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ROMEU E JULIETA

PERSONAGENS:
ROMEU - Filho da Sra. Montéquio
JULIETA - Filha do Sr.Capuleto
SRA.MONTÉQUIO - Matrona da casa dos Montéquio, se acha melhor que todos e é
controladora. Rica que só
PRINCESA DE VERONA - Ela tá de saco cheio das brigas entre os montéquio e
capuletos e só quer paz. É meio hippie, mas tem pavio curto, o que atrapalha.
PÁRIS - Julieta foi vendida, digo, prometida a ele em um casamento arranjado. Ele
é meio fresco.
SR.CAPULETO - Patrono da casa dos Capuletos. Corrupto e golpista.
SERVA - Criada e confidente de Julieta. Militante. Revolucionária nas entocas.
TEOBALDA - prima de Julieta
IRMÃ JOAQUINA - freira trambiqueira de Verona e amiga da serva
BENEDITA - amiga e prima de Romeu
BRENDA - correspondente da serva , fofoqueira de primeira

CENA 01

SERVA - (Entra em cena. carregando uma cesta. Ela se senta em um banco, retira
lápis e papel e começa a escrever uma carta). “Querida amiga, Brenda. Como vai
você? Sobreviveu à peste? Foi a alguma execução pública ultimamente? Creio que
tivemos poucas esse ano (desapontada). Lhe escrevo para lhe contar a última
fofoca sobre a treta entre os Montéquios e a família dos Capuleto. Menina, tá
babado. Ontem teve briga no meio da feira, foi uma Montéquio de nome Benedita
que armou um barraco na praça e puxou briga com Teobaldo, primo de minha
Julieta. Menina , xingou a mãe, xingou o pai, jogaram fruta na cara um do outro…
Nem sei mais porque as duas famílias brigam, mas adoro ver rico passando
vergonha. Sua amiga, a Serva”. (Olha pra plateia) Isso mesmo, o autor da peça é
meio ruinzinho e não me deu nome.
(Entram em cena Teobaldo)
TEOBALDO - Serva, aí está você. Acaso está fugindo do trabalho novamente? Ora,
não sei por qual motivo meu tio a mantém empregada….
SERVA - (Com raiva e à parte) Espera até a revolução chegar que eu te pego de
jeito…
TEOBALDO - O que disse?
SERVA - Eu disse: como posso ajudá-lo , sr?
TEOBALDO - Hoje à noite é o baile na casa de titio, e devo estar belíssimo!
(Benedita entra)
BENEDITA - Ihhhh, isso aí só nascendo de novo. Esse daí parece que a cara pegou
fogo e apagaram com tijolo.
TEOBALDO - Ora ora, chamem a inquisição , deixaram escapar uma bruxa da
fogueira!
BENEDITA - Então vai ter um baile no casebre dos Capuleto. Vai ser o que?
paredão de funk?
TEOBALDO - Uma Montéquio não teria inteligência para compreender o
refinamento do grande evento que meu tio preparou. Sua mãe não deve ter tomado
os devidos cuidados quando lhe teve, para nascer criatura tão desforme!
SERVA - ihhhh, falou da mãe!
BENEDITA - (começa briga de xingamento de mães)
BENEDITA - KKKKK eu vou anotar essa!
SRA.MONTÉQUIO - Mas que confusão é essa? Os vizinhos já estão reclamando
da zuada!
BENEDITA - Foi ele que começou titia!
SRA.MONTÉQUIO - Não me interessa quem começou, eu vou dar um fim nisso!
(olha pra Teobaldo) Avia, menino, sai daqui!
TEOBALDO - Eu não recebo ordens de uma Montéquio.
SRA. MONTÉQUIO - vocês capuletos são todos covardes! Saia logo daqui antes
que eu chame os guardas!
TEOBALDO - Não , não posso ser preso!!
SERVA - Não pode ser preso “de novo”, né? Esse daí roda mais pela polícia do que
o grande circular por fortaleza.
TEOBALDO - Calada!!! (sai)
BENEDITA - ihh, tomou na cara!
SRA MONTÉQUIO - Clada, Benedita! Você já deu muito trabalho (Ela se cala); Ei,
serva, venha cá!
SERVA - Que é? (Se aproximando).
SRA MONTÉQUIO - Ouvi dizer que o traste do Capuleto irá realizar um evento
naquela kitnet que ele chama de mansão.
SERVA - Ouviu certo sim , sra!
SRA MONTÉQUIO - Do que se trata esse evento?
SERVA - Eu merma que não vou dizer pra sra. Eu hein. Meus patrões odeiam os
Montéquio. Se eu conto, me lasco todinha. Sou leal!!
SRA MONTÉQUIO - (Oferece um saco de moedas) E agora?
