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Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Centro Acadêmico do agreste - CAA


Núcleo de Design

COSTURA INDUSTRIAL: ONDE A CONFECÇÃO COMPLEMENTA A CRIAÇÃO

Aluno (a): Thaís Verçosa de Oliveira


Orientador (a): Iracema Tatiana Ribeiro Leite

CARUARU
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE
NÚCLEO DE DESIGN
CURSO DE DESIGN

COSTURA INDUSTRIAL: ONDE A CONFECÇÃO COMPLEMENTA A CRIAÇÃO

Thaís Verçosa de Oliveira

Monografia apresentada a Universidade


Federal de Pernambuco, como requisito
parcial para obtenção do título de
bacharel em Design.

Orientadora: Iracema Tatiana Ribeiro Leite

CARUARU
2016
Catalogação na fonte:

Bibliotecária – Simone Xavier CRB/4 - 1242

O48c Oliveira, Thaís Verçosa de.


Costura industrial: onde a confecção complementa a criação. / Thaís Verçosa de
Oliveira. – 2016.
68f. il. ; 30 cm.

Orientadora: Iracema Tatiana Ribeiro Freire


Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de
Pernambuco, CAA, Design, 2016.
Inclui Referências.

1. Costura. 2. Designers. 3. Moda. 4. Mercado de trabalho I. Freire, Iracema Tatiana


Ribeiro (Orientadora). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2016-158)


UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE
CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE – CAA
NÚCLEO DE DESIGN

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA


DE DEFESA DE PROJETO DE
GRADUAÇÃO EM DESIGN DE

THAÍS VERÇOSA DE OLIVEIRA

“Costura Industrial: Onde a confecção complementa a criação”

A comissão examinadora composta pelos membros abaixo, sob a presidência do


primeiro, considera a aluna THAÍS VERÇOSA DE OLIVEIRA,

APROVADA

Caruaru, 15 de julho de 2016

___________________________________________________________________
Profª Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo

Prfª Flávia Zimmerle da Nóbrega Costa

Profª Nara Oliveira Lima Rocha


“Você só pode quebrar as regras se conhecê-las, e assim criar efeitos inovadores”.
Richard Sorger e Jenny Udale
AGRADECIMENTOS

É com enorme felicidade que deixo aqui explícita a minha gratidão a todos que
contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão desta grande etapa da minha
vida, sobretudo:
- À minha orientadora, professora Tatiana Leite por ter sido tão paciente e
prestativa em meio a tantas dificuldades de execução, e ter me orientado de forma
tão generosa confiando em minhas ideias.
- À minha mãe que me apoiou e incentivou mesmo a distância durante todo o tempo
do curso.
- Aos meus amigos que me incentivaram e foram pacientes em meio a tantos
momentos de reclusão para a execução deste projeto.
- Ao meu grande Amigo Antonio Carlos por me auxiliar com seus conhecimentos
nos últimos momentos da pesquisa.
- E aos meus colegas de trabalho, onde aprendi muito do que sei hoje em dia, e
que me inspiraram na escolha do tema deste trabalho.
RESUMO

A seguinte pesquisa propõe apresentar as influências que a técnica de costura


industrial tem sobre algumas etapas criativas do desenvolvimento de peças do
vestuário, e quais as contribuições que este conhecimento técnico traz a um futuro
designer de moda que deseja ingressar no mercado da indústria da moda.
Apresentando de forma clara todas as etapas que envolvem o desenvolvimento de
um produto de moda no âmbito industrial, quais os profissionais responsáveis por
cada setor, e as principais exigências deste mercado para introduzir novos
profissionais neste ramo. A metodologia qualitativa foi escolhida para a construção
da pesquisa com métodos exploratórios e descritivos como entrevistas e pesquisas
de campo a fim de esclarecer e alcançar todos os objetivos que norteiam esta
pesquisa.

Palavras- chave: Costura industrial, Designer de Moda, Mercado de Trabalho.


ABSTRACT

The following research aims to present the influences that industrial sewing
technique has on some creative steps to develop garment pieces, and what
contributions this expertise brings a future fashion designer who want to enter the
fashion industry market. Presenting clearly all steps that involve the development of a
fashion product in industry, which professionals responsible for each sector, and the
main requirements of this market to introduce new professionals in this field. The
qualitative methodology was chosen for the construction of research with exploratory
and descriptive methods such as interviews and field research in order to clarify and
achieve all the goals that guide this research.

Keywords: Industrial Sewing, Fashion Designer, Job Market.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Primeiros indícios de agulhas usadas na pré-história 15


Figura 02 – Primeiras agulhas de ferro 16
Figura 03 – Primeira máquina Singer 16
Figura 04 - Chão de fábrica Triangle Shirtwaist 1908 17
Figura 05 – Esquema de desenho técnico industrial 24
Figura 06 – Modelo de ficha técnica para indústria 26
Figura 07 – Desenvolvimento de modelagens planas 28
Figura 08 – Desenvolvimento através de Moulage 29
Figura 09 – Criação através de alfaiataria 29
Figura 10 – Desenvolvimento de modelagem computadorizada 30
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Resultados em relação a eficiência dos cursos profissionalizantes 38


Gráfico 02 – Resultados sobre noções de costura dos entrevistados 42
LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Etapas de desenvolvimento de um produto de moda 19


Quadro 02 – Relação de profissionais no desenvolvimento criativo 20
Quadro 03 – Informações a serem inseridas na ficha técnica 25
Quadro 04 – Competências Específicas de um profissional de Modelagem 31
Quadro 05 – Informações sobre os entrevistados 36
Quadro 06 – Informações sobre formações dos entrevistados 37
Quadro 07 – Relação de opiniões de acordo com a eficiência dos cursos
profissionalizantes 39
Quadro 08 – Relação das dificuldades encontradas ao ingressar no mercado de
trabalho 40
Quadro 09 – Relação de etapas de desenvolvimento de coleção com base nas
experiências dos entrevistados 41
Quadro 10 – Relacionadas a influência da costura nas diversas etapas de
desenvolvimento de coleção 43
Quadro 11 – Relação de possíveis erros pelo não conhecimento de costura 44
Quadro 12 – Relação de atividades relacionadas a costura na opinião dos
entrevistados 44
Quadro 13 – Relação de funções de um designer de moda na indústria 45
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12
2 COSTURA INDUSTRIAL: UMA VISÃO HISTÓRICA 15
3 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO DE MODA 18
3. 1 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO CRIATIVO 20
3.2 O DESIGNER DE MODA ENQUANTO PROFISSIONAL ESTILISTA 22
3. 2. 1 Desenho Técnico do Vestuário 23
3. 2. 2 A Ficha Técnica 24
3.3 O DESIGNER DE MODA ENQUANTO PROFISSIONAL DE MODELAGEM 26
3. 3. 1 Processos de Modelagem Industrial 27
3. 4 MERDADO DE TRABALHO E SUAS EXIGÊNCIAS 31
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 34
4.1 TIPO DE PESQUISA 34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 36
5.1 SOBRE A EFICIÊNCIA DOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES 38
5.2 SOBRE AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA PRÁTICA E AS EXIGÊNCIAS
DE MERCADO 40
5.3 SOBRE ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO 41
5.4 SOBRE A TÉCNICA DE COSTURA 42
5.5 SOBRE AS FUNÇÕES DE UM DESIGNER DE MODA NA INDÚSTRIA 45
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 46
REFERÊNCIAS 48
APÊNDICES 50
APÊNDICE A – Entrevista Sujeito 1 51
APÊNDICE B – Entrevista Sujeito 2 54
APÊNDICE C – Entrevista Sujeito 3 57
APÊNDICE D – Entrevista Sujeito 4 59
APÊNDICE E – Entrevista Sujeito 5 61
APÊNDICE F – Entrevista Sujeito 6 63
APÊNDICE G – Entrevista Sujeito 7 65
APÊNDICE H – Entrevista Sujeito 8 67
12

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história foi possível perceber a grande evolução nos processos


criativos de moda, não só em relação a criação mas também a confecção. Com a
criação das primeiras máquinas de costura, houve também uma evolução nas
técnicas de costura, o que tornou o processo criativo muito mais rápido e dinâmico.
Jones (2005) explica que, as primeiras indústrias de confecção tiveram um grande
progresso decorrente da revolução industrial. O aumento na produção de roupas e
na fabricação de tecidos fez com que as indústrias de moda começassem a delimitar
o tipo de produto a ser produzido, por exemplo: jeans, alfaiataria, camisaria,
malharia, etc.
A partir de então, as etapas de criação passaram a ser subdividas em
diversos setores de uma única fábrica, onde foram estabelecidas funções
específicas para cada setor, funções estas que exigem dos profissionais uma certa
qualificação e especialização para cada área de atuação.
Engana- se quem acha que Design de Moda se restringe apenas ao ato de
esboçar uma ideia criativa no papel, para que esta ideia seja de fato criada ela
passa por um processo de planejamento, pesquisa de tendências, organização de
ideias, para finalmente vir a ser produzida e confeccionada. .
O conteúdo abordado nas universidades e cursos profissionalizantes em
relação a técnica de costura industrial é visto de forma simplificada, resumida ao que
de fato é praticado no setor industrial, então, a proposta desta pesquisa é mostrar
que todo este processo complexo de confecção industrial tem grande influência no
aprendizado de estudantes interessados em áreas práticas do setor criativo de
moda. O estudo tem a pretensão de mostrar a futuros profissionais da área, um
pouco das exigências deste mercado e o que pode influenciá-los a aperfeiçoar seus
conhecimentos para tornarem-se profissionais capacitados.
Foram escolhidas duas áreas práticas do ramo da moda para objeto de
estudo tais como, a de desenho técnico de moda e modelagem plana, áreas que
estão diretamente relacionadas com a técnica de costura usada na confecção do
produto. Com base nas teorias que norteiam esta pesquisa, percebeu-se que é
primordial para um designer de moda de um setor industrial ser capaz de identificar
13

possíveis erros, fazer correções e dar orientações aos costureiros responsáveis pela
confecção de uma peça.
Todo cuidado deve ser tomado antes e durante a confecção do vestuário,
resultando num produto de qualidade, como também o público consumidor necessita
de profissionais que sejam capazes de desenvolver produtos que satisfaçam suas
necessidades, proporcionando conforto, beleza, elevando sua autoestima. O
presente estudo propõe um aperfeiçoamento dos futuros profissionais que estão
sendo formados na área de design de moda, apresentando benefícios tanto para o
profissional quanto para a empresa contratante.
Diante da realidade vivenciada no mercado de trabalho, a presente pesquisa
tem como objetivo geral apresentar a técnica de costura industrial como
conhecimento essencial e de grande influência no desenvolvimento criativo de
um produto de moda, associando-a as etapas criativas que antecedem o processo
de confecção e que valor tem este conhecimento na prática do designer. Aliados a
esta principal proposta foram delimitados como objetivos específicos:

 Compreender o desenvolvimento da indústria da moda;


 Apresentar as áreas práticas de setor criativo de moda;
 Exibir a relação direta destas áreas com o processo de costura e os
profissionais envolvidos;
 Identificar quais as dificuldades encontradas por novos profissionais ao
ingressar no mercado de trabalho;

Para uma melhor compreensão da proposta do trabalho a pesquisa encontra-se


dividida nas seguintes etapas:

Etapa 1: Fundamentação Teórica


Nesta etapa foram coletadas informações com bases teóricas a fim de
explorar o universo da indústria da moda, com informações específicas das etapas
de construção de um produto do vestuário e os profissionais responsáveis pelo
desenvolvimento criativo das áreas de modelagem e de desenho técnico de moda.
Foram abordados também temas como a função de um designer como modelista e
estilista numa indústria de moda, apresentando o que o mercado de trabalho exige e
14

quais as qualificações que o estudante deve possuir para ser considerado um bom
profissional.

