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CENA 1
CAMILA: - Na bela Verona duas famílias de igual dignidade, levados por antigos
rancores
desencadeiam novos distúrbios, onde ódio tinge de sangue as mãos de seus cidadãos.
Em meio
ao ódio dessas famílias, sobre a luz da lua e o brilho das estrelas, surge o mais puro dos
sentimentos, o amor... E deste amor à desventura de dois amantes, Romeu e Julieta,
acometidos
por um lastimoso fim que até os dias de hoje sobrevive intacto e invencível.
CENA 2
SENHOR MONTECCHIO: - Quem despertou esta antiga rixa? Diga-me sobrinho?
BENVOLIO: - Os servos de nossos adversário. Apenas desembainhei minha espada
para
separá-los. Foi quando surgiu o impetuoso Teobaldo apontando sua espada em minha
direção
me provocando. Foi então que chegou o príncipe e intervi-o apartando- nos.
SENHORA MONTECCHIO: - Oh, onde está Romeu? Você o viu hoje? Fico feliz por
vê que não
está metido nessa confusão.
BENVOLIO: - Senhora, a uma hora antes vi seu filho Romeu passeando no bosque.
Tentei me
aproximar... Mas percebi que Romeu preferia ficar só, perdido em seus próprios
pensamentos.
SENHOR MONTECCHIO: - Vive em profundos suspiros! E quando volta desses
passeios se
aprisiona em seu quarto. Nego e fatal será esse estranho comportamento... A não ser...
Que
receba um bom conselho.
BENVOLIO: - Meu nobre tio, conheceis a causa?
SENHOR MONTECCHIO: - Não. E nem mesmo consigo que me revele. Como seria
maravilhoso
que Romeu abrisse seu coração, dizendo-me o que na verdade perturba-lhe a alma.
BENVOLIO: - Quem vem lá... Veja se não é Romeu. Peço que nos deixe. Tem
que saber a causa.
SENHORA MONTECCHIO: - Espero sinceramente que seja feliz e consiga que Romeu
a
confesse. Vamos senhora. (Saem)
BENVOLIO: - Boa manhã meu primo!
ROMEU: - Ai de mim! As horas tristes parecem longas.
BENVOLIO: - Que tristeza abala tu essa hora?
ROMEU: - Não possuir o que as pode abreviar.
BENVOLIO: - O amor?
ROMEU: - Estou privado daquela que amo.
BENVOLIO: - Que tão cruel amor é este que provas?
CENA III
SENHOR CAPULETO: - É lamentável que haja esta inimizade de tanto tempo.
PARIS: - Tenho pelo senhor, honrosa consideração... E agora senhor Capuleto, espero
que
responda a meu pedido.
CAPULETO: - Claro, respondo. Minha filha Julieta é ainda muito jovem. Mas quem
sabe daqui a
dois anos, esteja preparada para assumir o compromisso, e enfim venha ser sua esposa.
PARIS: - Outras moças da mesma idade de Julieta já são mães felizes.
CAPULETO: - Muito cedo murcham aquelas que cedo se casam. Julieta é a dona e a
esperança
do meu mundo. Permito-o que a corteja, isto é, se for do agrado de minha filha. E esta
noite está
convidado para uma festa que darei aqui em minha casa.
PARIS: - Muito me honra o convite. Toda Verona conhece a grandiosidade deste baile.
Desde já
senhor Capuleto... Conte com minha presença.
CENA IV
SENHORA CAPULETO: - Ama, onde está minha filha ama? Chame-a.
AMA: - Por minha virgem! Já a chamei... Onde anda essa pequena? Julieta... Julieta?
JULIETA: - Que há? Quem está me chamando?
AMA: - Sua mãe.
JULIETA: - Estou aqui minha mãe. O que deseja?
SENHORA CAPULETO: - Ama, deixe-nos a sós um momento, preciso falar em
segredo. Volta.
Pensei melhor, deve ouvir esta conversa. Falta pouco para completar dezoito anos…
AMA: - E eu não sei. E que espero e viver bastante para vê-la casada um dia.
SENHORA CAPULETO: - É exatamente sobre isto que desejo falar. Diga-me filha... O
que sente
em relação ao casamento?