SERVA - (conta as moedas) Mulher, nem te conto. Vai ser A festa. Tem um monte
de gente lá no bairro passando fome , porque tenho certeza que toda comida de
Verona vai tá na casa do patrão. Vai ter uns menestréis, uns dançarino, umas
fantasias, bebida e som nas alturas. Merminho que Carnaval.
BENEDITA - Ai tia , eu quero ir!
SRA. MONTÉQUIO - Calada, Benedita!
BENEDITA - Affs…
SRA.MONTÉQUIO - E qual o motivo para tal evento de proporções tão burlescas?
SERVA - É o que?
BENEDITA - Ela quer pra que essa festa toda, mulher.
SERVA - Ah, é aniversário da srta. Julieta! (fala orgulhosa) Julieta é moça tão
bonita, tão inteligente, tão gentil…
BENEDITA - Tipo eu né ?
SERVA - (olha com desprezo. Bem debochada)
SRA. MONTÉQUIO - Isso não vem o caso. Agora saia daqui!
SERVA - Eu vou, mas é porque eu quero! (olha pra plateia) Espera só …. a
revolução chega e … bufu! em tudim…. (sai)
SRA. MONTÉQUIO - Por onde anda Romeu, Benedita?
BENEDITA - Se tu é a mãe não sabe, imagina eu.
SRA. Olhe, fale direito comigo!!
BENEDITA - Perdão , senhora
SRA. MONTÉQUIO - Ele anda estranho ultimamente. No entanto, não sei por qual
motivo… Quero que descubra o que há por trás de comportamento tão inadequado.
Ele já está na idade de casar-se, e preciso que esteja apresentável.
BENEDITA - Pode deixar que eu adoro uma fofoca. Vou descobrir tudinho!
(Sra.Montéquio sai) Bicha azeda, nam.

CENA 02
(Romeu entra. Está triste)
BENEDITA - Ih, Romeu, eu estava ainda agora falando de você. Até parece que
ensaiamos este encontro.
ROMEU - Ensaiamos sim. Numa tragédia escrita por Deus, e eu sou o infeliz
protagonista.
BENEDITA - Já ouvi essa história. Qual é o drama dessa vez?
ROMEU - Estou vindo da casa de Rosalina, mas lá deixei meu coração.
BENEDITA - Quem?
ROMEU - Rosalina, a moça por quem me apaixonei perdidamente. Eu já lhe falei
dela.
BENEDITA - A moça que você me falou foi uma tal Carlota.
ROMEU - Carlota? Isso é ferida velha, a ilusão de um jovem que ainda não sabia a
diferença entre uma tela azul e o céu. Com Rosalina foi diferente. Ela era o meu
firmamento! Meu sol e as nuvens!
BENEDITA - Deixa eu adivinhar: a dona Firmamento fechou o tempo pra você?
Quanto tempo durou esse namorico mesmo?
ROMEU - Fui hoje à casa dela justamente pedir sua mão em namoro.
BENEDITA - E…
ROMEU - E ela agiu como se não me conhecesse!
BENEDITA - Você já tinha falado com ela?
ROMEU - Bem…não.
BENEDITA - Ela sequer já tinha conhecido você, assim, nem que fosse só de vista?
ROMEU - Pensando bem… não.
BENEDITA - Meu filho, então ainda bem que eu não tava contigo, porque eu teria
morrido só da vergonha alheia de ser sua prima. Esse deve ser um novo recorde
pra você.
ROMEU - De fato. Voei perto demais do sol, e, qual Ícaro,paguei pela ousadia.
Estou desolado…
BENEDITA - Você supera.
ROMEU - Estou desconsolado…
BENEDITA - Bola pra frente…
ROMEU - E isso é maravilhoso!
BENEDITA - É o quê?
ROMEU - Estou inspirado como nunca estive antes, Benedita! No caminho para cá
me veio a ideia de uma nova peça! Uma comédia de amor sobre um homem
perdidamente apaixonado por uma mulher imaginária.
BENEDITA - Você quer dizer uma tragédia, não é? Ou uma história de terror.
ROMEU - Não, o público de hoje não gosta de tragédias. Vamos de comédia
mesmo. (escreve em um livro) Preciso ir agora mesmo à companhia de teatro!
BENEDITA - (Toma-lhe o livro) Nada disso! Você não vai ver seus amigos esquisitos
hoje. Fica esperto, viu, Romeu. A sua mãe já tá na sua cola. Ela não vê a hora de te
casar com alguma dondoca de Verona.
ROMEU - Vire a boca pra lá! Meu espírito livre não se dá bem em um casamento
sem amor. Sem amor, de que vale a vida? Não, obrigado, estou muito feliz do jeito
que estou. E é isso que direi a mamãe.
BENEDITA - Tá bem (para a coxia) Ô TITIA!!
ROMEU - (assustado) Mas outra hora, quando eu voltar do teatro!
BENEDITA - (puxa-o) Nada disso, Pierrot apaixonado. Hoje, você e sua prima tem
um compromisso no mundo real, lá na casa dos Capuleto.