Etapa 2: Procedimentos metodológicos


Nesta etapa será aplicada a pesquisa qualitativa o método de entrevistas para
obtenção de dados, com estudantes/estagiários de design de moda que desejam se
profissionalizar no ramo vestuário. Este método foi aplicado a fim de identificar as
principais dificuldades encontradas pelos entrevistados no setor de desenvolvimento
criativo, e descobrir as principais exigências identificadas ao ingressar no mercado
de trabalho. A entrevista foi realizada com profissionais da área a fim de comprovar
todo conteúdo teórico abordado na pesquisa. Por conseguinte fazer uma análise
dessas informações para obter resultados positivos na conclusão desta pesquisa.

Etapa 3: Análises dos resultados


Nesta etapa serão analisadas todas as respostas obtidas nas entrevistas, a
fim de responder a pergunta desta pesquisa comprovando então as contribuições
que o conhecimento da técnica de costura industrial tem sobre o processo criativo
de uma peça do vestuário, apontando então a importância e necessidade do
conhecimento técnico para desenvolvimento de produto de moda.

Etapa 4: Considerações Finais


Após a análise dos resultados obtidos com as entrevistas serão feitas
considerações sobre as contribuições que a pesquisa terá para o âmbito do design
de moda, lembrando que o grande objetivo é dar instruções básicas a estudantes de
moda de modo a esclarecer suas dúvidas em relação a construção de um produto
do vestuário com caráter industrial.
15

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2 COSTURA INDUSTRIAL: UMA VISÃO HISTÓRICA

As habilidades com costura surgiram involuntariamente na época pré-


histórica, com a necessidade de proteção do corpo em relação ao ambiente frio
local. Portanto, Nery (2004) ressalta que as técnicas de tecelagem e fiação ainda
não eram utilizadas pelos povos da pré-história, então para prender suas roupas ao
redor do corpo eles passavam ossos de animais ou cordões de fibra vegetais
através de pequenos furos, usando espinhos, ossos ou pedras perfuradas. E a
assim foi descoberta a costura com agulhas (Figura 01), após caçar os animais para
ser retirado o couro, aprenderam a curti-lo, deixando-o maleável para poder cortá-lo
e moldá-lo melhor ao corpo.

Figura 01 – Primeiros indícios de agulhas usadas na pré-história

Fonte: Blog Tudo junto e misturado, 2016.

Feghaly e Dwyer (2006, p. 38) afirmam que “as peles dos animais colocados
no ombro do homem primitivo impediam os seus movimentos. Foi preciso então criar
adaptações para liberá-los. Assim surgiram a cava e o decote (...) e foi a partir das
necessidades físicas humanas que as diferentes formas do vestuário surgiram.”
Com a grande evolução nas formas das vestimentas foi possível também
desenvolver bastante as técnicas de montagens das roupas, as agulhas que antes
eram feitas de ossos, madeiras, ao longo dos séculos foram adaptadas para uma
versão de meta (Figura 02).
16

Figura 02 – Primeiras agulhas de ferro

Fonte: Blog Tudo Costurado, 2016.

Numa visão mais histórica, de acordo com Day (2011) só foi possível produzir
roupas em grande escala com a invenção da máquina de costura a partir de 1829,
quando um americano chamado Isaac Merrit Singer que observava durante anos
algumas máquinas de costura numa oficina em Boston, substituiu o uso da agulha
curva por uma reta e a fez mover-se em vai-e-vem e não em círculos como era de
costume e também adaptou pedal nas máquinas tornando –as automáticas. Em
poucos dias e com baixo custo, estava pronta a primeira máquina de costura que era
realmente eficiente para uso doméstico. Então surgiu a Singer, empresa que iniciou
a fabricação em série de máquinas elétricas de costura (Figura 03), que passaram a
dominar o setor industrial.

Figura 03 – Primeira máquina Singer

Fonte: Blog História Licenciatura, 2016.


17

A partir da revolução industrial da Grã Bretanha e Europa, Jones (2005)


afirma que aos poucos foram desenvolvidas práticas de trabalho mais rápidas e
eficientes onde os chefes das fábricas perceberam que se as peças fossem
confeccionadas por partes o trabalho sairia com mais agilidade. Este processo foi de
uma eficiência excepcional, tanto que este sistema de produção ainda hoje é o mais
comum nas fábricas, chamado de confecção (Figura 04).

Figura 04 – Chão de fábrica Triangle Shirtwaist 1908.

Fonte: Laborarts.org, 2016.

Sobretudo, houve também uma melhoria na qualidade dos acabamentos e as


roupas perderam as características de peças feitas em casa. Jones (2005) considera
que, a qualidade e aceleração desta série de pequenos processos possibilitou que a
indústria respondesse com mais rapidez as demandas do mercado.
De acordo com Nunes(2001) as confecções estão situadas na etapa final da
cadeia têxtil, em que se encontram após as empresas têxteis (fiação, tecelagem e
acabamento) e na etapa anterior às empresas comerciais. Elas vendem o serviço de
conversão da matéria-prima em produtos e o lucro obtido está diretamente
relacionado aos gastos com o processo de produção. Desta forma, reforça-se a
importância do planejamento do desenvolvimento criativo no setor industrial, onde
serão analisadas e testadas todas as etapas de produção, visando sempre melhorar
a qualidade do produto, evitar possíveis erros e economizar o tempo de produção.
3 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE UM PRODUTO DE MODA

O processo de desenvolvimento de um produto de moda caracteriza-se como


um conjunto de atividades, que engloba diversas etapas, envolvendo diferentes
setores de uma indústria com o objetivo de criar novos produtos que supram as
necessidades do mercado consumidor. Rech (2008, p.27) conceitua produto de
moda como “qualquer elemento ou serviço que conjugue as propriedades de
criação, qualidade, vestibilidade, aparência e preço, a partir das vontades e anseios
do segmento de mercado ao qual o produto de destina”.
O produto produzido industrialmente segue uma sequência operacional que
se inicia no planejamento e termina em uma peça produzida em grande escala
dependendo do porte da empresa. Todo esse processo de produção vai exigir
maquinários apropriados, profissionais qualificados, e uma boa estratégia
organizacional da produção.
Na etapa inicial, o produto é criado e analisado detalhadamente, tanto em seu
processo de confecção quanto na escolha dos materiais utilizados em sua
construção. Todos estes detalhes relacionados à produção, desenho, aviamentos,
materiais, processo de lavagem, quantidade de peças, serão encontrados numa
ficha técnica que acompanha a peça-piloto na produção em série da mesma. Para
Biermann (2007), todas as etapas do produto são importantes para finalizar uma
peça com alta qualidade, portanto a gestão do processo produtivo é relevante para a
indústria de confecção e deve ser desempenhada ligando um processo ao outro.
Para que todo o processo ocorra com qualidade, é necessário que o mesmo tenha
um planejamento adequado para que todos alcancem os mesmos objetivos.
O designer tem um papel muito importante na construção das ideias para o
desenvolvimento do produto, deve estar ciente de todo funcionamento do setor
criativo e também das etapas que antecedem a produção, como a pesquisa de
tendências, o perfil de cliente da empresa, matéria- prima, fornecedores, etc, sendo
capaz de aprovar e orientar as demais etapas de produção. A seguir as etapas de
desenvolvimento do vestuário de acordo com Heirich (2010):
19

Quadro 01 – Etapas de desenvolvimento de um produto de moda

Pesquisa de tendências, definição de conceitos,


Criação planejamento da coleção e croquis.
Desenvolvimento de ficha técnica na qual constam o
Desenvolvimento desenho técnico e o detalhamento descritivo do
Técnico produto.
Desenvolvimento do molde da peça- piloto ou protótipo
Modelagem com base nas informações da ficha técnica.
Corte e montagem do protótipo de acordo com a
Pilotagem modelagem desenvolvida e as especificações para o
desenvolvimento.
São avaliadas as questões referentes à modelagem,
Aprovação aos custos de produção e à viabilidade de vendas dos
produtos.
Caso sejam necessários, efetuam-se as devidas
Alteração correções na ficha técnica ou nos moldes.
Com a peça piloto aprovada, são feitas as graduações
Graduação para todos os tamanhos a serem produzidos, de
acordo com a tabela de medidas da empresa. O ideal
é pilotar todas as graduações e aprová-las.
O planejamento e controle de produção chamado PCP
Produção é o setor que planeja, organiza, acompanha e controla
todo o processo produtivo das peças até sua
expedição.
Fonte: Heirich, 2010.

Pode-se perceber que todas estas etapas estão interligadas entre si, elas
seguem uma sequencia organizada onde uma depende da outra para o trabalho ser
concluído com êxito concluir seu trabalho, o que exige pré-conhecimento das etapas
anteriores para evitar possíveis erros que causem atrasos na produção.
20

3. 1 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO CRIATIVO

Desde o início da industrialização, há uma necessidade de desenvolver


produtos que supram as necessidades dos consumidores, e estejam de acordo com
a realidade da empresa, portanto aos poucos foi se elaborando formas projetuais de
organização de ideias, para projetar esses produtos, “o processo de
desenvolvimento é cíclico e requer uma equipe com várias pessoas que
desempenham funções específicas (RENFREW, 2010, p.26)”. A equipe
normalmente é composta por um estilista, um modelista, um cortador de peças
piloto, um costureiro pilotista e um gerente de custo e produção. Também pode
haver pessoas especializadas para seleção de tecidos, aviamentos, designers
têxteis e designers gráficos.
Como responsável pelo setor criativo numa indústria o designer de moda está
sempre ciente, de todos esses pré-requisitos, ele precisa conhecer a posição da
empresa diante do mercado de moda, introduzindo tendências que se adequem as
necessidades dos clientes. Treptow (2007, p.98) diz que “ele é responsável, não
apenas pelo aspecto estético dos produtos, mas também por sua viabilidade
comercial, financeira e de produção.”.
De forma sintetizada, de acordo com a teoria de RENFREW (2010) o quadro
a seguir traz algumas definições dos profissionais envolvidos no desenvolvimento de
um produto de moda e suas funções:

Quadro 02 - Relação de profissionais no desenvolvimento criativo

Estilista É o principal membro da equipe e é, em última análise


responsável pela criação da coleção, das fases iniciais de
concepção à supervisão dos primeiros protótipos para
venda. O estilista entrega o brienfing a seus assistentes ou
à equipe de criação a fim de gerar novas pesquisas ou
comentários para o desenvolvimento.
21

Modelista Trabalha a partir de imagens e desenhos do estilista, que


transmitem o direcionamento e a estética da coleção.
Colaborando geralmente com o estilista e o costureiro
pilotista, o modelista é responsável por ajudar a concretizar
uma ideia ou visão em três dimensões.
Pilotista É diferente de um costureiro de produção industrial: é
especializado em adaptar novos modelos junto ao
modelista para criar as primeiras peças piloto cortadas no
tecido.
Cortador Alguns ateliês empregam cortadores que trabalham com
grande velocidade e precisão a fim de cortar os primeiros
moldes de peças-piloto no tecido certo para o costureiro
pilotista confeccionar a peça. Em empresas menores são
os modelistas que desempenham esta tarefa.
Gerente de produto Em uma empresa que emprega uma equipe de estilistas e
modelistas, um gerente de produto coordena todas as
funções dos processos de confecção de peças-piloto à
produção.
Gerente de Custos Todas as peças de uma coleção que serão produzidas para
venda devem ser custeadas. Isso pode ficar a cargo do
estilista ou, em empresas maiores, de um gerente de
custos. O custeio baseia-se em dois elementos principais:
materiais (custo direto) e mão de obra (custo indireto).
Stylist e relações Os estilistas e produtores trabalham com um stylist para
públicas pensar em como apresentar a coleção para a imprensa.
Fonte: Elaboração da autora, 2016.

