Sarges
(Egretta caerulea)
Diagramação
Elias Pereira Silva Neto
Jessica Nunes Teixeira
Josué Kaleb de Sá Melo
July Ana Ferreira Araújo
Vitória dos Santos Carneiro
Weneson Victor Diniz Sarges
CONTATOS

E-mail
petbioufma@gmail.com

Site
petbioufma.wordpress.com

Instagram
4 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023 @petbioufma
 Editorial
Caros leitores,
Quando Chico Science, vocalista da banda
Nação Zumbi, escreveu o trecho “...fui
no mangue catar lixo, pegar caranguejo,
conversar com urubu...” na música
Manguetown, ele descrevia muitas áreas
de manguezal do Brasil. Os manguezais
são ecossistemas costeiros que [ainda] não
caiu nas graças dos brasileiros... eles não
aparecem em novelas e os catadores de
caranguejo não são protagonistas de filmes,
mas neste Volume Especial buscamos
mostrar a importância dos manguezais
frente a um dos grandes desafios que
estes ecossistemas enfrentam: os resíduos
sólidos. Na Edição n° 64 do Boletim do
PET Bio – UFMA, o PET Biologia teve a
colaboração dos estudantes da turma de
Ciências da Saúde – 2ª série do Ensino
Médio – e professores do Centro Educa
Mais Desembargador Sarney, localizado
na região da Ilhinha, no bairro São
Francisco, em São Luís do Maranhão.
Pelas características de uma ilhota, a
Ilhinha está cercada por manguezais [ou
sobre ele] e sujeita à intensa variação
das marés. O saneamento básico pouco
eficiente impacta diretamente as áreas de
manguezal que margeiam o bairro. Os
manguezais da região, portanto, podem
se tornar “vizinhos indesejáveis” diante
do descarte de lixo e esgoto irregular que
acarreta na proliferação de isentos e mau
cheiro. Estabelecendo assim a necessidade
de se conhecer um pouco mais sobre os
manguezais, especialmente aqueles que
interferem diretamente no dia a dia dos
moradores. Neste projeto,
5 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
o objetivo central foi contribuir com a
formação social, política e ambiental dos
estudantes da comunidade e dos petianos.
Para atingir esse objetivo foram tomadas
três ações: a abordagem com temática
central “o impacto dos resíduos sólidos
nos manguezais” por meio de bate-papos
e minipalestras mediados pelos petianos,
a pesquisa e produção de material escrito
pelos estudantes com monitoria e revisão
dos petianos e, por fim, a divulgação do que
foi produzido na Edição n°64 deste boletim
que adquire, então, a função de cartilha.
Todas essas ações foram capitaneadas pelo
tutor junto aos professores de Biologia e
Língua Portuguesa da unidade de ensino.
Aqui são apresentados os ensaios dos
estudantes do Centro Educa Mais
Desembargador Sarney revisados pelos
petianos do PET Biologia – UFMA, e
também textos produzidos pelos próprios
petianos.
O resultado deste projeto pode ser visto
nas próximas páginas deste volume! Boa
leitura!
Prof. Lucas C. Marinho
Tutor do PET Biologia – UFMA
 O Clima não é mais o mesmo

Imagem: R-region, Pixabay

Mabele Cristina Silva Torres
ENSAIO

Ciências Biológicas/UFMA - São luís

D e acordo com o sexto relatório de avaliação do Painel

Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC
AR6), o aumento da emissão de gases do efeito estufa (1)
produz alterações significativas no clima do planeta. Tal fenômeno
vem desequilibrando os ecossistemas, dentre eles destacam-se os
pois a erosão marinha (2) impede a prática de atividades como a
pesca realizada pelas comunidades litorâneas tradicionais [4].
Diante do exposto, evidencia-se que as variáveis abióticas
aumentam o estresse físico, induzem mudanças na composição e
na abundância das espécies. Além disso, os manguezais na figura
ecossistemas costeiros uma vez que os oceanos absorvem a maior de estoque do carbono azul são fundamentais para mitigar o
parte do calor e do dióxido de carbono lançado na atmosfera. Este aquecimento global. Portanto, é um problema atual e emergente, o
fator associado ao derretimento do gelo na Antártida, aumenta o que torna necessário estudos para elaborar medidas de adaptação
volume do mar e o torna mais ácido. Estas modificações nos fatores desses ecossistemas frente às mudanças climáticas que respeitem
abióticos dessas áreas afetam a biologia da costa marítima [1]. as características próprias destas áreas responsáveis por garantir a
Os costões rochosos são um aglomerado de fragmentos sobrevivência das plantas e animais nativos do local [1; 4].
de rochas na linha do mar que abrigam uma grande variedade de
espécies. Nessas áreas litorâneas ocorre o fenômeno denominado
de zonação onde zonas foram estabelecidas pois diferentes espécies
se distribuíram gradativamente em função dos fatores abióticos
destes locais (Figura 1). Entretanto, o aquecimento global induz
modificações da zonação, pois as altas temperaturas aumentam a
frequência das chuvas, alteram a salinidade e, portanto, mudam o
nicho ecológico da fauna e flora. Estes fatores exercem uma pressão
intolerável para alguns organismos e modificam a teia trófica
local. Tal fenômeno pode ser observado nas ostras, uma vez que o
aumento da temperatura e os níveis de dióxido de carbono no mar
reduzem as qualidades nutricionais para este molusco filtrador.
Por conseguinte, suas larvas morrem ou dão origem a organismos Figura 1. Distribuição dos organismos em costões rochosos.
adultos com tamanhos menores comparados aqueles que cresceram Fonte: (CRESPO; GOMES. 2002.)
em condições normais [2].
Espécies da fauna e flora dos manguezais também sofrem
Glossário:
com os efeitos das mudanças climáticas. O manguezal é um
1: fenômeno natural responsável por manter a temperatura da
ecossistema localizado na interface entre água salgada, vinda dos
Terra adequada.
oceanos, e da água doce dos rios continentais. Suas águas calmas
2: carbono sequestrado e armazenado pelos ecossistemas
em conjunto com o solo lamoso fornecem um berçário à várias
costeiros e marinhos.
espécies da fauna marinha. Entretanto, a elevação no nível do mar
3: transporte e desgaste de sedimentos, rochas e de solos
aumentou a força das marés e a incidência de eventos climáticos
litorâneos.
extremos como vendavais, que carregam a areia do oceano para
os manguezais. Dessa forma, o soterramento e a inundação desse
Referências:
ecossistema reduz, não só as suas áreas de ocorrência, como também
1. RIBEIRO, S. K.; Impacto das mudanças climáticas sobre
apresentam um risco às espécies que reproduzem e desovam nestes
alguns aspectos da dinâmica atmosférica e oceânica
locais. É o caso da espécie de caranguejo Ucides cordatus (L, 1793),
na região da confluência Brasil-Malvinas frente ao
cada vez menos frequente nos manguezais do litoral brasileiro pois
cenário A1F1 do IPCC. Trabalho de Conclusão de Curso -
depende das áreas mais internas e menos inundadas destas áreas
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2012.
para sobrevivência e reprodução [2].
A destruição de manguezais é um fator agravante do
2. PEREIRA, C.; GOMES, A. Biologia Marinha. 2 ed. Rio de
aquecimento global visto que é um ecossistema sumidouro de
Janeiro: Interciência, p. 281, 2009.
carbono azul (2) pois as condições únicas de seu solo permitem que
estes ambientes armazenem até quatro vezes mais carbono orgânico
3. ARAÚJO, A. C.; Dinâmica sedimentar e estoque de
que as florestas tropicais por centenas ou milhares de anos. Ao reter
carbono em manguezal do sistema estuarino do Rio
o produto do dióxido de carbono obtido na fotossíntese, diminui
Itapessoca Goiânia (PE). Trabalho de Conclusão de Curso -
a emissão de gases do efeito estufa na atmosfera. Nesse sentido, o
Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2023.
desmatamento destes ambientes libera grandes quantidades de
dióxido de carbono e potencializa o aquecimento global [3].
4.MARENGO, A. J.; SCARANO, R. F. Impacto,
Ressalta-se, ademais, que as mudanças climáticas também
vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras
afetam as pessoas que vivem nas áreas litorâneas expostas ao
às mudanças climáticas: Relatório Especial do Painel
aumento da incidência de raios solares, da frequência, intensidade
Brasileiro de Mudanças Climáticas. Painel Brasileiro de
e magnitude das inundações costeiras. Tais fatores prejudicam não
Mudanças Climáticas (PBMC), p. 21-23. 2016.
só o bem-estar das populações como também o capital econômico,

