Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de química
orgânica
Fundamentos de química
orgânica
Presidente
Rodrigo Galindo
Conselho Acadêmico
Alberto S. Santana
Ana Lucia Jankovic Barduchi
Camila Cardoso Rotella
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Emanuel Santana
Grasiele Aparecida Lourenço
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
Paulo Heraldo Costa do Valle
Thatiane Cristina dos Santos de Carvalho Ribeiro
Revisão Técnica
Éder Cícero Adão Simêncio
Rosimeire Coura Barcelos
Thiago Eliel Mendonça da Silva
Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Cristiane Lisandra Danna
Diogo Ribeiro Garcia
Emanuel Santana
Erick Silva Griep
Lidiane Cristina Vivaldini Olo
ISBN 978-85-8482-862-3
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Convite ao estudo
Seção 1.1
Diálogo aberto
20 oC
150 oC Gás 20°C
Gasolina
200 oC
Petróleo Querosene
bruto 300 C
o
Óleo
Diesel
370 C
o
Óleo
lubrificante
400 oC
Fornalha
Resíduo sólido: parafinas,
ceras, asfalto, piche
Reflita
Figura 1.2 | Exemplo de fórmula eletrônica de Lewis, fórmula estrutural, fórmula condensada
e fórmula molecular
H H H H
H C C H H C C H CH 3CH 3 C2 H 6
H H H H
Fórmula eletrônica de
Fórmula estrutural Fórmula condensada Fórmula molecular
Lewis
H 2O + NH 3 → −OH + NH 4+
(1.2)
ácido) (base)
Pesquise mais
A carga formal é definida como a carga de um determinado átomo dentro de
uma molécula. As estruturas de Lewis apresentam geralmente átomos com
cargas positivas e negativas. Para saber mais sobre a teoria de Lewis e a carga
formal, acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=i6l5arePt18>. Acesso
em: 13 jul. 2016.
Figura 1.3 | Exemplo da classificação do carbono conforme sua posição na cadeia carbônica
CH3 H H H H
H C C H
H 3C C C C CH3
H C C H
H H H H H
Aberta, acíclica ou alifática Fechada ou cíclica
H H H H H H CH3 H
H C C C C H H C C C C H
H H H H H CH3 H H
Cadeia carbônica normal Cadeia carbônica ramificada
H H H H H H
H C C C C H H C C C C H
H H H H H H
Cadeia carbônica saturada Cadeia carbônica insaturada
H O H H H H H
H C C C C H H C C O C H
H H H H H
Cadeia carbônica homogênea Cadeia carbônica heterogênea
Exemplificando
Cadeias carbônicas
Fechadas ou ciclicas
Quanto à disposição dos átomos
normal/ramificada
Quanto aos tipos de ligações
saturada/insaturada
Quanto à natureza dos átomos
homegênea/heterogênea
Mistas
3
1. Hibridação sp : é a mistura de um orbital s com três orbitais p, formando quatro
3 3
novos orbitais “híbridos” denominados sp . A geometria dos quatro orbitais sp
3
é tetraédrica e os quatro orbitais híbridos sp formarão quatro ligações do tipo
sigma. Conforme a Figura 1.8, a ligação C − C tem comprimento de 1,54 Å
(angström), a ligação entre C − H tem comprimento de aproximadamente
1,10 Å e os ângulos de ligação no etano são próximos do valor do tetraédrico
de 109,5°.
H H
H
1.09A H 1.54 A
1.10 A
109.5o
H 109.6o H
H H
H H
2
2. Hibridação sp : é a mistura de um orbital s com dois orbitais p, formando três
2 2
novos orbitais “híbridos” denominados sp . A geometria dos três orbitais sp
2
é planar triangular e os três orbitais híbridos sp formarão, entre os átomos de
2 2
carbono, uma ligação sigma do tipo sp - sp e outra do tipo � (pi). A Figura 1.9
apresenta a molécula do eteno e possui ligação C = C de comprimento de
133,9 pm, ligação entre com comprimento aproximadamente de 108,7 pm. O
ângulo de ligação apresenta 121,3°.
H 121.3o
H
108.7pm
C C
133.9pm
H H
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3b/Ethylene-CRC-MW-dimensions-2D.png> e
<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/Ethylene-CRC-MW-3D-balls.png>. Acesso em: 19 ago.
2016.
106.0pm
H C C H
120.3pm
Fonte:<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/Acetylene-CRC-IR-dimen-
sions-2D.png> e <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8b/Acetylene-
-CRC-IR-3D-balls.png>. Acesso em: 19 ago. 2016.
Assimile
Átomos ligados ao
Hibridação Geometria Estrutura
carbono
C
sp 2 Linear
C
sp 2 3 Planar Triangular C
sp 3 4 Tetraédrica C
Exemplificando
A borracha natural é um polímero formado por sucessivas adições de
isopreno, conforme Figura 1.11.
Figura 1.11 | Estrutura química do isopreno
CH3 H
H 5 H
C C C C
1 2 3 4
H H
Classificação do carbono:
a) Carbono primário: 1, 5, 4.
b) Carbono secundário: 3.
c) Carbono terciário: 2.
Hibridação do carbono:
b) Hibridação sp2: 1, 2, 3, 4.
Hibridação sp3: 5.
CH3 H CH3
H3C C C C CH3
CH3
Vocabulário
Composto orgânico: substância que apresenta o carbono e o
hidrogênio em sua estrutura e que pode apresentar também oxigênio,
nitrogênio, enxofre, fósforo, boro, halogênios e outros.
Agora, vamos dar início ao nosso processo de refino do petróleo. Considere que
você foi contratado para trabalhar em uma refinaria de petróleo: quais são as frações
básicas do petróleo obtidas no processo de refino? Nesta seção aprendemos que
para o petróleo ser utilizado como matéria-prima na produção de vários produtos
é necessário que ele passe por um processo de refino, o que possibilita que essas
frações bem mais simples do petróleo sejam classificadas em grupos e destinadas
corretamente a suas diversas finalidades. A Figura 1.13 apresenta as frações básicas
do petróleo.
Gás
Gasolina
Querosene
Óleo diesel
Óleo lubrificante
Resíduo sólido
Classificação da cadeia
Fórmula Hibridação do carbono
carbônica
H
H C H Aberta: saturada sp3
H
CH3 H H
Primário: 1, 5, 6, 7, 8
6
Secundário: 3 Aberta: ramificada,
H 3C C C C CH3 sp3
1 2 3 4 5 saturada e homogênea
Terciário: 4
7CH3 H 8CH3
Quaternário: 2
CH2
H 2C CH2 Fechada: normal,
Carbonos secundários
saturada e homogênea
sp3
H 2C CH2
Atenção
Identificar e classificar os compostos orgânicos é a primeira etapa para a
realização de um processo de transformação.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
H H H H
O O
C C C C C C
HO OH
H H H H
O
H 3C C
O CH2 CH CH3
CH3
NH2
CH3
Seção 1.2
Diálogo aberto
Para dar continuidade ao nosso estudo, vamos entender agora o que caracteriza
a classe dos alcanos, bem como suas propriedades físicas, para, posteriormente,
classificá-las conforme a estrutura desses compostos e a quantidade de carbonos
presentes na molécula. Por último, aprenderemos a nomeá-los.
A partir de agora você verá que as propriedades físicas e químicas dos alcanos
caracterizam o petróleo como principal fonte de energia. Entenderá também por
que utilizamos o termo parafínico para os alcanos. Vamos classificá-los em cadeia
carbônica, normal ou ramificada e aprender a nomeá-los corretamente conforme as
principais recomendações da União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC).