Assim como as etapas de desenvolvimento criativo, os profissionais


envolvidos neste meio devem trabalhar em sincronia de atividades, pois a troca de
informações técnicas é essencial para uma boa execução dos trabalhos, e
organização do setor de produção.
22

3. 2 O DESIGNER DE MODA ENQUANTO PROFISSIONAL ESTILISTA

Nas etapas criativas do desenvolvimento de uma coleção, o profissional


fundamental que norteará esta etapa é o designer de moda. Ele é o profissional que
irá esclarecer o conceito de uma coleção independentemente do mercado a ser
atingido, pode ser um profissional terceirizado ou contratado, é encarregado por
delimitar um planejamento de coleção coerente e temas ligados as questões
técnicas da confecção.
No desdobramento da criação, o designer deve considerar não apenas os
aspectos sociais e artísticos dos consumidores, mas também a motivação de
satisfazer as tendências e avanços industriais, onde a cada estação, acontecem
mudanças em relação ás cores, de tecidos, preços, etc.
Sorger e Udale (2009) descreve que, primeira tarefa de um designer para
uma empresa, na criação de uma coleção é a pesquisa, tendo assimilado a
pesquisa, os modelos são esboçados para desenvolvimento da coleção. Um
desenho de especificações (técnico) é feito para cada roupa, onde amostras de
tecidos e aviamentos são selecionados. Para desenhar todo ou parte de um objeto
ou imagem, é interessante entender suas formas, o que, por sua vez, permite
traduzir essas linhas em um modelo ou modelagem. Os autores ainda
complementam que:

Os designers não ficam apenas em uma escrivaninha desenhando belas


roupas. Eles precisam pesquisar e desenvolver um tema, descobrir tecidos,
e criar uma proposta coesa com ambos. Um bom designer entende as
diferentes propriedades do tecido e suas aplicações, e a compreensão das
técnicas de confecção de roupas é essencial ao design de moda. Ao
desenvolver uma coleção um designer precisa pensar para quem está
desenhando, que tipo de roupa está criando e para qual estação (SORGER;
UDALE, 2009, p.8)

Em empresas de pequeno porte, o profissional designer acaba por


desenvolver mais de uma tarefa no setor criativo além da função de desenhista de
fato, como modelista, pilotista e gerenciamento de produto, tarefas que estão
totalmente interligadas no desenvolvimento da coleção. “[...] É preciso que um
profissional desta área seja sensível o bastante para entender a importância de sua
atividade dentro do conjunto de produção [...] (FEGHALY; DWYER, 2006 p.103)”.
23

À medida que a coleção vai tomando forma, e o designer consegue de fato


organizar suas ideias, transferindo suas ideias em forma de esboço e anotações,
esses esboços serão analisados e aprovados de forma definitiva e transformados
num desenho mais detalhado chamado croqui ou desenho técnico.

3. 2. 1 Desenho Técnico do Vestuário

Leite e Veloso (2009) definem que, desenhos técnicos são os desenhos mais
aprofundados dos produtos. Pequenas explicações gráficas onde são desenhadas
de forma bem clara mostrando todos os detalhes de construção das peças, como
costuras, pregas, bolsos, fechos e pespontos. Os desenhos são representados de
uma forma planificada sem a representação de uma figura, não tem indicação de
cor, textura ou forma, nem movimento.
Esta é a forma de representação mais utilizada no setor industrial, de forma a
facilitar a interpretação no setor de produção, após ser desenvolvido é direcionada
para os setores de modelagem e por fim, o de confecção. “No desenvolvimento
desses desenhos, o designer responsável deverá lembrar que suas orientações
servirão de base para a confecção da roupa e que esta, fora do corpo, é uma
superfície plana, mas que ganha volume quando vestida, tornando-se tridimensional
(LEITE; VELOSO, 2009, p.8)”.
Este desenho pode ser desenvolvido de forma manual ou através de
softwares específicos para desenho digital, a depender do porte do setor de criação
da empresa. De acordo com Maluf (2003) o designer de moda deve conhecer a
fábrica para evitar a criação de produtos inviáveis à confecção. Ele deve, antes de
elaborar os modelos, conhecer os equipamentos, a matéria-prima e os aviamentos
disponíveis.
24

Figura 05 – Esquema de desenho técnico industrial

Fonte: Audaces, 2016.

O desenho técnico pode ser produzido manualmente ou através de


programas específicos para desenho, a forma digitalizada exige um pouco mais de
prática do profissional que está criando porém, é uma das formas de criação mais
utilizadas nas indústrias, pois possibilita a memorização de modelos prontos,
deixando o trabalho mais vigoroso, e criativo.

3. 2. 2 A Ficha Técnica

Este é o documento onde é detalhada toda a produção de uma peça, é de


extrema importância que as informações estejam coerentes com as etapas de
produção, para evitar possíveis falhas e gastos desnecessários. Leite e Veloso
(2004) afirmam que esse documento tem o objetivo de comunicar informações
inerentes do produto, que são o desenho técnico e as informações detalhadas das
matérias-primas e o modo de produção.
Treptow (2007) informa que é a partir desta ferramenta que o setor de custo e
departamento comercial estipularão o preço de venda dos produtos, que o setor de
controle de produção irá calcular os gastos em matéria-prima (tecidos e aviamentos)
para a fabricação das peças.
25

O desenvolvimento da ficha técnica em si, não é uma responsabilidade do


designer, mas o mesmo deve estar ciente das etapas registradas para evitar
possíveis erros em relação a má interpretação de sua representação. Não existe um
modelo específico de fichas a serem aplicadas nas indústrias, porém as informações
devem ser basicamente as mesmas, todas direcionadas a confecção do produto.
Segue abaixo um quadro, de acordo com Treptow (2007) com as principais
informações requeridas na ficha técnica, para melhor interpretação e organização
desta etapa. Em seguida o modelo de ficha técnica com estas informações inseridas
na mesma.

Quadro 03 – Informações a serem inseridas na ficha técnica

 Nome da coleção
 Referência
 Descrição
 Designer responsável
 Grade de tamanhos
 Modelista responsável
 Data de aprovação
 Desenho Técnico (frente e costas)
 Tecidos e aviamentos (nomes, fornecedores, composição,
consumo, lote, largura, rendimento, cores, etc..)
 Combinações de cores
 Etiquetas, Tags
 Sequencia Operacional
Fonte: Treptow, 2007.

A ficha técnica (figura 6) é um documento que circula toda a linha de


produção, após seu preenchimento ela passa em todos os setores de criação e
finaliza no setor de confecção, por isso contém informações específicas de diversos
setores para que todas sejam cumpridas a risca , trazendo um perfeito
encadeamento no processo produtivo, evitando atrasos nas etapas posteriores.
26

Figura 06 – Modelo de ficha técnica para indústria

Fonte: Blog Lloks da moda ,2016.

O formato da ficha técnica vai depender das exigências impostas por cada
empresa, e o controle organizacional da produção, em empresas de grande porte,
que trabalham com produção em série, algumas informações são trabalhadas com
códigos que já é uma espécie de comunicação entre os setores.

3.3 O DESIGNER DE MODA ENQUANTO PROFISSIONAL DE MODELAGEM

O modelista é o responsável por elucidar o desenho de moda e possibilitar a


produção das peças através de recortes que se encaixem dando forma à roupa.
Digamos que, de modo geral, a interpretação da modelagem é o processo de
transformação de um desenho em partes para um molde a formas básicas, visando
a construção de um produto de vestuário (OSÓRIO,2007). É o profissional
responsável pelo desenvolvimento da coleção, logo o mesmo precisa estar por
dentro das técnicas e estudo de mercado, ter noções de ergonomia e escolha de
materiais, o que resultará numa peça que atenda os anseios do público-alvo.
27

Jones (2005) complementa que mesmo sem planos de se tornar um expert


em modelagem é necessário ter noção da importância da transferência dessas
medidas para um molde na hora de fazer um desenho ou trabalho de criação. Para
ter um bom desempenho é essencial que o profissional tenha uma boa formação na
construção básica de moldes para os principais tipos de roupas, além de conhecer
aviamentos e as etapas do processo de montagem, tipos de tecido e seu caimento,
ou seja, um bom profissional que irá trabalhar com modelagem deve possuir noções
de proporção, matemática, anatomia, ergonomia e antropometria.
Uma boa preparação profissional com conhecimentos específicos, como
cursos técnicos, profissionalizantes ou até mesmo faculdades, já dá uma boa visão
do contexto aplicado no setor criativo. “Tais conhecimentos permitem ao modelista a
reprodução mais fiel possível de um projeto de criação incluindo todos os seus
detalhes de estrutura da modelagem, como fio, costura, prega, pences, piques,
aberturas, abotoamentos, etc.” (SABRÁ, 2009, p.78)
A modelagem pode ser desenvolvida manualmente ou através de softwares
específicos, manualmente pode ser produzida de forma tridimensional (através de
um manequim) ou bidimensional (desenhado de forma plana no papel), já o
processo computadorizado é um processo mais complexo porém muito eficaz e ágil,
feito só de forma bidimensional através de uma reprodução digitalizada de
modelagens produzidas no papel, onde faz-se a variação de tamanhos, e encaixe
automático para corte em grande escala.
.
3. 3. 1 Processos de Modelagem Industrial

A modelagem por ser uma técnica muito complexa, podendo ser explicadas
por diversas metodologias facilmente encontradas em livros e apostilas de cursos de
formação profissional. A técnica é transpor a ideia exposta num croqui (desenho) a
partir de medidas anatômicas pré- calculadas em recortes de tecido ou papel, para a
produção do produto de moda. Existem também diversos procedimentos usados
para desenvolver modelagens, sejam elas bidimensionais, tridimensionais,
computadorizadas, alfaiataria e modelagem para malharia.
Com base nas metodologias de Sabrá(2009) e Heirich(2010) foram definidos
os tipos variados de modelagem, que serão apresentados a seguir:
28

 Modelagem Plana (Bidimensional)

Figura 07 – Desenvolvimento de modelagens planas

Fonte: EduK, 2016.

