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Peter Pan no País das Maravilhas

PC Rabello – escrito em 2012, atualizado em 2017.

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Peter Pan no País das Maravilhas


PC Rabello – escrito em 2012, atualizado em 2017

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Ana, Peter Pan, Capitão Gancho, Smee, Alice, Tweedledee, Tweedledum, Chapeleiro
Maluco, Coelho, Rainha de Copas e Ajudante da Rainha.

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(Sininho entra em cena desesperada. Senta-se no chão e reclama.)

SININHO - Não acredito. Novamente ele me deixou pra traz. Meninos. Não! Muito pior!
Menino perdido. Agora o pior é que nem sei o que esta acontecendo. Não estou
conseguindo voar nessa terra estranha. (tenta voar e não consegue.) Quando eu
encontrar. Sei lá, o que vou fazer. Só quero encontrar o peter logo. Odeio ficar sozinha.
(Sai de cena.)

SMEE - Para onde ele foi? Para onde ele foi? Acho que dessa vez eu vou andar na
prancha.

(Passa coelho correndo de um lado da cena para o outro apressado com um enorme
relógio nas mãos.)

AJUDANTE - (entrando do lado contrário) Devo ter esquecido alguma coisa. É dessa vez
que eu perco minha cabeça.

COELHO - Estou muito atrasado. Por onde vou mesmo? Acho que também estou perdido!
Mas antes de estar perdido estou atrasado, então não posso perder tempo, eu tenho de
chegar a tempo.

(Coelho sai de cena pelo outro lado olhando o relógio e andando muito rápido quando do
nada volta correndo e para no meio da cena Peter Pan com uma espada nas mãos olhando
e rindo para o lado onde entrou.)

PETER - Está com medo seu velho lobo dos mares? Velho mesmo! Pois nem consegue me
acompanhar. (Começa a rir.)

SMEE - Isso! Isso! Isso! Eu confio no senhor, Capitão.

CAPITÃO - (entra em cena cansado e com a espada também em mão.) Não me venha com
desaforos seu moleque. Já estou aqui e vamos terminar nossa batalha. (pausa pra respirar
por estar cansado) Eu esperava por muito tempo por essa chance e agora nada vai me
impedir de arrancar suas orelhas e alimentar aquele crocodilo terrível que comeu minha
mão. Agora ele saberá o seu gosto. (Vai fazer um ataque ao Peter Pan, mas erra e fica
sem saber onde ele esta).

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SMEE - Capitão! Capitão! Ele está para o outro lado!

PETER - (atrás do capitão) Nem mesmo está conseguindo me achar. Como vai arrancar
uma das minhas orelhas? E sem falar que se arrancar não poderei te escutar cantando tão
mal suas canções de piratas desafinadas. Mas também não terei de escutar a Wendy
reclamando que tenho de lavá-las. Lavar as orelhas pra que se ninguém olha lá dentro? E
sem falar que pode cair água lá dentro.

SMEE - Não diga isso! Meu capitão canta muito bem! (Capitão canta desafinado)

CAPITÃO - Pare de falar seu moleque! Acho que em vez das orelhas vou cortar sua língua
pra falar menos. Como fala! E...

(De repente entra em cena o coelho que para entre os dois com o relógio nas mãos,
desesperado.)

SMEE - Estamos sendo atacados! Marinheiros ao mar! (tromba com Coelho).

COELHO - Acho que tomei o caminho errado. E o pior ainda estou atrasada. O que devo
fazer? Pra onde devo ir? Qual caminho tomar? Acho que vou tomar todos. Uma hora
acerto e consigo chegar lá... (sai de cena correndo com seu relógio)

SMEE - Capitão! Coelhos devoradores de marinheiros estão vindo aí! (pula no colo do
Capitão)

CAPITÃO - (soltando Smee no chão) Não seja medroso!

PETER – Quem era esse coelhinho? Tão bonitinho e apressado. Será que tem alguma
festa por aqui e ninguém me convidou?

(O Capitão tenta novamente acertá-lo e Peter esquiva que continua preocupado com o
Coelho.)

PETER – Mas se for ter alguma festa será que é pra mim? Será que fizeram uma festa
surpresa pra mim?

SMEE – (assustado) Festa?

CAPITÃO – (irritado) Festa?

COELHO – (apressado) Uma festa!

SMEE – (animado) O Capitão canta!

CAPITÃO – Cale a boca, Smee!

(O Capitão tenta novamente acertar Pan e Peter esquiva que continua preocupado com o
Coelho.)

PETER – Festa? Se for uma festa eu terei de tomar um banho. E aí sim lavar as orelhas!
Pois posso não escutar direito o que vão cantar pra mim.

