Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
20
10
Texto: Bruno Casalunga / Uma homenagem ao Cabo Soares
11
Oficina de Teatro Estudantil Casalunga (OTEC) – 2010
5° ANO – EF
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
21
VITÓRIA (tirando o anel do dedo) – Mas não pode ser? Nunca recebi esse tipo de gente em meu
palácio!
REBECA – Aviso a minha majestade que este homem está muito próximo, e pode lhe causar
problemas.
VITÓRIA (entregando o anel) – Belo serviço!
REBECA (alegre) - Faço isso pela amizade que lhe tenho!
VITÓRIA – Quero todas as joias!
REBECA (ofendida) – Não quer ao menos ver a qualidade delas?
VITÓRIA (observando a caixa) – Devem ser boas (prestando mais atenção, pega um anel
específico da caixa) – Este aqui então, é chamativo, muito bonito e me trará ótimas ideias! (coloca
o anel do dedo) – Agora pode ir!
A vendedora sai
VITÓRIA (desconfiada) – Pescador, mas como pode ter essa ousadia? (olha para as duas) – E
vocês duas, ainda não terminaram? Que incompetência! Ou terminam rápido, ou não deixarei que
compareçam em minha festa!
Vitória sai
AS DUAS (surpresas) – COMO?
ISABELA (espantada) – Nunca vi nossa irmã tão irritada, você escutou alguma coisa?
TAMIRES – Eu só ouvi sobre um tal pescador! (para um instante) – Será que ela está namorando?
ISABELA – Deixe de besteiras, princesa Tamires! Onde já se viu? Vamos terminar isso rápido,
se não seremos castigadas...
TAMIRES – É verdade, princesa Isabela, é verdade!
Continuam costurando até as luzes se apagarem no palco:
CENA 03
OS PESCADORES
SOARES – O tal do pescador era tinhoso que só... Tinha um gênio terrível! Como o povo de lá
vivia só disso, ele era o mais esclarecido.... Mas era difícil de conversar com ele, viu?
BRUNO – Mas que tanto se debatia por aqueles lados, Soares?
SOARES – FÉ, meu filho... FÉ!
5° ANO – EF
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
23
CENA 04
Há um cenário azul, com um desenho grande que simboliza o mar. Zé Pesqueiro e
Compadre João da Pesca chegam e preparam a rede.
JOÃO DA PESCA – Eeeee Zé, desse ano a gente não passa nessa pescaria!
ZÉ PESQUEIRO (sério) – Mas “Ocê” não fala isso nem de brincadeira.
JOÃO – Faz três dias que a gente num pesca é nada!
ZÉ – Vamos tentar de novo!
JOÃO – E por quanto tempo?
ZÉ (sério) – O tempo que precisar... “Ocê” tem uma “fia” pra criar, ou ta esquecendo disso?
JOÃO – NUNCA! Minha “fia” é a coisa mais sagrada que eu tenho! Olha ela brincando lá...
ZÉ – Viu? Agora acorda e “vamo trabaiá”!
JOÃO – Cuidado pra não se machucar “hein”, fia! (em forma de monólogo) - Se eu pudesse falar
com a rainha!
ZÉ – Que rainha, que nada! O povo anda dizendo por aí que ela vai virar deusa, eu não acredito
nisso!
Ao escutar a palavra “rainha”, REBECA entra carregando uma prancheta. Fica enojada
com a sujeira do lugar, mas procura disfarçar, chegando cada vez mais perto dos dois
pescadores:
REBECA – HEI, vocês dois!
ZÉ – Quem é a senhora?
JOÃO – O que quer de nós?
REBECA – Preciso que apareçam no palácio o mais rápido que puderem. A CONVITE DA
RAINHA!
OS DOIS - Da rainha?
REBECA – Sim, “da rainha”! Parecem dois gravadores! (entregam a eles um anel) – Digam que
querem vender esse anel para a deusa! (entrega).
ZÉ (irritado) – Eu não falei? (à Rebeca) – Pois não queremos vender nada e muito menos
conhecer a tal da rainha!
JOÃO (batendo no braço de Zé) – Diga a ela que vamos!
5° ANO – EF
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
24
VITÓRIA (orgulhosa) – FANTÁSTICO! (pega mais dinheiro) – Isto é pelo elogio! Então minha
imagem está melhor do que eu imaginava pela cidade...
ZÉ (ofendido, tira o dinheiro da mão de João) – Pois eu não acredito! (devolve) – Toma, isso não
é nosso!
VITÓRIA (irritada) – PRENDAM ESTE HOMEM!
ISABELA (espantanda, pega a irmã pelo braço) – Rainha Vitória! Uma “DEUSA” jamais pode
se comportar desta forma!
ZÉ (a princesa Isabela) – Eu gostei da senhora! Essa é das nossas!
ISABELA (envergonhada) – Obrigada!