Reflita
Todos os alcanos são apolares e, por esse motivo, são imiscíveis com solventes
polares, como a água, álcoois, soluções diluídas de ácidos, soluções diluídas de
bases e ácido sulfúrico concentrado. Essa característica apolar dos alcanos é
responsável pela sua aplicação como removedor de óleos e gorduras, por exemplo.
H
1.09A
109.5o
H
H
H
ALCANOS
Fonte:<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/91/Hexane-3D-balls-B.png>, <https://upload.
wikimedia.org/wikipedia/commons/f/fa/2%2C3-Dimethylbutane-3D-balls.png> e <https://upload.wikimedia.org/
wikipedia/commons/c/c6/Cyclohexane-chair-3D-balls.png>. Acesso em: 9 ago. 2016.
Pesquise mais
A União Internacional de Química Pura e Aplicada (em inglês:
International Union of Pure and Applied Chemistry – IUPAC) é uma
organização internacional dedicada ao avanço da química. E devido
ao crescimento de compostos orgânicos, houve necessidade de um
método sistemático para nomeá-los (McMURRY, 2011). Para saber mais
sobre as normas de nomenclatura dos compostos orgânicos, visite o
site: <http://www.sbq.org.br/noticia/iupac-2017>. Acesso em: 1 set.
2016.
Assimile
Metano 1 CH 4
Etano 2 CH 3CH 3
Propano 3 CH 3CH 2CH 3
Butano 4 CH 3CH 2CH 2CH 3
Pentano 5 CH 3CH 2CH 2CH 2CH 3
Hexano 6 CH 3CH 2CH 2CH 2CH 2CH 3
Para grupos alquilas que apresentam três ou mais átomos de carbono, outras
combinações são possíveis e, portanto, recebem um prefixo em sua nomenclatura.
Os prefixos mais utilizados são sec, iso e tert. Os nomes isopropila, isobutila, sec-
butila e terc-butila são frequentemente utilizados e estão representados no Quadro
1.4.
CH3
Exemplificando
CH3
CH3
CH3
CH3
Exemplificando
CH3
CI
Nome 2-Cloro-3-metilpentano
Fonte: elaborado pelo autor.
Exemplificando
CH2
Estrutura química
H2C CH2
Nome Ciclopropano
CH3
CH2 CH3
Estrutura química
CI
Nome 4-Cloro-2-etil-1-metilcicloexano
Cn H 2 n + H 2 catalisador
Pt , Pd , Ni
→ Cn H 2 n + 2 (1.3)
Cn H 2 n +1MgBr + H 2O
→ Cn H 2 n + 2 + Mg (OH ) Br (1.4)
Vocabulário
Alcanos: são hidrocarbonetos alifáticos saturados.
Pense que você precisa identificar os alcanos que passaram pelo processo
de conversão e nomeá-los corretamente, conforme a IUPAC. O que acontece
nesse processo de conversão? Como você poderá classificá-los e destiná-los
corretamente a suas diferentes aplicações?
Nesta seção aprendemos que o grupo dos alcanos engloba diversas aplicações
dependendo da quantidade de carbono na cadeia carbônica e suas estruturas.
Os alcanos são utilizados principalmente como combustíveis, por possuírem a
propriedade de sofrer combustão, e como solventes ou matérias-primas para a
produção de diversos compostos.
Figura 1.16 | Fórmula estrutural do (a) metano, (b) etano, (c) propano e (d) butano
a b c d
a b
a b
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Figura 1.19 | Fórmula estrutural do (a) etanol, (b) biocombustível e (c) isoctano
a b c
CH3 CH3
H3C C C C C C CH3
H H2 H2 H H2
a) 2,5-Dimetileptano.
b) 5-Etil-2-metilexano.
c) 2-Metil-5etilexano.
d) Nonano.
e) 2,5-Dimetilnonano.
Seção 1.3
Designa-se alceno a cadeia carbônica que apresenta pelo menos uma ligação
dupla entre os átomos de carbono, e, portanto, possui menos hidrogênio que
um alcano com um mesmo número de carbonos. Um alceno de cadeia aberta
apresenta fórmula molecular Cn H 2 n . Em geral, cada anel ou ligação dupla em
uma molécula corresponde a uma perda de dois hidrogênios a partir da fórmula
de um alcano Cn H 2 n + 2. Conhecendo essa relação, é possível calcular o número
de anéis e/ou ligações múltiplas presentes na molécula. Os compostos com duas
ligações triplas são denominados dienos e com três ligações triplas, trienos.
H H H
C C H C C C H
H H H
Assimile
Figura 1.21 | Exemplo de nomenclatura de um alceno
H 3C CH2
C CH2
H 3C CH2 CH2
1. Álcool
Exemplificando
Quadro 1.10 | Classificação dos álcoois
Quantidade
Localização da
Estrutura de hidroxila Estrutura
hidroxila –OH
–OH
2. Fenol
OHI
1-hidroxinaftaleno 1-naftol
OHI
1,4-di-hidroxibenzeno Hidroquinona
OHI
Fonte: elaborado pelo autor.
3. Aldeído
Os três aldeídos mais simples apresentam nomes usuais formados pelos prefixos:
form, acet, propion, seguidos da palavra aldeído, por exemplo: formaldeído,
acetaldeído e propionaldeído. Para os que apresentam insaturação ou ramificações
seguem as regras de nomenclatura vistas anteriormente. Como o grupo funcional
se encontra sempre na extremidade, esse carbono será identificado como o
número 1, portanto não é necessário indicá-lo, conforme apresentado no Quadro
1.12.
O O
C CH2 CH2 CH2 C Pentanodial Glutardialdeído
H H
4. Cetona
Esse átomo de carbono necessariamente tem que ser secundário e para que
essa condição se verifique a cadeia carbônica deverá ter, no mínimo, três átomos
de carbono.
O
2-metilpentanona Metilpropilcetona
H 3C C C H2 C H2 C H3
5. Ácido carboxílico
O
H 3C C H2 C Ácido propanoico Ácido propiônico
OH
O O
C C H2 C Ácido propanodioico Ácido metanodicarboxílico
HO OH
6. Éster
O
H 3C C Etanoato de metila Acetado de metila
O C H3
O
H 3C C H2 C Propanoato de etila Propionato de etila
O C H2 C H3
7. Éter
1. Amina
Pesquise mais
2. Amida
O
H 3C C H2 C Propanamida
N H2
O
C Diaminometanal (Ureia)
H2 N N H2
O
H3 C C H 2 C H 2 C Metilbutanamida
N C H3
Compostos organossulfurados
H3 C S H Metanotiol
H3 C S C H3 Sulfeto de dimetila
S
Propanotiona
H3 C C C H3
Reflita
Os compostos organossulfurados são frequentemente associados
com odores marcantes, mas muitos dos compostos com sabores mais
agradáveis conhecidos são derivados de organossulfurados. A natureza
é abundante em compostos organossulfurados, dado que o enxofre é
essencial à vida. Dois dos aminoácidos mais comuns são compostos
organossulfurados. Combustíveis fósseis, carvão mineral, petróleo
e gás natural, os quais são derivados de organismos pré-históricos,
necessariamente contêm organossulfurados, e a remoção destes é um
foco importante das refinarias de petróleo.
Fonte:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
40422010000400035&lang=pt>. Acesso em: 24 ago. 2016.