JULIETA: - Coisa com o qual não sonho.
SENHORA CAPULETO: - Já é tempo de pensar no assunto. Se não me engano com a
tua idade,
já era sua mãe. E não sei já percebeu, o valente Paris anda interessado em cortejá-la.
AMA: - Ah, que homem, senhorita, que homem!
SENHORA CAPULETO: - Não há em Verona o melhor partido.
AMA: - E que partido!
SENHORA CAPULETO: - O que acha? E de teu agrado receber a corte de Paris?
JULIETA: - Procurarei aceitar sua corte. Já que é de seu agrado.
SENHORA CAPULETO: - Eu sabia minha filha. Bem, o conde nos espera.
AMA: - Vai pequena! Procura felizes noites para que tenhas felizes dias! (Saem)
CENA V
CAMILA: Agora irá acontecer o baile na mansão dos Capuletos.
CENA VI (Entram todos mascarados e dançam)
CAPULETO: - Bem-vindos cavalheiros! Em meus bons tempos também usava
máscaras e sabia
sussurrar nos ouvidos de uma bela dama. Vamos, música, tocais. Abram, abram... Deem
espaço
para as danças!
TEOBALDO: - Aquele deve ser um Montecchio. Como se atreve miserável vir até
aqui?
CAPULETO: - O que foi sobrinho?
TEOBALDO: - Meu tio, aquele ali, é um Montecchio, nosso inimigo. O miserável veio
aqui nesta
noite para ridicularizar nossa festa.
CAPULETO: - Não é o jovem Romeu?
TEOBALDO: - Ele mesmo, o infame Romeu.
CAPULETO: - Acalma-te Teobaldo, deixá-o em paz se comporte como perfeito gentil
homem.
Verona se orgulha da conduta tão exemplar deste jovem.
TEOBALDO: - Não poderei suportá-lo.
CAPULETO: - Será suportado! Quem está dizendo sou eu! Quem manda, eu ou tu?
TEOBALDO: - Ora meu tio é uma vergonha.
CAPULETO: - Basta, basta! Esta brincadeira poderá lhe custar caro.
TEOBALDO: - Irei me retirar, mas isto não ficará assim. (Sai)
CENA VII (Continuam a dançar Romeu observa Julieta)
ROMEU: - Posso ter a honra? Seu profano foi tocar este santo relicário. Espero que
com meus
lábios possa suavizar este rude contato com um beijo.
JULIETA: - As santas têm mãos que são tocadas pelos peregrinos...
ROMEU: - Não tem lábios as santas?
JULIETA: - Sim, lábios que devem usar na oração.
ROMEU: - Então santa adorada, deixe que meus lábios façam o que as mãos fazem.
JULIETA: - As santas são imóveis mesmo quando atendem às orações.
ROMEU: - Então não te movas enquanto recolhe o fruto de minhas preces. Assim,
mediante
nossos lábios ficam os meus livres de pecados.
JULIETA: - E assim passaria para os meus o que nossos lábios contraíram.
ROMEU: - Pecado dos meus lábios? Então devolva-me meu pecado.
AMA: - Senhora, a sua mãe está a sua procura e tem pressa por falar com você.
ROMEU: - É uma Capuleto?
BENVOLIO: - Então partamos! A brincadeira chegou ao auge.
ROMEU: - Sim, é o que temo. (Saem)
JULIETA: - Quem é este belo jovem?
ROSE: - Não conheço.
JULIETA: - Vai perguntar-lhe o nome. Temo que seja casado.
ROSE: - Chama-se Romeu, é um Montecchio, filho único de nosso grande inimigo.
JULIETA: - Meu único amor nascido do ódio! Cedo demais o vi, sem conhecê-lo, e
tarde demais
o conheci. É possível nascer um amor em meio a tanto ódio?
ROSE: - Que isso julieta?
AMA : - Julieta!
ROSE: - Já vamos! Vinde. Todos os convidados já foram. (Saem)
CENA 2
CAMILA: - Depois deste baile nasce em Romeu e Julieta o amor. Mas a inimizade entre
as
famílias cria um grande obstáculo para a aproximação dos amantes. Só a forte paixão
poderá
lhes dar forças e meios para se encontrarem, e assim, um nos braços do outro viverem
uma linda
e bela história de amor.