SMEE – Capitão... Capitão! Olha lá, olha lá, olha lá!

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CAPITÃO – (irritado) Fique parado seu moleque, pois assim não consigo te acertar e te
ajudar a não precisar lavar suas orelhas, pois vou arrancá-las. E não se preocupe com
sua festa, pois farei uma grande festa depois de te derrotar para que todos vejam o grande
capitão...

(Entra correndo de novo a coelha.)


SMEE – Minha nossa! Minha nossa! Minha nossa! Ele voltou! Ele quer me pegar! Salve-
me Capitão! (pula no colo do Capitão).

(Coelho persegue Smee tentando falar alguma coisa. Para, olha pra Smee no colo
do Capitão e fala)

COELHO – Minha nossa, minha nossa, minha nossa. Acho que peguei o caminho errado
de novo. Mas de tanto errar acho que vou acabar acertando. Já fui por três diferentes. E
números pares dão sorte. Então, agora tenho certeza de que conseguirei. Mas não posso
me demorar. Já estou muito atrasado. E o que falarão se não chegar a tempo?

(Ameaça sair. E Peter a detém.)

PETER – Para onde você vai com tanta pressa?

COELHO – Não sabe?

CAPITÃO – Não e nem quero saber!

PETER – Eu quero.

SMEE – Eu também!

CAPITÃO – Cale a boca, Smee!

COELHO – Mas não tenho tempo pra explicar. Estou muito atrasado.

CAPITÃO – Não me importa!

PETER – Mas pra mim sim. É uma festa?

SMEE – Adoro festas!

CAPITÃO, PETER, COELHO E ANA – (em sequência ou todos juntos) Cale a boca, Smee!

COELHO – Um encontro...

PETER – Quem vai?

COELHO – Todos estarão lá. E se eu não correr quem não vai estar serei eu. Já estou
atrasado. Tenho de ir. (sai)

CAPITÃO – Vai logo que já me atrapalhou muito. E... Agora será a minha vez de te
derrotar seu...

SMEE – Capitão! O Peter Pan está fugindo!

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CAPITÃO – Onde?

SMEE – Ali!

CAPITÃO – Para onde você vai Peter Pan? Temos de terminar nossa batalha! Para que
todos saibam o grande capitão que eu sou.

PETER – Depois terminamos. Tenho de ir. Já estou atrasado.

CAPITÃO – Atrasado para o que? (Smee pega um caderno e mostra a Peter) Sendo que
hoje está marcado pra você ser derrotado por mim.

PETER – Outro dia você pode marcar pra tentar. Agora tenho de ir a uma festa. E vou
rápido senão perco o Coelho de vista e posso me perder pra esse grande encontro.
Qualquer que seja ele. (sai correndo)

(Saem coelha e Peter de cena, ficando apenas capitão)

CAPITÃO – (sozinho em cena, olha para um lado e outro achando aquilo estranho e volta-
se para o que iria falar.) Como pode? Não vou esperar outro dia. Pois quanto mais tempo
passar, mais irão falar que ele é melhor do que eu e aí eu fico mais velho e fica cada vez
mais difícil de derrotá-lo. Então, eu também vou a esse encontro e lá ele verá quem é o
melhor! (pausa.) Me esperem que eu também vou! (Sai correndo na direção deles.)

SMEE – Me espere Capitão!

COELHO - (voltando correndo) Agora sei que estou no caminho certo. Ou pelo menos eu
acho. Mas não posso nem respirar. Tenho de correr.

(Coelho sai correndo e logo em seguida entra o Chapeleiro que se depara com SININHO
no meio do caminho. Ele para de frente com SININHO. Eles se olham. Ela o olha de cima
a baixo e ele faz o mesmo.)

SININHO - Engraçado... Acho que estou andando demais, até parece que estou vendo um
estranho com um estranho chapéu, bem aqui na minha frente. Mas até que é um Chapéu
legal e engraçado. (tira o chapéu da cabeça dele e coloca em sua própria. Eles se olham e
começam a rir.) Que lugar estranho. Cada um que se encontra. E nada de encontrar quem
eu quero encontrar. (coloca o chapéu de volta no chapeleiro que agradece e Ana assusta e
ri de novo. E voltasse para seu livro.) Melhor eu continuar a procurar. (Sai de cena)

CHAPELEIRO – Que menina engraçada. Louca e engraçada. E porque das asasse não
voa? Deve estar indo para a festa também. Mas, gostei dela.

(volta-se para a cena indo embora e se encontra com o Coelho.)

CHAPELEIRO – Aonde você vai com tanta pressa, que os seus pés parecem estar pegando
fogo?

