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Americana, SP
2021
Faculdade de Tecnologia de Americana “Ministro Ralph Biasi”
Curso Superior de Tecnologia em Têxtil e Moda
Americana, SP
2021
NORMALIZAÇÃO DO DESENHO TÉCNICO DE MODA
Bases orientativas para a criatividade
Banca Examinadora:
__________________________________
Maria Adelina Pereira (Presidente)
Mestre
FATEC Americana
__________________________________
Nancy de Palma Moretti (Membro)
Doutora
FATEC Americana
__________________________________
Patricia Dinis (Membro)
Especialista
SENAI CETIQT
AGRADECIMENTOS
À toda minha família, principalmente aos meus pais, Izabel Garcia e João
Carlos Martins, que sempre me incentivaram nesse sonho de criança, que me
ensinaram a não desistir dos meus objetivos e sempre lutaram comigo para que eles
se realizassem da melhor maneira possível.
À minha querida tia, Aparecida Tossi, que abriu as portas da sua casa e do seu
coração para que eu pudesse ter o conforto e o suporte necessário durante meus
estudos, que sempre me ofereceu apoio e carinho para que essa caminhada fosse
mais leve e feliz.
E aos diversos profissionais que passaram por mim deixando um incentivo para
essa minha caminhada.
This study aims to approach about garment technical drawing, starting from the issue
of its reading and interpretation. Working on the basis of a reference, it seeks to
demonstrate the importance of this tool in the communication between different sectors
and professionals from the apparel industry, to comprehend the concepts and
fundamentals used in the graphic representation of fashion technical drawing in terms
of body, lines and visual context usage, which concerns how the clothing is understood
on drawing, its views, movement, fabrics trim and pieces details, with a view to its
standardization. It may be classified as applied, qualitative and exploratory research.
The field of this study is delimited by professionals who work in educational institutions
and manufacturing, having contact with fashion technical drawing in the city of
Americana, central-west region of the state of São Paulo. As a result, a technical
standard is proposed on the main terms and definitions used in the fashion technical
drawing and given an opening for new studies and definitions of guidelines for the use
of this tool.
®: Marca registrada.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................14
1.1 METODOLOGIA..........................................................................................16
1.2 OBJETIVOS................................................................................................17
1.2.1 Objetivo geral.............................................................................................17
1.2.2 Objetivos específicos................................................................................17
2 DESENHO TÉCNICO DE MODA................................................................18
2.1 BREVE HISTÓRICO DO DESENHO..........................................................18
2.2 DESENHO ARTÍSTICO E TÉCNICO..........................................................19
2.2.1 Desenho artístico......................................................................................20
2.2.2 Desenho técnico........................................................................................21
2.3 APLICAÇÃO DO DESENHO TÉCNICO DE MODA PARA A
FABRICAÇÃO.............................................................................................25
2.3.1 Construção do desenho técnico de vestuário........................................26
2.3.1.1 Quanto ao corpo.........................................................................................26
2.3.1.2 Quanto as linhas..........................................................................................31
2.3.1.3 Quanto ao contexto visual...........................................................................36
3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..........................43
3.1 RESULTADOS............................................................................................44
4 NORMALIZAÇÃO DO DESENHO TÉCNICO DE MODA...........................52
4.1 SOBRE A ABNT..........................................................................................52
4.2 DESENVOLVIMENTO DE NORMAS NA ABNT.........................................53
4.3 COMISSÃO DE ESTUDO DE TERMINOLOGIA E SIMBOLOGIA DO CB-
017...............................................................................................................55
4.4 PROJETO DE NORMA DE DESENHO TÉCNICO DE MODA...................56
4.4.1 Objetivo......................................................................................................56
4.4.2 Definições..................................................................................................56
4.4.3 Quanto ao aspecto geométrico................................................................56
4.4.3.1 Desenho projetivo (desenho técnico)..........................................................56
4.4.3.2 Desenho não projetivo.................................................................................56