6 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023

ENSAIO
Nanoplástico
Um perigo nanométrico
V
ocê sabe o que são os nanoplásticos? Este
termo é designado às partículas residuais
geradas a partir da degradação do plástico.
São nanométricos, ou seja, suas dimensões estão entre
1 e 1000 nanômetros (1), sendo ainda menores que os
microplásticos, produzidos também a partir da destruição
ou desgaste dos resíduos sólidos [1]. Embora pequenos,
podem causar impactos significativos no meio ambiente.
A produção de plástico é algo que gera grandes
movimentos na economia global. Sua plasticidade,
versatilidade e durabilidade o tornam um material
muito aplicável. Contudo, seu descarte incorreto pode
ser prejudicial ao meio ambiente de diversas formas.
Atualmente, há uma grande atenção voltada aos
efeitos negativos das minúsculas partículas originadas
desse polímero (2) no ambiente [2]. A exemplo disso,
locais como os manguezais, que estão sujeitos à ação
antrópica, já sofrem com a presença desses restos
residuais, afetando tanto o habitat quanto às espécies,
uma vez que liberam toxinas prejudiciais aos peixes,
camarões e caranguejos, acarretando a contaminação
pelos processos de degradação que ocorrem no mar.
Tais nanopartículas poliméricas chegam através
do abarrotamento de plásticos nos mangues [3].
Microplástico (MPS) e nanoplástico (NPS)
frequentemente são confundidos, fazendo - se
necessário uma diferença entre eles, nesse viés há
distinções significativas entre esses polímeros tão
pequenos: o microplástico é uma pequena parte do
plástico que foi degradado, já o nanoplástico é uma
partícula ainda menor, podendo ser comparada ao grão
de açúcar. Os perigos acerca desse tema estão voltados
ao percurso que estes conseguem alcançar nas águas
de rios e oceanos através, por exemplo, de hábitos
simples como a lavagem de roupas que gera a separação
de partículas e também por fatores de saneamento
básico onde estes não são tratados de forma eficiente
e desembocam em locais inapropriados trazidos
pelas chuvas [4]. Além do mais os nanoplástico são
captadores de poluentes orgânicos, assim esses poluentes
são toxinas causadoras de disfunções hormonais e
imunológicas e pelo seu longo tempo de vida no meio
7 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
Wendell Matos Silva¹
Wesley Costa Martins¹
July Ana Ferreira Araújo (Revisor)²
Weneson Victor Diniz Sarges (Revisor)²
Centro Educa Mais Desembargador Sarney/CEMDS - São Luís¹
Universidade Federal do Maranhão/UFMA - São Luís²
ambiente, por consequência acabam penetrando o
solo, o que dificulta bastante o crescimento das plantas.
Nanoplásticos afetam diretamente a população
através da alimentação, visto que ao consumir peixes,
camarões e caranguejos, estes provavelmente podem
estar contaminados pelo processo de degradação do
plástico que ocorre no mar, tornando - se tóxicos para o
consumo humano. Desta forma, os nanoplásticos afetam
a cadeia alimentar, gerando perigos caso seja inalado
ou ingerido. Mas o grande problema é que acabamos
consumindo - os através da ingestão de animais
contaminados por esse polímero, ou seja, os animais se
alimentam das minúsculas partículas e o ser humano
se contamina ao ingeri-los, tornando um ciclo [5].
Para evitar esse processo, deve-se diminuir ou evitar o
consumo de plásticos, descartá-lo corretamente e investir
em outras matérias que possam substituí-lo, como
matérias biodegradáveis (material feito de milho, casca de
batata, cactos). Nanoplásticos são um perigo ainda pouco
difundido, mas que requerem muita atenção e cuidado
no manejo dos diferentes tipos de resíduos sólidos.
Glossário:
1: Nanômetros: Um nanômetro (nm) é uma unidade de medida
utilizada para descrever comprimentos extremamente pequenos.
2: Polímero: São macromoléculas formadas por vários monômeros,
que podem ser naturais ou sintéticos.
Referências:
1. BUGATTI, C. et al. Microplásticos e Nanoplásticos e sua relevân-
cia na saúde humana: uma revisão de literatura. Research, Society
and Development, v. 12, n. 1, p. e6712139302, 1 jan. 2023.
2. O que são nanoplásticos e quais riscos oferecem. eCycle, 2023.
Disponível: https://www.ecycle.com.br/nanoplasticos/. Acesso em 2
dez. 2023.
3. BELARMINO, P. H. P. et al. Resíduos sólidos em manguezal no rio
Potengi (Natal, RN, Brasil): relação com a localização e usos. Revista
de Gestão Costeira Integrada, v. 14, n. 3, p. 447–457, set. 2014.
4. LUCAS, P. S. SANTOS. R. F. F. N. Roupa liberta mais micro-
plásticos do que os detergentes em cápsula. DECOPROTeste, 2021.
Disponível em: https://www.deco.proteste.pt/casa-energia/con-
sumo-sustentavel/noticias/roupa-liberta-mais-microplasticos-deter-
gentes-capsula. Acesso em: 3 dez. 2023
5. LAURA, M. G. Cientistas alertam para o perigo dos nano-
plásticos na cadeia alimentar. Correio Braziliense, 2022.
Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/
ciencia-e-saude/2022/10/5038400-cientista-alertam-pa-
ra-o-perigo-dos-nanoplasticos-na-cadeia-alimentar.htm. Acesso em:
2 dez. 2023.
 A importância do manguezal como berçário
ENSAIO

Conhecer para proteger

Ana Letícia Oliveira Costa 1
José Lucas da Silva e Silva 1
Karolline Victória Alves Viegas 1
July Ana Ferreira Araújo (Revisor) 2
Weneson Victor Diniz Sarges (Revisor) 2

