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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADEMICO DO AGRESTE


NUCLEO DE DESIGN
CURSO DE DESIGN

LÍVIA MACIEL DE ARAUJO

COLEÇÃO SYNERGÍA
ESTUDO DE NOVOS MATERIAIS DE DESCARTE TECNOLÓGICO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE JOIAS CONTEMPORÂNEAS

CARUARU
2017
LÍVIA MACIEL DE ARAUJO

COLEÇÃO SYNERGÍA:
ESTUDO DE NOVOS MATERIAIS DE DESCARTE TECNOLÓGICO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE JOIAS CONTEMPORÂNEAS

Monografia apresentada à Universidade Federal


de Pernambuco — Centro Acadêmico do Agreste
(UFPE — CAA), como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharela em Design, sob
orientação da Prof.ª Ma. Iracema Tatiana Ribeiro
Leite.

CARUARU
2017
Catalogação na fonte:

A663c Araujo, Lívia Maciel de.


Coleção Synergia: estudo de novos materiais de descarte tecnológico para o
desenvolvimento de joias contemporâneas. / Lívia Maciel de Araujo. – 2017.
73f.: il.; 30 cm.

Orientadora: Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo


Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de
Pernambuco, Design, 2017.
Inclui Referências.

1. Joias. 2. Design. 3. Sustentabilidade. 4. Desenho (projetos). I. Justo, Iracema


Tatiana Ribeiro Leite (Orientadora). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2017-043)

Bibliotecária – Simone Xavier CRB/4 – 1242


UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE
NÚCLEO DE DESIGN

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE PROJETO DE


GRADUAÇÃO EM DESIGN DE

LÍVIA MACIEL DE ARAUJO

Título da monografia:
COLEÇÃO SYNERGÍA:
ESTUDO DE NOVOS MATERIAIS DE DESCARTE TECNOLÓGICO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE JOIAS CONTEMPORÂNEAS

APROVADO(A)

Caruaru, 08 de fevereiro de 2017.

________________________________________
Prof.ª Iracema Tatiana Ribeiro Leite
Orientadora

________________________________________
Flávia Zimmerle
Examinador (a)

________________________________________
Laís Helena Gouveia
Examinador (a)
Dedicatória

A mim mesma pelo empenho.


A minha família.
Agradecimentos
Primeiramente a Deus por me dar mais uma oportunidade de vir
a terra fazer a diferença, MUITO OBRIGADA.
Agradeço aos meus pais e irmã, pelo carinho e dedicação, pelo
apoio incondicional as minhas escolhas e por todo o suporte emocional
e financeiro.
A professora Iracema Tatiana Leite, por todas as vezes que me
aguentou quase chorando via e-mail, reuniões, encontros e mensagens
trocadas, as oportunidades que me proporcionou tanto como
orientanda como estagiária sob sua supervisão, ensinamentos
acadêmicos e outros da vida. Muito obrigada, por ser essa pessoa
tranquila.
Ao amigo Vinícius Vieira que me proporcionou a doação do
material de descarte tecnológico que foi utilizado na coleção e por
nossas breves conversas sobre o assunto. A Athina Andrade que com
sua paciência maravilhosa não deixou de ser minha amiga, apesar de
eu tanto importuná-la pra me ensinar a fazer os trabalhos finais das
disciplinas.
As amigos e colegas que conviveram comigo nesse ultimo ano,
no estagio no Lab Moda e nas disciplinas cursadas, Ana Catarina, Allan
Martins, Renata Trajano (que também compartilha do tema
sustentabilidade em seu projeto), Matheus Moura. Ana Beatriz por
todas as horas que passamos juntas costurando. A Laís Vilaça por ser
a melhor amiga que alguém poderia sonhar em ter e pelo apoio de
sempre.
Aos professores, que sempre estiveram dispostos para ajudar,
ensinar e oportunizar meu crescimento acadêmico, profissional e
pessoal.
Ao Centro Acadêmico do Agreste por todo o suporte que me
forneceu durante os meus anos de graduação. Um agradecimento
também aos que trabalharam comigo no projeto Integra CAA, em
especial a Flávia Zimmerle por me despertar a paixão pela Moulage,
agradeço imensamente.
Por fim, mas não menos importante, aos familiares e amigos,
pelo amor, carinho, dedicação e paciência durante tantos anos, aos
que passaram pela minha trajetória, foram tantas situações e lugares.
Gabriela Cavalcanti, Karen Arata, Giovani Fraga, Ednaldo Junior, Ana
Maria Verissimo, Thaís Verçosa (por ser a melhor monitora da vida),
Adam Nunes e Bruna Melo. Muito obrigada por terem acrescentado
algo em minha vida, assim como tenho certeza que fiz para vocês.
A todos que contribuíram de alguma forma para esta pesquisa. Muito,
obrigado.
Lívia Maciel de Araujo
―Não existe beleza na roupa mais fina se gera morte e tristeza.‖
Gandhi
Resumo

Esta pesquisa tem como o objetivo o estudo de novos materiais de descarte


tecnológico no desenvolvimento de coleção de joias contemporâneas, considerando
um processo viável para a produção. Para isto, foram identificados e descritos as
características da joalheria contemporânea e a sustentabilidade na moda, da
ascensão dessa categoria. No processo de produção da coleção foi utilizada a
metodologia de Sanches (2008). As peças foram confeccionadas através do método
de experimentação e foram desenvolvidos 03 (três) modelos.

Palavras chave: joia contemporânea; sustentabilidade; acessórios de moda.


Abstract

This research has the objective of the study of new materials of technological discard
in the development of contemporary jewelry collection, considering a viable process
for production. So, the characteristics of contemporary jewelry and sustainability in
fashion were identified and described from the rise of this category. In the process of
production of the collection the methodology of Sanches (2008) was used. The
pieces were made using the method of experimentation and 03 (three) models were
developed.

Keywords: contemporary jewelry; sustainability; fashion accessories


Lista de Figuras
Figura 1- Ciclo Sustentável........................................................................... 18

Figura 2- Obsolescência Programada........................................................... 21

Figura 3- Trabalho escravo na indústria da moda......................................... 22

Figura 4- Os R’s da sustentabilidade............................................................. 24

Figura 5- Ornamentos da Idade Média.......................................................... 25

Figura 6- Joia Naoko Yoshizawa................................................................... 27

Figura 7- Cofre visitável Antônio Bernardo.................................................... 28

Figura 8- Colar Serpente Mana Bernardes................................................... 29

Figura 9- Joalheria Processos...................................................................... 31

Figura 10- Painel de Referências Visuais..................................................... 38

Figura 11- Painel Persona/ Publico Alvo....................................................... 39

Figura 12- Painel de Similares...................................................................... 41

Figura 13- Material- Placa de mouse............................................................ 43

Figura 14- Material- Placa de estabilizador.................................................,. 44

Figura 15- Material- Placa de memória RAM.............................................,.. 44

Figura 16- Material- Placa de memória RAM................................................ 44

Figura 17- Fio de cobre................................................................................. 45

Figura 18- Entrelace de fios e placa 1........................................................... 45

Figura 19- Entrelace de fios e placa 2........................................................... 45

Figura 20- Entrelace de fios e placa 3........................................................... 46

Figura 21- Entrelace de fios e placa 4........................................................... 46

Figura 22- Entrelace de fios e placa 5........................................................... 46

Figura 23- Entrelace de fios e placa 6........................................................... 46

Figura 24- Entrelace de fios e placa 7........................................................... 46

Figura 25- Entrelace de fios e placa 8........................................................... 46


Figura 26- Modelo 1...................................................................................... 48