É uma técnica utilizada para reproduzir, em segunda dimensão, algo que será
usado sobre o corpo humano, em tecido ou similar, de forma tridimensional. Esta é
uma das etapas mais importantes dentro do setor de criação onde o modelista é o
profissional encarregado na criação dos moldes. Trabalhar com a forma
bidimensional é mais rápido, economicamente viável para a indústria da moda onde
tempo é dinheiro. Depois de concluída a construção do molde, aplica-se o molde
sobre o tecido onde é cortado o que chamamos de peça-piloto.

A peça piloto é o nome que se dá à primeira peça confeccionada a partir de


um molde interpretado, cujo objetivo é testar a nova modelagem e verificar o
caimento, a vestibilidade e a conformidade entre a ideia passada pela ideia
pelo designer e o produto finalizado (SABRÁ, 2009, p.78)

Este método é utilizado em todos os ambientes industriais que desenvolvem


produtos de moda, a forma mais eficaz e precisa de interpretação de croquis de
moda, porém um método bastante complexo que exige muita prática e habilidade do
profissional responsável.
29

 Moulage (Tridimensional)

Figura 08 – Desenvolvimento através de Moulage

Fonte: ObservaSC, 2016.

Esta técnica é realizada através da manipulação do tecido de forma


tridimensional. Trabalha-se com o tecido sobre os manequins, que têm suas
medidas padronizadas. Na moulage, podem ser feitos os ajustes direto nas curvas
do corpo, resultando em um caimento perfeito. Em alguns casos, após testadas as
formas e caimentos dos tecidos, os recortes elaborados em moulage são
reproduzidos num papel para ser cortado de forma bidimensional.

 Alfaiataria

Figura 09 – Criação através de alfaiataria

Fonte: Portal GQ Brasil, 2016.


30

Como técnica a alfaiataria é a mais antiga da qual se conduzem as demais


técnicas geométricas. Os alfaiates combinavam a modelagem plana desenvolvida
diretamente sobre o tecido e os ajustes realizados sobre o corpo do usuário como
uma espécie de moulage humana.

 Modelagem para Malhas

É uma adaptação da modelagem executada para tecidos planos, que sofre


uma redução percentual de acordo com a elasticidade do material que ele irá
atender, para que o tecido, ao ser esticado, se acomode ao corpo com a elasticidade
do material que ela irá atender.

 Sistema CAD/CAM

Figura 10 – Desenvolvimento de modelagem computadorizada

Fonte: Blog Entre linhas, agulhas, costura e tecidos, 2016.

A modelagem industrial plana, conforme já mencionado, também pode ser


desenvolvida por meio de sistemas CAD/CAM, com softwares criados com
ferramentas específicas para a confecção dos moldes, a graduação e o encaixe.
Criando peças básicas de vestuário em cinco minutos e evitando o desperdício de
tecidos na hora do corte. Esses sistemas facilitam o processo produtivo por
representarem uma grande economia de tempo, permitindo que os moldes sejam
desenvolvidos por meio da alteração de bases arquivadas no sistema ou da
digitalização de moldes produzidos fora do sistema.
31

3. 4 MERCADO DE TRABALHO E SUAS EXIGÊNCIAS

O mercado de consumo está cada vez mais exigente, as indústrias de


confecção de produtos do vestuário buscam das mais variadas ferramentas
competitivas para se diferenciar isto inclui principalmente a procura por profissionais
competentes e com conhecimento técnico especializado, o que não é tarefa muito
fácil.
Para ingressar na área de moda, não é necessário fazer curso, muitas vezes
os profissionais mais antigos inseridos no meio industrial adquirem experiência
apenas com a prática, mas o mercado está precisando, cada vez mais, de pessoas
com preparação e conhecimento técnico. Feghali e Dwyer (2006) indicam que antes
de entrar em cursos de moda de nível superior é ideal que o estudante faça uma
rápida passagem por cursos profissionalizantes de nível médio, para que tenha uma
visão prática da área e possa realmente se identificar com o âmbito escolhido.
De acordo com Sabrá (2009) em 2001, o comitê Técnico Setorial do
Segmento Têxtil, sob a coordenação do SENAI/RJ, que contou com participação de
alguns representantes de empresas do Ramo, elaborou um quadro de competências
específicas: que será mostrado a seguir:

Quadro 04 – Competências Específicas de um profissional de Modelagem

Competência 1: Interpretar e adaptar estilos.


Competência 2: Identificar tipos de tecidos e aviamentos, suas
propriedades e aplicações.
Competência 3: Medir diferentes partes do corpo para uso em
modelagem
Competência 4: Elaborar moldes
Competência 5: Identificar tipos de máquinas de costura e aparelhos
Competência 6: Orientar processo de construção de protótipos
Competência 7: Identificar e reparar defeitos em protótipos

Competência 8: Elaborar graduação de moldes.


Fonte: Sabrá, 2009.
32

A partir deste quadro foram listados pelos 12 pontos-chaves de


conhecimentos necessários para um profissional da área de modelagem do
vestuário, tais como:

1. Interpretar a representação gráfica das peças propostas pela equipe de


criação em todas as possíveis formas de traçado, especialmente o
desenho técnico.

2. Conhecer os possíveis materiais empregados nos produtos do


segmento de sua especialidade, incluindo as propriedades físicas e
mecânicas dos mesmos, como caimento e maquinário apropriado para
montagem, dentre outras.
3. Propor condições de viabilidade técnica para determinada vestibilidade
do produto, de acordo com uma proposta ergonômica, bem como
diagnosticar melhor a forma de montagem do produto, antes e após a
confecção de uma primeira peça, conhecida como peça-piloto.

4. Desenhar tecnicamente os moldes de forma que reproduzam a


proposta do design, por meio de uma melhor metodologia seja por
métodos tradicionais ou por intermédio de ferramentas CAD.

5. Complementar a base de dados da Ficha Técnica de Produto, em


especial quanto à definição dos materiais, fornecedores, consumo e
detalhes-chave de qualidade e de montagem.

6. Conhecer acabamentos, lavagens e customização da indumentária em


geral e em profundidade, os aplicados na sua especialização.

7. Medir e interpretar medidas sob o ponto de vista antropométrico.

8. Ser um prototipistas das peças que modela.


33

9. Conhecer e ter condições de aplicar características de normalização,


padrões de qualidade e definições de conformidade aos produtos
desenvolvidos.
10. Entender a linguagem de moda para se relacionar com a equipe de
criação.

11. Apresentar uma atitude empreendedora para atuar como autônomo e


gerir seu próprio de negócio.

12. Além dos conhecimentos técnicos, características como organização e


perfeccionismo são essenciais ao modelista.

Segundo Sabrá (2009, p.81):

É importante que o profissional possa se enquadrar às especificidades,


como: segmentos da cadeia têxtil (confecção de tecidos planos, não
tecidos, malhas, etc.); artigos (alfaiataria, camisaria, malharia, roupa de
festa, roupa de trabalho); tipos de confecção (sob medida, prêt-à-Porter
(prontos pra vestir), ateliê ou pequena, média ou larga escala de produção);
recursos (manuais ou alta tecnologia); públicos/tamanhos
(feminino,masculino,infantil,recémnascido,cadeirantes,obesos,etc.) ou seja,
o profissional de modelagem deve conhecer e dispor de todas as
ferramentas existentes para saber como adequá-las a cada situação.

O designer de moda como foi visto anteriormente, é capaz de desenvolver


várias habilidades do setor de criação, isto se enquadra como uma vantagem em
relação aos outros profissionais, onde o designer de moda é capaz de orientar e
avaliar o desempenho dos profissionais de etapas específicas.
34

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 TIPO DE PESQUISA

Gil (2006) define que a pesquisa é o percurso onde se aplicam métodos


sistemáticos e racionais a fim de solucionar as respostas dos problemas, ela é
formada por uma sequência de várias fases que vão desde a definição do problema
até a apresentação dos resultados.
O presente estudo tem o objetivo de apresentar a técnica de costura industrial
como conhecimento essencial e de grande influência no desenvolvimento criativo de
um produto de moda apontando as principais dificuldades encontradas por novos e
antigos profissionais ao ingressar no mercado.
Este estudo distingue-se como descritivo, com foco no setor criativo da indústria do
vestuário, as informações obtidas através de estudantes e profissionais da área
permitiu um levantamento de opiniões sobre as exigências do mercado e suas
especificações.
Foi aplicada a pesquisa qualitativa como forma de obter estas informações,
este tipo de pesquisa permite identificar a reação dos agentes participantes dentro
do ambiente estudado. Rampazzo (2011, p.60) diz que a pesquisa qualitativa “busca
uma compreensão particular daquilo que estuda: o foco da sua atenção é
centralizado no específico, no peculiar, no individual, almejando sempre a
compreensão e não explicação dos fenômenos estudados”.
Em busca desta compreensão, a pesquisa partirá do método de coleta de
dados em que será feita por meio de entrevistas com alguns estudantes/estagiários
de design de moda que tenham interesse na área de construção do vestuário e
profissionais da área. A entrevista de acordo com, Marconi e Lakatos (2003, p.195)
“é um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para
ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema social.” Com base nas
teorias fundamentadas nesta pesquisa foram elaboradas perguntas para obter
informações em torno das opiniões dos sujeitos entrevistados acerca da
problemática proposta.
35

Os agentes participantes desta pesquisa serão profissionais antigos e


estudantes recém-inseridos no mercado de trabalho, mais especificamente o setor
criativo da indústria de moda.
Para delimitar quais profissionais a serem entrevistados, foram escolhidas
duas áreas específicas do setor criativo como desenho técnico de moda e
modelagem plana, atividades diretamente relacionadas ao processo de costura
utilizado no meio industrial. Foram elaboradas 16 perguntas objetivas onde a
principal intenção é mostrar com base nas experiências profissionais dos sujeitos, a
forma como a relação da confecção com a criação é apresentada em cursos
profissionalizantes específicos da área e a opinião acerca da eficiência destes
cursos como preparatórios para a prática profissional. Estas respostas foram
destrinchadas em quadros e gráficos apontando opiniões consensuais sobre os
temas aplicados nos resultados a seguir.
36

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram entrevistados 8 estudantes e profissionais com média de 28 anos de


idade sendo 5 do sexo feminino e 3 do sexo masculino, dentre os entrevistados
apenas 1 não tem curso superior, os demais já cursaram ou estão cursando
graduação em design de moda. Embora boa parte sejam estudantes, todos
possuem certa experiência na área adquiridos em estágio ou profissionalmente
numa faixa de 2 a 10 anos de prática conforme tabela abaixo:

Quadro 05 – Informações sobre os entrevistados

Entrevistados Idade Sexo Tempo de Escolaridade


experiência
Sujeito 1 25 Masculino 6 meses Superior cursando

Sujeito 2 23 Feminino 1 ano Superior cursando

Sujeito 3 23 Masculino 4 anos Superior incompleto

Sujeito 4 20 Feminino 5 anos Superior cursando

Sujeito 5 25 Feminino 3 anos e meio Superior incompleto

Sujeito 6 24 Feminino 7 anos Superior cursando

Sujeito 7 28 Feminino 10 anos 2 grau completo

Sujeito 8 27 Masculino 8 anos Superior cursando

Fonte: Elaboração da autora, 2016.