Centro Educa Mais Desembargador Sarney/CEMDS - São Luís 1

Ciências biológicas/UFMA- São Luís 2

O manguezal é um ecossistema
litorâneo e que pode ser encontrado
em regiões tropicais e subtropicais do
globo, abrigando uma variedade de espécies,
sendo o Brasil o país com a maior extensão do
para a reprodução e desenvolvimento de
peixes, mariscos e diversos outros grupos de
animais e outras espécies. A acumulação de
matéria orgânica entre as raízes das árvores
contribui para a riqueza alimentar e favorece
bioma de manguezal no planeta. Este bioma a diversidade biológica no manguezal, sendo
representa uma transição fascinante entre os reconhecido como habitat essencial para o
ambientes terrestre e marinho, com suas águas ciclo de vida de ostras, cavalos-marinhos,
conectando-se aos rios e mares [1]. Devido flamingos, guarás e diversos outros animais
a constante modificação e vulnerabilidade [3]. O Guará (Eudocimus ruber), uma das aves
a esses dois ambientes, as espécies que mais deslumbrantes do Brasil, destaca-se por
habitam o manguezal desenvolveram notável sua plumagem vibrante, adquirida através da
adaptabilidade [2]. Mesmo apresentando ingestão do caranguejo “chama-maré” (Uca
uma baixa biodiversidade quando comparado rapax), que transfere um pigmento vermelho
a outros biomas a aparente limitação é intenso, substância derivada do caroteno
compensada pela capacidade única das (2), encontrada em abundância na casca do
espécies se ajustarem a um ambiente dinâmico caranguejo.
e desafiador. A necessidade de adaptações
específicas torna as comunidades do
manguezal verdadeiramente especializadas,
refletindo em uma população relativamente
alta, mesmo em meio a condições
aparentemente adversas [3].
Caracterizado por sua vegetação halófita
(1), os manguezais são adaptados ao sal,
abrigando espécies distintas conhecidas como
mangue distintivas como: mangue-vermelho
(Rhizophora mangle), mangue-branco
(Laguncularia racemosa), mangue-preto
(Avicennia schaueriana) e o mangue-de-botão
(Conocarpus erectus) [4]. Este ecossistema,
serve como berçário para diversas formas Figura 1. Guará (Eudocimus ruber)
Fonte: Lucas Cardoso Marinho
de vida marinha, garantindo um local ideal
8 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
 Já o caranguejo-uçá (Ucides
cordatus) habita o mangue, mantendo-
se próximo ao mar. Construindo galerias
nas áreas impactadas pelas marés, esse
crustáceo semi-terrestre se diferencia ao se
alimentar de folhas e sementes encontradas
nos manguezais. Durante o período de
reprodução, esses caranguejos abandonam
suas tocas em busca de parceiros, expondo-
se na lama e tornando-se mais vulneráveis à
captura. Importante ressaltar que a captura
desses caranguejos é proibida nesse período
específico [5] (Nordhaus; Wolff, 2007).
Os manguezais desempenham um
papel admirável na regulação da temperatura
global, atuando como eficientes sumidouros
de carbono (3) que retiram uma considerável
quantidade desse elemento da atmosfera [3].
Além disso, esses ecossistemas são essenciais
para o sustento de inúmeras comunidades,
incluindo pescadores, ribeirinhos e diversos
outros grupos [6] (Blaber, 2007). Embora o
solo do manguezal seja escasso em oxigênio,
ele é abundantemente rico em nutrientes
e matéria orgânica, servindo como fonte
de alimento para uma grande variedade
de animais[7](Kristensen et al., 2008). A
dinâmica da maré, por exemplo, com seu fluxo
e refluxo, permite que diversas espécies, como
peixes, camarões e caranguejos, penetrem
no manguezal e extraiam os nutrientes
necessários para sua sobrevivência.
Atualmente, a destruição desse
ecossistema tem-se intensificado devido às
ações antrópicas. Conforme Polidoro et al.
(2010) relata, essa degradação representa uma
ameaça significativa para todas as espécies
que utilizam essas áreas como berçário,
afetando diretamente milhares de pessoas
que dependem desse meio e comprometendo
seu papel ambiental e socioeconômico.
Como mencionado no início do texto,
9 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
os manguezais são ecossistemas altamente
produtivos e desempenham um papel
extremamente importante no ambiente,
assegurando um equilíbrio ecológico.
Portanto, torna-se imperativo garantir a
preservação desse ecossistema por meio
da promoção de políticas públicas e da
sensibilização da população através de ações
educativas sobre a importância dessas áreas.
Glossário:
1: Sumidouros de carbono: Atividades ou processos em
que as quantidades de carbono absorvido são maiores
do que as emissões.
2: Halófitas: Plantas cujas raízes estão em contato
com água salgada ou que vivem em solos com grande
quantidade de sal.
3: Caroteno: São pigmentos vermelhos, alaranjados ou
amarelos.
Referências:
1. NAGELKERKEN, I. et al. The habitat function of
mangroves for terrestrial and marine fauna: A review.
Aquatic Botany, v. 89, n. 2, p. 155–185, ago. 2008.
2. PELLEGRINI, J. A. C. et al. A Method for the
Classification of Mangrove Forests and Sensitivity/
Vulnerability Analysis. Journal of Coastal Research, p.
443–447, 2009.
3. FIELD, C. B. et al. Mangrove Biodiversity and
Ecosystem Function. Global Ecology and Biogeography
Letters, v. 7, n. 1, p. 3, jan. 1998.
4. SÉRGIO, C., LEITE, E., PITTERI, H.,
MARTUSCELLI, J., & MACHADO, P.(2006).
Caracterização morfofisiológica do Manguezal de
Cananéia - SP. Environmental and Health World
Congress.
5. NORDHAUS, I.; WOLFF, M. Feeding ecology of the
mangrove crab Ucides cordatus (Ocypodidae): food
choice, food quality and assimilation efficiency. Marine
Biology, v. 151, n. 5, p. 1665–1681, jun. 2007.
6.BLABER, S. J. M. (2007). Mangroves and fishes:
Issues of diversity, dependence, and dogma. Bulletin of
Marine Science, 80(3).
7. KRISTENSEN, E. et al. Organic carbon dynamics in
mangrove ecosystems: A review. Aquatic Botany, v. 89,
n. 2, p. 201–219, ago. 2008.
8. POLIDORO, B. A. et al. The Loss of Species:
Mangrove Extinction Risk and Geographic Areas of
Global Concern. PLoS ONE, v. 5, n. 4, p. e10095, 8 abr.
2010.
ENSAIO
Impactos das Mudanças Climáticas nos
Ecossistemas Costeiros
D
e acordo com o Painel Intergovernamental
de Mudanças Climáticas (IPCC), mudanças
climáticas referem-se a modificações
identificadas através de testes estatísticos ou por meio de
outros métodos. Além disso, “mudanças” são o mesmo
que “variações de propriedades que persistam por um
período de tempo extenso, como décadas ou mais” [1].
Estas, podem ser acarretadas por efeitos
naturais assim como por atividades humanas que
visam a conquista pessoal por meios insustentáveis. Os
principais fatores antropomórficos que as estimulam são
as atividades agrícolas e industriais, o desmatamento
e a queima de combustíveis fósseis que acarretaram
no aumento da produção de dióxido de carbono, de
metano e de outros gases no último século [1]. Como
parte desse retrocesso, acredita-se que este cenário
provavelmente se agravará nas próximas décadas.
A zona costeira, por possuir caráter de interação
complexa entre processos atmosféricos, terrestres
e marinhos, é diretamente afetada pelas mudanças
climáticas, em seus três alicerces: a geodiversidade
(1), a biodiversidade e a “antropodiversidade”(2) [2].
O território marinho brasileiro possui 4,5
milhões de quilômetros quadrados de mar territorial,
esse vasto espaço, ficará diretamente submetido
a tensões derivadas do aquecimento global. Por
exemplo, alguns impactos possíveis em regiões
costeiras, são o aumento da frequência e intensidade
de tempestades, aumento de erosão e assoreamento (3);
vulnerabilidade de obras e estruturas costeiras; perda
do seu espaço territorial por inundação permanente;
perda de habitats e salinização do lençol freático [1].
Por exemplo, o manguezal desempenha um
papel fundamental na sustentabilidade, subsistência
humana e regulação de processos ecológicos. Logo,
em virtude dos seus benefícios, o interesse por
atividades econômicas nesse ecossistema costeiro
tem aumentado consideravelmente. No entanto, a
realização dessas práticas de forma desmedida tem
promovido a sua devastação, dentre as atividades
destacam-se a extração de madeira e conversão em
larga escala da sua área para a aquicultura (4) [3].
Além disso, outra alteração climática que afeta
os ecossistemas costeiros é o aumento da temperatura
do mar. Por exemplo, num experimento realizado
por Walden et al. (2019) utilizando mesocosmos em
larga escala, observou-se que o aumento de 1,2 °C
na temperatura do mar levou à homogeneização e
achatamento das comunidades de organismos epibiontes,
ou seja, vivem associados às raízes de mangue. O
aquecimento também ocasionou um aumento de 24% na
10 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
Imagem: Canva
Layla Letícia Alves de Sousa
Ciências Biológicas/UFMA - São Luís
cobertura geral de algas nas raízes, além da diminuição
de 33% da diversidade das espécies de epibiontes e os
peixes juvenis sofreram alterações no uso de habitats do
manguezal mediante o aquecimento dos oceanos [3].
Depreende-se, portanto, que a preservação
das regiões costeiras faz-se inevitável para o bom
funcionamento dos ecossistemas. Visto que a ação
antrópica (5) interfere diretamente na atividade
ambiental, o uso sustentável de matéria prima e espaços
visando o crescimento econômico são iniciativas
importantes para evitar a exploração de recursos naturais
descontroladamente. Apesar das incertezas quanto
ao futuro da preservação, a observação dos impactos
e das respostas ambientais a esses fenômenos, são
instrumentos essenciais para a administração e proteção
de ecossistemas costeiros. Além disso, é necessária a
promoção de políticas públicas que envolvam medidas
para amenizar os efeitos, recuperar os ambientes e
adaptar as populações às novas condições ambientais [2].
Glossário:
1: Variedade natural da superfície da Terra.
2: Diversidade humana.
3: Acúmulo de sedimentos, lixo e outros materiais
levados até o leito dos cursos d’água.
4: Ciência que estuda e desenvolve técnicas de
reprodução e cultivo de organismos aquáticos.
5: Ações realizadas pelo homem que impactam o meio
ambiente.
Referências:
1. CASTRO, B. M.; BRANDINI, F. P.; WAINER, I.
E. K. C.; DOTTORI, M. O mar de amanhã, com as
mudanças climáticas de hoje. Revista Brasileira de
Oceanografia, São Paulo, v. 68, n. 1, p. 1-12, 2020.
2. SOUZA, C. R. G. Os ecossistemas costeiros frente às
mudanças climáticas no Brasil: efeitos da elevação do
nível do mar. Revista Brasileira de Geografia Física,
São Paulo, v. 12, n. 5, p. 1219-1232, 2019.
3. BONIFÁCIO MARTINS, M.; JARDIM, M. A.
G.; SABINO, W. O.; BARROS, M. F. G. S. (Orgs.).
Reflexões em Biologia da Conservação. Volume 2.
Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 2020.
 Tipos de resíduos
ENSAIO