COELHO – Vou ao encontro. E já estou atrasada. E você não vai?

CHAPELEIRO – Eu vou. Mas vou devagar. Pois devagar também é rápido. Mas só que
rápido cansa. E cansado não quero chegar.

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PETER – Por um acaso senhor do grande chapéu, você passar correndo um coelho por
aqui?

CHAPELEIRO – Um pequeno?

PETER – Sim.

CHAPELEIRO – Branco?

PETER - Sim.

CHAPELEIRO - Com um relógio nas mãos?

PETER – Para onde ele foi?

CHAPELEIRO – Eu acho que ele foi para algum lugar onde agora não me lembro. Mas
sei que eu estava querendo chegar lá também. Mas ele estava com os pés pegando fogo de
pressa. Ele passou na direção que deveria ir. E essa direção é a certa. Mas... O que
perguntou mesmo?

PETER - Eu que tenho de agradecer. Já, já o encontro. Muito obrigado senhor do chapéu
engraçado. (saindo) É muito engraçado esse seu chapéu. Mas bonito. (sai)

CHAPELEIRO – Menino educado e de bom gosto. Gostei dele.

(Entra correndo. Com cara de muito cansado o capitão gancho. E encontra com o
chapeleiro.)

CAPITÃO – Viu passar correndo um coelho por aqui?

CHAPELEIRO – Um pequeno?

CAPITÃO – Sim.

CHAPELEIRO – Branco?

CAPITÃO – Sim.

CHAPELEIRO – Com um relógio nas mãos?

CAPITÃO - Para onde ele foi?

CHAPELEIRO - Eu acho que ele foi para algum lugar onde agora não me lembro. Mas sei
que eu estava querendo chegar lá também. Mas ele estava com os pés pegando fogo de
pressa. Ele passou na direção que deveria ir. E essa direção é a certa. Mas... O que
perguntou mesmo?

CAPITÃO – Você esta me fazendo de bobo? Além de ter um péssimo gosto com esse
chapéu esquisito, ainda não fala nada correto. E se não sabe, não me atrapalhe! Se eu não
estivesse atrasado para cortar as orelhas do Pan, eu cortaria essa sua língua que fala
estranho.

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CHAPELEIRO – Quanta ousadia falar do meu chapéu.

CAPITÃO – Não me atrapalhe. (sai no sentido errado ao que o Peter Pan e Coelho foram)

CHAPELEIRO – E ainda está indo na direção errada. Se tivesse um gosto melhor por
chapéus eu falaria, mas como não entende de moda vou deixar seguir para outro lugar
qualquer. Ih. (pausa) Agora acho que estou indo devagar de mais. Tenho de acelerar meus
passos. Mas não muito para não me cansar... (sai na direção do Peter Pan)

(Entra SININHO, correndo e procurando.).


Sininho – Eu tenho certeza de que ouvi a voz irritante daquele capitão. Então. Onde esta o
gancho. Esta o Peter. E é pra lá que eu vou.

(Entra furiosa na cena a rainha de copas)


RAINHA – Não acredito! Como puderam esquecer? Hoje é o dia mais especial do ano! E
como eles ousaram não vir aqui falar nada? Não fizeram uma festa pra mim. Acho que
vou... Melhor... Tenho certeza de que vou cortar algumas cabeças. Assim eles nunca mais
vão se esquecer de mim. (pausa. Escuta passos.) Escuto passos. Acho que finalmente
alguém se lembrou... Melhor... Alguém vindo... Mesmo que tenham se lembrado, eu terei
de cortar algumas cabeças. Pois é tão divertido. (pausa) Cortem a cabeça! Cortem a
cabeça!

(Entra o Capitão Gancho sem conseguir andar de tão cansado.)

CAPITÃO – Não consigo dar mais nenhum passo.

RAINHA – Quem é você?

CAPITÃO – Mais uma pessoa estranha! Que estranho local é esse? E por onde será que o
Pan foi?

RAINHA – Estranha? Olha com fala! É porque estou de muito bom humor e não farei
nada de diferente. Apenas mandarei que lhe cortem a cabeça!

CAPITÃO – Quem a senhora pensa que é pra ameaçar o grande Capitão Gancho?

RAINHA - E quem o senhor, um velho cansado, pensa que é pra ameaçar a... A... Eu! A
Rainha de Copas. E logo hoje, no dia em que estou comemorando o aniversário do
primeiro dia em que mandei cortar uma cabeça.

CAPITÃO – Mais uma pessoa com essa história de festa? E onde está o Smee? Aqui só
falam em festa? E minhas batalhas? E conquistar os mares? E em ser o maior do mundo?
Colocar medo em todas as crianças chatas? Acabar com todos os feriados e fazer de todas
as crianças escravas me servindo para todo sempre em poder brincar ou ficar se
divertindo de forma irritante por aí. Ninguém se importa com isso?