1. Oxigênio
Ácido
Álcool Cetona Éter Éster Furano
Carboxílico
Ácido acético
Metanol e Propanona Metoximetano
Acetato de etila e Ácido Furano
Fenol (Acetona) e Éter difenílico
benzoico
CH 3OH CH 3OCH 3 CH 3COOH
e CH 3COCH 3 e CH 3COOCH 2CH 3 e C2 H 2OC2 H 2
C6 H 5OH C6 H 5OC6 H 5 C6 H 5COOH
Nitrogênio
Piridina Pirrol
C5 H 5 N N C4 H 5 N
N
H
Quinolina Indol
C9 H 7 N N C8 H 7 N
N H
H
Indolina Carbazol
N
C8 H 9 N N C8 H12 N
H
3. Enxofre
S S S
C4 H 4 S C8 H 6 S C12 H 8 S
Fonte: elaborado pelo autor.
Compostos metálicos
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
c) C2 H 4O , etanal.
d) CH 2O, metanol.
e) CHO , metano.
Referências
McMURRY, John. Química orgânica. Tradução de All Tasks. 7. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2011.
SOLOMONS, T. W. Graham; FRYHLE, C. B. Química orgânica 1. Tradução de Whei Oh
Lin. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2001.
Speight, J. G. Handbook of Petroleum Analysis. Nova Iorque: John Wiley & Sons, 2001.
VASCONCELOS, M. Teoria de Lewis e carga formal química orgânica 1, aula 004.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=i6l5arePt18>. Acesso em: 13 jul.
2016.
WIKIPÉDIA. Petróleo. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo>.
Acesso em: 13 jul. 2016.
Convite ao estudo
Seção 2.1
Diálogo aberto
No nosso dia a dia, utilizamos diferentes tipos de óleos lubrificantes e nem nos
damos conta de sua composição ou de como é realizada a sua fabricação. Todas
as pessoas utilizam meios de transportes diariamente para ir ao trabalho ou se
locomover. Você já deve ter ouvido falar que de tempo em tempos é necessário
trocar o óleo do carro, pois se não o motor pode fundir? Já deve ter percebido que
se os óleos lubrificantes que utilizamos em motores de automóveis, motocicletas,
ônibus, trens, embarcações e em turbinas de aviões não existissem, estes teriam
uma vida útil muito baixa? Isso aconteceria porque o movimento das peças dos
motores, em contato umas com as outras, gera atrito, aumentando a temperatura
e causando desgaste.
óleos lubrificantes automotivos. Vamos identificar qual composto químico deve ser
utilizado para obter uma melhor viscosidade do óleo lubrificante e entenderemos
por que alguns arranjos na estrutura das moléculas de alcanos e cicloalcanos são
mais propícios a se formarem do que outros arranjos estruturais. Assim, vamos
compreender um pouco mais sobre os óleos lubrificantes e, a partir de agora,
entender as suas funções e aprender os seus segredos.
Bons estudos!
Por exemplo, a Figura 2.1 apresenta uma molécula do etano, em que a rotação
em torno da ligação C − C ocorre livremente, alterando assim repetidamente as
relações espaciais entre os átomos de hidrogênio em um carbono e os átomos de
hidrogênio em outro carbono.
H H H H
H
Rotação
H σ H
sp 3 sp 3
H
H H H H
H H
H
H
H H
H H
H H
H H
Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cof%C3%B3rmeros_de_etano.png>. Acesso em: 7 set. 2016.
H
H H
H H
H
Uma análise da variação de energia que a molécula sofre com grupos girando
sobre uma ligação simples é chamada de análise conformacional. As moléculas
podem apresentar conformação alternada e eclipsada.
Assimile
H H H H
Fórmula em perspectiva H C C H H C C H
H H H H
H H H
Representação por H H
cavalete H H H
H H H H
H HH
H H
Projeção de Newman H
H H H H
H H
O confôrmero eclipsado possui uma maior energia devido à repulsão dos elé-
trons entre as ligações ser maior do que quando estas são mais distantes e alterna-
das. A essa repulsão de elétrons damos o nome de tensão torsional. A diferença de
energia entre as conformações alternada e eclipsada da molécula do etano é de
12 kJ.mol-1. Algumas moléculas irão oscilar com seus átomos nas conformações
alternadas ou quase alternadas. As mais energéticas, entretanto, irão girar das con-
formações eclipsadas para outras conformações alternadas (SOLOMONS; FRYHLE,
2001). A Figura 2.5 apresenta as mudanças de energia que ocorrem na molécula de
etano em função da rotação sobre a ligação carbono-carbono.
Conformações eclipsadas
Energia
CH3 H3C H
H H
H H H H
H H
H
Propano alternado Propano eclipsado
Pesquise mais
Para conhecer mais sobre projeções de Newman, acesse o link disponível
em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/estereoisomeria-ou-
isomeria-espacial.htm> Acesso em: 10 set. 2016.
H HH
H H
H H H H
H CH2CH3
CH2CH3
Figura 2.8 | Potencial de energia versus rotação das ligações do etano do butano em torno
da ligação C 2 − C 3
19kJ mol -1
16kJ mol -1
Energia
3,8J mol -1
Exemplificando
CI H3C CI
H H
H H H H
H H
CH3
Mais estável Menos estável
alternada eclipsada
Br Br Br + Br 2.1
H H H
H C C C Br+HBr
H H H
H H H
H C C C H+2 Br ou
H Br H 2.2
H H H
H C C C H+HBr
H H H
Reflita
H H H H
H3C C H+H O NO2 H3C C +H O NO2 H3C C NO2+ H2O
2.3
H H H
H H H H
H3C C H+H O SO3H H3C C +H O SO3H H3C C SO3H+ H2O 2.4
H H H
Vocabulário
Confôrmeros: compostos caracterizados por poder modificar sua
orientação espacial, convertendo-se em outro composto da mesma
molécula à temperatura ambiente, por rotação da ligação simples
C − C.
H3C
Óleos para
transformadores,
CH3
Óleos naftênicos compressores
de refrigeração e
compressores de ar.
CH3
Extensores e emolientes
CH3
Óleos aromáticos
da indústria de borracha. CH3
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Como pesquisador químico, foi solicitado também que você estude o que são
óleos lubrificantes sintéticos automotivos, qual é a principal diferença na obtenção
desses óleos, em quais situações os óleos lubrificantes podem ser utilizados e se
existe alguma vantagem quando comparados aos óleos lubrificantes minerais.
Resolução da situação-problema
Existem vários compostos químicos que são utilizados para a fabricação de óleos
lubrificantes sintéticos, dos quais podemos citar os hidrocarbonetos sintéticos,
polioésteres, diésteres orgânicos, óleos de silicone e poliésteres perfluorados,
conforme apresentado no Quadro 2.4.
Poliésteres perfluorados F
Extraordinária estabilidade F
Cl Cl
contra influência química.
F Cl Cl Cl
(fluorclorocarbonos)
a) Conformação eclipsada.
b) Conformação alternada.
c) Conformação por cavalete.
d) Conformação do alcano.
e) Conformação oblíqua.
H CH3
H
a) Propano.
b) Metilpropano.
c) Butano.
d) Pentano.
e) Isobutanol.
Seção 2.2
Diálogo aberto
Na seção anterior, aprendemos sobre as ligações sigma e por que ocorre rotação
ao redor das ligações carbono-carbono nas moléculas dos alcanos. O estudo da
combinação espacial das moléculas dos alcanos ajuda a determinar suas propriedades
e seu comportamento biológico. Aprendemos também que as diferentes combinações
que resultam da rotação da ligação são denominadas de conformações e moléculas
que apresentam diferentes combinações são chamadas de confôrmeros.