Figura 27- Modelo 2...................................................................................... 49

Figura 28- Modelo 3....................................................................................... 50

Figura 29- Modelo 4....................................................................................... 52

Figura 30- Modelo 5....................................................................................... 52

Figura 31- Modelo 6....................................................................................... 53

Figura 32- Modelo 7....................................................................................... 54

Figura 33- Modelo 8....................................................................................... 55

Figura 34- Modelo 9....................................................................................... 56

Figura 35- Modelo 10..................................................................................... 57

Figura 36- Produto Final 1............................................................................. 61

Figura 37- Produto Final 1............................................................................. 62

Figura 38- Produto Final 1............................................................................. 63

Figura 39- Produto Final 2............................................................................. 64

Figura 40- Produto Final 2............................................................................. 65

Figura 41- Produto Final 2............................................................................. 65

Figura 42- Produto Final 3............................................................................. 66

Figura 43- Produto Final 3............................................................................. 66

Figura 44- Produto Final 3............................................................................. 67


Lista de Quadros

Quadro 1- Fases do planejamento do projeto ................................… 35


Quadro 2- Mix de produtos de moda................................................... 35
Quadro 3- Conceitos da coleção ......................................................... 36
Sumário
1. Introdução ............................................................................................... 14
1.1. Objeto de Estudo ............................................................................... 15
1. 2. Problema de Pesquisa ..................................................................... 15
1. 3. Questionamentos ............................................................................. 15
1.4. Justificativa ........................................................................................ 15
2. Parte 1- Fundamentação Teórica .......................................................... 17
2.1 Moda e Sustentabilidade .................................................................... 17
2.1.1 Os R’s da Sustentabilidade ............................................................. 23
2.2 Joias Contemporâneas ...................................................................... 25
2.3 Materiais e Processos ........................................................................ 30
3. Parte 2- Projeto ....................................................................................... 34
3.1 Metodologias do projeto- Sanches ..................................................... 34
4. Processo Projetual ................................................................................. 36
4.1 A Coleção ........................................................................................... 36
4.2 Conceito ............................................................................................. 36
4.3 Tema .................................................................................................. 37
4.4 Painéis ............................................................................................... 38
4.5 Release .............................................................................................. 42
4.6 Materiais ............................................................................................ 43
4.7 Geração de Alternativas .................................................................... 44
4.8 Croquis .............................................................................................. 47
4.9 Fichas técnicas .................................................................................. 57
5. Produto ................................................................................................... 60
5.1 Produtos finais ................................................................................... 60
6. Considerações Finais ............................................................................ 68
7. Referências ............................................................................................. 70
14

CAPÍTULO 1

Introdução

Acessórios de moda são adornos corporais que nos acompanham desde a


antiguidade, atravessam toda a história da humanidade e atualmente são tão
essenciais quanto à própria vestimenta. O Design de joias contemporâneas veio
para modificar a relação e a percepção do comportamento do corpo levando em
consideração não apenas a joia em si, mas o que ela representa, ou seja, a ideia por
trás do que o criador de cada peça quer transmitir e o simbolismo relacionado às
identidades propostas a partir deste acessório.
Essa nova forma de fazer e pensar joias tem uma preocupação com a
preservação e a intervenção que causa no meio ambiente, aspectos como a
escassez de recursos naturais e poluição ambiental são problemas que não são
apenas derivados das grandes indústrias e dos grandes centros. Trata-se de um
ciclo onde o pensamento começa na concepção de cada produto, a origem de cada
material e também o seu descarte.
Com o surgimento de novos materiais, vários designers têm procurado
diversificar e transformar sua linha de produção em ―ecologicamente correta‖. De
acordo com Berlim (2012, p.41) ―O Ecodesign avalia não apenas o ciclo de vida útil
dos produtos, mas também os impactos socioambientais que ele gera, buscando
eliminar o máximo de malefícios que eles podem causar‖.
Essa nova geração de designers são mais engajados não só na preocupação
ambiental de seus produtos, como também em trabalhos sociais que visam
parcerias com ONGs, em uma tentativa de transmitir e ensinar as pessoas como
funciona esse trabalho, o que possibilita a cada participante uma renda extra ao
criarem suas próprias peças em parceria com esses ateliês. Além disso, prezam
pela qualidade na produção e valorizam os materiais alternativos, podendo ser de
origem natural como sementes, bambu ou até mesmo material de descarte, como o
Politereftalato de etileno (PET).
15

Essa mudança está atrelada não só à preocupação dos designers com a


sustentabilidade, mas também com a transformação no perfil de seus consumidores,
onde há uma valorização desses materiais que antes eram desprezados, além da
valorização da cultura regional de cada individuo.
Esta pesquisa está dividida em duas partes, a fundamentação teórica e a
projetual. A primeira parte apontará a metodologia de pesquisa aplicada e os
conhecimentos sobre a moda e sustentabilidade bem como a joia contemporânea,
tendo em vista o uso de materiais de descarte tecnológico.
Na segunda parte, encontra-se o desenvolvimento do projeto da coleção, assim
como a metodologia projetual utilizada para o desenvolvimento do mesmo. As
considerações finais apoiadas pelos conhecimentos obtidos através dessa pesquisa.

 Objeto de estudo: Coleção de acessórios de moda


 Problema de pesquisa: Como criar uma coleção de joias contemporâneas
utilizando-se especificamente materiais de descarte tecnológico?
 Questionamentos:
 O uso de novos materiais está ligado à sustentabilidade?
 Como esses novos materiais se comportam na concepção da joia
contemporânea?

Justificativa
Segundo o portal da ONU Brasil em abril de 2016, a indústria eletrônica, uma
das maiores e que mais crescem no mundo, gera a cada ano até 41 milhões de
toneladas de lixo eletrônico de bens como computadores e celulares smartphones.
Segundo previsões, este número pode chegar a 50 milhões de toneladas já em
2017. Desse modo, espera-se que o reaproveitamento desse ―lixo‖ tenda a se
multiplicar. São encontrados no Brasil alguns designers comprometidos com a causa
da sustentabilidade, alguns como Renata Meirelles, Mana Bernardes e Lucia Guinlé.
Tendo em vista a observação citada acima, o desenvolvimento de uma
coleção de joias visa apresentar a viabilidade de utilizar estes materiais agregado ao
valor de joia contemporânea, de forma a apresentar um novo tipo de adorno como
também chamar atenção do olhar sobre este ―lixo‖ que vem sendo descartado
diariamente.
16

A experimentação de novos materiais no âmbito social e tecnológico tem


como objetivo impulsionar a busca e o consumo ―sustentável‖, na medida em que o
design mostra o caminho para esse novo universo que ainda pouco se conhece,
mas que possui potencial de crescimento.

Objetivo Geral e Objetivos Específicos


Este projeto tem como objetivo desenvolver uma coleção de acessórios de moda,
visando à sustentabilidade no uso de materiais de descarte tecnológico.
 Pesquisar o conceito de Sustentabilidade no Design;
 Conceituar joia contemporânea e utilizar este conceito para o
desenvolvimento da mesma;
 Aplicar uma metodologia do design de moda no desenvolvimento de
acessórios;
 Desenvolver uma coleção com base na experimentação do material de
descarte tecnológico;
17

CAPÍTULO 2

Parte 1- Fundamentação
Teórica
2.1 Moda e Sustentabilidade
Segundo Calanca (2008) moda não é uma palavra antiga: apesar de sua
etimologia latina – vem de modus (modo, maneira) – entra no italiano em meados do
século XVII como empréstimo do termo francês ―mode‖. Dessa forma, a moda não
indica apenas o lado da vestimenta em si, desenvolve também os campos dos
costumes, do comportamento, da linguagem e escolhas estéticas de um indivíduo
inserido na sociedade.
Os designers tem um desempenho essencial na mudança de atitudes dos
setores da moda, significa que eles também devem ser educados e conscientizados
para a sustentabilidade, de modo que a responsabilidade social esteja ligada
diretamente ao conceito de sustentabilidade, porque o objetivo principal e
fundamental é promover o bem-estar da população, bem como a sustentabilidade
sendo responsável pelos fatores ambientais, econômicos e financeiros.