RAINHA – Oh! Oh! Que lindo isso. Eu me importo.

(Smee entra correndo e tropeça nas malas da Rainha)

CAPITÃO – Mesmo?

SMEE – (se arrumando) Estou bem, Capitão. Estou bem.

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CAPITÃO – Cale a boca, Smee!

RAINHA – Quem é esse? Não me importa! Mas sim! Não suporto que as outras pessoas
riam. Que se divirtam. Apenas podem fazer isso quando eu mandar. E eu adoro mandar. É
tão bom! Adoro fazer os pássaros se assustarem, os gatos fugirem, agitar os peixinhos.
Adoro ver uma criança com a lágrima nos olhos. Ou ouvir um choro de bebê. Como isso
me faz bem. Quase tão bem quanto cortar a cabeça de alguém.

CAPITÃO – Então, acho que podemos formar uma boa dupla. Eu estou atrás de um
moleque chamado Peter Pan.

RAINHA – Oh! Oh! E eu quero pegar uma menina chamada... Chamada... Ah sim!
Chamada Alice. E cortar a cabeça dela. Toda semana alguém faz uma festa pra ela. E eu
mereço muito mais. E isso me faz quase perder a cabeça.

SMEE – Onde tem festa, madame?

RAINHA – Se este sujeito falar me interromper mais uma vez, eu vou mandar que cortem a
cabeça dele!

AJUDANTE – Não vai não. Essa aí só fala! Já tentou cortar a cabeça de um monte de
gente e não conseguiu!

RAINHA – Como é que é?

AJUDANTE – Nada. Eu só disse que...

SMEE –... Que você não vai cortar a minha cabeça!

AJUDANTE – Cale a boca, Smee!

RAINHA – Oras, que insolente. Eu vou cortar sua cabeça!

(ajudante desvia)

AJUDANTE – (para Smee) Viu! Eu disse!

CAPITÃO – Já sei! Vamos nos juntar. Você fica com essa terra estranha e eu com o resto
do mundo. O que acha?

RAINHA – Acho ótimo! Tendo pessoas pra eu mandar e cabeças para cortar me deixará
feliz. E sem a... A... Ah sim! A Alice pra me infernizar com sua felicidade chata.

(Ajudante e Smee se entreolham e falam)

AJUDANTE E SMEE – Nós ajudamos!

AJUDANTE – Assim você não corta a minha cabeça!

SMEE – E ainda podemos ir na festa!

OS TRÊS – Cale a boca, Smee!

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CAPITÃO – Então vamos encontrá-los. Mas eu me sinto meio perdido por aqui. Não sei
bem pra onde ir.

RAINHA – Eu nunca sei. Mas sei onde podemos encontra-los. Vamos logo que não
aguento mais. E com a espada que você tem aí. Acho que podemos cortar algumas
cabeças. Isso vai ser tão legal. Vamos por aqui.

(Saem de cena. Ana se levanta irritada. Em seu canto e fala.)

SININHO – Nossa! Nossa! Nossa! Eu achava que o Peter que era o menino perdido. Eu
que estou perdida. Andando de um lado para outro e nem mesmo sei onde estou. E ainda
quando encontro, só vejo gente louca. (senta-se) As vezes da vontade de desistir. Voltar
para minha terra do nunca. Voltar a voar e ser feliz... Sem o Peter gritando suas loucuras
o tempo todo. Sem o capitão gritando que vamos andar na prancha o tempo todo. Sem
todas aquelas aventuras. As loucuras, as brincadeiras... Tudo calmo... (chora) Seria tudo
chato. Seria como viver em um mundo de adultos. (pausa) Isso eu não quero. E não vou.
Mas se acalme SININHO! Tudo vai dar certo. Ainda tem muita história para acontecer
ainda. E antes da ultima pagina dessa historia eu vou encontra-los. (Sae de cena.)

(Entra Alice.)
ALICE – Qual a surpresa dessa vez? Espero que não tenha nada de diferente como as
últimas vezes. Ou que não me venham com esses jogos e brincadeiras malucas que sempre
fazem.

TWEEDLEDEE – Dessa vez não terá surpresa. Apenas queremos que como todas as
outras...

TWEEDLEDUM –... Não fique igual. Assim não fica chato...

TWEEDLEDEE -... E podemos nos divertir.

TWEEDLEDUM -... Mas Não precisa se preocupar...

TWEEDLEDEE -... Já esta tudo preparado...

