Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
É doutorado em
Humanidades pela Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, onde
atualmente leciona literatura contemporânea e escrita criativa. Escreve
regularmente para jornais espanhóis e latino-americanos, como o El País,
ABC, La Vanguardia, Clarín e Arcadia. É autor de vários livros. Livrarias, que
agora se publica em Portugal, foi considerado um dos dez melhores livros de
viagens pelo jornal Guardian.
Cada livraria condensa o mundo.
Não é uma rota aérea, mas um
corredor entre estantes o que une o
teu país e as suas línguas com
regiões extensas nas quais se falam
outros idiomas. Não é uma fronteira
internacional, mas uma passagem –
uma simples passagem.
Jorge Carrión
Título: Livrarias
Título original: Librerías
Autor: Jorge Carrión
1.ª edição em papel: maio de 2017
Tradução: Margarida Amado Acosta
Revisão: João Assis Gomes
Quetzal Editores
Rua Prof. Jorge da Silva Horta, n.° 1
1500-499 Lisboa
quetzal@quetzaleditores.pt
Tel. 217 626 000
ISBN: 978-989-722-390-7
Livrarias
«Uma livraria não é mais do que uma ideia no tempo.»
«Por detrás daquela testa calcária, suja, coberta de musgo cinzento, cada
homem e cada título alguma vez impresso na capa de um livro
encontravam-se, formando parte de uma impercetível comunidade de
fantasmas, como que cunhados em aço. De qualquer obra, nova ou usada,
que tivesse aparecido há dois dias ou há duzentos anos conhecia, num
ápice, o lugar de publicação, o editor, o preço. E de cada livro recordava,
com uma precisão infalível, ao mesmo tempo a encadernação, as
ilustrações e as separatas em fac-símile. [...] Conhecia cada planta, cada
infusório, cada estrela do cosmos perpetuamente sacudido e sempre
agitado do universo dos livros. Sabia de cada matéria mais do que os
especialistas. Dominava as bibliotecas melhor do que os bibliotecários.
Conhecia de cor os fundos da maioria das casas comerciais melhor do que
os seus proprietários, apesar das notas e dos ficheiros deles, enquanto ele
apenas dispunha da magia da recordação, daquela memória incomparável
que, na verdade, só se pode explicar através de centenas de exemplos
diferentes.»
MICHEL FOUCAULT
As Palavras e as Coisas.
1 «Ei-lo, todo o seu mundo estava ali! E agora não podia viver nele, exceto por aquela
pequena porção que lhe devolveria a memória!» (N. da T.)
Sempre a viagem
APÓSTOLOS 19:19.
As livrarias mais antigas do mundo
UMA LIVRARIA NÃO SÓ TEM DE SER ANTIGA como deve parecê-lo. Quando
entramos na Livraria Bertrand, no n.º 73 da Rua Garrett, em Lisboa,
a poucos passos do café A Brasileira e da sua estátua de Fernando
Pessoa e, por conseguinte, em pleno coração do Chiado, o «B»
sobre fundo encarnado do logótipo exibe orgulhosamente um
número: 1732. Na primeira sala tudo aponta para esse passado
venerável patente na data: a vitrina de livros em destaque; as
escadas deslizantes ou o banco-escadote que permite aceder às
prateleiras mais altas de umas estantes vetustas; a placa
enferrujada que batiza como «Sala Aquilino Ribeiro» o lugar onde
nos encontramos, em homenagem a um dos seus mais ilustres
clientes, tão assíduo como Oliveira Martins, Eça de Queirós, Antero
de Quental ou José Cardoso Pires; e, sobretudo, o diploma do
Guinness World Records, que certifica a sua condição de livraria no
ativo mais antiga do mundo.