―De fato, verificamos que a moda pode, sim, adotar práticas de


sustentabilidade, criando produtos que demonstrem sua consciência diante
das questões sociais e ambientais que se apresentam hoje em nosso
planeta, e pode, ao mesmo tempo, expressar as ansiedades e desejos de
quem a consome. Afinal a moda não nos espelha – ela nos expressa.‖
(BERLIM, 2012, pág. 13).

Para Almeida (2002, p. 82) ―A inovação, no caso, não é apenas tecnológica,


mas também econômica, social, institucional e politica‖. Tendo em vista que nos
diversos setores da moda, a inovação tem que partir não somente dos ciclos
produtores, ou das grandes cadeias, ela tem que ser o atrativo para manter o
18

consumidor interessado, onde a oferta de produtos esteja dentro de conceitos e


valores mais sustentáveis.
Ser economicamente viável e ter o ciclo ecologicamente correto torna esse
produto competitivo no mercado, faz-se o desenvolvimento do projeto pensando no
ciclo de vida e nos impactos causados na produção, comercialização, uso e de
descarte. Além de ser ecologicamente benéfica e economicamente viável, a busca
pelo bem estar social através do equilíbrio ambiental, tornando-o socialmente
equitativo conforme apresenta a figura 1.

Figura 1- Ciclo Sustentável

Fonte: Grupo Santa Catarina (2015)

Conforme definido no World Commission for Environment and Development


Our Common Future em 1987, o conceito de sustentabilidade é:

―Condições sistêmicas segundo as quais, em nível regional e planetário, as


atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que se
baseia tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não
devem empobrecer seu capital natural, que será transmitido às futuras
gerações.‖ (MANZINI e VEZZOLI, 2011, p.27).

Portanto não existe ainda uma consciência da população em relação aos


cuidados com o meio ambiente, apesar de vivermos na era da tecnologia e da
internet, onde as informações são mais acessíveis e claras. A procura por produtos
19

e princípios sustentáveis ainda é pequena em relação ao quantitativo da população,


mas é crescente. Perante isso, as fontes de água secam, os animais se extinguem e
o pensamento de vida futura na Terra passa a ser uma utopia. A consciência da
responsabilidade que cada um tem a respeito do tema sustentabilidade é importante
nesse processo de inovações e criações de meios de consumo.
Com o passar do tempo esse consumo exagerado se intensificou e tende a se
intensificar ainda mais, a obsolescência precoce dos bens tem sido transformada em
uma cultura de descarte cada vez mais perigosa para o meio ambiente em que
vivemos.
―A imposição estrita de um corte cedeu lugar à sedução da opção e da
mudança, tendo como replica subjetiva a sedução do mito da individualidade,
da originalidade, da metamorfose pessoal, do sonho do acordo efêmero de
Eu íntimo e da aparência exterior.‖ (LIPOVETSKY, 2009, p. 95)

Em meio à era do individualismo extremo, o consumo do que é considerado


luxo, se modificou e tem tomado um novo rumo na busca pela felicidade através do
consumo exagerado de produtos e serviços que ofereçam a possibilidade do ser
único perante a sociedade.
Em 2014 o blog Etecetera citou o conceito de DIY, Do It Yourself começou a
ser disseminado na década de 1970 como um conceito anticapitalista e
anticomunismo e tem voltado a estar em evidencia como uma ―filosofia de vida‖ para
aqueles que querem se sentir mais engajados na produção daquilo que pretendem
consumir. Almeida (2002, p.104) afirma que ―a customização reduz o desperdício:
menos rejeitos são gerados quando recursos que o consumidor não deseja não são
produzidos‖.
Os novos apelos em meio às marcas de luxo tem se diferenciado justamente
pelo fato da sustentabilidade estar tão em evidência, o conceito real acaba por se
tornar tendência de moda nas passarelas mundo a fora e espera-se que com esse
novo modo de pensar, agir e disseminar, essa cultura seja mais levada em
consideração pelos consumidores, visto que a não acumulação de mais resíduos no
sistema o apoio social e a utilização de recurso renováveis é imprescindível para a
reorganização desse sistema de moda.

Em dezembro de 2015 o Portal G1 sinalizou o documento "E-Waste na América


Latina: Análise estatística e recomendações de política pública" ressalta que 9% do lixo
20

eletrônico produzido na região correspondem a 3,9 milhões de toneladas e se prevê que


esse número chegue a 4,8 milhões de toneladas até 2018. A maior parte desses
resíduos, que abrangem desde pequenos eletrodomésticos, monitores de televisão e
telefones celulares, foi gerado no Brasil, que em 2014 produziu 1,4 milhão de toneladas,
o que é atribuído à "grande quantidade de moradores".

Figura 2- Obsolescência programada

Fonte: Site Comunicadores (2014)

A obsolescência programada (figura 2) proposta pelo modelo de indústria


atual, onde os produtos tem um prazo de validade assim como alimentos, faz com
que a sociedade seja induzida ao consumo exacerbado de produtos que muitas
vezes descartam antes mesmo de conhecer todas as funções.
Devemos nos mover a uma condição onde o consumo normal para uma
sociedade tenha a redução dos níveis atuais, esse sistema criado no século
passado precisa se modificar ao ponto onde, nenhuma tecnologia existente na
atualidade, será suficiente para os níveis de sustentabilidade.
Esse desenvolvimento parte de cada um, nas suas casas, tem que ser
passado como uma cultura. O sistema começa a ser quebrado ou refeito até mesmo
pelas sociedades que ainda não são industrializadas, é um processo de
aprendizagem social.
21

―O que tem que acontecer, e, na pratica, já está acontecendo, é uma


descontinuidade sistêmica: uma forma de mudança em cujo final o sistema
em questão - em nosso caso, o complexo sistema sociotécnico no qual as
sociedades industriais estão baseadas – será diferente, estruturalmente
diferente, daquilo que tivemos conhecimento até hoje.‖ (MANZINI, 2008, p.
25).

A estrutura das grandes indústrias em longo prazo tende a se modificar,


seguindo o que é mais rentável, isso acontece desde a revolução industrial, onde
enquanto os homens, que naturalmente eram a mão-de-obra na época, tiveram que
ir a guerra, as suas esposas que ficaram em casa e precisavam sustentar as
famílias, tornaram-se a principal mão-de-obra desse período.
Trazendo para as demandas dos dias atuais sobre educação e
sustentabilidade, onde cada vez mais elucida-se a relação do trabalho e
qualificação, Almeida afirma que:

Aumentar a educação e o treinamento dos trabalhadores é crucial para o


sucesso das empresas numa economia cada vez mais integrada e
competitiva globalmente. O aumento dos padrões educacionais eleva
simultaneamente a produtividade e cria uma nova base de consumidores.
(ALMEIDA, 2002, p. 86 e 87)

A qualificação profissional também se aplica ao modelo atual de produção dos


grandes centros de moda, onde uso intensivo de mão de obra nessas indústrias
contribui para os baixos salários, ausência de contratos, falta de acesso a
negociações trabalhistas e outras irregularidades do trabalho. O chamado trabalho
escravo (figura 3) da era moderna tem sido denunciado aos poucos.
22

Figura 3- Trabalho escravo na indústria da moda

Fonte: Site Stylo Urbano (2015)

Neste sentido, pensar em sustentabilidade requer rever este conceito como


um todo, onde o ser humano faz parte deste conjunto que necessita sustentar-se
enquanto individuo com o ambiente natural e artificial.