Maria Clara Ferreira Meireles 1

Glaucia Maria Rocha Dos Santos 1

Imagem: Canva
Emilly Cristine Santos França (Revisor) 2
Josué Kaleb de Sá Melo (Revisor) 2

Centro Educa Mais Desembargador Sarney/CEMDS - São Luís 1

Ciências biológicas/UFMA- São Luís 2

O s resíduos sólidos podem ser

originários de atividades domésticas,
produção de alimentos e de produtos
domésticos. Dentre dessa categoria temos
embalagens de diversos tipos, como plásticos,
metais, papéis entre outros. Tendo isso
em vista, existem quatro tipos de resíduos
sólidos: os orgânicos, os recicláveis, os rejeitos
e os perigosos[1]. Os resíduos orgânicos são
derivados de matéria animal ou vegetal, os
restos de alimentos são parte desses resíduos
e podem ser reaproveitados por meio da
compostagem, sendo este um processo que
promove a reciclagem de matéria orgânica,
a qual pode ter diferentes origens urbanas
ou agrícolas. Desses restos orgânicos, os que
não podem ir para a compostagem são arroz,
frutos cítricos, cebola, alho, carnes e trigo[2]. Figura 1. Garrafa de vidro fundida em rochas costeiras
Ademais, a compostagem pode ser utilizada Fonte: Emilly França
no processo de reciclagem do lixo em adubo Resíduos comuns, por sua vez, que são
orgânico, que consiste no preparo de uma aqueles que não apresentam contaminação
substância para o crescimento das plantas biológica, química e radiológica associada,
e em uma série de elementos vulneráveis à devem ser encaminhados para reutilização,
decomposição, principalmente de resíduos reciclagem, logística reversa(1) ou aproveita-
vegetais, como folhas secas, grama e restos de mento energético. Exemplos destes resíduos
alimentos para se tornarem nutrientes. Além são papel, papelão, plásticos, vidros, metais,
disso, temos os resíduos recicláveis, que são etc. Deste modo, a compostagem pode ser
compostos por papel, plásticos, metal e vidro uma alternativa para tratar uma parte dos
(Figura 1). Os rejeitos são materiais que não resíduos orgânicos para utilizá-los de forma
podem ser reciclados ou reutilizados. Além eficiente ao invés de descartá-los inadequada-
disso, temos os perigosos que apresentam mente como resíduo comum, onde seus nu-
riscos à saúde ou ao meio ambiente como trientes são perdidos.
pilhas, baterias e resíduos hospitalares.