TWEEDLEDUM -... Só precisa relaxar...

TWEEDLEDEE -... E curtir. (entra na frente do dum)

TWEEDLEDUM -... Temos de continuar. E você parou na minha frente...

TWEEDLEDEE -... Você é que esta atrapalhando...

TWEEDLEDUM - ... A cena agora é minha...

TWEEDLEDEE - ... Não. É minha...

OS DOIS -... Gente mais intrometida.

ALICE – Parem com isso. (risos) Mas sempre que vocês vem com essas histórias algo
muito doido acontece. E é sempre comigo. Já fiquei muito grande e não tinha onde sentar,
pois todas as cadeiras ficaram muito pequenas. Já fiquei muito pequena e todos os copos

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ficaram muito grande e não consegui beber nada. Já corri de zebras roxas pelas
montanhas. Já nadei com mosquitos do mar, e eles picavam que dava uma dor só. Já
fiquei dez dias pintada de vermelho com bolinhas amarelas porque tinham me feito comer
uma flor envenenada. E passei um mês com chulé de cabra, pois me enganaram e
colocaram leite de minhoca no meu chá. Sempre que fazem alguma festa é eu quem corre
perigo. Sem falar nas vezes que a louca da Rainha de Copas tentou cortar a minha cabeça.

TWEEDLEDEE – Não posso garantir que não terá perigo...

TWEEDLEDUM -… Com perigo fica mais gostoso...

TWEEDLEDEE -… E você pintada de vermelho ficou muito bonita...

TWEEDLEDUM -… Até as abelhas azuis se apaixonaram.

TWEEDLEDEE - … Mas a rainha dessa vez não vai...

TWEEDLEDUM -… Ficar sabendo de nada.

TWEEDLEDEE -… E tem o nosso...

TWEEDLEDUM –(tomando a frente) … E tem o nosso...

TWEEDLEDUM –(tomando a frente) … E tem o nosso...

OS DOIS - … Convidado especial.

TWEEDLEDUM -… Você tomou a minha frente novamente...

TWEEDLEDEE -… Agora era a minha vez.

TWEEDLEDUM -… Não mesmo a sua vez, foi a outra vez que já passou.

TWEEDLEDEE -…Não. A minha vez é essa vez que acabou de ser e você falou.

ALICE – Quem dessa vez vocês trouxeram pra cá?

(Entra o chapeleiro.)

CHAPELEIRO – Ainda bem que você está aqui. Pois se não estivesse eu teria de procurar
em outro lugar. Mas como está aqui não preciso procurar mais.

ALICE – Quem é que estão trazendo para o meu desaniversário de hoje?

TWEEDLEDEE -… Se contarmos...

TWEEDLEDUM - … Não será mais segredo.

CHAPELEIRO – Sim. E sem segredo não tem graça o dia do desaniversário. Sem segredo
e sem chá. Com bolinhos. Um desaniversário tem de ter chá com bolinhos.

ALICE – Quero só ver que maluquices nós teremos dessa vez.

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CHAPELEIRO – Ele já deve estar chegando. Está vindo no horário atrasado como sempre
do Coelho.

TWEEDLEDEE - … Quando chegar vamos começar...

TWEEDLEDUM - … Antes que a rainha perceba algo...

CHAPELEIRO – Sim. E ai sem cabeça vamos todos ficar. E sem cabeça para colocar um
chapéu, para que serve um chapeleiro?

ALICE – Estou escutando passos. Parece que eles chegaram.

(Entra correndo a coelha. Seguida logo de perto por Peter Pan.)

COELHO – Agora sim, depois de tanto andar. E muito atrasado. Parece que finalmente
cheguei.

PETER – Onde chegamos? Sinto cheiro de chá com bolos.

(Peter para de frente com Alice.)

PETER E ALICE – (ao mesmo tempo) Quem é você?

PETER – Eu sou tudo. Sou herói. Sou divertido. Sou o pan.

ALICE – Já li sobre você. Incrível. Eu sou Alice. E este é meu mundo. Digo... Meu país.
Digo... Nosso País das Maravilhas! Seja bem vindo! E porque não está voando?

PETER – Sim. Engraçado. Tentei o tempo todo no caminho. Mas acho que como a sininho
ficou longe. E sem o pózinho de fada não consigo voar nesse lugar. Mas me sinto muito
bem. Cheio de vontade de correr e brincar.

CHAPELEIRO – Está na hora. Vamos logo. Se não chegar na hora chegaremos atrasados.
E atrasados não poderemos aproveitar tanto quanto chegar na hora.

TWEEDLEDEE - … Agora que estamos todos aqui...

TWEEDLEDUM -… Já podemos começar a comemorar...