TAMIRES – Que absurdo! Tirando a autoridade de nossa irmã na frente dos estranhos.
JOÃO – VAMO encurtar a conversa que a gente tem que voltar pro mar! Já que a gente não vai
ficar pra festa!
VITÓRIA (interessada) – Quer dizer que o povo já sabe da festa?
JOÃO – Não de fala de outro assunto....
VITÓRIA – A FESTA DA DEUSA!
ZÉ – Já falei e vou repetir quantas vezes for preciso. Só acredito em um Deus, naquele que ta no
céu.
VITÓRIA – Pois então eu tenho um desafio pra você. (tira o anel do dedo) – Deixarei esse anel
com você... (para todos) – Reparem: é o mais caro que tenho! Para não saírem espalhando que
sou vaidosa!
TAMIRES – Que desperdício!
VITÓRIA – Você terá até o dia da festa para me entrega-lo... Não precisa estar com esse mesmo
brilho, mas tem que estar na minha mão. Se isso for feito, passo a acreditar no seu Deus! Do
contrário você percorrerá a cidade toda espalhando meu nome!
ZÉ – Combinado!
Ela entrega o anel a ele, permanece em cena enquanto os pescadores vão embora...
CENA 06
O JOGO SUJO
BRUNO – Mas até aí uma aposta como essa não era algo tão difícil d se cumprir
SOARES – Você que pensa, teacher. Já viu alguém com medo fazer alguma coisa certa? A rainha
tinha medo da verdade! Então resolveu jogar foi sujo com o pescador.
5° ANO – EF
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
26
CENA 07
Isabela está lendo um livro enquanto Tamires continua costurando o vestido. Vitória está
na mesma da cena anterior:
VITÓRIA – Princesa Isabela, queira se retirar. Quero falar com Tamires a sós....
Isabela sai
TAMIRES – MAJESTADE...
VITÓRIA – Você quer ocupar um novo lugar na corte no dia da festa?
TAMIRES (empolgada) - É claro que sim! Este sempre foi meu sonho....
VITÓRIA – Pois bem... Vendo que este vestido não vai ficar pronto nunca, combinado nunca
saem caro!
TAMIRES – Ainda não me disse o que devo fazer...
VITÓRIA – Você irá na casa daquele pescadorzinho e comprará o meu anel pelo preço que for...
TAMIRES – Mas essa não seria uma missão mais fácil para Rebeca?
VITÓRIA – SIM... Porém ela daria com a língua nos dentes. O mais importante é saber o horário
que ele não está em casa! Investigue tudo: que horas desce pro mar, quanto tempo a esposa fica
sozinha... E o quanto precisam de dinheiro!
TAMIRES – Tudo isso para ganhar a aposta?
VITÓRIA – Eu seria capaz do impossível para vê-lo se humilhar aos meus pés... (dá um saco com
moedas a ela) – Imagino ser o suficiente! O que sobrar pode ficar pra você!
As duas saem...
CENA 08
NA HORA DO APERTO
SOARES – E a tal da princesa ficou lá na comunidade, investigando passo a passo pra chegar no
momento certo na casa...
BRUNO – Como pode, Soares!
SOARES – NÃO EXISTE MALDADE QUE NÃO SEJA BEM PLANEJADA! E o pior, rapaz,
não foi nem isso: na semana que ela apareceu na casa, ele não tinha pescado um peixe sequer...
Ai na hora do aperto, sabe como que é...
5° ANO – EF
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
27
CENA 09
Tamires bate palma três vezes. Quem sai é Maria:
MARIA – Pois não!
TAMIRES – Olá, por acaso é aqui que mora o Sr. José?
MARIA – Ele está no mar...
TAMIRES – Ai que pena, precisava comprar uma encomenda com ele.... Sabe que horas que
retorna?
MARIA – Não tem muito horário, não.... Tem vezes que volta mais cedo, outras vezes volta de
madrugada... Viver de pesca é isso!
TAMIRES – A senhora não pode me ajudar? É um saquinho vermelho bem pequenino, com
bordas douradas...
MARIA – Ah, eu sei do que a senhora ta falando. Ele me proibiu de colocar a mão naquele
negócio. Disse que era sagrado e que só ia me mostrar no dia da festa!
TAMIRES – Pois foi ele quem pediu pra vir buscar.... A um preço bom, veja! (mostra o saco
cheio de moedas)
MARIA – Mas Jesus, Maria José, que eu nunca vi tanta moeda junta! Tem certeza que não é em
outra casa?
TAMIRES – Eu não viria de tão longe pra errar uma coisa dessas... Pegue lá pra mim, por favor!
Maria entra e retorna em cena rapidamente com o saquinho dourado junto ao anel:
MARIA – Está aqui moça! (recebe o dinheiro) – Vai ser de bom grado!