11 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023

 Tendo em vista o que foi apresentado, quando www.vertown.com/blog/quais-residuos-
descartamos os resíduos sólidos de forma de-alimentos-podem-ser-colocados-na-

Imagem: Canva
errada, podemos estar prejudicando não só composteira/. Acesso em: 15 de Dez de
o meio ambiente, mas também a fauna e as 2022.
populações humanas de determinado local.
Sendo assim, com o descarte incorreto dos 3. VERTOWN. Sete potenciais riscos pela
resíduos sólidos, observamos a poluição destinação irregular de resíduos. Vertown,
visual, que são lixos descartados em locais 2022. Disponível em: https://www.vertown.
inadequados localizados a céu aberto, com/blog/sete-potenciais-riscos-pela-
vias públicas, matagais ou acostamentos, destinacao-irregular-de-residuos/. Acesso
o que forma um cenário desagradável e em: 15 de Dez de 2022.
impróprio[3]. Sendo assim, para vivermos Entomological Society of America, v. 114,
em um ambiente saudável, precisamos n. 5, p. 581-595, 2021.
conscientizar a comunidade e realizar o
descarte adequado dos resíduos juntamente
com a coleta seletiva, que será responsável
por encaminhar esses materiais aos locais
corretos e transformar estes em matéria
prima para outros produtos. Dessa forma,
será possível a construção de novos hábitos
de consumo e as consequências geradas
ao meio que vivemos serão cada vez mais
positivas.

Glossário:
1: Processo de coleta e destinação de resíduos
de uma cadeia produtiva para outras etapas
onde podem ser reutilizados ou para descarte
correto.

Referências:
1. S1. Portal da Indústria. INDÚSTRIA DE
A - Z Resíduos Sólidos. Disponível em:
https://www.portaldaindustria.com.br/
industria-de-a-z/residuos-solidos/. Acesso
em: 15 de Dez de 2022.

2. VERTOWN. Quais resíduos de alimentos

podem ser colocados na composteira?
Vertown, 2022. Disponível em: https://
12 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
ENSAIO
A importância dos crustáceos para a fauna do manguezal
O manguezal representa um ecossistema costeiro
e destaca-se por ser uma zona de transição (1)
representativa entre os ambientes terrestres e
marinhos. Dentre as suas principais características, pode-
se citar, por exemplo, a sua ocorrência em regiões de climas
tropicais e subtropicais. Os manguezais são muito importantes
porque servem como berçários naturais para várias espécies.
No Brasil, os mangues são encontrados ao longo de toda a
costa, desde o estado do Amapá até o Rio Grande do Sul. A
função dos manguezais, além de servir como berçários para
animais, também atua como filtro natural da água [1].
Os crustáceos são cruciais para a fauna do manguezal,
visto que são os principais fornecedores de renda humana e
economia do Maranhão e também servem de alimentação
para outros animais. Eles são fundamentais no reino
Animalia, fazendo parte do grupo de artrópodes. Observe-se
que os crustáceos têm um grande papel nos mangues, pois
desempenham a função de renovação do solo, ajudando assim
na produtividade dessa área. Alguns exemplos de crustáceos
presentes nos manguezais são: camarões, caranguejos
(Figura 1), siris, entre outros. Além disso, eles também são
bioindicadores, ou seja, são organismos vivos que avaliam
se o local está contaminado e ainda atestam a qualidade do
ecossistema. No caso, os crustáceos podem indicar mudanças
nas condições do manguezal [2].
Figura 1. Caranguejo-uçá.
Fonte: UFSB; Karen Diele.
13 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
Imagem: R-region, Pixabay
Joycy Kelly Medeiros das Neves1
Lauriane Ribeiro Bastos1
Vitória Cristina Veras Souza1
Thaiza Carvalho de Sousa (Revisor)2
Mariana do Nascimento Moraes Rego (Revisor)2
Centro Educa Mais Desembargador Sarney/CEMDS - São Luís 1
Ciências biológicas/UFMA- São Luís 2
Na economia, os crustáceos representam uma
importante fonte de renda e alimento para a população.
Muitas comunidades e também grupos de pescadores vivem
nos mangues, aproveitando, portanto, os recursos oferecidos
pelos manguezais, o que, por sua vez, contribui para a
economia de subsistência de forma sustentável. Os crustáceos
são importantes não apenas na fauna, mas também na
sobrevivência e renda de uma comunidade. A preservação do
meio ambiente é necessária e urgente para todo o ecossistema.
Os impactos ambientais na área do manguezal podem ter
consequências negativas para os crustáceos, pois implicará
na redução da disponibilidade de alimentos, assim como na
exclusão da reprodução. Desse modo, impactam, sobretudo,
as populações de crustáceos [2].
A diversidade biológica nesse ecossistema contribui
não apenas para a sustentabilidade ambiental, mas também
para a resiliência frente às mudanças climáticas. A interconexão
entre os diversos componentes dos manguezais destaca a
necessidade premente de ações efetivas de conservação e
manejo sustentável, visando garantir a sobrevivência não
apenas das espécies específicas, mas de todo o ecossistema,
cuja importância se estende além das fronteiras regionais,
impactando a saúde global dos oceanos e a qualidade de vida
das comunidades costeiras [1].
Glossário:
1: área de mudança ou transição entre duas regiões, condições
ou ambientes distintos.
Referências:
1. NANI, H. C.; NANI, S. N.; SEGNINI, R. C. A importância
dos manguezais para o equilíbrio ambiental. In II Simpósio
Internacional de Ciências Integradas da UNAERP Campus
Guarujá, 15ª ed. São Paulo: UNAERP, 12 p., 2018.
2. CARDOSO, L. C.; CAVALCANTE, N. C.; TORRES,
H.; NUNES, K.; FERREIRA, C.; CARVALHO-NETA, R.
Avaliação do Conhecimento Sobre A Diversidade de Peixes,
Crustáceos EdMoluscos Nas Águas Marinhas Do Estado
Do Maranhão, Costa Nordeste Do Brasil. Revista Ciência
Animal Brasileira / Brazilian Animal Science, Goiânia, v.
19, p. 1–12, 2018.
ENSAIO

Tipos de mangues

Imagem: brgfx, Freepik

Klaiton Do Nascimento Santana¹
Ediney Lucas Castelo Branco Frazão¹
Gustavo Viegas Marques¹
Júlia Kellen da Silva Dias (Revisor)²
Jessica Nunes Teixeira (Revisor)²
Centro Educa Mais Desembargador Sarney / CEMDS - São Luís¹
Universidade Federal do Maranhão / UFMA - São Luís²