Ainda como pesquisador químico, agora você verificará o que aconteceu com a
estrutura química dos óleos lubrificantes minerais usados depois que foram retirados
dos motores de automóveis para serem substituídos, fazendo uma comparação das
propriedades físico-químicas com os óleos lubrificantes novos. Para finalizar essa
tarefa, você irá compreender por que esse óleo lubrificante usado se torna um resíduo
perigoso e será capaz de identificar a melhor destinação para ele.
Bons estudos!
Assimile
Exemplificando
CH3
CH3
CH3
CH3
CH2 CH3 Br
1,2 - Dimetilciclopentano 1 - Etil - 3 - metilcicloexano 1 - Bromo - 2 - metilciclobutano
O
H3C CH3
CH3
OH
CH3
Telúrio Telur(a)
Para que a pronúncia seja suavizada, é utilizada a letra (a) que aparece entre
parênteses na coluna prefixo do Quadro 2.6, ou seja, é utilizada sempre que
o prefixo estiver antes de uma consoante. Por exemplo: oxirano (ox + irano) e
oxatiolano (ox +ti + olano).
Quantidade de
Terminações
átomos no anel
Com (N) Sem (N)
3 iridina irano
4 etidina etano
5 olidina olano
Com (N) ou (P) Sem (N) e (P)
6
inano ano
Com ou sem (N) ou (P)
7 epano
8 ocano
9 onano
10 ecano
Fonte: elaborada pela autora.
A química dos cicloalcanos é como a dos alcanos de cadeia aberta, ambas são
apolares e razoavelmente inertes, porém os cicloalcanos são menos flexíveis, ou
seja, apresentam uma menor liberdade de rotação em torno das ligações simples
(McMURRY, 2011).
Na verdade, nós não podemos nos apoiar nessa teoria, pois está baseada em
falsas suposições de que os cicloalcanos seriam planos. O que ocorre é que, a
maioria dos cicloalcanos adota conformações tridimensionais. Uma evidência
disso é que o anel de 5 átomos deveria ser mais estável que o anel de 6 átomos,
mas na prática o anel de 6 átomos é mais estável, isso ocorre pois o tamanho do
anel de 6 átomos permite uma melhor organização tridimensional. O único anel
considerado realmente plano é o ciclopropano, por apresentar apenas três átomos
de carbono, que define um plano, e é considerado uma molécula rígida e plana,
além disso, nenhuma rotação de ligação em torno da ligação C − C ocorre sem
que o anel se abra (McMURRY, 2011).
Reflita
• Tensão angular: tensão gerada pela expansão ou compressão dos ângulos das
ligações simples.
Como resultado, a tensão angular ocorre somente em anéis com três ou quatro
átomos de carbono, o que caracteriza pouca flexibilidade; e para alcanos com
anéis de sete a onze átomos de carbono, a tensão torsional e a tensão estérica são
os fatores mais importantes a serem considerados (McMURRY, 2011).
O anel que possui seis átomos de carbono é o anel mais comumente encontrado
entre as moléculas orgânicas na natureza. O cicloalcano pode apresentar duas
conformações principais, denominadas cadeira e barco, representadas na Figura
2.14.
H H
H H
H H
H H
H H
H H
Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cyclohexane_structure.png>. Acesso em: 18 set. 2016.
Pesquise mais
Para conhecer mais sobre a conformação dos cicloalcanos, acesse o
link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3Twpsr84k-
zk>. Acesso em: 18 set. 2016.
A Figura 2.16 (a) apresenta as seis ligações axiais, uma em cada carbono,
alternadas acima e abaixo da face. As ligações são perpendiculares em relação
ao anel e paralelas entre si. A Figura 2.16 (b) apresenta as seis ligações equatoriais,
uma em cada carbono, e fazem três grupos de duas ligações paralelas. Cada grupo
também é paralelo a duas ligações do anel.
(a) (b)
3 1 2
4 3
2
4 5 6
6 Oscilação do anel
5 1
H H
H H
H C H H H 2H H
H H H 4 H
H 3 H C
3
1
2
1
6 H
H 5
4
H H H H 5
H
6
H H H
H H
Exemplificando
Br
Rotação do anel
Br
Y 1(kJ/mol) Y 1(kJ/mol)
OH 2,1 C6 H 5 6,3
Nesta nova etapa, como pesquisador químico, você tem a função de verificar
a estrutura química dos óleos lubrificantes minerais usados quando são retirados
dos motores de automóveis, com a finalidade de classificá-los conforme sua
composição química, identificando os contaminantes e o tipo de degradação.
Com o passar do tempo, são formados a borra e contaminantes diversos, sendo, portanto,
necessário que o lubrificante seja trocado para evitar o desgaste das peças e problemas no
funcionamento do motor.
Além da formação desses produtos, os óleos lubrificantes usados podem apresentar metais
pesados, como arsênio, cádmio, chumbo, mercúrio e cromo, procedentes do desgaste dos
motores.
O O O O
R1 R1 R1 R1
R1 OH O R2 OH
H O R2
Álcoois Ésteres Ácidos
Aldeídos Cetonas
carboxílicos
CH3 O
H3C H
O O
O
Hidroperóxidos
Tolueno Naftaleno Dioxina
Avançando na prática
Troca de óleos
Descrição da situação-problema
Ainda como pesquisador químico, nesta etapa, você irá analisar os óleos
lubrificantes sintéticos usados e fará uma comparação do tempo de troca dos
óleos lubrificantes minerais e sintéticos.
Resolução da situação-problema
Todo óleo lubrificante novo ao ser utilizado apresenta característica de cor clara
e ao sair está com coloração escura. Isso ocorre porque o óleo lubrificante arrasta
todas as impurezas e desgastes, evitando que se depositem no motor.
OH
a) 6-isopropil-3-metilcicloexanol.
b) 4-isopropil-1-metilcicloexanol.
c) 2-isopropil-5-metilcicloexanol.
d) 3-metil-6-isopropilcicloexanol.
e) 5-metil-2-propilcicloexanol.
CH3
H3C
CH3
(I) (II) (III)
a) Cicloexiletano.
b) Cicloexildietílico.
c) Cicloexano.
d) Metóxicicloexano.
e) Etóxicicloexano.
Seção 2.3
Nesta unidade, aprendemos sobre as ligações sigma e por que ocorre rotação
ao redor das ligações carbono-carbono nas moléculas de uma cadeia carbônica
aberta, as diferentes combinações que resultam da rotação da ligação e alguns
arranjos na estrutura das moléculas dos cicloalcanos, além de compreender
por que sua estrutura forma tensões angulares e torcionais. E para finalizarmos
o assunto desta unidade, estudaremos as conformações de alguns cicloalcanos,
como o ciclopropano, ciclobutano, ciclopentano e cicloexano.
Ainda como consultor químico, você poderá analisar como é feito o rerrefino
dos óleos lubrificantes usados, ou seja, saber como o óleo lubrificante usado é
transformado em óleo básico novamente, e que o rerrefino tem padronização
exigida por lei em todas as fases do processo para sua recuperação, seguindo o
caminho da sustentabilidade.
Bons estudos!
• Tensão angular: tensão gerada pela expansão ou compressão dos ângulos das
ligações simples.
3
Como os átomos de carbonos apresentam hibridação sp e o ângulo da
ligação tetraédrica normal para essa hibridação é de 109,5°, os ciclopropanos se
afastam do valor ideal devido, principalmente, ao se apresentarem na forma de um
HH
C
H C C H
H H
Assimile
Figura 2.21 | Comparação da ligação C − C normal do alcano e da ligação C − C
angular do ciclopropano
H C H
C C
109o
HH HH
H H
C
1,089A
H H
C C
H H
1,510A
H’ H’ H
H H H’
H H H’ H’
H H’ H’
H’ H H
H H
H H
H H
H H
Pesquise mais
Para conhecer mais sobre geometria molecular dos alcanos e
cicloalcanos, acesse o link disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/
online/cadernos/03/modelag.pdf>. Acesso em: 27 set. 2016.