ROMEU - Os Capuleto? Desde quando você se interessa pelos Capuleto?
BENEDITA - Ai, você vive mesmo embaixo de uma pedra, né? Os Capuleto vão dar
uma festa chiquérrima, e todo mundo importante de Verona vai estar lá. Bem, todo
mundo menos a gente. Aí eu pensei, a gente bem que podia entrar de penetra. A
gente curte a festa, e eles pagam a conta. É perfeito!
ROMEU - Não sei se estou com ânimo para festas agora.
BENEDITA - Vamos, priminho, um pouco de diversão às custas dos Capuletos vai te
fazer bem. Faça isso por você!
ROMEU - Você só quer que eu te arrume um disfarce pra entrar lá escondida.
BENEDITA - Tá, pense em mim então, sua prima favorita! Além do mais, você está
sempre atrás de uma nova inspiração, não é? Pois eu aposto que vai rolar algum
barraco com toda a high society de Verona num só lugar.
ROMEU - Hummm, é verdade que tudo que é importante só acontece com aqueles
de berço nobre.
(enquanto Romeu divaga, a Serva passa atrás deles, carregando uma cesta,
quando é então atacada por um rato gigante, e tem que se defender com golpes de
karatê)
BENEDITA - Anda, Romeu, vem comigo, nunca te pedi nada!
ROMEU - Não sei, eu ainda tenho minha peça para escrever…a musa da inspiração
nunca se demora, nem tem hora para voltar.
BENEDITA - Lá na festa dos Capuleto não vai ter titia pra te atazanar com um
casamento.
ROMEU - Está decidido! Hoje jantaremos às custas dos Capuleto!
(Os dois saem, seguidos pela serva.)

CENA 03
(Troca de cenário: Alguém coloca uma placa de NÃO ENTRE escrito com letras
agressivas em uma coxia. O sr. Capuleto entra e bate à porta.)
SR. CAPULETO - Julieta! Julieta! Ah, senhor Deus, por que me deste uma filha tão
trabalhosa? É pra evitar esses castigos que eu pago à igreja! Julieta! Abra já essa
porta!
(Entra Teobalda)
TEOBALDA - Julieta não está.
SR. CAPULETO - Que história é essa? Quem foi que trancou essa porta, então?
TEOBALDA - É um truque velho dela. Deve ter trancado a porta para que não
notasse que ela saiu pela janela. Vai saber onde está agora.
SR. CAPULETO - Não diga isso! Ela não não pode me dar um chá de sumiço agora!
Ela vai aparecer, nem que eu tenha que contratar Marco Polo pra achar essa
menina!
TEOBALDA - Guarde seu dinheiro, titio. Acho que já sei onde ela está.
SR. CAPULETO - E onde ela está, pelo amor de Médici?
TEOBALDA - Aquela toupeira deve estar entocada no último lugar em que alguém
procuraria. (aponta para a plateia)
(Sr. Capuleto anda pela plateia e, com efeito, encontra Julieta dormindo em uma
cadeira)
SR. CAPULETO - Julieta! O que está fazendo aqui, no meio da ralé da classe
econômica?
JULIETA - (acordando) Humm…que horas são?
SR. CAPULETO - É hora de você tomar vergonha na cara, mocinha! Onde estava
esse tempo todo? E você nem está arrumada ainda! A festa logo vai começar!
JULIETA - Então não perdi nada importante. Boa noite.
SR. CAPULETO - É isso então? A senhorita planeja passar o resto do dia dormindo
nessa cadeira?
JULIETA - Tem razão, já estou toda doída. Eu vou pro meu quarto.
(Julieta se levanta e vai para o palco.)
SR. CAPULETO - Nada disso, Julieta Capuleto! Você vai lavar o rosto, botar aquele
vestido caríssimo que eu comprei, e vai ficar apresentável para o baile desta noite.
TEOBALDA - Desista, titio. Julieta poderia estar vestida com a última moda de
Roma e ainda nos faria passar vergonha.
SR. CAPULETO - Agora não, Teobalda!
TEOBALDA - É verdade! Ela simplesmente não tem modos, um grama de finesse,
uma gota de requinte. E eu, como fico? Eu me recuso a ser vista ao lado de um
animal de circo!
(Julieta pára ao lado de Teobalda, e olha para ela.)
JULIETA - Já eu não me importo nem um pouquinho.
TEOBALDA - Atrevida!
JULIETA - Mas você tem razão, prima. Eu não me dou bem com essa gente tão
elegante da alta sociedade. É muito melhor eu ficar aqui no meu quarto, onde eu
não arrumo problema com ninguém e ninguém arruma problema comigo. Por isso,
com sua licença…
(Julieta tenta entrar no quarto, mas é impedida por sr. Capuleto)
SR. CAPULETO - Você vai comparecer, sim, porque você faz parte dessa gente
elegante da alta sociedade, minha filha. De fato, você será a grande joia do evento!