O s manguezais estão localizados ao longo da costa litorânea

brasileira. Além disso, as principais espécies de mangue
como a Conocarpus eretus, Rhizophora Mangle, Avicennia
schaueriana e Laguncularia racemosa (Figura 1) constituem a
vegetação desse ecossistema [1].
meio ambiente, as ações humanas estão destruindo o manguezal.
A degradação desse ambiente pode trazer consequências negativas
a todo o equilíbrio ecológico, afetando as espécies nativas e até nós
mesmos, pois grande parte do alimento consumido tem origem nas
espécies que habitam o manguezal. Portanto, a sua preservação é
O Mangue de botão, conhecido também como Amora crucial para a sustentabilidade marinha.
do mar, é um arbusto nativo americano, encontrado nas dunas
litorâneas, principalmente perto de manguezais. Ademais, seu
estado de conservação é pouco preocupante e a madeira encontrada
nesse mangue apresenta uma cor avermelhada, que se torna
amarelo-clara quando seca. Assim, serve para a fabricação de
caibros, lenha e carvão [1].
O Mangue preto é um arbusto lenhoso subtropical que
cresce em ambientes salinos. Os manguezais são muito resistentes
e se adaptam a ambientes agressivos, onde a água apresenta um
alto nível de salinidade. No Brasil, a espécie Avicennia schaueriana
é conhecida por mangue-preto, canoé ou siriúba e é uma das
espécies de mangues típicas das costa brasileira e tem sua maior
concentração no litoral sudeste e sul-americano. Ele é valioso na
restauração das águas salobras e água salgada dos pântanos devido à
sua capacidade de filtrar os sedimentos. As folhas do mangue preto
são semelhantes às de outras espécies de mangue, distinguindo-se
dos demais tipos devido ao seu formato [1].
Por sua vez, o Mangue branco, Laguncularia racemosa, é Figura 1. Inflorescência de Conocarpus eretus (A), Avicennia
uma árvore pioneira nativa e típica do bioma de mangue brasileiro. schaueriana (B), Laguncularia racemosa (C), Rhizophora Mangle
Essa espécie é encontrada no interior do mangue e na zona (D).
de transição para a restinga. As raízes dessa planta apresentam Fonte: Lucas Cardoso Marinho ©.
geotropismo negativo, ou seja, as raízes crescem no sentido contrário
à direção de estímulo. Elas possuem pneumatóforos, estruturas que
auxiliam na respiração do organismo, através das trocas gasosas,
porque o solo é pobre em oxigênio [1]. Referências:
O Mangue vermelho, Rhizophora mangle, também
conhecido como sapateiro, possui esse nome em razão da sua casca, 1. PEIRO, D. F. ; SEMPREBOM, T. R. ; SILVEIRA, R. A.
que quando raspada, apresenta uma coloração avermelhada típica D. ; HAUEISEN, M. P. . Manguezais: estrutura, dinâmica e
da espécie. Esse tipo de mangue apresenta como característica biodiversidade. Revista de Biologia Marinha de Divulgação
marcante, a presença de rizóforos que auxiliam sua sustentação no Científica, p. 63 - 76, 30 jul. 2020.
sedimento lodoso. Esse tipo de manguezal pode ser encontrado em
diversos lugares e no Brasil se estende do Amapá à Santa Catarina.
Sua vegetação apresenta adaptações fisiológicas para suportar
os elevados índices de salinidade do solo e da água. No mangue
vermelho podemos encontrar diversos animais, uma vez que o
espaço entre essas árvores são propícios ao desenvolvimento dessa
espécie, como: moluscos, crustáceos, peixes, entre outros [1].
Toda essa vegetação presente nesse ecossistema, faz com
que o mangue se torne um ambiente muito importante, já que todas
essas características citadas anteriormente contribuem de alguma
maneira para o equilíbrio ambiental do planeta, como por exemplo,
suas raízes aéreas servem como barreira natural, impedindo
erosões, além de serem responsáveis por filtrar a água do mar,
favorecendo diversas espécies. Apesar de toda a sua contribuição ao

14 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023

ENSAIO

Os caranguejos do mangue

Imagem: Freepik (wirestock)

Wellington Souza Silva 1
Moisés Silva Arouche 1
Rafael Felix Vasconcelos (revisor)²
Vitória dos Santos Carneiro (revisora)²