ROMEU: - Posso ir mais longe quando meu coração aqui permanece. (Sai)
BENVOLIO: - Romeu! Meu primo Romeu!
MERCURIO: - Ele é sensato! Foi para casa deitar.
BENVOLIO: - Saltou o muro do jardim.
MERCURIO: - Loucura!
BENVOLIO: - Paixão!
MERCURIO: - Devia continuar a amar a jovem Rosalina.
BENVOLIO: - Se ele te escutasse ficaria irritado.
MERCURIO: - Vamos procurá-lo. Deve estar escondido entre as árvores.
BENVOLIO: - Se o amor é realmente cego, não pode acertar no alvo.
MERCURIO: - Vamos... É inútil procurar quem não quer ser encontrado. (Saem)
CENA II (Jardim dos Capuletos)
ROMEU: - Que silêncio... Que luz brilha através daquela janela? Surge o sol claro, e
mata de
inveja a lua, vento que tu, tua serva, és mais linda que ela!
JULIETA: - Ai de mim Romeu!
ROMEU: - Oh, fala outra vez anjo de luz, pois é assim que te vejo. És o mensageiro
alado do céu.
JULIETA: - Oh, Romeu, Romeu! Por que tu és, Romeu? Nega teu pai, rejeita teu nome
por mim.
Ou então jura seu amor por mim que não serei mais uma Capuleto.
ROMEU: - Continuarei a ouvi-la ou falo com ela agora?
JULIETA: - Somente teu nome é meu inimigo. Como desejo que tivesse outro nome.
Renega teu
nome odiado que não faz parte de ti, e me terás inteira.
ROMEU: - Então me chama somente de amor e serei de novo batizado
.
JULIETA: - Conheço o som desta voz! Não és Romeu? Não és um Montecchio?
ROMEU: - Nem um, nem outro, se os dois te desagradam
.
JULIETA: - Você é louco! Como você chegou aqui? Corre perigo. Se algum de meus
parentes
lhe encontrar aqui, seria a morte.
ROMEU: - Ah, mais perigos há em teus olhos que em vinte espadas.
JULIETA: - Por alguma coisa desejo que te vejam aqui Romeu.
ROMEU: - Basta me olhar com tua doçura que estarei protegido de tanto ódio.
JULIETA: - Você é louco.
ROMEU: - Prefiro que minha vida seja encurtada por um Capuleto que longa, longe do
teu amor.
JULIETA: - Como você chegou aqui?
ROMEU: - O amor me guiou. Meu amor já tens, eu juro...
JULIETA: - Não jures... Embora suas juras me deixem feliz.
ROMEU: - Posso retirar se assim desejas, só para dizer-te outra vez.
JULIETA: - Está acontecendo tudo tão rápido... Tão...
AMA: - Julieta...
ROMEU: - Não se vá! Fique.
JULIETA: - Não posso.
ROMEU: - Quando posso vê-la novamente?
JULIETA: - Se teu amor for verdadeiro quanto dizes...
ROMEU: - Quero casar-me contigo.
JULIETA: - Amanhã te mando um mensageiro.
AMA: - Já é hora de ir para cama Julieta.
JULIETA: - Já vou. Se for de tua vontade marcaremos a cerimônia.
AMA: - Senhorita!
JULIETA: - Estou indo…
ROMEU: - Bendita noite. Só espero que tudo isto não seja apenas um sonho.
AMA: - Julieta!
JULIETA: - Já vou. Boa noite Romeu!
ROMEU: - Boa noite meu amor (Ela sai)
CENA III
CAMILA: - Mal o dia raiou e Romeu ao invés de ir para casa, desviou seu caminho para
o
mosteiro onde encontrou Frei Lourenço, e desta forma planejava levar adiante o que
prometeu a
bela e jovem tão delicada, Julieta.
ROMEU: - Bom dia padre!
FREI LOURENÇO: - Bendito seja! Posso apostar que a causa de sua visita é atribuída
ao amor.
ROMEU: - Tem razão, santo padre.
FREI LOURENÇO: - Ah, esta jovem Rosalina...