4.4.3.2.1 Diagrama (modelagem)...............................................................................56
4.4.3.2.2 Fluxograma (sequência operacional)..........................................................57
4.4.3.2.3 Organograma..............................................................................................58
4.4.3.2.4 Cronograma.................................................................................................59
4.4.3.2.5 Layout..........................................................................................................60
4.4.3.2.6 Gráfico.........................................................................................................60
4.4.4 Quanto ao grau de elaboração.................................................................61
4.4.4.1 Esboço/esquema.........................................................................................61
4.4.4.2 Desenho preliminar......................................................................................61
4.4.4.3 Croqui...........................................................................................................62
4.4.4.4 Desenho técnico...........................................................................................62
4.4.5 Quanto ao grau de pormenorização.........................................................63
4.4.5.1 Desenho de componente/aviamentos..........................................................63
4.4.5.2 Desenho de conjunto....................................................................................63
4.4.5.3 Detalhe.........................................................................................................64
4.4.6 Quanto a técnica de execução..................................................................65
4.4.6.1 Desenho técnico à mão livre........................................................................65
4.4.6.2 Desenho técnico por meios digitais..............................................................65
4.4.7 Quanto ao modo de obtenção...................................................................66
4.4.7.1 Original.........................................................................................................66
4.4.7.2 Reprodução..................................................................................................66
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................67
REFERÊNCIAS..........................................................................................................68
APÊNDICE A – Formulário de pesquisa sobre desenho técnico de moda.........71
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 METODOLOGIA
1.2 OBJETIVOS
técnico de moda, que tem por finalidade comunicar de maneira sucinta ao profissional
de modelagem as informações necessárias para a construção da peça (SUONO,
2011).
pois ele impulsionou a maneira que era feita a representação gráfica, sendo possível
até mesmo afirmar que ele, de fato, abriu caminho para o desenvolvimento do
desenho técnico moderno. Em suas diversas obras é possível ver a proporcionalidade,
o rigor e o detalhamento dos elementos que ele fazia uso para expressar suas ideias
(MARQUES, 2015; MARQUES; SOUTO; FLORES, 2017).
Ainda assim, nesse momento não havia conhecimentos sistematizados acerca
dos métodos de representação desses desenhos técnicos, isso só ocorreu no século
XVIII com o matemático e engenheiro militar francês, Gaspard Monge (1746-1818),
que sintetizou os dispersos conhecimentos introduzidos pelos artistas do
Renascimento e os apresentou de maneira rigorosa e sistematizada no método da
Geometria Descritiva, que trata de como representar objetos de três dimensões em
um plano bidimensional (MARQUES; SOUTO; FLORES, 2017; SERRA, 2013).
No século XIX o desenho passou a ser visto como uma técnica válida por si
mesma, não como uma base para a aplicação de outra técnica como a pintura, ao
mesmo tempo com o grande surto de desenvolvimento industrial o desenho ganhou
valor ligado à racionalidade e a ideia de projeto (GODOY, 2013).
Na moda, o desenho técnico segue com sua função de ser referência para a
fabricação dos produtos. Esse tipo de desenho, diferente do artístico, não permite que
exista graus de liberdade na forma com que é representado e interpretado, e nem
necessita de resumos ou conhecimento prévio sobre o criador. O desenho técnico é
um meio de comunicação claro e conciso, devendo, por isso, ser realizado de modo
rigoroso e completo, representando o produto o mais próximo possível da realidade,
no que diz respeito às suas dimensões, formas e especificações físicas e técnicas.
Esse desenho deve conter todos os detalhes que compõem a peça, tais como
recortes, pespontos, costuras, forros, bolsos internos, aviamentos entre outros
(ARANTES, 2018; HATADANI; MENEZES, 2011; MARQUES; SOUTO; FLORES,
2017).
Segundo Hatadani e Menezes (2011), o desenho técnico na indústria de
confecção também pode receber outros nomes, como “desenho planificado”,
“desenho de especificação”, “desenho bidimensional” ou “desenho esquemático”,
sendo em todos eles representados suas formas, dimensões e possuindo a
preocupação com o detalhamento do produto em suas minúcias.