Uma atividade ininterrupta. E documentada. No n.º 1 da Trinity
Street, Cambridge, venderam-se livros durante muito tempo desde
1581, com clientes tão célebres como William Makepeace
Thackeray e Charles Kingsley, mas durante longos períodos o
estabelecimento foi, em exclusivo, sede da Cambridge University
Press, sem venda direta ao público. No mesmo terreno pantanoso
da ausência de documentos fiáveis, encontramos, em Cracóvia, a
Matras – ainda conhecida como Gebether i Wolff pelos mais velhos
–, cujas origens míticas remontam ao século XVII (quando o
mercador de livros Franz Jacob Mertzenich abriu nesse mesmo
lugar uma livraria), com continuidade desde 1872. Palco de um
célebre salão literário nessa viragem do século, hoje em dia acolhe
importantes eventos relacionados por estar implantada numa cidade
UNESCO da literatura. É por isso que a Librairie Delamain, de Paris,
que abriu as suas portas na Comédie-Française em 1700, 1703 ou
1719 – a data varia, conforme as fontes –, e que só se mudou para
a Rue de Saint Honoré em 1906, talvez seja a autêntica livraria mais
antiga do mundo. No entanto, não tem como demonstrar essa
afortunada atividade ininterrupta, em parte devido a que, ao longo
da sua dilatada história, sofreu pelo menos um incêndio e uma
inundação, que certamente terão danificado os seus arquivos. O
que a memória coletiva sem dúvida não esqueceu foi que, durante o
século XVIII, foi regida pela mesma família Duchesne que editou Rétif
de La Bretonne, Voltaire e Rousseau, e que o seu mais famoso
proprietário durante o século XX, o editor Pierre-Victor Stock, a
perdeu num jogo de póquer. A livraria P&G Wells, de Winchester,
parece ser mesmo a mais antiga do Reino Unido, e quem sabe se
não será a mais antiga do mundo com uma única localização, ou
seja, radicalmente independente (em finais do século XX abriu a sua
única sucursal na universidade). Conservam-se recibos de compras
de livros de 1729 e, ao que parece, a atividade regular na sede da
College Street remonta à década de 1750. Durante a década
seguinte, em 1768, começou a negociar com livros a Hodges Figgis,
ainda no ativo, que não só é a mais antiga da Irlanda como a maior,
com um stock de 60 mil exemplares. E é a mais dublinense, porque
aparece no mais dublinense de todos os livros, que não é o Gente
de Dublin, mas o Ulisses, de James Joyce («Ela. Ela. Ela. Que ela?
A virgem na vitrina da Hodges Figgis, na segunda-feira, à procura
da Cartilha que ias escrever»). A mais antiga de Londres é a
Hatchards, que abriu as suas portas em 1797 para nunca mais as
fechar, com o seu aristocrático edifício no 187 de Piccadilly e o seu
retrato a óleo do fundador, John Hatchard, que confere à instituição
a devida pátina de antiguidade e de respeitabilidade. Agora pertence
à cadeia Waterstones, mas não perdeu um ápice da sua identidade
alcatifada: continua a oferecer, contrariamente ao que é habitual nas
livrarias mais populares, no primeiro andar, os romances, e no rés
do chão, os livros de História e os ensaios de capa dura, comprados
desde sempre pelos seus clientes habituais a caminho da Royal
Academy ou das alfaiatarias da Jermyn Street. Nos últimos anos,
desenvolveram um serviço de subscrições que, na nossa era de
algoritmos, emprega três grandes leitores incumbidos de estudar os
gostos dos subscritores e de lhes fazerem chegar periodicamente,
por correio, os volumes escolhidos. Mary Kennedy, que me guiou
tanto pelos seus recantos, como pela história da livraria, disse-me
com orgulho: «Todos têm o direito de devolver os títulos de que não
gostarem, mas isso só aconteceu uma vez.»
W.G. SEBALD
Os Anéis de Saturno.
Shakespeares and Companies
«Certo dia vi, na Biblioteca Nacional, que uma das críticas – Vers et Prose,
de Paul Fort, se não me falha a memória – podia ser adquirida na livraria
de A. Monnier, Rue de l’Odéon, 2, Paris-VI. Nunca tinha ouvido esse
nome, nem o bairro me era familiar, mas qualquer coisa irresistível dentro
de mim atraiu-me para o lugar onde me viriam a acontecer coisas tão
importantes. Atravessei o Sena e depressa me achei na Rue de l’Odéon.
Ao fundo da rua havia um teatro que me fazia lembrar as Casas Coloniais
de Princeton, e a meio da rua, no lado esquerdo, via-se uma livraria de cor
cinzenta com as palavras “A. Monnier” por cima da porta. Contemplei os
atraentes livros da montra e, espreitando para o interior da loja, vi todas as
paredes cobertas por estantes repletas de volumes forrados com o mesmo
papel celofane que forra todos os livros franceses enquanto esperam,
geralmente durante muito tempo, que os levem ao encadernador. Aqui e ali
também se viam interessantes retratos de escritores. [...] “Gosto muito da
América”, disse-me; respondi-lhe que eu também gostava muito da
França. E tal como a nossa futura colaboração demonstrou, estávamos a
falar a sério.»
JAMES CAMPBELL
This Is the Beat Generation.