ROMEU: - És meu confidente...
FREI LOURENÇO: - E sei a paixão que o transforma em insone.
ROMEU: - Não, é de Rosalina que venho falar.
FREI LOURENÇO: - Não?
ROMEU: - Não. Encontrei o verdadeiro amor.
FREI LOURENÇO: - Assim tão derrepente?
ROMEU: - Como uma flecha que atinge sem vacilar.
FREI LOURENÇO: - Se não é a jovem Rosalina, então quem é?
ROMEU: - Julieta.
FREI LOURENÇO: - Julieta? Capuleto?
ROMEU: - Sim.
FREI LOURENÇO: - Mas como?
ROMEU: - Amor não se escolhe. Se sente.
FREI LOURENÇO: - O problema é que o amor dos jovens não está apoiado no coração
e sim nos
olhos.
ROMEU: - O senhor mesmo me censurou por amar Rosalina que não me quer. Com
Julieta é
diferente. Tanto me ama quanto por mim é amada.
FREI LOURENÇO: - Bendito seja! Quem sabe este amor seja uma trégua, uma aliança
entre os
Capuletos e os Montecchios. Bem sabe que tenho estima por ambas famílias e a paz é o
que
mais desejo.
ROMEU: - Então nos ajude.
FREI LOURENÇO: - O que se passa nesta cabecinha?
ROMEU: - Peço-te que nos case.
FREI LOURENÇO: - As famílias jamais consentiriam tal união.
ROMEU: - Por isso deverão saber após a realização da cerimônia da nossa união.
FREI LOURENÇO: - Sei não.
ROMEU: - Eu te suplico!
FREI LOURENÇO: - Está bem, farei... Mas por razão de promover entre as famílias a
paz.
ROMEU: - Então temos que agir depressa.
FREI LOURENÇO: - Calma meu jovem! Quem muito corre pode cair. (Saem)
CENA IV
CAMILA : - Através de um mensageiro, Julieta ficou sabendo que tudo estava acertado.
Chegou
bem cedo ao mosteiro de Frei Lourenço e ali as mãos dos jovens se juntaram na sagrada
união.
Terminada a cerimônia Julieta voltou depressa para casa, onde ficou aguardando
impacientemente a cair da noite pois o apaixonado Romeu havia lhe prometido visitar.
Mas, o pior
estava por vir. (Sai)
CENA V (Cena do casamento de Romeu e Julieta)
MERCURIO: - Onde está Romeu? Não foi para casa esta noite?
BENVOLIO: - Para casa do pai não.
MERCURIO: - Será que foi morto?
BENVOLIO: - Não diga bobagem!
ROMEU: - Bom dia para ambos!
MERCURIO: - Estávamos preocupados.
BENVOLIO: - Não voltaste para casa de teu pai.
ROMEU: - Perdoe-me, bom Mercúrio! Tinha um assunto importante a resolver.
TEOBALDO: - Ora não é o Capuleto. És um traidor Mercúrio. Traí-nos a juntar-se com
tal corja!
MERCURIO: - Escolho minhas amizades por caráter e não por nome.
BENVOLIO: - Vamos Mercúrio.
TEOBALDO: - Isto. Foge feito ratos que são.
MERCURIO: - Desembainha tua espada que irás engolir tua ofensa.
TEOBALDO: - Como está valente o tal traidor.
BENVOLIO: - Vamos acalmar nossos ânimos. Estamos em local público.
TEOBALDO: - Se é um desafio que queres. Encontrastes. (Lutam) Vou te ensinar a
respeitar o
nome dos Capuletos. (Atinge Mercúrio)
ROMEU: - Não! (Pega a espada e fere Teobaldo)
TEOBALDO: - Desgraçado!
ROMEU: - Coragem meu amigo!
BENVOLIO: - Romeu! Está morto o bravo Mercúrio.
ROMEU: - Maldito! Tu, eu ou ambos, devemos ir juntar-nos a ele.
TEOBALDO: - Estúpido! Tu que eras companheiro dele, com ele partiras.