Montemezzo (2003) apresenta uma proposta metodológica sobre o percurso
do desenvolvimento do produto de moda/vestuário (FIGURA 1), do qual o desenho
técnico está presente na etapa de Avaliação e Elaboração, mais especificamente após
o desenvolvimento dos esboços e antes da modelagem, sendo denominado como
ação de Detalhamento de Configuração.
Devido onde se encontra a etapa de desenvolvimento do desenho técnico,
observamos a necessidade de uma correta construção dessa representação, pois ele
será repassado ao modelista e pilotista que deverão por meio dessas informações
materializar a peça (HATADANI; MENEZES, 2011). Segundo Lodi (2013, p. 27) isso
“[...] mostra a importância do desenho técnico no processo de concepção,
desenvolvimento e produção/fabricação em série de produtos do vestuário.”
24
Fonte: ABNT
Puls (2007 apud LODI, 2013) apresenta uma adaptação dessa norma para o
seu uso na moda (FIGURA 6), onde mostra os dois tipos de linhas mais utilizados em
desenhos técnicos de vestuário, a linha contínua que representa contorno e detalhes
da peça e a linha pontilhada que representa as costuras aparentes, como pespontos
e bainhas, podendo ser retas ou em forma de ziguezague.
33
Lodi (2013) ressalta que é preciso dar atenção ao uso de dois tipos de
pespontos, que aparecem na norma da ABNT e na proposta de Puls (2007), pois,
segundo ela, a utilização desses elementos limitados e repetitivos para representação
gráfica, gera dúvidas no desenvolvimento do desenho técnico e em sua interpretação.
A autora aconselha que seja adotado o uso de, somente, um tamanho de linha
tracejada, pois o uso de duas espessuras em desenhos que são geralmente pequenos
pode passar despercebidos ou não ser entendidos corretamente. Ela acrescenta que
seja indicado textualmente a quantidade de pontos por centímetro, responsável por
determinar o tamanho do pesponto, garantindo, assim, o entendimento correto do
acabamento da peça (LODI, 2013).
Sophie (2014) no site da Audaces, apresenta informações sobre a construção
do desenho técnico de vestuário utilizando o software Audaces Idea, aconselhando
que seja utilizado espessuras de linhas de 0,25mm para os contornos externos e
0,15mm para as linhas internas e detalhamentos, além do uso de linha de 0,05mm
para detalhes ainda menores como franzidos.
Quanto a isso, Lodi (2013) diz que o correto é que a linha seja visível no
desenho impresso, por isso a espessura deve ser testada e pode variar de tamanho.
Ela traz uma comparação de desenho técnico realizado com espessuras diferentes,
0,25mm à esquerda e 0,50mm à direita (FIGURA 7).
34
É possível notar que a imagem da direita possui os traços mais visíveis na tela
do computador, no entanto é preciso escolher uma representação após os testes de
impressão.
A autora Lodi (2013, p. 109) traz mais uma reflexão sobre o uso das linhas, ela
afirma que o uso de uma base em escala, como já apresentado nessa pesquisa, seja
ela realizada manualmente ou em softwares nem sempre dá origem a um desenho
com as medidas corretas, uma vez que a largura da linha e sua posição “[...]
corresponde muitas vezes a um ou dois centímetros na escala 1:10, o que pode mudar
o tamanho da peça.”, tornando, dessa maneira, o mais importante na representação
gráfica do desenho técnico é a atenção sobre as proporções da peça e a indicação
das medidas principais.
Mais um aspecto do uso de linhas, em analogia a representação gráfica
mecânica para uso na moda, são as linhas de cotas. As cotas são utilizadas para
indicar medidas da peça (HATADANI; MENEZES, 2011).
O uso desse elemento, assim como os demais apresentados, possui grande
divergência nas opiniões. Suono (2007) diz que esse elemento deve ser utilizado de
maneira cuidadosa para que não polua o desenho com marcações desnecessárias,
por isso deve ser analisado quais os lugares pertinentes para o uso das cotas, sempre
colocando-se no lugar da modelista que irá interpretar o desenho técnico. É possível
ver um exemplo do uso das linhas de cotas na Figura 8.