―O sonho de um desenvolvimento contínuo e linear se fragmentou diante de


emergências que não foram previstas e que se demonstraram
imprescindíveis, como: a de degradação de um ambiente cada vez mais
saturado de mercadorias e detritos; o exaurimento dos recursos do planeta; a
redução da necessidade da mão-de-obra humana.‖ (MAURI, 1996,P. 11)

Com base nessas emergências temos uma comprovação que os designers de


moda, não podem tomar a sustentabilidade como algo limitador dentro do trabalho
deles, e sim como uma oportunidade de inovação e contribuição para solucionar os
problemas advindos desse sistema. Para Fletcher e Grose(2011, p.11) ―Em franca
oposição, a mentalidade sustentável baseia-se em reciprocidade, e em uma
profunda compreensão dos padrões, das redes, dos equilíbrios e dos ciclos em jogo
no sistema da moda‖.
Os consumidores devem incitar a fabricação de peças sustentáveis. A partir
do momento em que o consumidor der prioridade as peças que tiveram uma
preocupação sustentável no seu processo, as cadeias industriais serão
impulsionadas a pensar e trabalhar de forma sustentável a fim de acolher as
exigências do consumidor.
23

O design contribui como alternativa na decodificação desse mundo complexo


e no desenvolvimento sustentável, tornando-se um elo entre produção e consumo.
Ele passa a projetar produtos e serviços que não buscam apenas a redução do
impacto ambiental e sim de produtos e serviços totalmente sustentáveis que
abrangem todo o ciclo de vida. O designer proporciona a necessidade de novos
hábitos aos consumidores, onde a sustentabilidade entra como consequência entre
o design e a complexidade.

2.1.1 Os R’s da Sustentabilidade


Os conceitos básicos da sustentabilidade têm sido modificados com o avanço
dos estudos concentrados nessa área, alguns já falam nos 8 R’s, mesmo senso
mais comumente encontrados os 5 R’s, segundo o site Planeta Sustentável
(CAPELAS, 2011) são eles:
1 – Refletir: Lembre-se de que qualquer ato de consumo causa impactos do
consumo no planeta. Procure potencializar os impactos positivos e minimizar os
negativos;

2- Reduzir: Exagere no carinho e no amor, mas evite desperdícios de produtos,


serviços, água e energia;

3- Reutilizar: Use até o fim, não compre novo por impulso. Invente, inove, use de
outra maneira. Talvez vire brinquedo, talvez um enfeite, talvez um adereço;

4 – Reciclar: Mais de 800 mil famílias vivem da reciclagem hoje no Brasil, quer fazer
o bem? Separe em casa o lixo sujo do limpo. Só descarte na coleta comum o sujo.
Entregue o limpo na reciclagem ou para o catador;

5 – Respeitar: A si mesmo, o seu trabalho, as pessoas e o meio ambiente. As


palavras mágicas sempre funcionam: ‖por favor‖ e ―obrigado‖;

6 – Reparar: Quebrou? Conserte. Brigou? Peça desculpas e também desculpe;


24

7 – Responsabilizar-se: Por você, pelos impactos bons e ruins de seus atos, pelas
pessoas, por sua cidade;

8 – Repassar: As informações que você tiver e que ajudam na prática do consumo


consciente.

Figura 4- Os Rs da sustentabilidade

Fonte: Site Nossa Causa (2014)

Dado a forma e a quantidade de consumo da sociedade atual, somos levados


aos meios de reutilização como uma forma final de responsabilidade ambiental, e
tendo em vista que se antes de tudo essa sociedade pensasse na concepção dos
produtos, antes mesmo da indústria fabrica-los, para onde e como eles seriam
descartados, não haveria aterros sanitários e desperdício de matéria-prima.

―A reutilização, a restauração e a reciclagem interceptam recursos


destinados aos aterros sanitários e os conduzem de volta ao processo
industrial como matérias-primas e que atitudes como essas, necessitam de
pouca alteração na etapa de desenvolvimento do produto, refere-se mais
em uma mudança de pensamento tanto da empresa como do consumidor.‖
(FLETCHER E GROSE, 2011, p.63).

Almeida (2002, p. 102) cita a velha máxima de Lavoisier de que ―na natureza
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma‖. Os seres humanos tem que
aprender com os animais e o meio ambiente a reciclar, ter como um objetivo final
25

gerar zero resíduo. As empresas e os seres humanos produzem detritos, em um


ecossistema esses detritos são ―alimentos‖ para outras espécies, eles são
automaticamente reciclados, o objetivo é um sistema de produção onde o ideal é
gerar zero resíduo.

2.2 Joias Contemporâneas


Juntamente com a indumentária, os ornamentos cruzaram a história da
humanidade, de acordo com Gola (2008, p. 7) ―O homem, desde o inicio de sua
existência, produz elementos artísticos associados a ornamentos- as joias-
revelando assim sua criatividade (...)‖. Através dessa afirmação é possível saber
que em geral na convivência humana, nos seus diversos grupos e culturas, os
ornamentos estiveram sempre presentes, seja contando uma historia ou apenas
fazendo parte da mesma, como a Figura 5 nos mostra, um quadro pintado a óleo
datado de cerca de 1450, a Duquesa de Borgonha onde o Hennin, famoso chapéu
de bruxa se popularizou, bem como os anéis e o colar refletiam a sua posição
aristocrática.
Figura 5- Ornamentos na Idade Media

Fonte: Blog Denise Lopez (2014)


26

Segundo Carreiras (2012) a joia, artefato pré-histórico, acompanhou a


evolução da sociedade e respondeu às suas necessidades como objeto de adorno
cultural e social. A joalheria como narrativa surgiu da necessidade do joalheiro em
contar uma história, transmitir uma mensagem ou afirmar uma posição política,
sexual, cultural ou social.
Fazer uso dos ornamentos para a participação em grupos ou movimentos da
sociedade é algo tão antigo quanto o próprio inicio do uso desses artefatos. Então
logo se observa que a sociedade tem passado por grandes evoluções e que em
todas elas esses artefatos tem sido um meio pessoal de transmissão de identidade
através de gerações familiares.
Gola (2008) apud Testa (2012, p. 27) ressalta que as joias, como portadoras
de valores, tanto pode representar algo admirável, poderoso, místico, como ser sinal
de riqueza material. De mesmo modo, pode ainda carregar definições negativas,
representando a futilidade.
Em 2014, o portal online HeArtJoia mencionou que a joalheria contemporânea
pode ser entendida como a confecção de joias tendo como base um design inovador
e único, mas suportado por uma manufatura. Este processo é também considerado
como uma forma de expressão artística, em que as criações, sejam pela sua
unicidade estética e técnica, adquirem um estatuto inigualável e uma referência clara
para este meio artístico.
Juntamente com os metais nobre são utilizados materiais inovadores
alternativos como, resina de poliéster cristal, acrílicos, madeira, borrachas e outros
materiais que conferem aos objetos de adorno um conceito muito contemporâneo.
Como o designer de joias japonês Naoko Yoshizawa que em suas criações (figura6)
utiliza dobraduras em papel feito a mão, washi, as composições são elaboradas com
metais preciosos ou linhas, tornando-as peças de joia contemporânea.
27