TWEEDLEDEE -… Estamos ansiosos...

TWEEDLEDUM -… Pra ver como vocês se saíram nas próximas tarefas...

Os dois - Será o máximo.

COELHO – Me da até medo de perguntar. Mas que tarefas prepararam?

CHAPELEIRO – Coisas! Preparamos várias coisas. Coisas divertidas. Coisas loucas.


Coisas para se fazer e não deixar de fazer. Mas temos muitas coisas pra fazer e
comemorar.

PETER – Mas o que estamos comemorando?

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ALICE - Hoje é o dia do meu desaniversário.

PETER - Quem?

CHAPELEIRO – O dia em que não é o seu aniversário.

ALICE - Aqui comemoramos dos os dias o dia do desaniversário. Assim dia algum fica
chato. Não precisamos esperar o dia do aniversário pra fazer uma festa. Fazemos uma
quase todos os dias. Pelo menos nos dias em que a Rainha de Copas não está tentando
cortar as nossas cabeças.

PETER – Eu gostei. O que vamos fazer?

TWEEDLEDEE - Eu quero começar...

TWEEDLEDUM - …Pelo desafio do deserto...

TWEEDLEDEE - …E ver até onde chega...

TWEEDLEDUM - …A coragem deles...

TWEEDLEDEE - …Acho que vai ser muito...

CHAPELEIRO - …Divertido.

TWEEDLEDUM -…Essa era a nossa fala...

TWEEDLEDEE -… Você a tomou da gente...

Chapeleiro – Tomar não. Eu falei. Tomar apenas chá. Com bolinhos.

COELHO – Só espero que não seja muito perigoso.

CHAPELEIRO – Mas aqui as coisas perigosas também são as coisas divertidas.

(saem de cena. Entrando super cansada a sininho)

SININHO – Estou tão cansada, que parece que estou sentindo até o cheiro de chá com
bolinhos.

(Entra o chapeleiro)

Chapeleiro – Eu ouvi alguém falando em chá...

Sininho -... Com bolinhos...

Chapeleiro – Eu acho que já te vi em algum lugar.

Sininho – Foi na estrada. Eu estava perdida. Não. Eu estou perdida.

Chapeleiro – Então se encontre.

Sininho – Sabe para onde devo ir?

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Chapeleiro – Deve ir pra algum lugar. Que seja o certo. Não tome a direção errada. Pois
pode ficar um pouco mais perdida. E nesse lugar que deve ir. Você pode ir em frente
sempre. Sem medo... Agora tenho de ir. Se não quem ficara perdido serei eu. Pareço ate o
coelho falando. (sai de cena)

Sininho – Eu também vou. Só não sei pra onde. Acho que vou na mesma direção que ele.
Mas vou rápido pois devagar também cansa.

(Sai de cena. Entra do outro lado o ajudante com varias bolsas. Malas. Tralhas).

AJUDANTE – Não estou aguentando dar mais nem um passo. Por que logo hoje eu não
tirei uma folga? E ainda tive de seguir esses três doidos? (Pausa) Minhas costas doem.
Minhas pernas doem. Minhas mãos doem... Minha cabeça...

RAINHA - (entrando)... Vai ser cortada se não parar de reclamar.

CAPITÃO – Vai ser comida de tubarão se não parar de falar.

SMEE – Vai andar na prancha se não se apressar!

AJUDANTE – E quem está reclamando? Que isso! Olhem... (pausa) Nem estou cansado.
Estou feliz... Estou cantando. Estou dançando. Estou...

RAINHA – Me enchendo.

CAPITÃO – Agora nos fale. Onde estamos?

AJUDANTE – Bem. Estamos longe de casa. Mas perto de algum lugar em que não sei
onde estamos. Mas se continuarmos andando iremos ainda mais longe de um lugar que
nem sei. Me entende?

RAINHA - Não. Nem uma palavra. Não falou que sabia onde eles estavam?

AJUDANTE - Sabia. Mas aí me colocaram pra carregar tantas coisas que não consegui
prestar atenção no caminho. Nem sei por que carregar tantas coisas para poder prender
duas crianças. Mas podem deixar que eu irei encontrar o caminho certo. Eu acho.

SMEE – Vai te enrolar. Isso sim!

AJUDANTE – Cale a boca, Smee! (pausa) Nossa, falar isso é divertido!

RAINHA – É bom que ache o caminho mesmo, pois tem muito tempo que não corto
cabeças e a de vocês está bem perto.

SMEE – Mas a minha também?

CAPITÃO – Se você não ficar quieto, sim. E essas coisas são armas armadilhas, coisas
para prendê-los e torturá-los quando os encontrarmos.