35
Lodi (2013) ressalta que não há uma uniformidade no tratamento das cotas,
pois são utilizados tipos diferentes de traços e terminações para informações
semelhantes, como linhas de cotas na horizontal e na vertical, além do seu uso dentro
e fora do desenho técnico. A autora destaca que a utilização das cotas dentro do
desenho pode gerar problemas de interpretação, já que essas linhas podem ser
confundidas com as linhas do modelo apresentado, além de poluir visualmente o
desenho com excesso de informações.
É importante realçar que nem todas as informações devem ser apresentadas
por meio do desenho, já que o desenho técnico de vestuário é utilizado na ficha
técnica, documento onde, além de conter informações gráficas e informações escritas
que contribuem para o melhor entendimento do produto, possuem também tabela de
medidas, fazendo com que as cotas tenham seu uso questionado quanto a real
necessidade (LODI, 2013; SUONO, 2011).
36
Lodi (2013) explica que apesar da blusa realizada no modelo apresentado por
Leite e Velloso, a base planificada, parecer distorcido, ele mostra o desenho real, pois
não apresenta volume. Já o desenho em base volumétrica, por mais que apresente
um aspecto mais agradável não terá como produto final uma peça em escala e com
as medidas reais da peça de vestuário.
Ela acrescenta que a escolha da base a ser utilizada, planificada ou
volumétrica, depende do contexto e das necessidades de cada empresa. Dando
atenção quanto ao uso da base volumétrica não apresentar distorções e
alongamentos como, normalmente, é feito nos croquis de estilo, assim é mantido as
proporções das medidas garantindo melhor interpretação do desenho (LODI, 2013).
Ainda quanto ao contexto visual, Suono (2007) diz que apesar das autoras Leite
e Velloso (2013) afirmarem que o desenho técnico deve ser representado como se a
peça estivesse esticada sobre uma superfície, isso só acontece na peça vista de frente
e de costas, pois quando é representada suas laterais é possível notar que o modelo
acaba sendo construído como se estivesse assentado sobre o corpo, ou seja,
possuindo volume. Exemplos disso ocorrem nas representações da jaqueta (FIGURA
10) e da calça jeans (FIGURA 11) elaboradas pelas autoras (2013).
38
Fonte: Leite e Velloso (2013, p. 88); Jones (2005, p. 94 apud SUONO, 2011)
40
É importante ressaltar que o uso de artifícios como esse não deve ser usado
em exagero, pois podem comprometer o objetivo de comunicação clara do desenho
técnico (SUONO, 2007).
Outro relevante elemento no contexto visual do desenho, é o detalhamento
dessa representação. Normalmente, os profissionais desenvolvem os detalhes da
peça apenas na parte externa, mas há situações em que é necessária a representação
41
Para que ocorra uma comunicação clara por meio do desenho técnico de
vestuário, é necessário que esse desenho vá além da representação geral da peça.
Detalhes e informações minuciosas são importantes e devem estar contidas nesse
desenho, mas é preciso procurar usar uma linguagem clara para representá-los, de
maneira a utilizar dos elementos aqui apresentados para que contribuam nessa
comunicação e não ocorra o contrário, atrapalharem a interpretação da peça a ser
desenvolvida ao poluir o desenho técnico com informações exageradas.
As analogias e elementos apresentados para serem adotados pelos
profissionais responsáveis pelo desenvolvimento do desenho técnico do vestuário,
mostram uma contribuição significativa, mas é importante lembrar que nem todas as
42
Isso mostra que ainda há longo caminho a percorrer para estabelecer uma
linguagem unificada quanto a essa representação, assim como existe em outras
áreas, no entanto abrir espaço para essas discussões já é um grande passo rumo a
busca dessa padronização. É de extrema importância que seja desenvolvido diretrizes
por meio da ciência, para que sejam utilizados como bases concretas para o ensino e
desenvolvimento dos desenhos técnicos de vestuário.