H H
H H
H
H H
H
H H
H H
H H
H H
H H
H H
H H
H
H H H
H H H
H
H H
Exemplificando
H H
H H H H H H H
H
HH H H H
H H HH H
H H
a) b) H H
H H
H H H HH H
H H H H
H H
H H
HH H H H H
H H H H
a) b)
H H
Reflita
Conforme a IUPAC, a modelagem molecular é uma investigação
das estruturas e propriedades moleculares por meio da utilização da
química computacional e de algumas técnicas de visualização gráfica,
tendo em vista o fornecimento de uma reprodução tridimensional
em determinadas condições. Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422003000300023>. Acesso
em: 27 set. 2016.
HH HH H H HH H H H H
H
H H H H
H H H
H H H
H H H H H H H H H H
H H
H H H H
H H H H H H H H
H H H
H H H H HH H H H H
HH HH H H H H
Os óleos lubrificantes são derivados do petróleo e estão entre poucos que não
Avançando na prática
Processo de rerrefino
Descrição da situação-problema
Como o óleo lubrificante usado no Brasil ainda é coletado sem separação, uma
mistura de óleos lubrificantes minerais, semissintéticos e sintéticos é entregue
às refinarias para o processo de rerrefino. Mas, mesmo assim, os processos mais
atuais de rerrefino permitem a transformação do óleo lubrificante usado em óleos
lubrificantes básicos com as especificações das normas da Agência Nacional do
Petróleo.
Para finalizar o nosso estudo sobre óleos lubrificantes, foi solicitado agora que
você refaça o processo de rerrefino com amostras de óleos lubrificantes industriais
para comparar os processos de rerrefino dos óleos lubrificantes automotivos e
industriais.
Resolução da situação-problema
No caso dos óleos industriais usados, o rerrefino pode ser substituído por outro
processo denominado recondicionamento físico completo do fluido, que aumenta
o grau de limpeza dos óleos lubrificantes industriais reduzindo automaticamente
os teores de água, gases, sólidos e borras a padrões excelentes, comparados com
os óleos industriais novos.
a) 6 interações.
b) 8 interações.
c) 10 interações.
d) 12 interações.
e) 14 interações.
H H
H
H H
H
H H H
H
H H
Fonte: elaborada pela autora.
Referências
McMURRY, J. Química orgânica. Tradução All Tasks. 7. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2011.
Convite ao estudo
Seção 3.1
Diálogo aberto
Você já pensou que diferentes moléculas podem variar apenas pela relação
entre suas partes? Isso pode definir, por exemplo, se compostos terão o mesmo
cheiro ou cheiros bastante diferentes. Ou ainda, se apresentam atividade como
fármaco (remédio) ou não. A conexão entre os átomos no espaço tem muita
importância. Existem algumas técnicas aplicadas para análise de compostos
orgânicos, entretanto, nem todas diferenciam os diversos tipos de estrutura, pois
algumas apresentam as mesmas propriedades no ponto que estão sendo avaliadas.
Bons estudos.
A ligação π dos alcenos impede que ocorra rotação livre em torno da dupla
ligação, e, portanto, qualquer tentativa de rotação ocasiona o rompimento dessa
ligação (Figura 3.1). Para que ocorra a rotação é necessário fornecer energia ao
sistema, romper a ligação π C-C, rotacionar a ligação simples e então formar a
ligação π C-C novamente. Em alcenos cíclicos, dependendo do número de
membros no anel, apenas um dos isômeros é possível, comumente com os
substituintes do ciclo para o mesmo lado.
Tabela 3.1 | Densidade e ponto de ebulição dos isômeros cis e trans do 2-buteno
Exemplificando
Exemplificando
Por exemplo, a molécula de 1,2-dimetilciclopentano pode apresentar
duas fórmulas estruturais diferentes, conforme a Figura 3.5.
Pesquise mais
A preferência pela conformação menos energética sempre existirá.
Entretanto, esta varia de acordo com o padrão de substituição, como 1,2, ou
1,3 ou 1,4, e o volume do substituinte exerce muita influência na escolha da
conformação preferencial. Você pode aprender mais sobre isso consultando
o livro Química orgânica (SOLOMONS; FRYHLE, 2010, v. 2). Lembre-se de
consultar a “Minha Biblioteca” em sua área do aluno.
Nesse caso, a IUPAC recomenda a utilização dos prefixos Z/E, que utilizam
regras de prioridades entres os substituintes. As letras Z e E descrevem a relação
entre os substituintes de maior prioridade, sendo provenientes das palavras em
alemão zusammen (Z), que significa juntos, e entgegen (E), que significa oposto. As
letras Z e E devem ser escritas sempre em maiúsculo e em itálico.
Assimile
Reflita
Um par de alcenos com isomeria geométrica consiste em dois
compostos com a mesma estrutura, porém, arranjo espacial diferente.
Quando os substituintes dos dois carbonos são diferentes, eles são
considerados estereoisômeros, ou seja, são isômeros espaciais, sendo
moléculas assimétricas.
Um átomo com o número atômico mais alto recebe prioridade mais alta do
que um átomo com número atômico mais baixo. A Figura 3.7 apresenta os prefixos
E/Z na nomenclatura do 2-cloro-2-buteno.
Você deve ficar atento: átomos com ligações múltiplas são equivalentes ao
mesmo número de átomos com ligações simples.
Assimile
Exemplificando
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
a) trans-1,2-dimetil-4-hexeno.
b) cis-1,2-dimetil-4-hexeno.
c) cis-4,5-dimetil-2-hexeno.
d) trans-4,5-dimetil-2-hexeno.
e) trans-4-metil-4-isopropil-2-hexeno.
Seção 3.2
Para responder a essas perguntas e lhe auxiliar a atender seu gestor, nesta
seção daremos continuidade ao estudo de isomerismo, identificando agora
os carbonos que são centros de quiralidade, e conheceremos compostos que
apresentam dois centros quirais iguais e dois centros quirais diferentes. Vamos falar
de estereoisômeros.
Bons estudos!
Podemos dizer que uma molécula quiral, ou assimétrica, é a molécula que não
é idêntica à sua imagem no espelho. Mas o que isso quer dizer? Para estudarmos
a quiralidade das moléculas, primeiramente teremos que compreender o que é
simetria e assimetria.
Espelhos
Assimile
Plano de simetria é um plano imaginário que divide um objeto em duas
partes iguais. Quando há um plano de simetria na molécula, objeto e
imagem especular são podem ser sobrepostos.
Figura 3.15 | (a) Mãos esquerda e direita não se sobrepõem; (b) imagem especular da mão
esquerda
Quando falamos de carbonos sp3, para que uma molécula orgânica seja quiral,
é necessário que esta apresente pelo menos um átomo de carbono que possua
quatro substituintes diferentes entre si. Esses substituintes podem ser: uma cadeia
carbônica, um heteroátomo, grupos funcionais, entre outros. Esse carbono,
*
nomeado centro de quiralidade, é representado por C e será sempre saturado,
com geometria tetraédrica. A Figura 3.16 apresenta uma molécula quiral em que
*
o carbono C se encontra ligado aos quatro ligantes -Cl, -CH3, -H, -CH2CH3, que
são diferentes entre si.