Figura 6- Joia Naoko Yoshizawa

Fonte: Site HeArtJoia (2014)

Em 2011 o site Zona D diz que ―a joia hoje pode e deve revisitar conceitos,
inovar sendo: diferente, inteligente, engraçada, inesperada, provocante e mais do
que nunca, bela. A joia contemporânea valoriza o ato criativo expressivo e insufla
um novo sentido ao ornamento. É um meio eficaz e sutil de expressão‖.
A informação está o tempo todo ao nosso redor, seja ela online, nos canais de
televisão, ou em meios impressos, e essas mesmas mudam tão rapidamente quanto
um post pode ser feito ou retificado. A busca por elementos que tragam seguranças
para os indivíduos é constante e contínua, isso acarreta o consumo desses artefatos
que transmitem essa capacidade de ser único e valioso.
O valor atribuído as joias tem sido modificado ao longo do tempo, antes
tratadas como parte da família, que eram passadas entre gerações como forma de
transmissão de sentimentos ou mesmo herança, hoje é considerada como uma nova
forma de debater e demonstrar questões como o uso de novos materiais.
Visto que as possibilidades dentro das criações desses novos designers de
joias com os novos materiais são imensas, as joias se tornam extensões de nossos
membros, até mesmo roupas, são produzidos modelos únicos, com poucas tiragens,
é onde entra a discussão Joia x Arte. Como podemos ver na citação a seguir:

―(...) joias de arte são peças inventivas, compostas a partir de ideias


específicas, enaltecendo características únicas. Hoje, para criar a joia-arte,
28

são necessários símbolos engenhosos com os quais se possa ter um


envolvimento mais efetivo. Joalheria artística, assim como escultura e
pintura, revela com clareza o estilo de quem a concebe e a usa.‖ (CLARKE,
2011).

O exemplo mais claro da joia arte no Brasil é o do designer de joias Antônio


Bernardo, que renovou sua loja no Shopping Iguatemi em São Paulo, onde a mais
de 30 anos se mantem, o conceito de galeria de arte aliado ao ateliê, onde
confecciona as peças através de experimentação e faz com que o consumidor se
sinta mais perto da produção das joias. Com um espaço para exposições, ele
desenvolve amostras de peças criadas e essas exposições contam uma história e as
peças devem ser mostradas em conjunto.
Segundo o seu portal online Antônio Bernardo mantem também em conjunto
um cofre que chama de cofre visitável (figura 7), idealizado por sua mãe, o cofre
eterniza momentos únicos de sua carreira, abrigando, sem ordem visível, peças
concebidas a partir de pedras raras, outras elaboradas para desfiles, protótipos em
escalas maiores do que as das joias das lojas, além de peças únicas e objetos que
registram o processo criativo do designer.

Figura 7- Cofre visitável Antônio Bernardo

Fonte: Antônio Bernardo

O segmento de materiais alternativos usados na confecção de joias advém


também da busca pela inovação por meio da sustentabilidade, utilizando-se
materiais não preciosos. Codina (2005) cita que nos 1970, com a elevação súbita do
valor comercial do ouro, no mercado internacional, outros materiais, tidos como
alternativos, passaram a integrar o repertório de possibilidades para a produção de
joias.
29

―O uso dos materiais alternativos e não convencionais no design de joias está


atrelado a mudanças de perfil dos consumidores, a preocupação com o meio
ambiente, a novas formas de expressão dos designers e artesãos e a
valorização estética de materiais antes desprezados. O design de joias e
produtos com o uso de materiais alternativos valoriza as culturas e as
comunidades regionais, fomentando a autonomia financeira de inúmeros
artesãos e cooperativas.‖ (BENDER, Valesca. [Vasleca Bender]
[http://valescabender.blogspot.com.br/2010/10/utilizacao-de-materiais-
nao.html]).

A mudança na mentalidade e na forma de produção dos designers é um


agente transformador para os que querem agregar valor simbólico e de
responsabilidade social as suas criações. A designer de joias contemporâneas Mana
Bernardes apresentada a partir de suas joias (figura 8) é uma das precursoras desse
movimento aqui no Brasil, fez suas primeiras peças de material reciclado aos nove
anos de idade e no inicio de sua adolescência já dava aula nas comunidades
carentes.

Figura 8- Colar Serpente Mana Bernardes


Material: fio de náilon, lantejoulas coloridas de acetato e pérolas.

Fonte: Site Mana Bernardes

A mudança de comportamento dos designers a cerca do apoio a


comunidades carentes se torna imprescindível a partir do momento em que eles
30

como agentes transformadores e formadores de opinião buscam referencias nos


trabalhos artesanais que essas comunidades produzem. Um trabalho de
estruturação em relação ao ensino do conhecimento que é passado por gerações
dentre essas famílias, iria catalisar a forma de produção e consequentemente
haveria uma melhoria na comunidade.
Neste sentido Fletcher e Grose (2011, p. 05) discerne:
―O desafio é não só usar materiais reciclados em uma ampla gama de
produtos, como também entender o potencial dos modelos de produção
baseados em ciclos e responsabilidade conjunta para todo o sistema de
produção: usar a reciclagem como catalisador para uma mudança de
comportamento mais profunda.‖

É difícil de alcançar um afastamento do consumo exacerbado, os designers


precisam encontrar uma forma de influenciar as empresas e meios em que
trabalham rumo à sustentabilidade, mas se esses forem capazes de conseguir
modificar minimamente o modelo do sistema atual, pode-se conseguir um efeito
positivo e em longo prazo, a busca por novos meios de transformação dessa cadeia
irá se tornar a prioridade do sistema dominante.

2.3 Materiais e Processos


O uso de novos materiais e processos contribui para a concorrência deste
mercado, determinando novas tendências. A associação de matérias naturais e
nobres com os materiais artificiais e não tradicionais aparece como uma tática de
marketing, esses novos processos desencadeiam uma atitude mais ecológica.
Segundo Young (2008), Seecharran (2009) os materiais não tradicionais mais
utilizados na joalheria atualmente são: madeira, ossos, plumas, plástico, acrílico,
cimento, vidro, papel, tecidos e componentes eletrônicos.
Mesmo as joias sendo realizadas em materiais alternativos, seus valores
econômicos continuam alto, tendo em vista a exclusividade e a inovação, sendo
consideradas artefatos de luxo. Segundo Salem (2000) outras técnicas, como a
incrustação, gravação são utilizadas no processo. Em 2014 o site heArtJoias expôs
que a gravação consiste em uma técnica feita com ferramentas especificas, como o
buril, ou mesmo produtos químicos, que ―corroem‖ o metal, criando desenhos ou
31

inscrições. E a incrustação consiste na aplicação de metais macios, como o outro e


a prata, no interior de superfícies mais duras, normalmente de ferro, aço e bronze.
Dentre as técnicas de acabamento tradicionais, está o polimento, o jateado, o
lixado, o martelado, o escovado, o tessuto e a folheação (YOUNG, 2011). Como
podemos visualizar na figura 9.
Além dessas, a esmaltação é considerada é uma técnica decorativa para
colorir a superfície do metal (YOUNG, 2008). Tecnologias sofisticadas como a
prototipagem rápida, em que a máquina supre a participação direta do ourives na
construção do modelo, bem como a solda e o corte a laser, estão em sintonia com
outras indústrias (CAMPOS, 2007).