43
3.1 RESULTADOS
D Software
E Software
F Papel e software
G Papel
H Papel e software
I Papel e software
J Papel
Fonte: Elaborado pela autora
No entanto, o uso do papel para essa realização também não fica para trás, ele
aparece de modo considerável nas respostas, mostrando ser um meio acessível e
eficaz. O desenho realizado de maneira manual sem o uso de ferramentas digitais é
determinante para estruturar os conhecimentos da representação gráfica, sem uma
boa base de conceitos, fundamentos e padrões, o desenvolvimento e interpretação
do desenho técnico em softwares será comprometido.
Suono (2007) diz que com o crescente uso dos recursos e tecnologias
computacionais para a realização dos desenhos, é necessário que bases sejam
estabelecidas, mesmo que, inicialmente, isso gere ainda mais confusão nas
interpretações, no entanto é preferível que isso aconteça o quanto antes, “[...] pois
assim reformulações dos conceitos de construção do desenho técnico do vestuário
podem ser corrigidas mais cedo, proporcionando posteriormente uma extensão mais
adequada junto aos avanços tecnológicos existentes.” (SUONO, 2007, p. 115).
Foi também questionado aos entrevistados sobre quais softwares eles fazem
uso. No Brasil, um importante programa de computador, específico para a área de
46
moda, que pode ser citado é o Audaces Idea, programa de desenho vetorial que
permite a criação de desenhos de moda e fichas técnicas, outro importante software
específico é o Kaledo, da empresa Lectra atuante no mercado desde 1973, ambos
oferecem ferramentas para a concepção, desenvolvimento e produção de produtos
em série (LODI, 2013).
Quanto as respostas dos entrevistados (QUADRO 3), é notável que todos
utilizam de programas não específicos para o setor de moda. Sendo o caso de
utilizarem, principalmente, o programa CorelDRAW®. Apesar de não ter sido criado,
especificamente, para essa área, é possui utilizar seus recursos para criar desenhos
de moda, fichas técnicas, ilustrações, estampas e catálogos. Além desse, destaca-se
nas respostas o uso do Adobe Illustrator®, outro programa de desenho vetorial (LODI,
2013).
D Illustrator
E CorelDRAW
F CorelDRAW
G -
H Illustrator
I CorelDRAW
J -
Fonte: Elaborado pela autora
E -
F 0,5 contorno, 0,25 ou 0,35 recortes, 0,2 pespontos
G -
Duas espessuras de linhas, mais grossa para
H contorno e a mais fina para detalhes
Linhas grossa e fina, linha continua e pontilhada
I para costuras
J Caneta técnica grossa e fina
Fonte: Elaborado pela autora
D Não
E Não
F Alguns foram
G Não
H Não
I Não
J Alguns foram
Fonte: Elaborado pela autora
Quando questionados sobre esses padrões terem sido ou não criados por eles
próprios (QUADRO 6) as respostas se dividem. A participante “A” afirma que sim e
que isso se deu por falta de referências que auxiliem em como realizar corretamente
essas representações. As respostas sobre onde aprenderam esses padrões
(QUADRO 7), o ambiente acadêmico e cursos são os que mais aparecem.
D Faculdade
E -
F Livros e sites
G -
H Em cursos online e pesquisas em livros
I Faculdade, cursos e livros
J Em cursos e pesquisas em livros
Fonte: Elaborado pela autora
Engler (2013 apud LODI, 2013, p. 106) diz que “[...] quem aprende desenho
técnico deveria ter essa consciência, de que deve ser padronizada a comunicação,
50
sem um padrão rígido, mas que quando o aluno, por exemplo, chega na indústria ele
consiga influenciar entre setores e padronizar a informação para evitar erros.”, ele
ainda acrescenta que “[...] se houvesse uma preparação acadêmica no sentido de não
ser rígido, mas saber padronizar, atingir os objetivos com qualidade, então seria talvez
mais efetivo”. Isso novamente nos leva ao que já foi dito, sobre a necessidade de se
estabelecer bases unificadas para que possam ser ensinadas nesse ambiente
garantindo que, posteriormente, sejam aplicadas corretamente na indústria por esses
futuros profissionais.