Assimile
Espelho
Imagens que
não podem ser
sobrepostas
Enantiômeros
Pesquise mais
É importante observar que a quiralidade é propriedade de uma molécula como
um todo, ao mesmo tempo em que o centro de quiralidade é característica
estrutural dentro da própria molécula (McMURRY, 2011). Conheça mais sobre
a quiralidade em: <https://www.youtube.com/watch?v=_o9mHE2e_vU>.
Acesso em: 13 jan. 2017.
lático e (-)-ácido lático. As duas moléculas são encontradas no leite azedo, mas
apenas o enantiômero (+) está presente no tecido muscular.
Imagens que
não podem ser
sobrepostas
Exemplificando
A Figura 3.19 apresenta a molécula 2-bromobutano, que possui um
carbono quiral. Para interconverter essas moléculas, precisamos quebrar
uma ligação do composto (+), e ligar novamente esse substituinte pelo
outro lado. Nesse caso, em determinadas condições, pode ocorrer
essa reação, mas nem sempre esse exercício de imaginação ocorre
realmente.
Reflita
Quiralidade é um fenômeno que permeia o universo. Muitas plantas
apresentam quiralidade na maneira que se enrolam em torno de
estruturas de suporte. Moléculas quirais podem apresentar suas
lateralidades diferentes de muitos modos, incluindo a maneira que
afetam os seres humanos. Uma forma enantiomérica de um composto
chamado limoneno é responsável principalmente pelo odor das
laranjas, e o outro enantiômero pelo odor dos limões. Outro exemplo
é o par enantiomérico de um composto chamado carvona, em que
um enantiômero é a essência do cominho, e o outro a essência da
hortelã (SOLOMONS; FRYHLE, 2013).
As estruturas (I) e (II) são imagens especulares uma da outra e não são idênticas,
portanto, são consideradas um par de enantiômeros. Já as estruturas (III) e (IV)
são idênticas, pois é possível girar uma dessas estruturas em 180° para ficar igual
a outra molécula. Analisando cuidadosamente as estruturas (III) e (IV), podemos
observar que estas apresentam um plano de simetria, portanto, é uma molécula
aquiral, mesmo com dois centros de quiralidade. Esses compostos aquirais, que
apresentem centro de quiralidade, são denominados de compostos mesos, que
estudaremos melhor na próxima unidade. Logo, o ácido tartárico existe em três
formas estereoisoméricas, que compreendem dois enantiômeros e uma forma
aquiral meso.
Assimile
Figura 3.24 | Moléculas cis e trans-1,2-ciclopentanodiol
IV
Logo, essas serão as estruturas para as quais você deve propor os enantiômeros
e estereoisômeros. Não se esqueça de combinar com os resultados obtidos na
seção anterior.
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
Figura 3.28 | Reação de oxidação de uma mistura de quatro isômeros (eritrose e treose)
Plano de
simetria
Portanto, após reagir os quatro isômeros, foram obtidas duas moléculas quirais
e um composto meso, o que explica, então, os resultados obtidos nas análises.
Como temos duas enantiomêros e um composto com relação diastereoisomérica,
você deve separá-los e prosseguir com a rota sintética.
1. Para que a molécula orgânica seja quiral, é necessário que esta apresente
pelo menos um átomo de carbono que possua quatro ligantes diferentes
entre si e, assim, não admita um plano de simetria, ou seja, a molécula não
se sobrepõe com sua imagem especular.
Observando as estruturas representadas a seguir, é correto afirmar:
a) Metil, metil.
b) Metil, etil.
c) Metil, hidroxila.
d) Etil, etil.
e) Etil, propil.
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.
Seção 3.3
Isomeria óptica
Diálogo aberto
Bons estudos!
Reflita
Para a química orgânica, é interessante o estudo da atividade óptica
causada apenas pela assimetria molecular, pois a substância apresenta
atividade óptica no estado fundido ou em solução. Quando a atividade
óptica for gerada pela assimetria cristalina, a substância é considerada
opticamente ativa apenas quando estiver no estado sólido, pois ao ser
fundida ou dissolvida em um líquido, a atividade óptica desaparece
(SOLOMONS, 2001).
Rotação
óptica de 30o
Luz
polarizada
Fonte de luz
A Figura 3.32 apresenta um equipamento composto por uma fonte de luz, que
geralmente é uma lâmpada de sódio; um polarizador; um tubo, que contém uma
solução de moléculas orgânicas opticamente ativas no feixe de luz; um analisador
móvel, que mede o número de graus que o plano de luz polarizada girou; e um
observador. O novo plano de polarização é determinado girando o analisador
móvel até que a luz passe através dele.
onde:
[α ]D:
rotação em graus observada quando se usa um tubo de 1 dm de
comprimento, sendo a concentração da amostra de 1 g/mL.
Pesquise mais
Os enantiômeros apresentam diferentes comportamentos apenas quando
interagem com outras moléculas quirais. Quando um feixe de luz plano-po-
larizada passa através de um enantiômero, o plano de polarização gira. Além
disso, enantiômeros separados provocam a rotação do plano de luz plano-
-polarizada em quantidades iguais, mas em direções opostas (SOLOMONS;
FRYHLE, 2010).
Exemplificando
As propriedades físicas, como ponto de fusão, ponto de ebulição e
densidade de dois enantiômeros, são iguais, exceto o desvio sobre a
luz polarizada. A rotação específica [α ]D é de –5,9° para o isômero A
e +5,9° para o isômero B, que recebem as nomenclaturas (-) e (+),
respectivamente (Figura 3.33).
Assimile
Figura 3.34 | Reação de oxidação do ácido lático em ácido pirúvico
Assimile
Lembre-se de que não existe uma relação que pode ser prevista de
maneira direta entre a estrutura e o sinal da rotação óptica. Isso ocorre
também em reações químicas, em que um reagente (+) ou (-) não
leva obrigatoriamente a um produto de mesmo sinal. Por exemplo, o
(+)-ácido lático pode ser convertido em seu sal de sódio, o (-)-lactato
de sódio, sem que ocorra alteração no centro de quiralidade. Após
acidificação, teremos novamente o ácido lático com rotação (+)
(Figura 3.37).
Tabela 3.3 | Contagem de moléculas obtidas a partir das cinco estruturas iniciais
I E 2 2 pares (4 compostos)
8
Z 2 2 pares (4 compostos)
II E 0 0
2
Z 0 0
III E 0 0
2
Z 0
IV E 1 1 par (2 compostos)
4
Z 1 1 par (2 compostos)
V E 1 1 par (2 compostos)
4
Z 1 1 par (2 compostos)
Avançando na prática
Resolução da situação-problema
Tabela 3.4 | Contagem de moléculas obtidas a partir das cinco estruturas iniciais
[α ]20
D
-41 -51 +41 +52 -94 0 +94
que os compostos I/III e II/IV são dois pares enantioméricos, já que apresentam
apenas sinais opostos. Como todos possuem a mesma estrutura, entre os dois
pares, a relação é diastereoisomérica. Para o segundo grupo, os compostos V e
VII são enantiômeros por apresentarem o mesmo valor de rotação óptica, porém
com sinais inversos, enquanto o composto VI é meso, por não apresentar desvio
da luz plano polarizada.
Referências
McMURRY, John. Química orgânica. Tradução AllTasks. 7. ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2011.
MERÇON, Fábio. O que são gorduras trans? Química Nova na Escola, Campinas,
v. 32, n. 2, p. 78-83, 2010. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/
qnesc32_2/04-CCD-9509.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2017.