Figura 9- Joalheria processos

Fonte: Blog Cecy Moda (2015)

Segundo Aleandri (2011), a tecnologia digital proporciona a obtenção de


resultados antes impossíveis através dos métodos tradicionais da ourivesaria. O
designer cria as joias de alta tecnologia e as reproduz em larga escala, em tempo
otimizado e custos reduzidos. Ainda assim ter um designer no sistema de produção
é de fundamental importância, pois ele será responsável pelo melhor emprego da
tecnologia na criação de peças esteticamente harmônicas com os materiais,
técnicas, ferramentas, custo e mão de obra.
Para isso exige-se deste profissional a obtenção de novos conhecimentos.
Onde antes o designer criava a joia e o modelista era designado para ―traduzir‖ o
32

croqui em uma peça. Para isso, ele através da prática obtida com o tempo era quem
de certa forma interpretava o trabalho do designer.
Os metais e ligas utilizados na joalheria são variados, de acordo com o site
heArtJoias que em 2014 citou que dentre os metais e ligas mais utilizados na
joalheria destacam-se o ouro, a platina, a prata, o ródio e o titânio, ditos metais
preciosos, e o cobre, e o latão, como matéria prima menos nobre, utilizados em ligas
como outros metais a fim de conferir melhores propriedades físicas ou na indústria
de semijoias e bijuterias, devido ao baixo custo. Seguem:
 Platina
Metal precioso de cor branca, ponto de fusão de 1773 °C, peso específico
21,4 gramas por centímetro cúbico. Entre os metais preciosos, é considerado o mais
duro e nunca perde o brilho ao longo dos tempos, o que lhe confere um valor
especial. Não sofre 30 desgastes, e o seu extremo nível de durabilidade lhe garante
grande resistência e longevidade. É totalmente hipoalérgico.
 Ouro
Metal nobre muito utilizado na joalheria. Possui uma cor amarelada, ponto de
fusão de aproximadamente 1060ºC e peso específico de 19,5 gramas por centímetro
cúbico. Se fosse usado puro, por ser muito macio, deformaria e desgastaria fácil. Por
isso prioriza-se a utilização de ligas, que conferem melhores propriedades e, de
acordo com o material ligado, assume novas tonalidades e cores. Uma das
características mais marcantes do ouro puro é o fato dele não sofrer oxidação. Já
em contato com outros metais pode oxidar levemente.
O ouro branco é uma liga composta por ouro amarelo, paládio e prata. O
paládio, metal de cor acinzentada, é muito mais duro que o ouro. Por isso
acrescenta-se a prata que, além de amolecer a liga, também barateia um pouco o
custo. A liga resulta em uma cor acinzentada forte, por isso as peças produzidas
com ela levam um banho de ródio, que dá vida e luz ao ouro branco.
 Prata
Assim como o ouro, a prata é considerada um metal nobre, mas em
comparação seu preço é muito mais baixo. Em seu estado puro apresenta
características de maleabilidade e ductilidade. Possui coloração branca lustrosa,
ponto de fusão de 960 ºC e peso específico de 10,53 gramas por centímetro cúbico.
33

Este metal, assim como o ouro, também é mais utilizado em forma de liga, o
que proporciona características mais adequadas, tais como, fluidez e dureza
superficial. A liga mais comum é o cobre, que torna a prata mais resistente e
mantém sua cor original, mas também acelera a oxidação (primeiro adquirindo uma
coloração amarelada e posteriormente formando uma camada preta).
 Cobre
Metal de cor avermelhada, ponto de fusão de aproximadamente 1083 °C e
peso específico de 8,89 gramas por centímetros cúbicos. É extremamente maleável
e dúctil, o que possibilita que ele seja facilmente trabalhado e transformado em
chapas, 29 fios, ou tubos. Suas maiores utilizações na joalheria são: componente
em banhos e elemento em ligas de bronze, latão, prata e ouro.
Para as joias a modelagem 3D e a prototipagem rápida são os processos
mais utilizados, por ser uma ferramenta que permite a visualização da peça
tridimensionalmente, ela auxilia o processo de adequação e aprovação da peça.
Esse processo no qual essas etapas acontecem virtualmente à velocidade na de
decisões é grande.
Almeida(2002, p. 106) diz que ―As empresas devem enfatizar a redução do
conteúdo de materiais utilizados em produtos e serviços. [...] Detalhes de design
podem ser eficazes na economia de energia e matéria-prima‖. Conhecer os recursos
técnicos é de fundamental importância no processo, pois o desenvolvimento do
produto depende da combinação de técnicas, mistura de processos e
experimentação. Para que isso se torne possível é preciso que não só o designer
saiba criar e sim passar por todas as etapas desde os softwares, até o uso dos
equipamentos, sejam eles manuais ou automatizados.
34

CAPÍTULO 3

Parte 2- Projeto

3.1 Metodologias do projeto- Sanches


Na metodologia de projeto de design de moda, optou-se por trabalhar
segundo Sanches (2008, p. 291);
―Pode-se dividir o desenvolvimento de produtos de moda em quatro
fases: Planejamento- fase da coleta e analise de informações que
darão subsídios às decisões tomadas no decorrer do processo. [...]
Geração de alternativas- quando são geradas as possibilidades de
produtos e as ideias começam a se materializar por meio de
experimentações concretas. [...] Avaliação e detalhamento- as
alternativas são selecionadas de acordo com os critérios das
especificações do projeto, delimitados na etapa de planejamento. [...]
Produção- neste ponto o projeto entra em fase refinada de
elaboração, definindo-se todas as matrizes para a produção seriada.‖

A pesquisa realizada a partir dos conceitos de moda, sustentabilidade e jóias


contemporâneas norteou o planejamento dessa coleção. Por meio das
experimentações com os materiais coletados deu-se início a geração de alternativas
para a coleção onde se avaliou e selecionaram-se as alternativas que melhor se
encaixaram no projeto. Isto posto definem-se os produtos finais de acordo com o
resultado das experimentações.
35

QUADRO DE FASES
Quadro 1- Fases de planejamento

Planejamento Geração de alternativas Avaliação de detalhamento Produção


Nesta fase, foram A partir do material De acordo com as definições Depois de
feitas coletas de recolhido (lixo eletrônico e fio requeridas para o projeto, avaliou- definidas as formas
dados a partir da de cobre), houve a se e definiu-se as peças que se e materiais através
bibliografia necessidade de desmontar enquadram nesses quesitos. Assim da experimentação,
disponível e em para uma melhor sendo postas para a produção dos foram escolhidas
artigos científicos compreensão dos tipos, mesmos. as peças e os
sobre os conceitos volumes, formas e texturas ali formatos que
de moda e encontradas. Feito isso, a condizem com as
sustentabilidade e partir dos painéis (semântico, pesquisas
joias público alvo e similares), realizadas visando
contemporâneas. começaram as o encaixe no
experimentações, visto que projeto.
esse projeto é totalmente
experimental.
Fonte: Própria (2016)

O mix de moda delimita a proposta da coleção se vai se dividir entre básico,


fashion ou vanguarda. Esta coleção se divide em fashion e vanguarda. Treptow
(2007) diz que os modelos fashion são os envolvidos com as tendências de moda,
seja pelas cores, formas ou padronagens. E por fim os de vanguarda, peças que
estão completamente comprometidas com as tendências, sejam atuais ou futuras, e
nem sempre apresentam características comerciais, podendo ser conceituais. A
partir desses conceitos os produtos foram divididos nos quadros abaixo:

Quadro 2- Mix de produtos


Anel Bracelete Colar Brinco
Fashion 1 1 2 3
Vanguarda 1 1 1 -
Total 10

Fonte: Própria (2016)