JULIETA - Tá bom. Tá mais pra bijuteria. Porque vamos ser sinceros, né, papai.
Esse “vestido caríssimo” você comprou no Beco da Poeira e mandou costurar a logo
da Lacoste por cima, esses seus “convidados” são todos seus amigos de falcatruas,
e eu nem quero saber de onde você tirou toda essa comida.
(Entra a criada, esbaforida)
SERVA - Gente, vocês não sabem o que eu passei. Essa peste negra tá saindo do
controle. (mostra ao sr. Capuleto a pele do rato que a atacou) Ô, seu Capuleto,
consegui o tiragosto pro jantar de hoje dos grão fino.
SR. CAPULETO - Agora não, serva, guarda isso! (para Julieta) Tem razão, minha
filha, tudo é falsidade e interesse, eu também não gosto disso. Mas adivinha só: isso
é a sociedade. Eu, como um homem adulto, tenho que seguir suas regras. E sabe
quem mais vai virar adulta hoje?
JULIETA - Ah, estava demorando. Diga, papai, por quanto foi?
SR. CAPULETO - Quanto foi o quê?
JULIETA - Por quanto você vendeu a minha mão? Se tenho que ir ao baile de
qualquer jeito, estava pensando em colocá-lo numa etiqueta. Me parece apropriado.
SR. CAPULETO - Menina, me respeite! Eu lá sou homem de vender a mão da
minha filha em casamento? Ela será leiloada, hoje à noite. Do jeito que esses
nobres são competitivos, estou esperando propostas de valores altíssimos.
JULIETA - Você não perde nenhuma oportunidade, não é ?
SR. CAPULETO - Veja pelo lado bom, minha filha: em um evento como este, é
quase certo que você conseguirá um bom partido! Nós ficaremos ricos! Ricos!
JULIETA - Mas nós já somos ricos.
SR. CAPULETO - Mas podemos ser mais ricos! Ricos como o príncipe de Verona!
Melhor ainda: ricos como o papa!
(Teobalda e sr. Capuleto concordam que, de fato, seria bom ser ricos igual ao papa)
SERVA - Sabe, às vezes eu até penso que rico também é gente. Aí eu venho
trabalhar aqui.
SR. CAPULETO - Serva, faça algo de útil e feche a janela de Julieta
permanentemente. Não queremos que ela dê suas escapulidas esta noite.
SERVA - Eu não tô nem aí, mas pobre não ter querer nessas peças mesmo.
SR. CAPULETO - O que disse, serva?
SERVA - Já estou indo.
(a serva sai e entra no quarto de Julieta com tábuas e um martelo.)
JULIETA - Você não pode fazer isso!
SR. CAPULETO -Posso, estou fazendo e, no futuro, terei concluído. E você,
Teobalda, leve Julieta para se arrumar, e não tire os olhos dela, ouviu?
TEOBALDA - Se eu preciso…
JULIETA - Está bem, papai, se me quer tanto assim no seu baile, então conseguiu.
Tentei avisar. Quando ele acabar em desastre, terá só a si mesmo para culpar.
Porque a minha mão já tem dona, e ela não está à venda!
TEOBALDA - Argh, como é dramática.
CENA 04
(Música de baile ao fundo. Entram Romeu e Benedita com roupa de festa e usando
máscaras)

BENEDITA - Eita, que é festão mesmo menino!


ROMEU - Podemos sempre contar com a prodigiosa decadência da nobreza!
BENEDITA - Mas Romeu, você também é nobre.
ROMEU - Mas meu coração é de artista!
BENEDITA - A nobreza fede mas tem dinheiro pra comprar perfume. Sabemos ser
elegantes como ninguém (retira um alicate da roupa) Agora venha, e me ajuda a
arrombar o cadeado do portão pra gente invadir a festa.
(ambos saem de cena. Entram Sr.Capuleto, Teobalda e a Serva)
SR.CAPULETO - Ai, só em pensar nos custos que essa festa irá gerar à minhas
economias.
TEOBALDA - Sim, titio, tudo aqui é da mais refinada qualidade! Nem cleópatra teve
tanta riqueza e bom gosto.
SERVA - Sr, os descartáveis de plástico eu consigo lavar no fim da festa, mas os de
papel tem que jogar fora, viu?
SR.CAPULETO - E as notícias só pioram! (Fica impaciente) Onde está o motivo de
minha úlcera?
TEOBALDA - Julieta estava sendo deselegante como sempre, se recusando a
descer!
SR CAPULETO - Ah, mas ela vai descer sim! Ela é o principal artigo…. quero dizer,
é a estrela ! A estrela desse leilão… digo, aniversário!! Serva, vá buscá-la! Sempre
teve um jeitinho especial com ela.