Estereoquímica
Convite ao estudo
o que deverá ser feito? Uma vez que essa indústria procura identificar
novas moléculas a serem empregadas como fármacos, todos os
intermediários da rota de síntese desse composto serão testados, a
pureza dos reagentes utilizados precisa ser verificada, assim como deve-
se indicar quais compostos serão enviados para os testes biológicos. Na
última etapa, você deve elaborar um relatório ao seu gestor, indicando a
manutenção ou a troca de fornecedor, e para isso precisa entender um
pouco sobre como moléculas quirais atuam em sistemas biológicos.
154 Estereoquímica
U4
Seção 4.1
Diálogo aberto
Estereoquímica 155
U4
Figura 4.1 | Imagem especular e estrutura química dos cristais de tartarato de amônio e
sódio
156 Estereoquímica
U4
composição. De fato, hoje sabemos que cada um dos dois cristais é formado por
um dos enantiômeros do sal de tartarato de amônio e sódio, os isômeros (+) e (-).
Estereoquímica 157
U4
Assimile
Para que a prioridade atribuída corresponda à configuração R ou
S corretamente, é importante que o grupo com prioridade 4 fique
afastado do observador. No início, isso não é tão fácil de ser realizado,
podendo levar a erros mesmo quando você sabe a regra. Praticar é o
melhor caminho! Use modelos atômicos como ferramenta. Também
é possível construir um carbono tetraédrico utilizando bolas de isopor
e palitos.
158 Estereoquímica
U4
Quando um dos substituintes possui uma ligação dupla ou tripla, para contar
a prioridade, devemos duplicar ou triplicar o átomo que está na dupla ou tripla
ligação, respectivamente, como nos exemplos da Figura 4.4.
Exemplificando
Estereoquímica 159
U4
Atenção
A nomenclatura R/S não está relacionada com o desvio da luz plano-po-
larizada, ou seja, um composto pode ter a configuração R e apresentar o
sinal (-) ou (+), assim como outro composto pode ter a configuração S e
apresentar o sinal (+) ou (-). Independentemente da configuração, só sa-
beremos o sinal de rotação ao realizarmos a medida experimental.
160 Estereoquímica
U4
Estereoquímica 161
U4
(+), o grupo hidroxila fica para a direita, enquanto que no isômero (-) esse grupo
fica para a esquerda. Essa posição deu origem à nomenclatura L/D, onde L significa
que o grupo está para o mesmo lado que no (-)-gliceraldeído e D em comparação
com o (+)-gliceraldeído.
162 Estereoquímica
U4
Pesquise mais
Aprenda mais sobre a nomenclatura e a reatividade de carboidratos
lendo o capítulo:
Estereoquímica 163
U4
Exemplificando
Uma mistura dos isômeros R e S da 2-metilcicloexanona contém
13,5 mols do isômero R e 4,5% do isômero S. Utilizando a fórmula
acima, temos:
13,5 - 4,5
% ee =
18 . Como há uma maior quantidade do isômero R,
X 100= 50%
Quantidade a mais =
excesso
(R)-2-metilciclohexanona (S)-2-metilciclohexanona
13,5 mols 4,5 mols
re: 75:25
ee: 50%
164 Estereoquímica
U4
Reflita
A medida da rotação ótica é muito sensível, como dissemos, e o
solvente afeta os valores obtidos. Outra fonte de erro é a presença de
qualquer impureza, oticamente ativa ou não, pois afeta a passagem
de luz pela solução. O mesmo é observado para amostras coloridas.
Com base nessas informações, você considera seguro determinar o
ee unicamente pela rotação ótica?
Lembre-se de que você está atuando como responsável técnico em uma in-
dústria farmacêutica que acaba de receber um lote do building block 3-mercapto-
-2-metilpropanoato de metila. Revendo a estrutura química desse composto, você
identificou um carbono centro de assimetria sp3. Isso é um indicativo de que nessa
amostra pode haver qualquer um dos isômeros, ou ainda uma mistura deles (Figu-
ra 4.13). Para iniciar a identificação correta, atribua a configuração R/S utilizando as
regras estudadas nesta seção, como descrito a seguir.
Estereoquímica 165
U4
(S)-3-mercapto-2-metilpropanoato
de metila
3-mercapto-2metilpropanoato
de metila
(R)-3-mercapto-2-metilpropanoato
de metila
Atenção
Sobre a ordem de prioridade: note que embora o carbono centro de
assimetria esteja ligado a dois átomos de carbono, um deles possui um
átomo de enxofre, enquanto o outro tem uma ligação dupla de oxigênio
e uma ligação simples oxigênio. Mesmo a ligação dupla “abrindo” em
3 oxigênios, não olhamos a soma dos números atômicos, e sim qual o
elemento de maior número atômico, que é o enxofre.
Você detectou que não há nenhum relatório sobre a pureza ótica do lote e
resolveu solicitar uma análise de rotação ótica. O resultado encontrado pelo
analisador foi [α ]D = + 17,9 (CHCl3 ) . Checando a literatura, você encontrou que
o isômero S apresenta [α ]D = - 29,8 (CHCl3 ) (BIANCHI; CESTI, 1990). Sua primeira
conclusão é de que o lote recebido é enriquecido enantiomericamente com o
isômero R, uma vez que o sinal é oposto ao descrito na literatura para o isômero S.
17,9
O ee pode então ser calculado por: % ee =
29,8
× 100 = 60% .
Com esse resultado, você está indicando que existe 60% do isômero R em
excesso em relação ao isômero S. A razão enantiomérica é então 80:20 (60% é R
e 40% é racêmico – 20% R e 20% S).
166 Estereoquímica
U4
Avançando na prática
Estereoquímica auxiliando escolhas de síntese
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Para resolver esse problema, você escolheu utilizar a rotação ótica. Para isso, você
pesquisou na literatura que a rotação ótica do (S)-2-octanol é [α ]D = -9,9 (CHCl3 )
(SOLOMONS; FRYHLE; JOHNSON et al., 2013, p. 248) e analisou as amostras 1 e
2, obtendo os valores [α ]D = -8,84 (CHCl3 ) e [α ]D = +5,31 (CHCl3 ) , respectivamente.
Com esses dados você pode calcular os excessos enantioméricos:
Amostra 1: Amostra 2:
8,84 5,31
% ee = X 100 = 89,3% % ee = X 100 = 53,6%
9,9 9,9
Pelos sinais de rotação ótica, você observou que a amostra 1 apresenta o mesmo
sinal descrito para o isômero S; e a amostra 2, o sinal oposto. Portanto, a amostra 1
contém o isômero S em 89,3% de ee, enquanto a amostra 2 contém o isômero R
em 53,6% de ee. Ambas as amostras são enantiomericamente enriquecidas.
Em seu relatório deve constar uma estrutura dos compostos e os seus valores
de ee. Para isso, você deve aplicar a ordem de prioridade e determinar os dois
isômeros, como descrito na Figura 4.15.
Estereoquímica 167
U4
Com isso, o seu relatório deve conter as informações descritas na Figura 4.16,
sendo que o sintético deve escolher a condição de acordo com a necessidade do
isômero. Para obter o isômero R, você indica a necessidade de mais estudos nas
condições reacionais, devido ao baixo ee.
168 Estereoquímica
U4
Compostos I, II e III
Estereoquímica 169
U4
170 Estereoquímica
U4
Seção 4.2
Enantiômeros e diastereoisômeros
Diálogo aberto
Estereoquímica 171
U4
Reflita
172 Estereoquímica
U4
Assimile
As configurações dos centros de assimetria devem ser iguais
independentemente da projeção. Entretanto, os descritores de relação,
tais como syn/anti ou eritro/treo, estão intrinsicamente relacionados
com a maneira que desenhamos a molécula em diferentes projeções,
indicando apenas a relação entre os substituintes.