Na tabela a seguir é possível perceber que os participantes em sua maioria


possuem interesse pela área de moda desde a infância, em que 2 dos entrevistados
tiveram grande influência familiar onde a mãe já trabalhava na área e os
conhecimentos foram repassados de forma empírica, tornando-os profissionais da
área só pela vivência, uma espécie de cultura local que já define o nicho profissional
a ser seguido. Os outros entrevistados perceberam logo cedo boas habilidades com
37

criatividade e trabalhos manuais o que influenciou na escolha dos cursos de


especialização e da área de atuação.
Todos os entrevistados realizaram cursos específicos para suas áreas de
atuação tanto para aperfeiçoar seus conhecimentos quanto para se qualificar para o
mercado de trabalho. Apenas 1 entrevistado não possui curso superior, porém,
formação em escola técnica com um conhecimento mais específico.

Quadro 06 – Informações sobre formações dos entrevistados descritas por eles

Entrevistados Sobre cursos na área de moda


Sujeito 1 Cursei Técnico em Modelagem do Vestuário no ITEP/CTMODA.
Comecei cursando design e aí surgiu a oportunidade desse curso
que é na área de moda.
Sujeito 2 Atualmente faço curso de Design e minha ênfase é moda além de ter
acesso à vários portais de moda como UseFashion e alguns cursos
on-line.
Sujeito 3 Fiz design e estilo SENAC. E atualmente estudo design com ênfase
em moda na UFPE.
Sujeito 4 SENAI - técnico em vestuário e ITEP - modelagem do vestuário

Sujeito 5 Curso Design de moda para aperfeiçoar o que eu tenho vontade de


seguir profissionalmente.
Sujeito 6 Fiz técnico em modelagem no ITEP, styling e vitrine de moda no
SENAC. Para ter qualificação profissional.
Sujeito 7 Fiz técnico em vestuário e Produção de Moda no SENAI.
Sujeito 8 Fiz curso de desenho de moda e corte e costura pelo SENAC
Fonte: Elaboração da autora, 2016.

Todos os entrevistados encaram a experiência do estudo como forma de


qualificação profissional, até mesmo os que já tinham experiência prática através da
família, vê como uma forma de aperfeiçoar seus conhecimentos, delimitar uma área
de atuação e se diferenciar dos demais concorrentes numa possível entrevista de
emprego.
38

5.1 SOBRE A EFICIÊNCIA DOS CURSOS PROFISSIONALIZANTES

Um dos questionamentos da pesquisa em relação ao tema é saber por parte


dos entrevistados se o conteúdo abordado nos cursos técnicos ou
profissionalizantes cursado por eles era suficiente para a prática do mercado de
trabalho, a fim de captar o que realmente é praticado nas indústrias ou de que forma
é aplicado alguns dos assuntos abordados cursos.

Gráfico 01 - Resultados em relação a eficiência dos cursos profissionalizantes

SOBRE A EFICIÊNCIA DOS CURSOS


PROFISSIONALIZANTES

SIM
NÃO

Fonte: Elaboração da autora, 2016.

É possível perceber que boa parte dos entrevistados não apresentou


satisfação ao pôr em prática o conteúdo abordado nos cursos, onde citam que a
prática no trabalho funciona de uma forma diferente da que lhes foram
apresentadas, o que também não desmerece o conteúdo aplicado dos cursos, já
que 2 dos entrevistados acreditam que os cursos embora sejam apresentados de
uma forma superficial, ainda são uma base, uma espécie de apresentação da área a
ser atuada.
39

Quadro 07 – Relação de opiniões de acordo com a eficiência dos cursos


profissionalizantes

Entrevistados
Sujeito 1 Não, porque a prática das Instituições de ensino sem a prática de
mercado não forma um profissional de moda que deve atender às
demandas das empresas [...]

Sujeito 2 Não, [...] às vezes você aprende de uma forma na faculdade e


quando chegam ao mercado de trabalho as coisas funcionam de
forma diferente [...]

Sujeito 3 Acredito que em partes, sempre é o meio termo, nem tudo que se
aprende no curso se aplica no mercado, muitas vezes é aplicada
apenas uma síntese.

Sujeito 5 Com certeza, o curso de design é o diferencial pois concede uma


visão mais ampla da área.

Sujeito 6 [...] Na universidade não aprende a usar máquinas que usariam na


indústria [...] modelagem gráfica os alunos desconhecem onde
para um modelista e para uma empresa de grande porte é
essencial [...]

Sujeito 8 Achei a prática das empresas muito diferente do que é ensinado


nesses cursos, é uma base, mas não é suficiente.

Fonte: Elaboração da autora, 2016.

A expectativa dos estudantes em relação aos cursos profissionalizantes era


grande, onde o desejo inicial era estar 100% aptos e seguros para exercer as
funções escolhidas, como o setor industrial é um ambiente muito técnico com
diversas etapas, nem todas as informações são passadas detalhadamente como de
40

fato são aplicadas no ambiente de trabalho, deixando-os um pouco inseguros na


hora de pôr em prática o conteúdo aprendido.

5.2 SOBRE AS DIFICULDADES ENCONTRADAS NA PRÁTICA E AS EXIGÊNCIAS


DE MERCADO

O trabalho na indústria exige muito comprometimento e habilidade do


profissional que esteja atuando, é um ambiente onde o tempo não pode ser
desperdiçado com pequenas falhas e por isso as exigências são muitas na hora de
contratar um bom profissional do setor criativo. Todos os entrevistados tiveram suas
experiências ao ingressar no mercado de trabalho e puderam listar quais suas
maiores dificuldades encontradas ao colocar os conhecimentos em prática. A partir
destas dificuldades listadas é possível filtrar algumas informações e identificar, as
principais exigências de algumas indústrias do setor criativo.

Quadro 08 – Relação das dificuldades encontradas ao ingressar no mercado de


trabalho

 Aplicar conhecimentos adquiridos nos cursos no mercado

 Domínio de softwares : Photoshop, Corel...

 Dar um bom acabamento nos trabalhos manuais

 Conhecer termos técnicos

 Falta de oportunidades para ingressar no mercado

 Experiência nos trabalhos práticos

Fonte: Elaboração da autora, 2016.


41

O interesse pelo ramo da moda vem crescendo ao longo dos anos, é possível
observar o grande interesse de jovens por esta área criativa, o que aumenta ainda
mais a concorrência ao disputar uma vaga no mercado de trabalho, e os jovens
profissionais estão a cada dia tomando conhecimento dessas poucas oportunidades
e investindo em aperfeiçoamentos profissionais, a fim de ficar o mais próximo
possível da realidade industrial.

5.3 SOBRE ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO

Boa parte dos entrevistados trabalha no setor criativo de empresas, o que os


deixa conhecedores de todas as etapas que envolvem o desenvolvimento de uma
coleção.
É de extrema importância que os profissionais de moda estejam cientes de
todas estas etapas, isso contribui na própria criatividade, evita possíveis erros
economizando o tempo de produção. Com base nas suas experiências na função de
designer de moda e estudos compartilhados nos cursos profissionalizantes, cada
entrevistado listou as etapas que consideram fazer parte do desenvolvimento de
uma coleção que vai desde a identificação do público- alvo à divulgação da coleção
planejada (Quadro 09).

Quadro 09 – Relação de etapas de desenvolvimento de coleção com base nas


experiências dos entrevistados

 Identificação de público-alvo

 Pesquisa de tendências

 Escolha de materiais (tecidos /aviamentos) e tabela de cores

 Desenvolvimento de desenhos (croquis / desenho técnico)

 Geração de alternativas

 Fechamento da coleção
42

 Desenvolvimento de Fichas técnicas

 Modelagens

 Pilotagem

 Escolha de lavanderia

 Fazer prova

 Elaboração de catálogos para expor a coleção

Fonte: Elaboração da autora, 2016.

Os profissionais entrevistados desempenham ou já desempenharam mais de


uma atividade no setor onde trabalham, o que os torna profissionais polivalentes
característica comum praticada por muitos designers de moda.

5.4 SOBRE A TÉCNICA DE COSTURA


Foi questionado sobre o conhecimento dos entrevistados sobre as técnicas
de costura, para obter informações posteriores relacionadas a este conhecimento
com as atividades exercidas nas empresas.

Gráfico- 2 Resultados sobre noções de costura dos entrevistados

NOÇÕES DE COSTURA

Possui
Não possui

Fonte: Elaboração da autora, 2016.


43

Todos os entrevistados têm noções de costura, e mostraram entender a


importância que esta etapa tem no desenvolvimento de uma coleção, nas fábricas o
processo de costura é totalmente industrial o que exige certo conhecimento prévio
do maquinário que será utilizado em cada peça criada e a margem de costura.
Segue algumas falas dos sujeitos entrevistados (Quadro 10)

Quadro 10 – Relacionadas a influência da costura nas diversas etapas de


desenvolvimento de coleção

Sujeito 1 “[...] é uma prática que se faz necessária para o desenvolvimento


dos desenhos de croquis, claro que sem noções de costura seja
possível gerar croquis, porém não haverá um entendimento do que
é possível ou não de acordo com as máquinas disponíveis pela
empresa. [...]”
Sujeito 5 “[...]é muito importante para um designer de moda ter noções de
costura, pois estas auxiliarão na criação dos modelos de forma que
ao chegar na etapa da costura, possíveis erros serão evitados. [...]”
Sujeito 6 “É bom ter conhecimento nessa área sim, para poder saber o que
está sendo construído, como está sendo e qual melhor técnica de
costura pode ser mais bem aplicado no tipo de produto desejado”.
Fonte: Elaboração da autora, 2016.

Nos trechos citados acima, foi possível perceber a convergência na opinião


dos entrevistados em relação à importância do aprendizado de costura, e a
preocupação com o bom desempenho do trabalho. Com base em suas experiências
profissionais foi possível extrair dos entrevistados alguns possíveis erros que podem
ser cometidos aos profissionais que não tem conhecimento em técnicas de costura,
que foram listados abaixo (Quadro 11):
44

Quadro 11 – Relação de possíveis erros pelo não conhecimento de costura

 Criar peças que sejam impossíveis de ser reproduzidos


(Criando recortes complexos e inviáveis para indústria)
 Erros na representação da ficha técnica
(Como erros nas representações das costuras, erros na
descrição do maquinário que será utilizado, erros nas
metragens dos tecidos)
 Desenvolver peças para um maquinário não disponível na
empresa
 Erros na interpretação das modelagens
(Como erros nas margens de costuras ou recortes
inadequados para determinado maquinário)
 Peças de má qualidade, com acabamento ruim
Fonte: Elaboração da autora, 2016.