ROMEU: - Esta espada decidirá. (Lutam, Teobaldo cai morto)
BENVOLIO: - Teobaldo está morto. Vai-te Romeu, foge! Não fique aí parado! O
príncipe te
condenará à morte se for preso. Foge! (Romeu foge, Chora. Benvólio puxa os corpos
para fora de
cena) O meu Deus! Verona está banhada em sangue! Está anunciada a guerra. Tudo isso

servirá para alimentar toda rixa, todo esse ódio que há entre as duas famílias.
CENA VI
SENHORA CAPULETO: - Só peço justiça! Que o príncipe condene Romeu à morte.
SENHOR CAPULETO: - É um assassino!
SENHOR MONTECCHIO: - Romeu era amigo de Mercúrio. Agiu em defesa do amigo.
PARIS: - Devido a ocorrência, a minha sentença é que Romeu seja exilado daqui.
SENHOR MONTECCHIO: - Mas meu senhor...
PARIS: - Saia Romeu o mais depressa daqui ou se for descoberto será sua última hora.
(Saem)
JULIETA: - Ama...
AMA: - Ah, que dia!
JULIETA: - Que foi?
AMA: - Morto! Está morto!
JULIETA: - Quem está morto?
AMA: - Teu primo...
JULIETA: - Meu querido primo Teobaldo?
AMA: - Morto em um duelo.
JULIETA: - Como foi isto?
AMA: - Vi a ferida. Desmaiei só de vê.
JULIETA: - Despedaçado este meu coração! Pobre Teobaldo. Tão jovem, morto.
AMA: - Teobaldo não existe mais e Romeu foi banido.
JULIETA: - Oh, meu Deus! A mão de Romeu derramou o sangue de Teobaldo?
AMA: - Assim aconteceu.
JULIETA: - Oh Romeu! Tens um coração de serpente escondido por um rosto florido!
Uma mente
atormentada, confusa entre o amor e o ressentimento. Ai de mim! (chora)
AMA: - Que a vergonha caia sobre Romeu.
JULIETA: - Romeu é um bom homem.
AMA: - Como fala bem de quem matou seu primo?
JULIETA: - Devo falar mal do meu esposo?
AMA: - Que disse?
JULIETA: - Que acabaste de ouvir.
AMA: - Deus! Corra para seu quarto, vou atrás de Romeu para esclarecer o ocorrido.
JULIETA: - Oh, encontra-o. Entrega-o este anel e rega-o para que venha dar-me o seu
derradeiro
adeus. (Saem)
CENA VII
(Passa pelo palco um cortejo fúnebre em seguida aparece Frei Lourenço com uma
lamparina
acesa)
FREI LOURENÇO: - Aparece Romeu, aparece.
ROMEU: - Padre, quais são as notícias? Qual a sentença do príncipe?
FREI LOURENÇO: - Foi banido.
ROMEU: - Ah, banido! Tende compaixão... Preferia a morte.
FREI LOURENÇO: - Seja paciente Romeu. O mundo é vasto.
ROMEU: - Que mundo pode haver fora dos muros de Verona?
FREI LOURENÇO: - Oh, nega ingratidão! Segundo as leis, deverias morrer. Devias
agradecer a
bondade do príncipe.
ROMEU: - É suplício e não favor. O Céu está onde Julieta vive. Pior condenação não
haveria...
Banido, longe do meu verdadeiro e único amor. (Batem à porta)
FREI LOURENÇO: - Levanta-te Romeu. Estão batendo a porta. Esconda-te. (Saem)
CENA VIII
CAMILA : - Ao abrir a porta Frei Lourenço percebe a visita da ama de Julieta que trás o
anel que
a jovem pediu que entregasse a seu amado Romeu. Sem tardar o apaixonado Romeu vai
ao
encontro de seu grande amor e juntos ficam até o amanhecer. Enquanto isso, Frei
Lourenço sai
em intermédio de Romeu com esperança de pacificar as famílias, mas é surpreendido,
Lorde
Capuleto para consolar Julieta prometeu-a em casamento a seu fiel pretendente, Paris.
ROMEU: - Preciso partir.
JULIETA: - Tens mesmo que ir.
ROMEU: - Sim. Tenho. Embora não queira. Prefiro teus braços.
JULIETA: - Se ficas, morre.