SERVA - homem réi nojento , nam.
SR CAPULETO - O que disse?
SERVA - To indo (os dois saem e a serva bate à porta de Julieta, música gótica
tocando alta) Julieta, mulher, vem que teu pai quer te vender!
JULIETA - (música para) Eu mesma não. Prefiro ficar aqui.
SERVA - Ai, eu também prefiro ficar aí, mas vem aqui pra fora pra gente conversar.
JULIETA - (Entrando com o vestido de festa ) Estou ridícula.
SERVA - Mulher, eu vi essa roupa ontem mesmo lá na feira. Tava fazendo mó
sucesso.
JULIETA - Essa coisa cafona?
SERVA - Sim, estavam usando pra afastar os maus espíritos. Pra ver se acabavam
com a peste.
JULIETA - Oh, serva, o que eu faço? Eu não quero ser vendida pra um almofadinha
qualquer! Que pensamento mais ultrapassado!
SERVA - Né, em pleno século XVI, mulher.
JULIETA - Eu só queria ter dinheiro suficiente para poder entrar na Universidade de
verona e juntas podermos mudar esse lugar para melhor.
SERVA - E aí a revolução vem.
JULIETA - Mas nada poderá acontecer se meu pai me vender nesse leilão!
SERVA - Julieta, minha menina, tive uma ideia da gente conseguir dinheiro e te
livrar dessa!
JULIETA - Como?
SERVA - No caminho eu te explico melhor, mas primeiro você tem que vestir isso
(mostra uniforme de garçom) . Ah, só mais uma coisa, fique longe da comida da
festa.
JULIETA - por que?!
SERVA - Não sei se acertei o ponto do rato! (saem)

CENA 05

(Entram Benedita e Romeu. Benedita está com um pratinho)

BENEDITA - Nossa, que a comida aqui tá boa ein?


ROMEU - Mas a carne está mal passada. Acho que vou passar mal.
(Entra Julieta, disfarçada de garçom. Romeu pega uma taça da bandeja que ela
carrega e bebe tudo.)
ROMEU - Melhorou! Obrigado, meu bom homem!
JULIETA - O senhor deveria evitar os aperitivos.
ROMEU - Acho que farei isso. Devo admitir que esperava uma festa mais animada,
pelo que todos estavam falando. Mas é o que mereço por esperar muita coisa dos
Capuleto.
JULIETA - Parece não gostar muito dos Capuleto, senhor. Se me permite a ousadia.
BENEDITA - Que nada, a gente não liga pra formalidades, cara. Mas também acho
que essa festa não tá tudo isso não. Só tem homem velho por aqui.
JULIETA - Quer dizer que não vieram para o evento principal?
ROMEU - Por que, o que vai acontecer?
(Entram o senhor Capuleto e Teobalda.)
BENEDITA - Ih, cuidado, capitão! Tubarão branco e lampreia à estibordo!
(Julieta esconde o rosto)
SR.CAPULETO - Agora, sobrinha, mantenha a postura, coluna reta, e sorria
(Teobalda dá um sorriso desagradável) esquece o sorriso! O grande alvo da noite
está pra chegar!
(Entra Páris)
TEOBALDA - Titio! Não me diga! Como você conseguiu que o Páris viesse a nossa
festa?
SR. CAPULETO - Quem é que tem os melhores contatos de Verona? Nunca
subestime seu tio!
TEOBALDA - Mas ele é da familia mais rica da cidade! Ele com certeza vai ganhar o
leilão.
SR. CAPULETO - E no que depender de nós, o preço vai ser bem salgado! Escute o
meu plano! (cochicha no ouvido de Teobalda)
(Páris se aproxima)
SR. CAPULETO - Jovem Páris! Seja bem vindo ao nosso humilde evento! Eu e
minha família estamos à sua…
PÁRIS - Cadê o pula-pula?
SR. CAPULETO - Perdão?
PÁRIS - Eu só vim pra essa festa chata porque meu pai disse que ia ter pula-pula.
SR. CAPULETO - Não quer experimentar nossa comida primeiro?
PÁRIS - Dá pra pular nela?
SR. CAPULETO - Eu…creio que não.
PÁRIS - ENTÃO ME ARRANJA UM PULA-PULA!
SR. CAPULETO - Teobalda, vai atrás da serva! Ela tem que achar um pula-pula pra
ontem!(Para Páris) Sr. Páris, se puder acompanhar minha sobrinha, ela vai levá-lo
ao pula-pula.
TEOBALDA - Eu?
SR. CAPULETO - Sim, menina, pense na recompensa!
(Sr. Capuleto empurra os dois para fora.)
ROMEU - Sei que disseram que seria um evento grande, mas não imaginei que até
Páris estaria aqui.
BENEDITA - Não imaginei que aquele garoto pudesse estar acordado até tão tarde.