AJUDANTE – (a parte) Até parece que com tudo isso irão conseguir prendê-los. Nunca
conseguiram! E acham que hoje só porque estão juntos vai ficar mais fácil. Conta outra
piada.

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RAINHA – O que esta dizendo aí?

AJUDANTE – Eu? Nada! Apenas acho que o caminho é esse aqui. Vamos? (começa a
sair)

RAINHA – Onde pensa que vai?

AJUDANTE – Ir seguir a pista.

SMEE – (ameaça a falar algo, mas é interrompido pela rainha)

RAINHA – E quem vai carregar as coisas?

AJUDANTE – Bem que vocês poderiam ajudar né?

RAINHA E CAPITÃO – Como é que é?

AJUDANTE – Nada. Só falei pra esperar um pouco que o Smee vai me ajudar. (A parte)
Dois preguiçosos, isso sim! (para Smee) E você, se der mais um pio, sou eu quem vai
cortar sua cabeça! (pausa) Nossa! É divertido falar isso também. Agora sei por que ela
gosta tanto dessa baboseira de “cortem as cabeças”.

(Saem de cena com o Smee carregando tudo. E assim que saírem voltam Peter e a turma.
Todos animados. Peter e Alice com as mãos todas sujas. Cada um com as mãos de uma
cor.)

TWEEDLEDUM – Dessa vez quero ver como vão...

TWEEDLEDEE - ...Se sair. A primeira foi fácil...

TWEEDLEDUM - ...Mas agora não será tão fácil assim.

(repetem em eco)
TWEEDLEDEE - ... Fácil assim....

TWEEDLEDUM - ... Fácil assim....

TWEEDLEDEE - ... Fácil assim....

TWEEDLEDUM - ... Fácil assim....

COELHO – Fácil? Estou com os pelos arrepiados até agora. Ainda bem quem a
brincadeira é pra comemorar o desaniversário deles.

CHAPELEIRO – Eu adorei a hora em que tudo girou. E teve a hora em que eles caíram
com as pernas assim... Muito bom. Sem falar da outra onde eles pegaram aquilo com as
mãos e levaram um tremendo susto. Foi muito bom! Mas temos de ir pra outra tarefa.

ALICE – Estou tonta até agora. Nunca pensei que conseguiria rodar tão rápido.

PETER – Isso porque você é uma menina e não tem a mesma força que eu, mas antes de
eu ir embora vou te ensinar.

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ALICE – Duvido! Nessa próxima quem vai vencer serei eu.

(Saem de cena. E logo atrás entram a rainha e o capitão. E depois quase se arrastando o
ajudante. Os dois passam direto o ajudante para no meio do palco.)

AJUDANTE - (entra sem as malas) Nossa. Acho que deixei minhas pernas lá atrás. Estou
muito cansado de andar. De escutar esses dois gritando. Parecem cachorros com dor de
barriga... Bem que minha mãe falou pra estudar. Mas achei que ser ajudante no castelo da
rainha seria uma boa. Me dei foi muito mal.

RAINHA – (voltando) Andem logo seus preguiçosos!

CAPITÃO – Agora acho que estamos perto. Não podemos parar.

SMEE – Falar é fácil. Quem tem de carregar tudo sou eu. Essa gaivota aí deixou todas as
malas comigo!

Saem na direção. Que logo em seguida entra Sininho.

Sininho – Peter... Peter... Onde esta você? Onde estão todos?

Sai de cena e entram de novo Peter e a turma.

ALICE – Viu? Dessa vez eu disse que iria vencer. Com a força das meninas ninguém pode.

PETER – Você deu sorte.

CHAPELEIRO – Sorte? Ela te ganhou de três metros de quilômetros.

COELHO – Essa agora eu gostei. Foi divertido.

TWEEDLEDEE – Ainda temos a ultima...

TWEEDLEDUM – E não podemos parar o tempo esta acabando.

CHAPELEIRO – Mas nunca imaginei que pular em um canguru do mar seria tão
divertido. E também gostei de quando a menina Alice voou por cima das árvores de tomate
rosa. Foi incrível. Quase tirei meu chapéu.

(Saem rindo e animados. Voltam a rainha e o capitão e de novo o ajudante bem atrás.)

CAPITÃO – Ele está muito lerdo. Está atrapalhando a gente.

RAINHA – Se eu tivesse trago outro pra carregar minhas coisas eu cortaria a cabeça dele.

AJUDANTE – Pode cortar! Não sou eu quem está carregando mesmo!

SMEE – Ei! A minha cabeça não. Tô fazendo o melhor que eu posso.

CAPITÃO – Então vamos...