ROMEU: - Longe de ti, sou apenas um andarilho sem vida.
JULIETA: - Vá...
ROMEU: - Não vê o que me pedes?
JULIETA: - Por favor... Peço-te. Amanhece.
AMA: - Senhora?!
JULIETA: - Ama!
AMA: - Sua mãe está vindo.
ROMEU: - Adeus, adeus doce Julieta!
JULIETA: - Adeus meu Romeu. Aguardarei notícias suas. Estaremos juntos novamente.
ROMEU: - Não tenhas dúvidas amor. Acredite-me. (Sai)
SENHORA CAPULETO: - Minha filha...
JULIETA: - Minha mãe.
SENHORA CAPULETO: - Sempre chorando.
JULIETA: - Deixe-me chorar.
SENHORA CAPULETO: - Pobrezinha tão sensível! Choras não somente a morte de teu
primo,
mas também por saber que está vivo o infame que o assassinou. Mas não se preocupes.
Teremos nossa vingança.
JULIETA: - Vingança?
SENHORA CAPULETO: - Por hora deixamos de lado esta conversa triste e tediosa.
Tenho notícia
melhor que alegrará este coração.
JULIETA: - E que notícia é esta?
SENHORA CAPULETO: - Como sabes, tens um pai previdente. E vendo tua tristeza
providenciou
seu casamento com o jovem e galante Paris.
JULIETA: - Me espanta a pressa de me casar com quem se quer me fez a corte. Lhe
suplico
minha mãe... Dizeis a meu pai que não desejo me casar.
SENHORA CAPULETO: - Dizei pessoalmente, aí vem teu pai.
SENHOR CAPULETO: - Então minha senhora, já comunicaste nossa determinação?
SENHORA CAPULETO: - Sim, senhor, mas não é de seu agrado.
SENHOR CAPULETO: - Como! Não quer? Lhe arranjamos um gentil homem para
esposo.
JULIETA: - Agradeço. Mas não o amo.
SENHOR CAPULETO: - Aprenderás amá-lo. Irás casar com Paris nem que eu tenha
que te levar
arrastada aquela igreja.
JULIETA: - Te suplico de joelhos meu pai...
SENHOR CAPULETO: - Criatura desobediente. Ouve o que te digo... Casarás nesta
quinta-feira
nem que tenhas que ir amarrada. (Saem)
JULIETA: - Ai de mim! Que sofro com tamanho dissabor! (Sai)
CENA IX
CAMILA: - Horrorizada, Julieta foi até Frei Lourenço em busca de seu auxílio.
Desesperados, os
dois armam um plano perigoso.
FREI LOURENÇO: - Quinta-feira, senhor? Muito pouco tempo.
PARIS: - Esta é a vontade dos Capuletos e também a minha.
FREI LOURENÇO: - Dizei ignorar os sentimentos da dama. O procedimento é
irregular. Não me
agrada.
PARIS: - Julieta ainda está muito abalada com a morte de seu primo Teobaldo e esta é a
causa
pela qual tão pouco lhe falei de amor.
FREI LOURENÇO: - Veja senhor, está chegando a dama. (Entra Julieta)
PARIS: - Feliz encontro minha bela Julieta e futura esposa.
JULIETA: - Poderá ser nobre cavalheiro quando for sua esposa.
PARIS: - Há de ser, meu amor, na próxima quinta-feira.
JULIETA: - Que tem que ser será.
PARIS: - Vindes confessar com o padre?
JULIETA: - Minha confissão teria maior valor, feita em sua ausência.
FREI LOURENÇO: - Tenho agora tempo disponível, minha triste filha... Cavalheiro,
precisamos
ficar sozinhos.
PARIS: - Deus me livre de perturbar a devoção. Julieta, adeus! Aguardarei até quinta-
feira,
guardarei este santo beijo. (Sai)
JULIETA: - Fechei a porta.
FREI LOURENÇO: - Ah, Julieta! Já conheço a tua dor.
JULIETA: - Frade, ajude-me! Dizei-me como poderei evitar este triste destino.
FREI LOURENÇO: - Ah, Julieta!
JULIETA: - Prefiro ser enterrada viva a me casar com Paris.