Outra coisa importante a notar é que os compostos III e IV são idênticos, basta
girar uma das estruturas em 180ο.
Estereoquímica 173
U4
174 Estereoquímica
U4
Prostaglandina E1 11-epi-Prostaglandina E1
Estereoquímica 175
U4
176 Estereoquímica
U4
D D
Exemplificando
Em uma rota sintética para desenvolver uma metodologia química, um
químico obteve um aminoácido sintético. Como ele não conseguiu
purificar o composto, não foi possível preparar uma amostra e obter
a sua rotação ótica. Esse profissional escolheu, então, utilizar a
cromatografia líquida com uma coluna quiral (ambiente quiral). Dessa
forma, ele pôde evidenciar que seu composto sintético se comportava
exatamente como o comercial, enantiomericamente puro, e, portanto,
possuía a mesma estereoquímica.
Estereoquímica 177
U4
Figura 4.25 | Resolução de enantiômeros utilizando uma reação química – uso de aminas
quirais
composto S, S composto R, S
Uma outra opção para é realizar uma reação enzimática. A resolução enzimática
fornece um ambiente quiral seletivo ao enantiômero, sendo que apenas um deles
irá reagir com a enzima, e o outro fica inerte. Dessa forma, os dois compostos
agora são estruturalmente diferentes e podem ser separados.
178 Estereoquímica
U4
lipase
Pesquise mais
Ao longo de nosso estudo, sempre tratamos de diastereoisômeros
3
abrangendo moléculas com carbono sp . Porém, devemos lembrar
2
que existe a quiralidade em moléculas com átomos de carbonos sp .
Por exemplo, os alcenos cis e trans são diastereoisômeros. Outro tipo de
isomeria é a atropoisomeria, que ocorre devido a restrições estruturais,
como no composto Binol. Pesquise mais sobre a atropoisomeria no
capítulo:
Estereoquímica 179
U4
Você aprendeu nesta seção que não é possível separar os enantiômeros, porém,
podemos separar os diastereoisômeros. Assim, define que precisa transformar
a mistura enantiomérica de 3-mercapto-2-metilpropanoato de metila em uma
mistura diastereoisomérica.
epi
Você está quase sinalizando para alterar o fornecedor e comprar o building block
enantiomericamente puro. Entretanto, o seu gestor faz um outro questionamento:
haveria diferença comercializar o captopril em uma mistura com o epi-captopril?
Vamos aprender sobre isso para passar uma indicação ao seu gestor.
180 Estereoquímica
U4
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Resolução da situação-problema
Estereoquímica 181
U4
Você realizou uma análise de rotação ótica e observou que, embora a molécula
seja assimétrica, não há desvio da luz plano-polarizada. Isso é explicado por termos
uma amostra racêmica contendo os dois enantiômeros possíveis. Para separá-los,
você propõe uma resolução utilizando uma amina enantiomericamente pura, tal
como visto no final da seção anterior.
182 Estereoquímica
U4
Estereoquímica 183
U4
a) Compostos racêmicos.
b) Compostos enantioméricos.
c) Compostos diastereoisoméricos.
d) Compostos meso.
e) Compostos enantiomericamente puros.
184 Estereoquímica
U4
Seção 4.3
Diálogo aberto
Estereoquímica 185
U4
Toda a nossa informação genética está contida no DNA, o qual tem uma dupla
hélice assimétrica. Se olharmos como o DNA é formado, veremos que nos nucleo-
sídeos (base purínica + açúcar) está presente uma molécula de 2-desoxi-D-ribose,
uma molécula quiral (Figura 4.32). O RNA, que é responsável por carregar essa
informação nos processos celulares, também contém moléculas de D-ribose. Si-
milarmente ao DNA, o RNA é uma macromolécula quiral.
186 Estereoquímica
U4
Hexoses é o nome dado aos açúcares que contêm seis átomos de carbono,
tais como a glicose e a glucose. Note, na Figura 4.35, que o nome dos açúcares
varia para cada diastereoisômero, sendo que o enantiômero dessas estruturas
deve ser nomeado apenas com L antes do nome, como L-glicose ou L-altrose.
Estereoquímica 187
U4
188 Estereoquímica
U4
Reflita
Pesquise mais
Você pode aprender mais sobre carboidratos acessando:
<www2.iq.usp.br/docente/fgueiros/Carboidratos_alunos.pdf>. Acesso
em: 9 fev. 2017.
Ou ainda, lendo o capítulo:
SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Carboidratos. In: ______. Química
orgânica. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 2. v. p. 425.
Estereoquímica 189
U4
190 Estereoquímica
U4
Exemplificando
Para o aminoácido fenilalanina, a configuração é S e também L. Os
passos para essas atribuições estão descritos na Figura 4.39.
Assimile
Embora todos os aminoácidos naturais em comparação com o
gliceraldeído sejam L, nem todos possuem a configuração S, pois como
sabemos as nomenclaturas utilizam critérios diferentes. Quando temos
o aminoácido cisteína, o grupo enxofre assume a maior prioridade,
portanto esse centro possui a configuração R. Porém, em comparação
com o gliceraldeído, ainda é L (Figura 4.40).
Estereoquímica 191
U4
Reflita
192 Estereoquímica
U4
Quando um composto quiral está interagindo com o sítio ativo de uma proteína,
ele pode ou não caber efetivamente nesse espaço. Isso ocorre, pois o composto
deve interagir com o bolsão, por exemplo, por ligações de hidrogênio ou outras
forças intermoleculares. Podemos representar essa interação ou a falta dela pelo
esquema apresentado na Figura 4.42.
Estereoquímica 193
U4
(S)-talidomida (R)-talidomida
Você pode pensar que isso impossibilita o uso da talidomida. Entretanto, isso
não é verdade, uma vez que esse composto é utilizado no tratamento de inúmeros
tumores, principalmente em pacientes em idade não fértil.
194 Estereoquímica
U4
Pesquise mais
É muito interessante como o nosso corpo interpreta diferentes
estereoisômeros e você pode aprender mais sobre isso acessando
este material sobre fármacos e quiralidade: <qnesc.sbq.org.br/online/
cadernos/03/quiral.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2017.
epi-captopril
epi-captopril
Estereoquímica 195
U4
Muitas vezes, aumentar a dose não é possível. Imagine uma pessoa tomando
10 comprimidos de uma única vez, ou ainda tomando 10 vezes um comprimido
ao longo do dia: isso aumenta muito a chance de erro e da dose correta não ser
ingerida. Outro fator importante é que um composto em doses mais altas pode
se tornar tóxico a outra função do corpo que não o alvo, causando, por exemplo,
lesões no fígado.
Por isso, diante desse resultado, você deve informar ao seu gestor que os
custos precisam ser comparados. É necessário analisar o preço do composto
3-mercapto-2-metilpropanoato de metila na forma do isômero R e o quanto se
perde não comercializando o composto epi-captopril. Nessa conta, você deve
incluir os gastos com os reagentes em todas as etapas do processo e também as
despesas de manutenção da planta industrial.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
196 Estereoquímica
U4
Resolução da situação-problema
Estereoquímica 197
U4
2.
198 Estereoquímica
U4
Eritrose L e D
Estereoquímica 199
U4
200 Estereoquímica
U4
Referências
CAREY, F. A. Química orgânica. 7. ed. São Paulo: AMG Editora Ltda., 2011. v. 1.
CAREY, F. A. Química orgânica. 7. ed. São Paulo: AMG Editora Ltda., 2011. v. 2.
Estereoquímica 201