As etapas mais citadas como as que mais necessitam de um pré-


conhecimento em costura, com base no aprendizado profissional dos entrevistados
são as etapas que estão diretamente relacionadas ao processo de confecção, onde
devem ser detalhados procedimentos de costura, sejam em desenhos (croquis/
modelagens) ou em planilhas (ficha técnica), ou na própria confecção em si.

Quadro 12 – Relação de atividades relacionadas a costura na opinião dos


entrevistados

Pesquisa
Desenvolvimento de croquis
Elaboração de ficha técnica
Modelagem
Pilotagem
Fonte: Elaboração da autora, 2016.
45

Estas atividades listadas necessitam de informações técnicas específicas de


confecção para serem executados, tais como formas, recortes, detalhes como,
pespontos, travetes, margem de costura para cada máquina específica, e a própria
montagem da peça.

5.5 SOBRE AS FUNÇÕES DE UM DESIGNER DE MODA NA INDÚSTRIA

O designer de moda por estar envolvido com várias etapas do


desenvolvimento de coleção é capaz de desenvolver várias atividades práticas numa
indústria. De acordo com a percepção e prática dos entrevistados foram listadas
algumas funções possíveis de serem desenvolvidas na indústria.

Quadro 13 – Relação de funções de um designer de moda na indústria

Pesquisador de Têndencias (Cool Hunter)


Estilista
Modelista
Pilotista
Gestor de Qualidade
Diretor criativo
Designer Têxtil (Estampas/ bordados)
Consultor
Fonte: Elaboração da autora, 2016.

O designer de moda pode não só executar estas tarefas como também é capaz
supervisionar e aprovar as demais tarefas mencionadas dependendo de suas
capacidades profissionais.
46

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As etapas que compõem o processo de desenvolvimento criativo industrial


estão totalmente interligadas, como numa sequência operacional, então não estar a
par do funcionamento de todas as tarefas acaba prejudicando o desempenho do
trabalho, causando também possíveis erros técnicos.
O processo de costura, ou confecção como é conhecido industrialmente, é a
etapa que desencadeia todo desenvolvimento criativo que a antecede, onde a
confecção é idealizada durante o processo de criação e não depois que já
transferido pros setores de modelagem.
Com o objetivo de apresentar a técnica de costura como conhecimento
essencial e de grande influência no desenvolvimento criativo, a pesquisa baseia-se
em teorias que relatam a evolução da costura desde os primórdios até chegar ao
setor industrial. Estas evoluções desencadearam novos ramos nas etapas de
criação, gerando assim, novas habilidades técnicas, como por exemplo, desenho de
moda, e modelagem plana do vestuário. Para cada habilidade dessas existe um
profissional responsável, estas podem ser facilmente exercidas por um designer de
moda como foi esclarecido em teoria. A relação destas áreas com o processo de
costura foi apresentada na forma como cada função é executada, e com base nas
experiências absorvidas pelos entrevistados, foi percebido que o objetivo geral foi
alcançado quando as informações extraídas nas entrevistas estão condizentes com
a teoria fundamentada na pesquisa.
A relação das dificuldades encontradas mostra envolvimento com a falta de
uma visão prática do mercado, na qual experiências como estágios profissionais
supririam muitas das necessidades intelectuais desses novos profissionais. Ainda
que nos cursos profissionalizantes o conteúdo aplicado seja apresentado de uma
maneira superficial como mencionado por alguns entrevistados, é importante ter
uma base, um conhecimento prévio do que é aplicado na indústria, para que o futuro
profissional sinta-se familiarizado com as informações apresentadas identifique a
sua área de atuação.
Através dos resultados obtidos, concluiu-se, que o designer de moda que
deseja se inserir no setor industrial, deve estar preparado para as diversas
exigências técnicas do mercado de trabalho, procurando se especializar em
47

atividades práticas do setor criativo, que dão base para o trabalho desenvolvido na
indústria, sem esquecer que atividades encaradas de forma superficial como a
técnica de costura se mostram primordial, contribuindo de forma criativa em todas as
etapas de desenvolvimento de um produto de moda.
A intenção da pesquisadora ao apresentar essa pesquisa é mostrar também
que com base em suas primeiras experiências no mercado de trabalho, na função
de designer de moda, sempre há muito a aprender e praticar. Estas experiências
profissionais listadas configuram-se como uma forma de auxiliar novos profissionais
em uma melhor capacitação para o mercado.
48

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Joana Figueiredo, Diana Aflalo. Porto Alegre: Bookman, 2009.

TREPTOW, Doris. Inventando Moda: planejamento de coleção. 4. ed. Brusque:


D. Treptow, 2007.
50

APÊNDICES
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APÊNDICE A – Entrevista Sujeito 1

Qual sua idade?


25 anos

Qual seu grau de instrução?


Graduação em andamento.

Qual sua função?


Estudante de design e estagiário de inovação em moda.

Como você desenvolve esta função, quais as etapas?


O cliente é estudado para identificação da sua estrutura organizacional ou
processual, partindo de análises destes, para elaboração de propostas de inovação
dentro da empresa. O corte de inovação pode variar ao interferir em toda a estrutura
organizacional da empresa ou apenas em setores de criação à entrega do produto
final. Partindo disso, pesquisas de público-alvo e desenvolvimento de coleções de
produtos de moda são realizadas para intervenção.

Há quanto tempo estuda/ trabalha nesta área?


Estudo há aproximadamente 5 anos e estagio há 6 meses.

Por que decidiu estudar/ trabalhar nesta área?


Por vocação e desenvoltura em habilidades manuais. Referência do ofício de
costureira da minha mãe também influenciou. O estágio surgiu por estar cursando
design e a convite de uma professora.

Fez algum curso na área de moda? Por quê?


Sim, cursei Técnico em Modelagem do Vestuário no ITEP/CTMODA. Comecei
cursando design e aí surgiu a oportunidade desse curso que é na área de moda.
Acho extremamente necessário o profissional de moda, em qualquer segmento que
seja, entender as técnicas de criação e desenvolvimento de um produto de moda na
prática, da concepção às práticas do corte e costura, até o feedback do cliente. O
curso foi um complemento prático do que estudava na Universidade.

Você acredita que os conhecimentos adquiridos nestes cursos são suficientes


para a prática no mercado de trabalho?
Não, porque a prática das Instituições de Ensino sem a prática de mercado não
forma um profissional de moda que deve atender às demandas das empresas e
suprir os anseios do público-alvo/mercado. A teoria é necessária para o
entendimento dos processos de moda e que aliada à prática de mercado forma um
profissional melhor qualificado que somente o que tem a prática de mercado como
conhecimento.

Quais as maiores dificuldades que você encontrou quando começou a estudar/


trabalhar nesta área?
Acredito que não tive dificuldades durante o curso, mas que começaram quando
senti a necessidade de ingressar no mercado de trabalho e aí a aplicação dos
52

conhecimentos aprendidos na Universidade fizeram-se confusos na aplicação


prática e cotidiano das empresas, a lógica de movimento é outra.

O que você acha que as empresas exigem de um profissional que está


iniciando neste mercado?
Experiência. Grande parte das empresas exige experiência de mercado para seu
ingresso nelas, o que dificulta a entrada de novos profissionais que estão buscando
o primeiro contato, ainda no estágio, nas empresas. Muitos empresários da região
não têm a cultura de ensino no estágio por acharem ser ‘perca de tempo’ treinar um
estudante, destinando um dos seus funcionários para auxiliá-lo. O que não deveria
acontecer, pois se há uma melhora na qualificação dos estagiários melhor será a
concorrência na área, no que diz respeito à qualidade do serviço prestado, assim
todos ganhariam.

Descreva quais as etapas no desenvolvimento de uma coleção com base em


sua experiência.
Minha experiência de estágio no momento é no desenvolvimento de acessórios de
moda, mas as etapas aplicadas muito se assemelham com o desenvolvimento de
vestuário: identificação do público-alvo, pesquisa das tendências, análise e
interpretação dessas tendências (cores, formas, materiais) direcionando-as ao
público-alvo da empresa, mix de produtos, desenhos de croquis, desenhos técnicos,
modelagem/graduação e execução das peças.

Quais destas etapas você acredita que necessitam de conhecimento em


costura?
Descrevendo por conhecimento teórico/prático da Universidade e curso técnico,
defendo que as noções de costura sejam extremamente necessárias na fase de
criação dos produtos de vestuário/croquis, pois sem a capacidade de entender como
uma peça de vestuário é executada/costurada o trabalho pode passar por várias
alterações quando na fase de construção da modelagem. Conhecimentos
necessários ainda nas fases de desenhos técnicos e modelagem.

Você tem noções sobre costura?


Sim. Noções de costura em máquina doméstica e industrial e pouca prática nesta.
Consigo identificar os tipos de pontos aplicados em cada peça/acabamento.

Você acredita que é necessário ter noções de costura para criação e


desenvolvimento de uma coleção? Por quê?
Sim. Como descrevi na questão 12, é uma prática que se faz necessária para o
desenvolvimento dos desenhos de croquis. Claro que sem noções de costura seja
possível gerar croquis, porém não haverá um entendimento do que é possível ou
não de acordo com as máquinas disponíveis pela empresa. Um segmento de tecido
plano para um de malha tem processos de costuras diferentes, assim como outros
tipos de tecidos.

Quais os possíveis erros que podem ser cometidos por um profissional da sua
área sem noções de costura?
A costura pode não ser possível com o desenho proposto; a empresa pode não
haver máquinas que executem tais costuras; atraso na produção em
detalhes/acabamentos que poderiam ser simplificados com outras técnicas de
53

costura; perca de material com costuras que não seriam necessárias no local ou que
poderiam ser simplificadas; complexidade na peça devido a costuras em excesso.

Quais funções você acha que um designer de moda é capaz de desenvolver


numa indústria?
Direção criativa (dirigir equipe de designers na criação de produtos), modelista (a
depender da formação), controle de qualidade (a depender da formação), criação de
produtos de moda.
54

APÊNDICE B – Entrevista Sujeito 2

Qual sua idade?


23

Qual seu grau de instrução?


Ensino Superior em andamento (6º período de Design)

Qual sua função?


Designer Gráfico e de Moda

Como você desenvolve esta função, quais as etapas?


Desenvolvimento de ficha técnica no computador através do software Corel,
aplicando todo o conhecimento de moda de acordo com a tendência da estação,
buscando sempre aplicar novidades seja na modelagem, costura ou na matéria-
prima.

Há quanto tempo estuda/ trabalha nesta área?


Há 3 anos estudo Design e há 1 ano trabalho na área gráfico e moda.

Por que decidiu estudar/ trabalhar nesta área?


Primeiro por ser um sonho de criança e sempre ter habilidade em desenvolver
vestuário, desde quando era para bonecas e depois do Ensino Médio estava
convicta que era a área que eu queria estudar e ter um bom emprego, e logo na
metade do curso consegui um vaga de emprego na área que eu sonhava, pois para
mim criar é uma forma de ver o seu imaginário impresso na massa, sendo repetido
naquelas máquinas gigantes e repetitivas, daí quando você vê, mesmo ninguém
sabendo que foi você que criou uma estampa ou modelagem diferente, seu ego lá
dentro fala com você, “Foi você que fez, você o deu vida, sua imaginação foi
concretizada numa peça de roupa” e isso é muito satisfatório

Fez algum curso na área de moda? Por quê?