FREI LOURENÇO: - Filha, vislumbro certa esperança para evitar este casamento. Mas
é
arriscado demais.
JULIETA: - Qualquer coisa para me livrar deste destino tão infame.
FREI LOURENÇO: - Se te atreves, eu te darei um remédio. Volta para tua casa e
mostra-te
alegre e dá o seu consentimento em casar com Paris. Amanhã, véspera do teu
casamento, deves
beber o conteúdo deste frasco. O líquido que aqui contém a deixará paralisada como se
estivesse
morta, durante quarenta e duas horas.
JULIETA: - E assim Paris pensará que morri.
FREI LOURENÇO: - Sim. Então enviarei um mensageiro onde Romeu está, e quando
acordar
poderão ir para longe e assim viverem felizes juntos.
JULIETA: - Dei-me então.
FREI LOURENÇO: - Agora parte. Seja forte e feliz em sua decisão. Agora mesmo
enviarei um
mensageiro com uma carta ao Romeu.
JULIETA: - O amor me dá forças. Adeus querido padre! (Saem)
CENA X
CAMILA: - Na manhã seguinte Julieta foi dada como morta. Então em meio a profundo
pesar o
casamento transformou-se em funeral. Os hinos de núpcias se transformam em sombríos
cantigos fúnebres. Notícias ruins viajam sempre mais rapidamente que as boas. Assim a
terrível
história da morte de Julieta chegou aos ouvidos do apaixonado Romeu, antes que o
mensageiro
enviado por Frei Lourenço chegasse com a carta esclarecendo a simulação. E
inconformado
Romeu adquire de um boticário, veneno e segue para Verona.
ROMEU: - Que boas novas trazes de Verona?
BALTAZAR: - Meu bom Romeu.
ROMEU: - Nobre Baltazar, que palidez é esta que trás sobre tua fronte.
BALTAZAR: - Julieta.
ROMEU: - Julieta? Não disse nada? Que silêncio é este que contagia todos os cantos a
ponto de
ouvir apenas teu pulsar.
BALTAZAR: - Pobre Julieta.
ROMEU: - Que há com Julieta?
BALTAZAR: - Dorme. Dorme um sono profundo...
ROMEU: - O que disse?
BALTAZAR: - Meu bom Romeu, sede forte...
ROMEU: - Não, não, não...
BALTAZAR: - Julieta foi levada ao sepulcro dos Capuletos e agora vive entre os anjos.
ROMEU: - Não pode ser.
BALTAZAR: - Vi com meus próprios olhos quando a levaram para a tumba de sua
família.
ROMEU: - Julieta! Sobre a luz da lua e o brilho das estrelas juramos amor eterno!
Prepare meu
cavalo.
BALTAZAR: - Não podes sair de Mantua. Não é prudente.
ROMEU: - Partirei o quanto antes.
BALTAZAR: - Irei contigo. (Baltazar sai)
ROMEU: - Oh quantas desgraças me acomete a alma! Julieta, meu doce e tão sublime
amor!
Ainda esta noite, ao teu lado repousarei. És o amor da minha vida e também da minha
morte.
Eternamente estaremos juntos e nosso amor será lembrado por todas as gerações. O
boticário ...
Mora por aqui... Boticário? Em algum lugar... (Corre pelo palco) Boticário? Boticário...
BOTICÁRIO: - Quem me chama com tanta força?
ROMEU: - Vim aqui amigo... Tenho aqui quarenta ducados, sei o quanto precisas.
Arranja-me
uma porção venenosa, mas que seja um veneno tão forte que se espalhe rapidamente
pelas
veias e mate rapidamente um corpo que sem alma vive.
BOTICÁRIO: - Possuo esse veneno perigoso, porém seu comércio é proibido por Lei.
Se
descobrem que o vendi serei punido, condenado a morte.
ROMEU: - Quanto a isso não precisa temer. Ninguém saberá que o senhor me forneceu
tal
produto. Sei quanto preciso deste dinheiro. Então passe por cima da Lei e tome estes
para si.
(Dar o dinheiro)
BOTICÁRIO: - Basta uma única gota.