SMEE – Não! Não! Esperem. Tive uma ideia.

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OS TRÊS – E que seja boa!

SMEE – Nós poderíamos parar aqui e esperar eles chegarem. Assim faríamos as
armadilhas aqui. E eu não precisaria carregar tantas coisas... Mas nem é por isso. É que...
Eles vão voltar mesmo. Então...

AJUDANTE – Cale a bo...

RAINHA – Você é um...

CAPITÃO -... Gênio.

SMEE – Sou?

AJUDANTE – É? Claro que é! Eu que dei a ideia mesmo.

CAPITÃO – Quando eles voltarem nós pegaremos o Peter...

RAINHA – A Alice....

CAPITÃO – Primeiro o menino Peter pan...

RAINHA – Não primeiro cortaremos a cabeça da chata da Alice...

SMEE – (a parte) Antes que sobre pra mim. (voltando a falar com eles) A gente pega os
dois. Olhem só. Ficamos aqui parados. Sem carregar nada... Digo... Parados esperando.

AJUDANTE - E quando eles passarem. Cada um pega um. Você pega o Peter Pan e você a
Alice. Aí você faz o Pan andar na prancha e leva esse chato embora... E você corta a
cabeça dela. Ficamos todos felizes. Fazem uma festa pra mim. E vamos embora. Sem
ninguém precisar perder a cabeça por isso.

RAINHA – Mas é tão bom quando perdem a cabeça!

CAPITÃO – Moleque. Você é muito atrevido. Me dando ordens. Como pode? Você é
muito...

RAINHA – Eu gostei.

SMEE – Gostou? Ufa! Que bom! Já podemos ir para a festa agora?

CAPITÃO – Cale a boca, Smee.

AJUDANTE - Até pensei que iria andar na prancha ou perder a cabeça.

RAINHA – Cada um pega o seu. E depois vamos comemorar o primeiro dia de cortar a
cabeça. Com a cabeça da Alice.

CAPITÃO – Então vamos nos esconder.

(Eles se escondem. E então entram felizes Pan e a turma.)

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CHAPELEIRO – Agora eu declaro que deu empate, no primeiro dia das olimpíadas do
desaniversário.

(Todos comemoram. Até que aparecem de cada lado o capitão e a rainha.)

RAINHA – Cortem as cabeças!

CAPITÃO – Andando na prancha menino desaforado!

PETER – Eu nem sei o que é isso de desaforado seu velho caduco.

(Começa uma grande confusão. Todos correndo tentando pegar uns aos outros. Enquanto
o chapeleiro e o ajudante. Colocam um grande pano cobrindo eles. Que estão se
segurando todos juntos. Quando tira o pano. O capitão está segurando a rainha e a rainha
o capitão. Peter agradece e sai para um lado. E Alice e a turma pro outro.)

PETER – Adorei as brincadeiras. Agora tenho de voltar. A Wendy vai reclamar que já está
na hora da Janta. Feliz desaniversário pra vocês.

ALICE – Eu também gostei. E volte sempre ao País das maravilhas Peter pan.

(Saem.)

RAINHA – Eles se foram.

CAPITÃO – E a culpa é sua.

RAINHA – Seu velho. Você esta no meu País e ainda fala que a culpa é minha?

(A Rainha dá-lhe um tapa que ele cai. E ela sai na direção de Alice.)

CAPITÃO – Detesto rainhas chatas. Detesto coelhos que andam muito rápido. Detesto
chapeleiros que falam estranho. E detesto ainda mais crianças felizes. Peter pan e Alice.
Ainda vou fazer vocês dois andarem na prancha. (Risada de mau.) O meu dia ainda vai
chegar. Vocês verão. Crianças. Se preparem. Quando menos esperarem o Capitão Gancho
vai pegar vocês.

(Entra Coelha dá um chute na canela dele e sai correndo. E em seguida entra Sininho)
Sininho – Agora eu entendi tudo. Estava ali e vi. Que loucura. Pelo menos agora eu sei
onde estou. E ficara fácil encontrar o Peter e poder voltar aqui sempre que quiser. Andei
muito. Mas a aventura valeu muito a pena. A próxima eu quero estar junto com todos esses
doidos. Quem não iria querer? Só não gostei daquela Alice. Se ela chegar perto do Peter.
Eu vou... Eu Vou... Cortar algumas cabeças. Ih.. (ri) Acho que me empolguei. (sai de cena)

Fim.

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Elenco:

Alice:

Peter Pan:

Capitão Gancho:

Rainha de Copas:

Coelho Branco:

Tweedledee:

Tweedledum:

Chapeleiro Maluco:

Smee:

Ajudante da Rainha:

Sininho:

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