Atualmente faço curso de Design e minha ênfase é moda além de ter acesso à
vários portais de moda como UseFashion e alguns cursos on-line. Para mim a área
de moda é um leque de possibilidades de atuação, pois o mercado de trabalho é
amplo, não só na área de vestuário como também de acessórios, mobiliário entre
vários outros, pois a moda é um fenômeno que abrange vários tipos de produtos.

Você acredita que os conhecimentos adquiridos nestes cursos são suficientes


para a prática no mercado de trabalho?
Não, por que a faculdade é aquela que te dá impulso, que mostra qual o caminho
que deve ser seguido para alcançar o seu objetivo, abrange mais a parte teórica, às
vezes você aprende de uma forma na faculdade e quando chega ao mercado de
trabalho as coisas funcionam de forma diferente, e isso é muito comum, pois a
prática funciona em ambiente diferente, cenários diferentes, tempos diferentes,
necessidades diferentes, por isso o estágio é tão importante, é uma fase essencial
para entrar no mercado de trabalho.
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Quais as maiores dificuldades que você encontrou quando começou a estudar/


trabalhar nesta área?

Na faculdade a maior dificuldade foi na falta de dominância dos softwares de


programas como Corel, Photoshop. Já no trabalho minha maior dificuldade foi
aplicar modelagens, tecidos comerciáveis e cores entre outros, pois muitas vezes
criava uma tipo de vestuário que era impossível de ser executado/reproduzido para
o público-alvo da empresa, mas conforme o tempo passou, entendi o que podia ou
não ser usado.

O que você acha que as empresas exigem de um profissional que está


iniciando neste mercado?
Um dos principais requisitos importantes é entender o contexto histórico da moda,
pois quando a tendência é Rip, Anos 70 ou Preppies, o profissional de Moda tem a
obrigação de saber o que foi cada um desses movimentos e assim poder aplica-los
com autoridade e dominância. A habilidade em desenho de moda também é
essencial, pois facilita na hora de expor sua ideias nas horas de Brainstorm. O
conhecimento básico nos programas (Corel, Photoshop, Illustrator) que geralmente
são utilizados no mercado de design gráfico e de moda é uma das exigências para
conseguir uma vaga na área.

Descreva quais as etapas no desenvolvimento de uma coleção com base em


sua experiência.
Para desenvolver coleção de acordo com o que vi na faculdade e no meu trabalho
não se diferencia muito, irei descrever as etapas a seguir:
-Faz pesquisa de tendências de acordo com a estação, em sites de moda e
tendências, no Portal Use Fashion (plataforma assinada pela empresa), uso nas
ruas, palestras e fóruns de tendências, é feita uma viajem à São Paulo ou Rio de
Janeiro para pesquisa de produto pronto, tendência, observação de uso e
comportamento do público-alvo da marca.
-Faz um painel inspiracional e coloca de frente ao computador, para ajudar na hora
da criação.
-Escolhe os tecidos que serão usados na coleção.
–Desenvolvem-se os esboços do que será feito na coleção.
-Cria etiquetas e aviamentos para a coleção.
–Pesquisa de imagens e vetores que serão usados nas peças da estação (nos
bancos de imagens; Shutterstock, Freepik, Visual Hunt e google).
-Desenvolvimento de fichas de pré-produção (à mão) das peças, usando papéis A4,
lápis de cor, e outros acessórios necessários, já com os aviamentos q serão usados,
é uma prévia do que será feito no computador na ficha definitiva em ambas as
marcas.
–Desenvolvem-se as peças no computador, criando estampas e sublimações para
as peças que terão as mesmas.
-Montar os looks para fazer a campanha publicitária da Coleção.

Quais destas etapas você acredita que necessitam de conhecimento em


costura?
Nas etapas de esboço e ficha técnica, o designer tem que ter conhecimento das
possibilidades de modelagem e costura que ele pode desenvolver.
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Você tem noções sobre costura?


Tenho, costuro minhas roupas e para clientes nas horas vagas.

Você acredita que é necessário ter noções de costura para criação e


desenvolvimento de uma coleção? Por quê?
Sim, é muito interessante um estilista e designers saber noções de costura por que
se você não tem uma base do que pode se fazer, seja num recorte de como ele vai
ser costurado, se vai ter uma pence, se vai ser rebatido, ou uma costura, acessórios
diferentes entre várias possibilidades que podem ser feita nesse mundo da moda, o
processo criativo é mais produtivo e satisfatório.

Quais os possíveis erros que podem ser cometidos por um profissional da sua
área sem noções de costura?
Muitos, como por exemplo: Criar um recorte impossível de ser feito, além de que na
hora da criação, o raciocínio e ideias fica limitada aquele pouco conhecimento, pois
o profissional não tem muita noção do que pode ser desenvolvido, até mesmo na
hora da representação na ficha técnica, essa falta de entendimento pode dificultar o
trabalho da modelista na hora da interpretação do modelo de roupa.

Quais funções você acha que um designer de moda é capaz de desenvolver


numa indústria?
-Gestor de Qualidade, pois mesmo trabalhando em uma ou duas funções, o
designer trabalha em equipe e muitas vezes, administra o setor, pois ele já sabe de
todas as etapas a serem seguidas e na falta do responsável , pode-se assumir com
tranquilidade.
-Modelista, pois de tantas experiências com as peças pilotos, do que é possível e
impossível, ele desenvolve essa habilidade e pode ser usada em outros
seguimentos (masculino, feminino, infantil) diferentes do que ele trabalha.
-Estilista, pois o mercado proporciona o entendimento de todas as fases de uma
coleção, e com o tempo fica automático todo o processo.
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APÊNDICE C – Entrevista Sujeito 3

Qual sua idade?


23

Qual seu grau de instrução?


Superior incompleto

Qual sua função?


Designer- estilista

Como você desenvolve esta função, quais as etapas?


Desenvolvimento de coleção:
Pesquisa de tendências
Definir tendências e tabela de cores
Definir material
Geração de alternativas
Produção.

Há quanto tempo estuda/ trabalha nesta área?


5 anos de estudo, 4 de trabalho

Por que decidiu estudar/ trabalhar nesta área?


Por que percebi a vocação desde cedo, por ter muita afeição pela área.

Fez algum curso na área de moda? Por quê?


Sim, fiz design e estilo SENAC.
E atualmente estudo design com ênfase em moda na ufpe
Para aperfeiçoar meus conhecimentos e ter mais destaque no mercado

Você acredita que os conhecimentos adquiridos nestes cursos são suficientes


para a prática no mercado de trabalho?
Acredito em partes, sempre é o meio termo, nem tudo que se aprende no curso se
aplica no mercado. Muitas vezes é apenas uma síntese que é aplicada

Quais as maiores dificuldades que você encontrou quando começou a estudar/


trabalhar nesta área?
A exigência por um bom acabamento, e deadlines.

O que você acha que as empresas exigem de um profissional que está


iniciando neste mercado?
Experiência e agilidade na hora de trabalhar.

Descreva quais as etapas no desenvolvimento de uma coleção com base em


sua experiência.
Pesquisa e planejamento
Definir estilo e tendências
Escolha de materiais e cores
Geração de alternativas
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Pilotos
Produção

Quais destas etapas você acredita que necessitam de conhecimento em


costura?
Geração de alternativas, produção de pilotos

Você tem noções sobre costura?


Sim, mediana.

Você acredita que é necessário ter noções de costura para criação e


desenvolvimento de uma coleção? Por quê?
Sim, pois você precisa entender como se é feito mais ou menos o que você criou
para passar a sua ideia de forma clara pra seus colegas de trabalho que irão
produzir a coleção.

Quais os possíveis erros que podem ser cometidos por um profissional da sua
área sem noções de costura?
Peças de ma qualidade, acabamento ruim e etc

Quais funções você acha que um designer de moda é capaz de desenvolver


numa indústria?
Estilista, modelista, diretor criativo, modelista de audaces, gestão de design, dentre
outras;
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APÊNDICE D – Entrevista Sujeito 4

Qual sua idade?


20 anos.

Qual seu grau de instrução?


Graduação incompleta (cursando bacharelado em design / UFPE. CAA/ 4° período)

Qual sua função?


Modelista

Como você desenvolve esta função, quais as etapas?


Recebo o croqui,
Analiso a vestimenta quanto a recortes, caimento e acabamento.
Executo manualmente ou no CAD
É feito a peça piloto para saber de ajustes, caso tenha ajustes é feito.
Encaixo
Imprimo o encaixe
Entrego para o setor do corte, para ser posto em série a peça.

Há quanto tempo estuda/ trabalha nesta área?


5anos

Por que decidiu estudar/ trabalhar nesta área?


Minha mãe trabalha com costura desde que nasci, e foi por ela que me encaixei
nesta área.

Fez algum curso na área de moda? Por quê?


SENAI - técnico em vestuário e ITEP - modelagem do vestuário

Você acredita que os conhecimentos adquiridos nestes cursos são suficientes


para a prática no mercado de trabalho?
Não.

Quais as maiores dificuldades que você encontrou quando começou a estudar/


trabalhar nesta área?
Os termos técnicos.

O que você acha que as empresas exigem de um profissional que está


iniciando neste mercado?
Atenção, disposição, saber ouvir, ter noção básica da área e procurar se
especializar.

Descreva quais as etapas no desenvolvimento de uma coleção com base em


sua experiência.
Pesquisa
Desenvolvimento
Ficha de criação
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Modelagem
Pilotagem
Ficha técnica
Cronoanálise
Fechamento da coleção
Catálogo
Distribuição dos catálogos e expor a coleção.

Quais destas etapas você acredita que necessitam de conhecimento em


costura?
Pesquisa
Desenvolvimento
Ficha de criação
Modelagem
Pilotagem
Filha técnica
Cronoanálise

Você tem noções sobre costura?


Sim

Você acredita que é necessário ter noções de costura para criação e


desenvolvimento de uma coleção? Por quê?
Sim, porque sem este conhecimento básico terá mais erros na modelagem e
pilotagem, assim a coleção ficará mais longa.

Quais os possíveis erros que podem ser cometidos por um profissional da sua
área sem noções de costura?
Sem margem a modelagem ficará incompleta, e diminuirá de tamanho na produção
ao ser costurado, assim saindo do padrão da grade da empresa.
As partes podem não bater (ser do mesmo tamanho), dependendo do acabamento.

Quais funções você acha que um designer de moda é capaz de desenvolver


numa indústria?
Todas, já que temos uma noção geral do que é necessário para a empresa, mas
algumas funções como administração e financeiro não serão tão bem executados
em comparação ao um profissional que já é da área, mas criação, modelagem,
pilotagem, ficha técnica e toda a parte produtiva, marketing e gráfica o designer
conseguirá executar.
61

APÊNDICE E – Entrevista Sujeito 5

Qual sua idade?


28

Qual seu grau de instrução?


Superior incompleto.