JULIETA - (Furiosa) E eu não imaginei que meu pai fosse capaz de me empurrar
praquele nanico mimado! (Romeu e Benedita olham para ela) Quer dizer, imagina
se é justo com ele que a dona Julieta casa? Coitada?
ROMEU - E por que ela se casaria com ele? Não vejo nada naquele rapaz que seja
digno de amar.
JULIETA - Você não sabe mesmo o que vão fazer aqui, não é?
BENEDITA - Peraí. Tanto velho solteiro e viúvo num só lugar…como é que eu não
notei? Isso aqui é um leilão de debutante!
ROMEU - Um o quê?
BENEDITA - Justamente o que o nome diz. Quando uma jovem da alta classe
chega na idade de casar, o pai chama todos os amigos riquinhos e quem der o
maior lance fica com o prêmio, no caso, a moça.
ROMEU - Isso é horrível! Como a jovem pode concordar com isso?
JULIETA - Geralmente não concorda.
ROMEU - Que barbaridade! Vender-se o amor como quem vende um cavalo! Só
mesmo os Capuleto seriam tão desprezíveis!
JULIETA - Como é que você não sabe o que é um leilão de debutante? Um rapaz
da sua idade e posição, era de se esperar que frequentasse todos.
BENEDITA - Ih, amigo, esse meu primo é muito inocente, coitado! Fica tanto tempo
com a cabeça nas nuvens que se esquece do mundo real. Se não fosse eu pra
botar juízo nessa cabeça…
JULIETA - (Com muito interesse) Não diga…
ROMEU - Achei que uma mudança de ares fosse me dar a inspiração de que
preciso para escrever minha obra: uma grande peça de amor. Mas onde quer que
eu vá, só encontro asco e decepção! Perdi meu tempo vindo aqui.
JULIETA - Eu não encerraria a noite ainda, se fosse você.
ROMEU - Por quê?
BENEDITA - Se você souber algum babado, eu quero saber!
JULIETA - Esperem e verão.
BENEDITA - Vai ter fogo no parquinho?
JULIETA - Na escola inteira.
CENA 06
(entra o sr. Capuleto, Páris e Benedita)
SR. CAPULETO - Senhores, senhores! Espero que estejam gostando da noite.
Agora, vocês me conhecem. Não sou homem de medir palavras. Vocês sabem por
que estamos aqui. Então, sem mais delongas, permitam-me apresentar a jóia da
festa…e, em breve, de toda Verona…minha filha, Julieta!
(Entra a serva, com o vestido de Julieta.)
TEOBALDA - Mas o que é isso?!
BENEDITA - Ei, eu sei quem é essa aí! É aquela criada dos Capuleto!
ROMEU - O que deu nela? O patrão certamente vai expulsá-la por isso!
JULIETA - Não sei. Afinal, só o que importa são as aparências mesmo…
TEOBALDA - Titio, o que eu disse? Julieta está nos fazendo passar vergonha! Tire
logo aquela proletária daqui!
SR. CAPULETO - Fale baixo! Quer causar um escândalo? Por sorte, ninguém
parece ter notado nada. Continue com o nosso plano, que de Julieta cuido eu. (para
os convidados) Bem senhores, ela não é linda? Uma dama refinada e bem nascida
(a criada dá uma risada) e também muito recatada! Uma jovem assim merece
apenas o melhor partido desta cidade. Quem dentre os senhores terá essa honra?
Vamos começar com um lance modesto: mil moedas de ouro!
TEOBALDA - (Para Páris) Então, sr. Páris, está se divertindo?
PÁRIS - Essa festa é muito chata. Eu quero ir pra casa!
TEOBALDA - Calma, agora que estamos na melhor parte? Você não quer jogar um
jogo para ganhar um prêmio bem legal?
PÁRIS - Um jogo? Eu sou bom em todos os jogos!
TEOBALDO - Claro, e é um jogo beeemm fácil! Você só tem que falar o número
mais alto.
SR. CAPULETO - Então, como vai ser? Alguém dá um lance maior?
PÁRIS - Mil e quinhentos!
SR. CAPULETO - Ora, o jovem Páris entrou com força na disputa! Alguém aceita o
desafio? Talvez por duas mil moedas?
JULIETA - Ah, senhor, tem uma sujeirinha na sua roupa…
(Julieta levanta o braço de Romeu, para limpar uma mancha imaginária)
SR. CAPULETO - Duas mil moedas para o cavalheiro mascarado! Quem dá mais?
SERVA - Gente, isso é muito errado, mas eu nunca fui tão valorizada!
PÁRIS - Três milho!
TEOBALDA - (sussurrando) Mil!
PÁRIS - Três mil!
SR. CAPULETO - A disputa está esquentando! Será que alguém aceita dobrar esse
lance?
(Julieta passa um espanador no nariz de Romeu, que ergue o braço para afastá-lo)
SR. CAPULETO - Seis mil! Ai, meu senhor, se eu morresse agora, morreria feliz!