Centro Educa Mais Desembargador Sarney - São Luís¹

Universidade Federal do Maranhão / UFMA - São Luís²

O
caranguejo do mangue é uma espécie
de crustáceo que vive em áreas de
manguezal. Uma de suas principais
características é a presença de garras robustas
e adaptadas para sua alimentação e defesa.
Esses animais são artrópodes e pertencem ao
subfilo Crustacea, possuem o corpo dividido
em cefalotórax (1) e abdômen, possuem
também dois pares de antenas, sendo esse
um carácter exclusivo dos crustáceos entre Figura 1: espécie Minuca rapax exibindo suas garras
os artrópodes, além de patas locomotoras Fonte: Lucas Cardoso Marinho
inseridas no tórax. Além disso, os caranguejos
têm o abdômen reduzido e enrolado por
baixo do cefalotórax.
O filo dos artrópodes, ao qual
pertencem os caranguejos, têm como
particularidade um exoesqueleto rígido
constituído de carbonato cálcio, que forma
uma proteção resistente. Os caranguejos
possuem dez patas, sendo que dessas, oito
são utilizadas para a locomoção. O primeiro
par é dotado de garras ou pinças (Figura 1), e
tem função de capturar alimento, defesa e até
mesmo auxiliar na reprodução, quando são
utilizados na competição por fêmeas.
Esses animais são importantes para os
manguezais, por participarem de atividades Figura 2: Ucides cordatus coletados para venda local
como a ciclagem de nutrientes, cadeia Fonte: Lucas Cardoso Marinho
alimentar, além de servirem de sustento
Glossário:
para as comunidades locais (Figura 2). A 1. Cefalotórax: estrutura resultante da fusão entre o
pesca do caranguejo do mangue é executada tórax e a cabeça de alguns artrópodes, como ocorre
por meio de uma técnica de captura que em aracnídeos.
geralmente utiliza redes ou armadilhas,
que são posicionadas estrategicamente nos
manguezais para apanhar os caranguejos
durante a maré alta.
15 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
ENSAIO
Manguezais e captura de carbono
Como o clima afeta a troca de gases nesse ecossistema costeiro
O s manguezais são ecossistemas litorâneos, os quais
ocorrem na transição entre a terra e o mar, com elevada
produtividade biológica. Dessa forma, a fauna e a flora
abrigam todos os componentes de uma cadeia alimentar. Eles
têm uma importância social, ambiental e econômica significativa
e se formam nas áreas de clima tropical e subtropical do planeta.
No Brasil, estendem-se do Oiapoque (localizado no Amapá) até a
Laguna (localizado em Santa Catarina).[1]
Nos manguezais, o dióxido de carbono é retirado da
atmosfera por meio do crescimento das plantas, acúmulo e
soterramento de matéria orgânica no sedimento. A pouca
oxigenação no ambiente não favorece a degradação da matéria
orgânica ocasionando a liberação de dióxido de carbono e
contribuindo para o seu acúmulo. O mangue possui estruturas em
suas raízes chamadas de lenticelas, que são estruturas especializadas
localizadas nos felodermis, cuja função é garantir a entrada de
troca de oxigênio e gás. Elas são acúmulos superficiais de células
soltas e de pouca suberificação (1) na forma lenticular (lente
biconvexa). Essas estruturas pequenas, circulares e alongadas são
espaços abertos que permitem a comunicação ativa com o meio
ambiente. Além de manter um fluxo contínuo de gases entre a
planta e o meio ambiente, eles facilitam a evapotranspiração (2) e
a absorção da água superficial. Entre as espécies da flora presentes
nos manguezais estão as do gênero Rhizophora, Avicennia,
Conocarpus e Laguncularia.[2]
Figura 1. Espécie Rhizophora mangle.
Fonte 1: Wikimedia Commons.
Figura 2: Gênero Laguncularia, popularmente conhecido como
mangue branco.
Fonte 2: Alvaro E. Migotto.
No entanto, as mudanças climáticas estão afetando os
manguezais de várias maneiras, incluindo a troca gasosa, elevação
do nível do mar e o aquecimento da atmosfera, podendo promover
a expansão das florestas de mangue para latitudes mais altas e
acelerar a elevação do nível do mar através do derretimento do
gelo polar ou da expansão estérica (3) dos oceanos. Nesse viés,
é provável que ocorra uma perda extensa de mangue e maré que
ameaçam a conservação desses ecossistemas costeiros.[1]
Ademais, os manguezais têm uma impressionante
capacidade de estocar “carbono azul”, um termo usado para se
16 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
Ada Maria Conceição Sousa
Canva
Ciências Biológicas/UFMA - São Luís
referir ao carbono de ecossistemas marinhos e costeiros. As
estimativas indicam que um hectare de manguezal no Brasil
pode armazenar entre duas e quatro vezes mais carbono do que
um mesmo hectare de outro bioma qualquer. Isso é crucial para a
mitigação das mudanças climáticas [2].
Embora alguns fatores de perda da vegetação citada
possam mudar ao longo do tempo, as causas dominantes de
degradação são aquelas impulsionadas pelo clima, por exemplo,
a erosão causada pela subida do nível do mar e eventos climáticos
extremos, que afeta 85% da cobertura de mangais do país [4].
Além disso, a agricultura ou a aquicultura e o desmatamento
poderão ser mais difíceis de reduzir no Brasil nos próximos anos
devido ao crescente relaxamento das regulações ambientais.
É importante ressaltar também que, integrado na área do
país, o sequestro de carbono nos solos dos manguezais brasileiros
é responsável por 13,6% do carbono enterrado anualmente nos
manguezais do mundo, portanto, significa que os manguezais no
Brasil estão contribuindo significativamente para a redução global
de CO2, em outras palavras, os manguezais presentes em todo o
mundo que sequestram carbono e o armazenam em seus solos. [3]
Infere-se, portanto, que os manguezais brasileiros não
são apenas importantes para o meio ambiente local, destacando o
seu papel para a saúde do planeta.. Assim, tal fato é um lembrete
do papel crucial que esses ecossistemas desempenham na luta
contra as mudanças climáticas e da necessidade de protegê-los e
conservá-los.
Glossário:
1: Células suberificadas são células vegetais que contêm suberina,
uma substância lipídica (gordurosa) que se acumula na parede celular.
2: Processo que pode ser definido como a evaporação da
água do solo mais a transpiração das plantas.
3: Este termo é usado na física para se referir ao arranjo dos
átomos no espaço.
Referências:
1. BENEVIDES, J. A.; MAIA, R. C.; SILVA, I. H’O. C. V.
da. “Monitoramento fenológico para avaliação de impacto
ambiental em manguezais estuarinos no Nordeste do Brasil”.
Ciênc. Florest., v.31, n.4, p.1-10, out.-dez. 2021.
2. ESCOBAR, H. Recheados de “carbono azul”, manguezais
ganham destaque no combate às mudanças climáticas. Jornal
da USP, 16 dez. 2022. Disponível em: [link]. Acesso em: 17
nov.
3. VANNUCCI, M. Os manguezais e nós: uma síntese de
percepções. São Paulo: Edusp. 2002.
4. VARELA, A. G. “Uma dádiva das marés: os estudos sobre
manguezais da cientista Marta Vannucci em sua trajetória
internacional, 1969-1989”. Hist. cienc. saude-Manguinhos,
v.27, n.1, p.1-10, jan.-mar. 2020.
 Ecologia e História Natural do Guará, Eudocimus
ENSAIO
ruber (Linnaeus, 1758)
Conheça mais sobre este incrível habitante dos manguezais
O s Guarás são aves pernaltas com bico
longo e cerca de 60 centímetros. São
aves coloniais que vivem em áreas de
manguezais e têm distribuição nas zonas costeiras
do norte da América do Sul, em países como o Brasil,
Colômbia, Venezuela, Equador, Guianas, e na ilha de
Trinidad e Tobago [1].
Estas aves nascem com as penas pretas, que após
60 dias ficam com uma coloração de tom avermelhado
devido à sua alimentação, composta principalmente
de frutos do mar, como peixes, moluscos, camarões,
sururu, entre outros. Sendo o seu principal alimento o
caranguejo Chama - Maré (Uca maracoani ) que fornece
a sua característica coloração avermelhada. Isto ocorre
porque em seu exoesqueleto (1) possui o pigmento
carotenóide cantaxantina que é absorvido nas plumas
dessa ave [1, 2].
O Guará fêmea faz seu ninho na beira dos
manguezais e na copa das árvores que podem ser
instigados por outra espécie de garças e guarás. Em cada
ninho, a fêmea chega a colocar de dois a três ovos de cor
esverdeada. A incubação do ovo pode durar cerca de 23
dias e é feita tanto pelo macho, quanto pela fêmea, bem
como a criação do ninho, depois que nascem, os filhotes
deixam o ninho após 3 semanas. Os ovos e filhotes
podem ser atacados por aves de rapina, como carcarás e
urubus, e jiboias. Quando é necessário a defesa de seus
ninhos, os guarás machos utilizam as patas, bicos e asas
para afugentar os predadores [1, 3].
Essas aves são gregárias e sociáveis, que geralmente
estão em conjunto com sua própria espécie descansando
ou forrageando. Eles também se movimentam de acordo
com a quantidade de alimentos na área que eles estão.
Quando um dos membros do bando, alça voo, todos
os outros guarás o seguem, ou pelo menos uma parte
dos integrantes da colônia, este fenômeno conhecido
como “revoada dos guarás” atrai atenção de muitos
turistas para áreas costeiras onde essa espécie ocorre, em
especial, o Delta do Parnaíba no Piauí [4].
O Guará já foi extinto em uma grande área brasileira,
pela caça, pois as suas penas eram usadas para adorno
e sua carne e ovos são utilizadas como alimento. No
Maranhão, pescadores consomem os indivíduos adultos
como recurso alimentar alternativo, além de usar suas
asas como sinalizadores para redes de arrasto. Menos
frequentemente, os filhotes e ovos são traficados para
abastecer o mercado de animais domésticos. No entanto,
a principal ameaça para a espécie se refere ao status de
17 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
Carlos Daniel Araújo Barros1
Elo7
Carlos Daniel Martins Vasconcelos1
Maria Clara Araújo Melo (Revisor)2
João Gabriel Marques Muniz (Revisor)2
Ciências Biológicas/UFMA - São Luís2
Centro de Ensino Desembargador Sarney1
preservação do único ecossistema onde esta espécie é
encontrada, que são os manguezais, que são ameaçados
principalmente pela contaminação, expansão urbana e
perda de cobertura vegetal [1].
Figura 1: Guará
Fonte 1: Lucas Cardoso Marinho
Glosário
1: cutícula resistente, mas flexível, que cobre o corpo,
além de fornecer proteção para os órgãos internos,
suporte para os músculos e evitar também a perda de água
Referências
1.. SICK, H. Ornitologia brasileira. [S. l.: s. n.], 1997
2.TERRA DA GENTE/G1. Guarás se alimentam de
caranguejos que dão cor vermelha às penas. Terra
da Gente - Especiais, [S.l.], p. 01-02, 23 fev. 2016.
Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/campinas-
regiao/terra-da-gente/especiais/noticia/2016/03/
guaras-se-alimentam-de-caranguejos-que-dao-cor-
vermelha-penas.html\>. Acesso em: 11 dez. 2023.
3.. HASS, A. Biologia comportamental de Eudocimus
ruber (AVES, THRESKIORNITHIDAE) em
manguezais da ilha do Cajual, Maranhão: reprodução
e alimentação. Dissertação (Mestrado em Ciências
Biológicas - Área de Ecologia) - Instituto de Biologia,
Universidade Estadual de Campinas, [S.l.], 1996.
Disponível em: <https://repositorio.unicamp.br/
acervo/detalhe/102837\>. Acesso em: 11 dez. 2023.
4.NASCIMENTO, A. ; ARIAS, D. Espetáculo diário
da revoada dos guarás encanta turistas no Delta do
Parnaíba. G1 - Piauí TV Clube, [S.l.], p. 01-02,
16 jul. 2023. Disponível em: <https://g1.globo.
com/pi/piaui/noticia/2023/07/16/espetacu-
lo-diario-da-revoada-dos-guaras-encanta-turis-
tas-no-delta-do-parnaiba.ghtml\>. Acesso em: 11
dez. 2023.
 O impacto dos resíduos sólidos nos manguezais
ENSAIO
O s manguezais são ecossistemas
costeiros de transição entre o ambiente
terrestre e o marinho (Figura 1)
importantíssimos para o planeta e para nós,
visto que é um bioma rico em diversidade de
fauna e flora. Eles exercem diversas funções na
natureza, pois são berçários, barreiras naturais,
abrigam diversas espécies de animais e plantas e
também são fonte de renda de muitas famílias,
além de embelezar qualquer paisagem com sua
linda composição de plantas e animais. Por
esses motivos, o manguezal é um dos melhores
e mais bonitos ecossistemas do mundo. Porém,
ele tem um grande inimigo, os resíduos sólidos
(1) [1].
O resíduo sólido é produzido dentro das
nossas casas, no ambiente de trabalho, nas ruas,
nas fábricas, basicamente em todo lugar. Esse
tipo de resíduo poderia ser melhor aproveitado
e reaproveitado, por meio de ações simples
como a reciclagem e a reutilização de objetos em
bom estado. Vale lembrar que reduzir, reutilizar
e reciclar é a melhor maneira de minimizar os
danos ao planeta. Entretanto, muitas pessoas
acabam descartando esses resíduos em lugares
inapropriados como os manguezais, praias,
rios, entre outros. Dentre os resíduos sólidos
que mais se destacam são os plásticos, as latas e
os vidros [2].
O crescimento urbano desordenado
tem contribuído para o aumento de problemas
ambientais, trazendo muitos impactos negativos
na natureza e nas nossas vidas. O acúmulo de
18 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023
Anna Evellyn da Silva da Mata 1
Imagem: Canva
Carlos Henrique Ribeiro dos Santos 1
Rikelme Cintra de Freitas 1
Ada Maria Conceição Sousa (Revisor) 2
Elias Pereira Silva Neto (Revisor) 2
Centro Educa Mais Desembargador Sarney / CEMDS - São Luís 1
Ciências Biológicas/UFMA - São Luís 2
“lixo” no manguezal gera a morte de diversos
animais e plantas, isso é um grande problema,
pois pode resultar na extinção dessas espécies
que só existem nesse bioma. Por exemplo, um
cenário em que todas as espécies de caranguejo
que vivem no manguezal desapareçam iria fazer
com que o ecossistema mudasse bruscamente,
prejudicando outros animais. Além disso, as
famílias que dependem da pesca do caranguejo
teriam sua principal fonte de renda cortada.
Outro ponto negativo é que o acúmulo de
resíduos sólidos provoca a morte do mangue
por sufocamento, quando eles se depositam
nas lenticelas dos pneumatóforos (2) afetando
a fauna e a flora local. Com o falecimento dos
mangues uma série de eventos catastróficos
aconteceriam, como grandes enchentes, pois
sem esse bioma a função de barreira natural não
seria realizada. Desse modo, diversas pessoas
teriam suas casas inundadas e assim perderiam
seus bens materiais e, possivelmente, até suas
vidas [1; 3].
Figura 1. Ambiente de manguezal do Delta do Parnaíba.
Fonte: Tarciso Leão/Flickr
 2. MANSOR, M. T. C. et al. Cadernos de Edu-
Após essa análise você pensa “nossa, mas
cação Ambiental. 2 ed. São Paulo: SMA, 2013.
não tem nada para impedir isso? Os manguezais