TAMIRES – Passar bem! (sai apressadamente)
CENA 10
E TUDO ACONTECE QUANDO TEM QUE ACONTECER...
SOARES – Quando o pescador chegou... foi uma brigaiada danada... O Zé era ignorante, então
não sabia usar as palavras direito... O casal quase separou por causa disso!
BRUNO – E a rainha?
SOARES – Ela fez a festa antes da hora. Desfilava com o anel pra cima e pra baixo.... Até que
mandou irmã mais boazinha, a Princesa Isabela, jogar o anel no mar. Ela assim o fez... Mas
antes...
5° ANO – EF
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
28
ISABELA (Em forma de prece) – Senhor! Jamais gostaria de ser o motivo do sofrimento alheio.
Jogarei esse anel no fundo do mar, com o coração apertado, mas confio na justiça divina mais do
que na justiça dos homens.... Faça com que esse anel se encaminhe para o lugar correto! Que
assim seja!
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SOARES – Gente de coração bom não sabe fazer maldade.... Pois ela jogou e foi embora chorando
para o palácio... E nada de peixe no mar...
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ZÉ – A gente há de conseguir pescar nem que seja uma estrela do mar, eu não volto pra casa sem
peixe!
JOÃO – Zé.... O mar ta muito bravo pra você bancar o corajoso...
Zé – Vamo jogar a rede!
Jogam a rede, puxam juntos e fazem muita força
OS DOIS – Conseguimos!
ZÉ – Falei que não ia voltar sem peixe pra casa!
Saem os dois
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SOARES – Chegando em casa resolveram dividir o peixe, mas não tinha força qu fizesse esses
dois corta no meio.... Tentaram uma, duas, três vezes e nada! Foi aí que veio a surpresa:
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ZÉ (chamando) – MARIIIIIA, traz uma peixeira decente pra mim.....
Maria entra:
MARIA – Mas que agitação é essa, Zé? Até parece que nunca viu peixe na vida! (olha para João)
– Benção, cumpadre!
JOÃO – Deus te abençoe, comadre! Estamos sem força
MARIA (observando) – Mas não tem nada demais, eu vou limpar ele por dentro.... (passa uma
colher pela boca do peixe e fica completamente surpresa) – Zé... Zé... ZÉ!
ZÉ – Que foi, mulher. Parece até que ta vendo um fantasma...
Ela mostra o anel dentro da colher
MARIA – O seu anel, Zé.... “Ocê” não vai precisar ficar se humilhando pra ninguém...
5° ANO – EF
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
29
SOARES – Foi uma emoção sem tamanho... Ele logo foi no tanque lavar o anel, depois pegou
alguma coisa pra lustrar.... Parecia que tava cuidando de um brinquedo.
CENA FINAL
O DONO DA CIDADE....
BRUNO – Conta da festa, vai!
SOARES – Assim de gente, rapaz... Estava a cidade toda. A rainha fes questão de convidar as
autoridades, tudo gente chique elegante e a todo instante ficava de olho pra ver se o pescador
chegava....
BRUNO – Ele deve ter ido como?
SOARES – Todo elegante... Pegou a roupa que casou pra ir na tal da festa. Os três estavam super
bem apessoados aquele dia!
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
VITÓRIA – ERA EXATAMENTE VOCÊ QUEM EU ESTAVA ESPERANDO... SENHORAS
E SENHORES... MEU NOME VEM CORRENDO A CIDADE COMO A DE UMA MULHER
CAPAZ DE FAZER MILAGRES... DIZEM POR AÍ QUE SOU CAPAZ DE AJUDAR ATÉ
AQUELES QUE POUCO DE MIM NECESSITAM
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SOARES – E foi se empolgando cada vez mais no discurso... Até que...
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
VITÓRIA – Pois vejam vocês mesmos. Desafiei este homem a me trazer o anel que lhe confiei,
ciente de suas dificuldades.... Ele está aqui? Tenho certeza que não!
ZÉ (tirando o anel do bolso) – Ta sim, óh! (devolve a ela o anel) – Eu avisei, dona moça, Deus é
um só! É o dono da cidade!
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
5° ANO – EF
COLÉGIO PITECO
TEATRO
DATA: ________/______/_________
30
HOMENAGEM FINAL
SOARES – Dali foi um dramalhão só... Ela fingiu que ia desmaiar, fez uma furdunçada... Não
teve nem a humildade de pedir desculpas, acredita? Mas teve que cuidar melhor daquela
comunidade de pescadores!
BRUNO – Linda história.... Adorei... Um dia faço ela no teatro... Vou descer na praia agora,
queridão!
SOARES – Vai com Deus.... Não esqueça: o bem SEMPRE vai vencer!
Bruno sai de cena. Soares levanta-se:
SOARES – Ah deixa eu cuidar da vida.... Será que eu já contei a história do porteiro pra ele?
FIM