PÁRIS - Agora entendi como se joga. Seis mil e um!
SR. CAPULETO - Ah, é um acréscimo bem pequeno, mas ainda está valendo!
JULIETA - (pega um caderno escolar) Senhor, poderia me ajudar? Não consigo
achar o resultado desta conta.
ROMEU - (analisa o caderno) Ah, é bem simples. A resposta é dez mil.
SR. CAPULETO - Dez mil?! Alguém falou dez mil?!(para Romeu,com olhos
marejados de emoção) Foi você, meu rapaz?
ROMEU - (confuso) Sim?
TEOBALDA - (para Páris) rápido, fala um número maior.
PÁRIS - Seis mil e…dois?
TEOBALDA - Não, um número maior que dez mil!
PÁRIS - Seis mil e dez mil!
TEOBALDA - Isso nem é um número de verdade!
SR. CAPULETO - Deixe para lá, Teobalda, já temos um vencedor! O mascarado
misterioso casará com minha filha!
ROMEU - Quem, eu?
BENEDITA - Pra quem não queria se amarrar, você pagou bem caro por essa corda.
ROMEU - Deve haver um mal entendido…
SR. CAPULETO - Ora, já está se arrependendo? Casamento é assim mesmo, meu
amigo…desculpe, qual é seu nome mesmo? Ah, não importa, podemos falar disso
durante o pagamento. Bem vindo à famíla, garoto!
(Julieta, enquanto isso, está tentando sair despercebida)
SR. CAPULETO - Mas você ainda está se tremendo todo.Ô, criado, vá buscar uma
taça de vinho para meu novo genro, pra ver se ele ganha um pouco de coragem.
JULIETA - É pra já, senhor.
TEOBALDA - Espere um pouco! Tem algo muito familiar nesse servente…
JULIETA - (nervosa) Sou só um humilde serviçal, senhora…
SERVA - É, pobre é tudo igual, deve ser isso…
TEOBALDA - Não, é outra coisa…há algo muito familiar nessa carinha
irritante…parece cara de…(tira a máscara de Julieta) Toupeira!
SR. CAPULETO - Julieta!
BENEDITA - Julieta?
ROMEU - Julieta?
SERVA - Gente, eu tinha uma outra irmã chamada Julieta esse tempo todo? Tô
passada!
ROMEU - Você é a Julieta Capuleto?
JULIETA - Você me pegou. Está desapontado com sua noiva?
ROMEU - Não sei bem o que estou sentindo agora…
BENEDITA - Romeu, não estou gostando dessa história. Esses Capuleto são
malucos demais até pra mim. Bora pegar o beco.
SR, CAPULETO - Romeu?
BENEDITA - Xi, danou-se.
SR, CAPULETO - (Em tom ameaçador.) Meu jovem…eu estava gostando de
você…então é que, quando eu tirar essa máscara, não veja por baixo aquele
excomungado, maledicto, miolo mole do Romeu Montéquio!
ROMEU - Melhor não tirar a máscara, então!
(Sr. Capuleto tira a máscara)
SR. CAPULETO - Ah, canalha!!!
ROMEU - Pronto, não me ouviu…
JULIETA - Você é o Romeu Montéquio?
ROMEU - Acho que devíamos ter nos conhecido melhor antes de firmar
compromisso.
SR. CAPULETO - Não vai ter compromisso nenhum!! Dinheiro nenhum me fará
entregar a minha filha a um Montéquio! Um estranho endinheirado, vá lá, mas um
Montéquio? Nunca!! E você, seu safado, está muito encrencado agora!
(Entra a Sra. Montéquio)
SRA. MONTÉQUIO - Nisso está certo, mas do castigo do meu filho cuido eu.
SR. CAPULETO - Sra. Montéquio!
SRA MONTÉQUIO - Sr. Capuleto.
BENEDITA - Deus nos defenda, é agora que a casa pega fogo!
SR. CAPULETO - Mas vejam só, está a máfia toda aqui. É bem a sua cara.Você me
aparece na festa de casamento da minha filha só pra me desmoralizar.
JULIETA - Pai, eu já disse que eu não vou…
SR. CAPULETO - Calada, Julieta!
SRA MONTÉQUIO - Imagine, só estou aqui para poupar meu filho do
constrangimento de ser visto na companhia de vocês. Mas parece que não fui
rápida o bastante…
ROMEU - Mamãe, não é isso que está…
SRA MONTÉQUIO - Calado, Romeu.
BENEDITA - Eu também tô aqui, sabia?
SRA MONTÉQUIO - Seja o que for que Romeu tenha prometido, considere desfeito.
Ele é jovem, ainda não conhece seus truques sujos para extorquir dinheiro dos
desavisados.