Por último, foi questionado aos entrevistados sobre quais suas considerações
acerca da representação do desenho técnico (QUADRO 8).
Segundo Cunha (2008 apud MARQUES; SOUTO; FLORES, 2017, p. 25), ‘[...]
normalizar consiste em definir, unificar e simplificar tanto os produtos, como os
elementos que se empregam para os produzir, através de documentos denominados
normas.”
A normalização tem função de oferecer ordem ao caos de informações,
terminologias, modelos, tipos e tamanhos de produtos ou serviços, visando obter um
documento público que não pode privilegiar produtos nem serviços exclusivos ou
patenteados (MANOEL, 2016).
As normas referem-se a documentos escritos e aprovados pelos organismos
competentes, podendo ser nacionais ou internacionais, que contenham prescrições
técnicas elaboradas com conhecimentos científicos e tecnológicos. Quanto ao
desenho técnico, a norma diz respeito as regras e recomendações que devem ser
cumpridas na realização e na interpretação de desenhos técnicos (MARQUES;
SOUTO; FLORES, 2017).
O processo de elaboração de normas na ABNT parte de uma demanda, ou
seja, da necessidade de que sejam estabelecidos critérios para que se execute
determinada tarefa ou processo, que pode ser apresentada à ABNT por qualquer
pessoa, entidade, empresa ou organismo regulamentador. A pertinência dessa
solicitação é analisada e, se viável, é levada ao Comitê Técnico correspondente para
que seja inserido em seu Programa de Normalização Setorial (PNS). Caso não exista
um comitê relacionado ao assunto da demanda, é proposto que se crie um novo
Comitê Técnico, que pode ser um Comitê Brasileiro, um Organismo de Normalização
Setorial ou uma Comissão de Estudo Especial (FREITAS, 2020; OLIVEIRA, 2018).
A partir daí, o assunto em questão é amplamente deliberado pelas Comissões
de Estudos, permitindo que qualquer indivíduo com interesse possa participar. A
discussão é realizada até que se chegue a um consenso, partindo para a próxima
54
etapa que é o Projeto de Norma, do qual será editorado e receberá a sigla ABNT NBR
seguindo pela numeração sequencial respectiva (FREITAS, 2020; OLIVEIRA, 2018).
Após a editoração, o Projeto é encaminhado à Consulta Pública onde qualquer
pessoa pode ter acesso e realizar considerações sobre o assunto tratado, baseando-
se, evidentemente, em conhecimentos técnicos. A importância dessa discussão
aberta são as diferentes visões que se pode ter sobre o assunto antes que esse
projeto seja, de fato, aprovado. Os comentários realizados na Consulta Pública são
todos respondidos pela Comissão de Estudo responsável e todos os interessados que
se manifestaram durante esse processo são convidados a participar da reunião, a fim
de deliberarem, por consenso, se este Projeto de Norma deve ser aprovado como
Documento Técnico ABNT. Por fim, todos os apontamentos aceitos são consolidados
no Projeto de Norma, que é homologado e publicado como Documento Técnico da
ABNT, estando disponível no sítio oficial (FREITAS, 2020; OLIVEIRA, 2018). É
possível visualizar esse processo na Figura 15.
4.4.1 Objetivo
4.4.2 Definições
Fonte: UDESC
FIGURA 17 – Fluxograma
Fonte: UDESC
4.4.3.5 Organograma
FIGURA 18 – Organograma
4.4.3.6 Cronograma
FIGURA 19 – Cronograma
Fonte: EEEP
60
4.4.3.7 Layout
FIGURA 20 – Layout
4.4.3.8 Gráfico
4.4.4.1 Esboço/esquema
4.4.4.3 Croqui
FIGURA 23 – Croqui
4.4.5.3 Detalhe
Desenho executado com lápis, tinta, giz, carvão, nanquim ou outro material
adequado. Para desenho técnico limita-se ao uso de materiais em P&B.
4.4.7.1 Original
4.4.7.2 Reprodução
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Procedimentos
metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa
bibliográfica. Revista Katálysis, v. 10, p. 37-45, 2007.