36

CAPÍTULO 4

Processo Projetual
4.1 A Coleção
Synergía
4.2. Conceito
A definição do conceito originou-se da assimilação das características
desejadas advindas dos produtos do mesmo segmento que foram analisados na
fase de similares. No quadro a partir de palavras-chave decompõem-se os conceitos
gerados.
Quadro 3- Conceitos
Características Conceitos
Conceitual Exagero, complexidade, arte que se adequa
Sofisticado Moderno, fino, elegante
Chamativo Excesso, arrebatamento
Inovador Unicidade, ostentação, fantasiosa
Tecnológico Moderno, luxo, precioso
Sustentável Reuso, responsabilidade, reparar
Fonte: Própria (2016)

Com base nos conceitos acima foi elaborado o painel semântico, as imagens
foram selecionadas através de uma pesquisa online. A escolha final de conceitos e
características dessa coleção se assemelha a moda conceitual, que segundo
Basso (2014), ―[...] não se prende a tendências de moda nem à usabilidade, tem
uma aparência incomum, podendo provocar em seu expectador sentimentos de
encanto, admiração, repulsa e até mesmo espanto, sendo vista com estranheza por
aqueles que a observam‖. De modo que o exagero, ou a profusão e informações é
usada pelo designer como recursos para evidenciar questões que podem ser
provenientes de reflexões e manifestações tanto culturais quanto políticas.
37

4.3 Tema
A escolha do tema para a coleção partiu da ideia de reutilizar um material que
seria descartado por obsolescência precoce e que acaba gerando, a cada ano, uma
quantidade de lixo tecnológico que se torna prejudicial ao meio ambiente, levando
anos para se decompor na natureza, em razão de que são comuns as empresas
produtoras desses materiais não fazerem o recolhimento pós-descarte.
Após a elaboração do painel semântico, escolheu-se como o tema exclusivo
para a coleção o significado de Synergía, de modo que a sustentabilidade na
produção das peças dessa coleção coopere para um bem maior, ou seja, o reuso e
transformação desse material.
Para o release foi também pensado em uma musica de autoria da cantora
Pitty- Admirável chip novo, que retrata a ambiguidade do uso da tecnologia na
contemporaneidade e a interação entre o homem e a máquina em detrimento da
natureza humana.
38

4.4 Painéis
Semântico
Figura10- Painel Referencias Visuais
39

Persona/ Público alvo


Figura11- Painel persona/ público alvo

Fonte: Própria (2016)


40

Publico alvo/Persona
Esta coleção destina-se à mulher de espirito jovem, que está em formação ou
é recém-formada como profissional na área de design, comunicação ou artes.
Politizada, feminista, engajada com projetos em ONGs, principalmente ligados ao
desenvolvimento sustentável.
Nas horas vagas ela prefere um programa mais cultural, tem uma grande
facilidade em aceitar novas culturas, ou entender formas abstratas de arte, por
exemplo, pois o mais importante é o conhecimento que irá adquirir. Antenada com
tudo ao seu redor, gosta de tecnologia, mas defende a natureza com unhas e
dentes. Consome moda tanto de shoppings, quanto de brechós online. Sempre
procura novidades que tenham sido citadas pelas suas referências de moda.
Vaidosa, bem informada, pratica esportes, não como obrigação, mas sim
como uma prática saudável que entrou em sua rotina, algum novo esporte que seja
tendência e que ponha em contato com a natureza, como slackline ou stand up. É
uma mulher mutável, que se ajusta as diferentes formas de viver. O importante para
ela é viver, conviver, aprender, compreender e confrontar.
41

Similares
Figura 12- Painel de similares

Fonte: Própria (2016)


42

4.5 Release

―Pane no sistema, alguém me desconfigurou


Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo

Parafuso e fluído em lugar de articulação


Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado

Mas lá vem eles novamente


Eu sei o que vão fazer
Reinstalar o sistema

Pense, fale, compre, beba


Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste, viva (...)‖
(Autor: Pitty)

Coleção- Synergía
Um termo de origem grega que significa o momento em que o todo é maior que a
soma das partes, essa coleção baseia-se no significado de cooperação entre o designer
como elemento criador e o material que seria descartado por obsolescência precoce,
visando à sustentabilidade na confecção de joias contemporâneas. Experimentando as
formas e volumes assimétricos, as texturas do material, um ar contemporâneo a partir da
mistura desses materiais com o metal- Cobre. Utilizou-se o conceito de desconstrução e
entrelaçamento para criação de novas formas, a coleção possui 10 peças. Na tabela de
cores encontram-se cores que partem do de verde, vermelho, amarelo, preto, cinza e azul.
O material foi usado de forma cru, como veio de fabrica, para assim mostrar o que está por
trás dos produtos que consumimos e não notamos a estrutura como um todo.
43

4.6 Materiais
Nesta sessão serão definidos os tipos de materiais a serem utilizados na
confecção das peças da coleção. Esse material foi proveniente de doação, visto quê
é um material de descarte tecnológico e que não estava mais em perfeitas
condições de uso. Nas imagens a seguir, encontram-se a placa mãe de mouse,
estabilizador, memoria RAM e o metal escolhido foram os fios de cobre encapados e
nu.

Figura 13- Placa de mouse Figura 14- Placa de estabilizador

Fonte: Própria (2016) Fonte: Própria (2016)

Figura 15- Placas de memoria RAM Figura 16- Placas de memoria

Fonte: Própria (2016) Fonte: Própria (2016)


44

Figura 17- Fio de cobre

Fonte: Própria (2016)

4.7 Geração de Alternativas


O processo de geração de alternativas se deu a partir da definição do publico
alvo, geração de conceitos e o tema. De acordo com os critérios estabelecidos no
projeto, o uso do material de forma crua, como realmente é, sem qualquer tipo de
pintura ou grandes modificações, deu-se inicio a fase de experimentações. Em razão
do tipo de material escolhido, a coleção tornou-se totalmente
experimental/conceitual, as formas, texturas e volumes foram levados em conta
nessa fase para um melhor encaixe entre si. Como descrito anteriormente em virtude
do tipo de material utilizado, as experimentações foram realizadas com os próprios
materiais, não se utilizando croquis ou softwares para tal tarefa.

Figura- 18- Entrelace de fios e placa Figura- 19- entrelace de fios e placa
45

Figura 20- Entrelace de fios e placa Figura 21- Entrelace de fios e placa

Figura 22- Entrelace de fios e placa Figura 23- Entrelace de fios e placa

Figura 24- Entrelace de fios e placa Figura 25- Entrelace de fios e placa

Após a realização das analises, notou-se que as peças não estavam


condizentes com o conceito, apesar das características propostas o que se obteve
com a experimentação ainda não demonstrava o tema escolhido e as formas
46

desejadas, então optou-se pelo uso do fio de cobre nu entrelaçado com as peças,
além do fio de cobre encapado que já estava sendo testado.
Com base, nisso iniciou-se o processo de montagem e confecção das peças,
considerando-se que o método de criação utilizado no projeto foi à experimentação,
em razão disso as peças finais só poderiam ser ilustradas após a criação.
47

4.8 Croquis
Figura 26- Modelo 1

Colar confeccionado em placas de memoria RAM entrelaçadas a fios de


cobre encapados e nus. Para essa peça os fios de cobre encapados são de cores
diversas e as placas são na cor verde, com detalhes em preto.
48

Figura 27- Modelo 2

Brincos com corte a laser em placas de memoria (estrutura frontal),


entrelaçada com fios de cobre encapados e nus (suportes laterais e estrutura
intermediaria e tarraxa). Para essa peça os fios de cobre encapados são de cores
diversas e as placas são na cor verde, com detalhes em preto.
49