Qual sua função?


Designer de moda.

Como você desenvolve esta função, quais as etapas?


Pesquisa de público, pesquisa de tendências, desenvolvimento de coleção, pesquisa
de materiais, modelagem dos modelos, produção da peça piloto e produção das
peças.

Há quanto tempo estuda/ trabalha nesta área?


3 anos e meio.

Por que decidiu estudar/ trabalhar nesta área?


Por paixão.

Fez algum curso na área de moda? Por quê?


Curso Design de moda para aperfeiçoar o que eu tenho vontade de seguir
profissionalmente.

Você acredita que os conhecimentos adquiridos nestes cursos são suficientes


para a prática no mercado de trabalho?
Com certeza, o curso de Design é o diferencial, pois concede uma visão mais ampla
da área.

Quais as maiores dificuldades que você encontrou quando começou a estudar/


trabalhar nesta área?
O curso devia oferecer mais disciplinas que ao meu vê seria necessário para
capacitar ainda mais os alunos. Outro ponto é que a indústria e o mercado local não
oferecem muitas oportunidades.

O que você acha que as empresas exigem de um profissional que está


iniciando neste mercado?
Não tenho ideia, pois nunca tive experiência no mercado.

Descreva quais as etapas no desenvolvimento de uma coleção com base em


sua experiência.
Pesquisa de público, pesquisa de tendências, desenvolvimento de coleção, pesquisa
de materiais, modelagem dos modelos, produção da peça piloto e produção das
peças.

Quais destas etapas você acredita que necessitam de conhecimento em


costura?
62

Desenvolvimento de coleção, pesquisa de materiais, modelagem dos modelos,


produção da peça piloto e produção das peças.

Você tem noções sobre costura?


Sim.

Você acredita que é necessário ter noções de costura para criação e


desenvolvimento de uma coleção? Por quê?
Sim, acredito. É muito importante para um designer de moda ter noções de costura,
pois estas auxiliarão na criação dos modelos de forma que ao chegar na etapa da
costura possíveis erros serão evitados.

Quais os possíveis erros que podem ser cometidos por um profissional da sua
área sem noções de costura?
Criação de modelos impossíveis de usar, ou pela falta de uma abertura, ou a
ausência de pences deixando a modelagem desajustada, enfim.

Quais funções você acha que um designer de moda é capaz de desenvolver


numa indústria?
O designer de moda é o profissional que usa seus conhecimentos para criação de
coleção de moda seja de roupas ou acessórios a partir de conceitos, tendências,
embasamentos científicos e muita técnica. O designer de moda também precisa lidar
com o mercado e com a marca a ser atribuída às peças confeccionadas como
também fornece material que será usado na produção das peças.
63

APÊNDICE F – Entrevista Sujeito 6


Qual sua idade?
24 anos

Qual seu grau de instrução?


Superior cursando

Qual sua função?


Criador (faz tudo no momento).

Como você desenvolve esta função, quais as etapas?


Pesquiso, desenvolvo croquis, modelos, crio modelagem, protótipo, piloto e depois
crio a peça final.

Há quanto tempo estuda/ trabalha nesta área?


7 anos (curso técnico e universidade)

Por que decidiu estudar/ trabalhar nesta área?


Interesse desde a infância

Fez algum curso na área de moda? Por quê?


Sim, fiz técnico em modelagem no ITEP, styling e vitrine de moda no SENAC. Para
ter qualificação profissional.

Você acredita que os conhecimentos adquiridos nestes cursos são suficientes


para a prática no mercado de trabalho?
Não, a universidade pensa muito na academia e deixa o mercado em segundo
plano. Deixando a par do estudante ou futuro profissional aprender sozinho, onde
em alguns momentos requer um conhecimento, ou capacitação de um conhecedor
do assunto. Na universidade não aprende a usar as maquinas que usaria na
indústria e pede para simular costuras que seriam feitas industrialmente numa ficha
de produção. Modelagem gráfica os alunos desconhecem, onde para um modelista
e para uma empresa de grande porte é essencial, viabiliza custos e tempo.

Quais as maiores dificuldades que você encontrou quando começou a estudar/


trabalhar nesta área?
O que seria mais ‘importante’ nos cursos que fiz foi deixando a segundo plano, como
modelagem gráfica, computação gráfica, modelagem básica, quase todos os cursos
básicos, o que deixa o profissional futuro e aluno, tendo a sensação de incapacidade
de realizar.

O que você acha que as empresas exigem de um profissional que está


iniciando neste mercado?
Conhecimento prático da área que vai ser trabalhada.

Descreva quais as etapas no desenvolvimento de uma coleção com base em


sua experiência.
Pesquisa (delimitar tema, tendência, cores, tecido, matéria prima), desenhos
(ilustração ou gráfica), modelagem, piloto, protótipo e finalização.
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Quais destas etapas você acredita que necessitam de conhecimento em


costura?
Modelagem, piloto e protótipo (essencialmente)

Você tem noções sobre costura?


Sim

Você acredita que é necessário ter noções de costura para criação e


desenvolvimento de uma coleção? Por quê?
É bom ter o conhecimento nessa área sim, para poder saber o que está sendo
construído, como está sendo e qual melhor técnica de costura pode ser mais bem
aplicado no tipo de produto desejado.

Quais os possíveis erros que podem ser cometidos por um profissional da sua
área sem noções de costura?
Imaginar algo que possa ser inviável, o produto ficar estacionado, esperando ser
construído, para avaliar modelagem, construção de peça piloto, pois falta
conhecimento.

Quais funções você acha que um designer de moda é capaz de desenvolver


numa indústria?
Diversas, o designer pode ser pilotista, modelista, criador, consultor, ...
65

APÊNDICE G – Entrevista Sujeito 7

Qual sua idade?


28 anos

Qual seu grau de instrução?


2 grau completo

Qual sua função?


Modelista

Como você desenvolve esta função, quais as etapas?


Crio a base depois adapto ao modelo

Há quanto tempo estuda/ trabalha nesta área?


Há 10 anos

Por que decidiu estudar/ trabalhar nesta área?


Sempre tive interesse, ai fiz um curso e quis exercer a função

Fez algum curso na área de moda? Por quê?


Sim, fiz técnico em vestuário e Produção de Moda no SENAI. Para me preparar para
o mercado de trabalho, entrar com um pouco de conhecimento.

Você acredita que os conhecimentos adquiridos nestes cursos são suficientes


para a prática no mercado de trabalho?
Acho que não, pois as matérias são estudadas o básico do básico.

Quais as maiores dificuldades que você encontrou quando começou a estudar/


trabalhar nesta área?
As dificuldades foi que no curso aprendi as coisas muito superficiais e quando fui
colocar em pratica o que aprendi vi que muitas coisas não funcionam na prática.

O que você acha que as empresas exigem de um profissional que está


iniciando neste mercado?
Acho que algumas empresas exige muito de quem esta apenas começando

Descreva quais as etapas no desenvolvimento de uma coleção com base em


sua experiência.
Escolher tema
Pesquisa sobre o que se enquadra dentro do tema
Pesquisa tecido, aviamentos e lavanderia.
Desenvolver coleção (desenhos)
Fazer modelagem
Fazer pilotagem
Fazer prova
Fazer divulgação
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Quais destas etapas você acredita que necessitam de conhecimento em


costura?
na hora de desenvolver os desenhos, na modelagem e na pilotagem.

Você tem noções sobre costura?


Sim

Você acredita que é necessário ter noções de costura para criação e


desenvolvimento de uma coleção? Por quê?
Sim, porque tem que saber se o que vai ser desenhando tem como ser produzido,
não só em uma peça mais também em alta quantidade.

Quais os possíveis erros que podem ser cometidos por um profissional da sua
área sem noções de costura?
Fazer recortes sem margem de costura certa
Fazer recortes que não sejam possíveis de ser costurados

Quais funções você acha que um designer de moda é capaz de desenvolver


numa indústria?
Modelagem
Desenhos
Bordados
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APÊNDICE H – Entrevista Sujeito 8

Qual sua idade?


27

Qual seu grau de instrução?


Superior incompleto

Qual sua função?


Designer de moda/ gráfico

Como você desenvolve esta função, quais as etapas?


Faço pesquisa de tendências de acordo com o publico alvo da marca, pesquisa de
tecidos, aviamentos estampas e etc.
Faço a criação das peças incluindo estampas pra camisas e bermudas.
Trabalho na produção de moda dos editoriais de divulgação da coleção.

Há quanto tempo estuda/ trabalha nesta área?


Há uns 6 anos informalmente e 2 anos em uma empresa privada

Por que decidiu estudar/ trabalhar nesta área?


Sempre gostei muito de moda, adorava fazer editoriais mesmo que informais na
minha cidade, percebi que tinha criatividade pra isso e resolvi investir.

Fez algum curso na área de moda? Por quê?


Fiz um curso técnico de Produção de moda no SENAI

Você acredita que os conhecimentos adquiridos nestes cursos são suficientes


para a prática no mercado de trabalho?
Eu acreditava antes de entrar no mercado de trabalho, quando entrei tive a
sensação de que não sabia de nada, achei a prática das empresas muito diferente
do que é ensinado nesses cursos, é uma base, mas não é suficiente.

Quais as maiores dificuldades que você encontrou quando começou a estudar/


trabalhar nesta área?
Acho que a parte mais técnica, o que é praticado na industria que não é visto nos
cursos, como maquinário, fornecedores, aviamentos, técnicas de acabamento,
lavanderia ,etc...

O que você acha que as empresas exigem de um profissional que está


iniciando neste mercado?
Na maioria das vezes eles preferem que a pessoa já tenha experiência para o
trabalho sair mais rápido e comprometimento.

Descreva quais as etapas no desenvolvimento de uma coleção com base em


sua experiência.
Bom, primeiro temos que entender o perfil de cliente da marca, para depois começar
as pesquisas de possíveis tendências, depois começa a criação, elaboração de
68

modelagens, desenvolvimento de peças piloto, escolha de lavanderia e aviamentos,


aprovação de modelos, para enfim produzir em grande escala.

Quais destas etapas você acredita que necessitam de conhecimento em


costura?
Creio que a parte prática da criação, como os desenhos, a modelagem e a própria
produção da peça piloto.

Você tem noções sobre costura?


Sim.

Você acredita que é necessário ter noções de costura para criação e


desenvolvimento de uma coleção? Por quê?
Sim, muitas vezes imaginamos algo que é impossível de ser reproduzido, ou inviável
para aquele tipo de tecido ou produção, então saber como as coisas são feitas ajuda
muito até pra ganhar tempo mesmo.

Quais os possíveis erros que podem ser cometidos por um profissional da sua
área sem noções de costura?
Pra quem cria desenhos pode desenvolver desenhos que não sejam possíveis de
reproduzir, para quem cria modelagens os cortes podem sair com margens
incorretas, ou acabamentos errados e pra quem costura pode haver erros que
acabem prejudicando a qualidade da peça.

Quais funções você acha que um designer de moda é capaz de desenvolver


numa indústria?
Podemos ser pesquisadores de tendências, estilistas, designer têxtil, modelistas, e
pilotistas.

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