SR. CAPULETO - Quem disse que eu preciso do seu dinheiro? Estamos muito bem
aqui, olha! (Tira dos bolsos várias notas de dinheiro e joga na sra. Montéquio)
Temos muito mais dinheiro do que vocês!
SRA. MONTÉQUIO - Acha que isso é muito dinheiro? (tira mais notas dos bolsos e
faz o mesmo) Isto é que é ter dinheiro!
(Os dois continuam a jogar dinheiro um no outro. Que a Serva prontamente cata do
chão.)
SERVA - Com licença, estou fazendo a faxina…
(Ouve-se um som de cornetas e todos páram)
VOZ EM OFF - Anunciando a chegada de sua Excelência, a Princesa de Verona!
TODOS - A princesa?
(Entra a Princesa de Verona, muito contrariada e trazendo consigo uma coxinha)
PRINCESA - Mas será possível que uma princesa não pode mais comer uma
coxinha em paz? O que é esse furdunço aqui?
SR. CAPULETO - Princesa, foi ela que começou!
SRA MONTÉQUIO - Mentira! Foi ele!
PRINCESA - Mas que surpresa, são vocês dois! Acho que nem quando os
germânicos saquearam Roma houve tanto caos do que quando um Montéquio e um
Capuleto decidem tirar o dia pra perturbar a ordem pública!
SR. CAPULETO - Mas veja o meu caso, dona Princesa. Eles invadiram minha festa
sem provocação nenhuma! Eu só queria fazer um leilão de debutante para a minha
filha, como qualquer pai de bem.
PRINCESA - Não me interessa a ocasião. Você tem que ser um bom anfitrião e não
ameaçar seus convidados, nem jogar dinheiro neles.
SRA MONTÉQUIO - Está certíssima, como sempre, alteza.
PRINCESA - E você, dona, vai aprender a não entrar na casa dos outros sem ser
anunciada. Sinceramente, vocês têm sorte de serem ricos, viu, porque qualquer
outra pessoa já estaria na cadeia. Mas até a minha paciência tem limite. Se eu
souber de mais uma confusão com o nome de qualquer um dos dois no meio, eu
faço com vocês o mesmo que fiz com as torcidas do Ceará e Fortaleza.
(Todos se apavoram ao recordarem do acontecimento tenebroso)
SR. CAPULETO - Não, aquilo não!
SRA MONTÉQUIO - Vamos nos comportar!
PRINCESA - Então deem as mãos, vamos!
(a contragosto, o sr. Capuleto e a sra Montéquio dão as mãos)
SR. CAPULETO - (entredentes) Te pego na saída, baranga.
SRA MONTÉQUIO - (igualmente) Está marcado, seu recalcado.
PRINCESA - Ótimo, fiquem assim pelo resto da noite! Não quero ter que quebrar
minha dieta de novo por causa de vocês!
(a princesa sai, comendo sua coxinha)
SR. CAPULETO - Ela já foi?
SRA MONTÉQUIO - Me parece que sim.
(Os dois se separam imediatamente)
SR CAPULETO - Hoje é seu dia de sorte, Montéquios. Deem o fora daqui enquanto
estou de bom humor.
SRA MONTÉQUIO - Nós vamos…mas é porque queremos. E você, Romeu, é bom
que esvazie sua agenda, porque ficará de castigo até o fim da Renascença.
SR. CAPULETO - Já que cuidamos disso, vamos fazer uma correção: Páris foi o
ganhador da noite!
PÁRIS - Isso! O que eu ganhei?
SR. CAPULETO - E com isso, a noite está finalmente encerrada! Viu só, Julieta,
apesar de seus esforços, eu ainda saí no lucro! Não restou nada pra você fazer!
JULIETA - Serva, ativar o plano B.
SERVA - Ai, já tô vendo, quem vai ter que limpar tudo mais tarde sou eu!
(A Serva levanta a sua saia, e de dentro dela, sai o rato gigante. A besta insana
ataca indiscriminadamente a todos, que se espalham para fora dali. Na confusão,
Julieta pega Romeu pela mão)
JULIETA - Vem comigo.
(Os dois saem juntos.)

CENA 07
(Entra em cena A serva ; ainda trocando de roupa e também entra Brenda. As duas
se colocam em lados opostos do palco)

A SERVA - Diaxo de diretor, dá tempo nem deu trocar a porcaria da roupa! (se senta
e pega a carta para escrever. Brenda está fazendo o mesmo) “Querida Brenda,
tenho novas fofocas para repassar. Adivinha quem é o novo casal da vez?”
BRENDA - (Escrevendo ao vivo) “Quem?”
SERVA - Julieta Capuleto e Romeu Montéqio!
BRENDA - Mentira!
SERVA - Verdade!
BRENDA - Conta mais , mulher, que aqui tá mais parado que a mobilidade social.
SERVA - Todas as noites Romeu vai até a casa dos capuletos, ficxar sob a sacada

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