Figura 28- Modelo 3

Brincos com corte a laser em placas de memoria (estrutura frontal superior e


inferior), entrelaçadas com fios de cobre encapados e nus (estruturas laterais,
estrutura intermediaria e tarraxa). Para essa peça os fios de cobre encapados são
de cores diversas e as placas são na cor verde, com detalhes em preto.
50

Figura 29- Modelo 4

Brincos com corte a laser em placas de memoria (estrutura frontal superior e


inferior), entrelaçadas com fios de cobre encapados e nus (estruturas laterais,
estrutura intermediaria e tarraxa). Para essa peça os fios de cobre encapados são
de cores diversas e as placas são na cor verde, com detalhes em preto.
51

Figura 30- Modelo 5

Bracelete com estrutura trançada em fios de cobre encapados e nus


(estrutura superior e lateral), com estrutura central em placas de memoria (formato
original). Para essa peça os fios de cobre encapados são de cores diversas e as
placas são na cor verde, com detalhes em preto.
52

Figura 31- Modelo 6

Gargantilha com estrutura trançada (total) em fios de cobre encapados e nus,


peça central em placa de memoria cortada a laser (estrutura frontal). Para essa peça
os fios de cobre encapados são de cores diversas e as placas são na cor verde, com
detalhes em preto.
53

Figura 32- Modelo 7

Anel com estrutura em fios de cobre nus entrelaçado (estrutura interna e


lateral), peça central em placa de memória.
54

Figura 33- Modelo 8

Bracelete em fios de cobre nu entrelaçados, estrutura total vazada, terminais


com suporte para argolas em fios de cobre. Pingentes em placa de memoria
acoplados as argolas (estrutura na parte inferior).
55

Figura 34- Modelo 9

Anel em placa de memoria, na cor vermelha (estrutura total), cortado a laser.


56

Figura 35- Modelo 10

Colar confeccionado em placa de memoria RAM entrelaçada a fios de cobre


encapados e nus. Para essa peça os fios de cobre encapados são de cores diversas
e a placa na cor vermelha, com detalhes em preto.
57

4.9 Fichas técnicas


Coleção:

Designer:
Lívia Maciel
Descrição do Modelo: Modelo:
Colar 01
Fios de cobre encapados¹,
são entrelaçados as placas.
Fio de cobre nu²,
é entrelaçado aos fios encapados e as placas

Placa de memoria³

Placa de memoria³

Fecho em
formato anzol

Terminal em
formato espiral

Dimensões: Material:
60cm de fio nu, 40cm de fio encapado Placa de memoria
e fios de cobre
13x3cm e 6x3cm placas
Obs. 1. Fios de cobre encapados (23);
2. Fio de cobre nu (01);
3. Placa de memória RAM, tamanho maior (01), tamanho menor (02).
58

Coleção:

Designer:
Lívia Maciel
Descrição do Modelo: Modelo:
Bracelete 05

Fio de cobre encapados¹,


são entrelaçados entre si e ao fio de cobre nu.

Fio de cobre nu²

Placa de memoria³ deve ser encaixada como estrutura


central da peça.

Fecho em
formato anzol

Terminal em
formato espiral

Dimensões: Materiais:
60cm de fio nu, 40cm de fio encapado Placas de memoria
2x4,5cm e 3,5x3,5cm. e fios de cobre.

Obs. 1. Fios de cobre encapados (12);


2. Fios de cobre nu (01);
3. Placa de memória RAM (01).
59

Coleção:

Designer:
Lívia Maciel
Descrição do Modelo: Modelo:
Bracelete 08

Fio de cobre nu¹, entrelaçado


entre si.

Placa de memoria² deve ser


encaixada nos terminais da peça.

Dimensões: Materiais:
100 cm de fio de cobre nu, Placa de memória
e fio de cobre nu
3,5x4cm de placa de memoria.
Obs. 1. Fio de cobre nu (01);
2. Placa de memória RAM (04).
60

CAPÍTULO 5

Produtos
5.1 Produtos finais
Após as experimentações e uso da metodologia, os formatos foram
escolhidos a partir de como as peças se comportaram entre si, foram feitos vários
tipos de encaixes, sendo alguns definidos com o corte a laser. Nos protótipos como
peças mais vanguardistas escolheu-se usar o material de forma mais artesanal, as
placas de memoria foram cortadas e lixadas para se encaixar no entrelaçamento
com os fios de cobre. Os fechos foram feitos com fios de cobre em formato anzol e
os terminais em formato espiral para comportar melhor os fios. Por fim chegou-se ao
resultado das peças finais.
Figura 36- Produto final 1
61

Figura 37- Produto final 1


62

Figura 38- Produto final 1


63

Figura 39- Produto final 2


64

Figura 40- Produto final 2


65

Figura 41- Produto final 2


66

Figura 42- Produto final 3

Figura 43- Produto final 3


67

Figura 44- Produto final 3


68

CAPÍTULO 6

Considerações Finais
A partir da pesquisa de novos materiais de descarte tecnológico este trabalho
buscou novas formas e métodos de desenvolver uma coleção de joias
contemporâneas utilizando do conceito de sustentabilidade como inspiração e
necessidade.
Alguns materiais utilizados foram de baixo custo por serem de descarte
(peças de computador que iriam para o lixo), em razão disso foi pensado um metal
que tivesse ligação com esse material então escolheu-se o cobre, para agregar valor
às peças, que dependendo da sua espessura ele pode ser mais maleável.
Na pesquisa realizada a cerca do conceito de joias contemporâneas foi visto
que não há um tipo especifico de material utilizado que transforme acessórios de
moda em joias contemporâneas, os exemplos dados mostram peças confeccionadas
com papel e até mesmo garrafas PET (Politereftalato de etileno). Sendo assim,
conclui-se que a coleção apresentada ao final dessa pesquisa se enquadra no
conceito de jóia contemporânea, pois as formas mais esculturais e assimétricas
tornam as peças inéditas e artísticas.
A coleção Synergía, foi pensada a partir da dualidade encontrada em meio à
pesquisa, onde os seres humanos e principalmente os designer se veem no
momento como reféns da tecnologia, de modo que a sustentabilidade na produção
das peças dessa coleção coopere para um bem maior, ou seja, o reuso e
transformação desse material. Além disso, foi associada a coleção a musica da
cantora Pitty, Admirável chip novo, que também mostra a dualidade entre a
interação do homem com a tecnologia, acaba se tornando escravo dela e não
distinguindo-se como homem ou maquina.
Na produção da coleção foram encontrados alguns problemas na hora da
montagem das peças, em razão de que o material utilizado está em sua forma
original. Na fase da experimentação percebeu-se que algumas peças precisam de
corte a laser, como também nos terminais e fechos, poderiam ter sido feitos em
69

parceria com um ourives. Alguns problemas de encaixe entre as partes também


foram encontrados, por isso a fase de experimentação é tão importante.
Por fim, a produção desta coleção, trouxe alguns questionamentos acerca da
sustentabilidade na moda, mais especifico nas joias contemporâneas, tendo em
vista o tipo de materiais que os designers podem utilizar para incentivar a população
ao reuso tanto de materiais, quanto na forma de consumo dessa tecnologia. Os
objetivos foram atingidos e o problema de pesquisa foi resolvido.
De acordo com as pesquisas realizadas chegou-se a conclusão que os
designers que trabalham com joias ditas contemporâneas, citados no texto têm
como objetivo o uso de materiais diferenciados, mas nem sempre visando a
sustentabilidade no reuso de material de descarte, mas alguns estão ligados a
sustentabilidade através da responsabilidade social na produção das peças junto a
algumas comunidades, onde ensinam o oficio, ou apenas aprimoram o
conhecimento que ali possuem.
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