ROMEU: - Eis teu ouro, o veneno mais nocivo para a alma dos homens. (o boticário
sai) Ao
sepulcro, ao lado de Julieta estarei. (Sai)
CENA XI
PARIS: - Para imediatamente com isso, viu Montecchio. Este ato é ilegal. Não
permitirei que
profanes túmulo de Julieta. Estás condenado. Te mandarei para prisão.
ROMEU: - Alto lá. Não te aproximes. Lembra-te do triste fim de Teobaldo. Não me
provoque a ira,
nem me obrigue a cometer outro pecado.
PARIS: - Só entrarás neste túmulo se antes passares por cima do meu cadáver. (Travam
uma
luta. Paris é alvejado. Romeu entra no túmulo)
ROMEU: - Oh, Julieta, sua formosura transforma esta cripta. Meu amor! Minha esposa!
A morte
sugou o meu de teu hálito, nenhum poder teve sobre tua beleza! Oh, aqui fixarei minha
eterna
morada. Ao lado de ti minha bela e tão amada Julieta. (Bebe) Assim morro com um
beijo. (Morre)
CENA XII
FREI LOURENÇO: - São Francisco me ajude! Quantas vezes meus pés enfraquecidos
tropeçaram em túmulos? Quem está aí?
BALTAZAR: - É um amigo.
FREI LOURENÇO: - Deus o abençoe filho.O que faz aqui?
BALTAZAR: - Acompanho meu senhor, Romeu, de quem tanto gostamos.
FREI LOURENÇO: - A quanto tempo está lá?
BALTAZAR: - A cerca de meia hora.
FREI LOURENÇO: - Vinde comigo até o túmulo.
BALTAZAR: - Não ouso fazer isso senhor.
FREI LOURENÇO: - Então me espere aqui. Entrarei sozinho, receio algum caso
desastrado.
(Entra)
FREI LOURENÇO: - Romeu... Ah, hora terrível! Pobre Romeu. Que fizeste? Trágico
fim. Julieta
está despertando.
JULIETA: - Onde está meu senhor? Onde está Romeu?
FREI LOURENÇO: - Estou ouvindo um barulho. Senhora abandona este antro de
morte.
JULIETA: - Ide, parti então, por que não sairei daqui. (Sai Frei Lourenço) Romeu... Oh,
Romeu!
Que isto? Uma taça na mão do meu fiel amor? (Pega o frasco) Oh, ingrato! Bebeste sem
deixar
uma gota? Beijarei teus lábios talvez haja um resto de veneno. (Ouve barulho) Preciso
me
apressar. (Pega o punhal de Romeu) Esta é tua bainha! (Apunhala-se) Enferruja-te aqui
e
deixa-me morrer. (Cai sobre Romeu)
PRÍNCIPE: - Que horror é este que nos fere a vista?
SENHOR CAPULETO: - Veja mulher... Nossa filha! Sangra.
SENHORA CAPULETO: - Ai de mim! Minha pobre filha. Morta. Sem vida como uma
estátua de
mármore. Morta! Quisera eu não estar entre os vivos para presenciar tal acontecimento.
PARIS: - Veja Montecchio… Seu filho.
MONTECCHIO: - Nobre príncipe. Quão dor invade minha alma. Como não bastasse o
luto que
cobre minha casa pela morte de minha senhora que morreu de tristeza pelo exílio de
nosso filho,
agora zelo, o corpo do meu amado filho.
PRÍNCIPE: - Que tamanha trama acomete Verona em horas tão sombrias?
FREI LOURENÇO: - Dos presentes sou eu o mais suspeito. Serei breve. Romeu, aqui
sem vida,
era marido de Julieta. Fui eu que os desposei. Vamos... Poderei contar-lhes toda essa
trama que
culminou nesta grande tragédia. (Saem) (Preparam os corpos)
CAMILA: - Quando os Capuletos e os Montecchio chegaram e encontraram aquela
trágica cena,
sentiram toda dor causada por consequência de uma rixa que custou a vida dos que mais
amavam. Então Lorde Capuleto e Lorde Montecchio prometeram erguer uma estátua de
ouro ao
filho do outro. E assim, sepultaram as desavenças juntamente com seus filhos. E a
história de
amor de Romeu e Julieta foi eternizada por várias gerações.

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