Imagem: Canva
são tão importantes.”. Mas por incrível que
3. ALENCAR, T. S. et. al. Contaminação por
pareça existem leis de preservação que é o caso
metais pesados e hidrocarbonetos de petróleo:
do Código Florestal de 1965 (Lei. 4771) que
uma ameaça para os manguezais. Boletim
protege os manguezais, denominando-os como
do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro
área de preservação. A pena para crimes seria
Lamego, [s.l], v. 10, n. 2, p. 7-24, 2016
de 1 a 5 anos e multa. Entretanto, mesmo com
leis antigas que protegem essas áreas litorâneas,
4. FÉ-MOURA, M. M. et al. A Proteção do
elas são densamente povoadas, como a Região
Ecossistema Manguezal pela Legislação Am-
Metropolitana da Baixada Santista, que abriga
biental Brasileira. GEOgraphia, [s.l], v. 17, n.
1,8 milhões de habitantes de acordo com dados
33 p. 126-153, 2015
de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) [1; 4].
Observamos que os manguezais
são muito importantes tanto para os seres
humanos quanto para os demais organismos
que dependem da sua presença. Então, deve-
se sempre lutar para preservá-los e cobrar
punições para aqueles que de alguma forma
prejudicam o bioma destruindo-o. E nós, como
cidadãos, devemos mudar nossas atitudes para
ajudar a natureza, mesmo que pareça pouco. O
simples ato de jogar o “lixo” no lixo muda tudo.
Glossário:
1: Materiais heterogêneos que têm origem da
atividade humana e que podem ser parcialmente
utilizados parcialmente e descartados.
Divididos em facilmente degradáveis (comida,
sobras, excrementos), moderadamente
degradáveis (papel, papelão) e não degradável
(vidro, cerâmicas, metais).
2: Órgãos das raízes dos mangues que permitem
trocas gasosas.

Referências:

1. PINHEIRO, M. A. A.; TALAMONI, A. C.

B. Educação Ambiental sobre Manguezais. 1
ed. São Vicente: Campus do Litoral Paulista –
Instituto de Biociências, 2018.

19 Boletim PETBio UFMA / nº 64/ Dezembro de 2023