Livrarias fatalmente políticas
«Era como se esses dois países sentissem um pelo outro uma nostalgia
mútua difícil de compreender para um neerlandês atlântico, como se essa
planície incomensurável que parecia começar em Berlim exercesse uma
misteriosa força de atração, de onde mais cedo ou mais tarde deveria
nascer qualquer coisa outra vez, qualquer coisa que agora ainda não podia
vislumbrar-se mas que, apesar da aparência contrária, voltaria a dar uma
reviravolta à História europeia, como se essa enorme massa de terra
pudesse girar, fazendo escorrer e cair a periferia ocidental como se se
tratasse de um lençol.»
CLAUDE ROY
L’Amateur de Librairies.
A livraria oriental?
«Uma pessoa que me honrava com as suas visitas era Si Ahmed Balafrej.
Gostava de folhear as revistas de decoração e de arquitetura. Si
Abdelkebir el Fassi, herói da resistência, acompanhava-o. Foi no
transcurso de uma das suas conversas que Si Ahmed me disse, olhando-
me nos olhos: “Só Deus sabe que fiz tudo para que Tânger conservasse
um estatuto especial sem renunciar à sua pertença ao Reino de
Marrocos.”»
«No entanto, não é às grandes livrarias que vou: os meus passos dirigem-
se inevitavelmente para a Strand Bookstore, na esquina da Broadway com
a Décima Segunda, essa catedral de livros em segunda mão onde é
possível encontrar tudo, ou encomendar tudo, e onde todos os sábados à
tarde e domingos de manhã se podem ver celebridades da literatura e do
teatro e do cinema de calças de ganga e desmaquilhadas à procura de
qualquer coisa para alimentar as suas obsessões.»
1 «Amo Los Angeles. Amo Hollywood. São tão belos. São todos de plástico, mas amo o
plástico. Quero ser plástico.» (N. da T.)
América (2) – De norte a sul
«Já que não tenho nada para fazer, decidi ir à procura do Belano e do
Ulises Lima nas livrarias do D.F. Descobri o alfarrabista Plinio el Joven, na
Venustiano Carranza. A Livraria Lizardi, na Calle Donceles. O alfarrabista
Rebeca Nodier, na esquina da Mesones com a Pino Suárez. Na Plinio el
Joven, o único empregado era um velhinho que, depois de atender
obsequiosamente um “estudioso do Colegio de México”, não demorou a
adormecer numa cadeira que estava ao lado de uma pilha de livros,
ignorando-me soberanamente, e a quem roubei uma antologia da
Astronómica, de Marco Manilio, com um prólogo de Alfonso Reyes, e o
Diário de Um Autor sem Nome, de um escritor japonês da Segunda Guerra
Mundial. Na Livraria Lizardi creio que vi o Monsiváis. Sem que ele se
apercebesse, aproximei-me para ver que livro estava a folhear, mas
quando cheguei ao pé dele, o Monsiváis virou-se, olhou para mim
fixamente, creio que esboçou um sorriso e, com o livro bem seguro e
ocultando o título, foi falar com um dos empregados. Espicaçado pela sua
atitude, subtraí um livrinho de um poeta árabe chamado Omar Ibn al-Farid,
editado pela universidade, e uma antologia de jovens poetas norte-
americanos da City Lights. Quando saí, o Monsiváis já lá não estava.»
«58. Quando for grande quero ser nerudiano na sinergia. 59. Perguntas
antes de adormecer. Porque é que o Neruda gostava de Kafka? Porque é
que o Neruda não gostava de Rilke? Porque é que o Neruda não gostava
do De Rokha? 60. Gostava de Barbusse? Tudo leva a crer que sim. E de
Shólojov. E do Alberti. E do Octavio Paz. Estranha companhia para viajar
até ao Purgatório. 61. Se o Neruda tivesse sido cocainómano,
heroinómano, se tivesse sido morto por um pedregulho na Madrid sitiada
de 36, se tivesse sido amante de Lorca e se tivesse suicidado depois da
morte dele, a história seria outra. Se Neruda fosse o desconhecido que no
fundo verdadeiramente é!»
HÉCTOR YÁNOVER
El Regresso del Librero Establecido.
GEORGE WHITMAN
The Rag and Bone Shop of the Heart.
1 «Fazer de uma palavra o belo amante de uma frase.» (N. da T.)
Cadeias de livros
«Em Nova Iorque, onde nos anos do pós-guerra havia 330 livrarias, já só
restam trinta, incluídas as de cadeias. A Grã-Bretanha experimentou o
mesmo processo: a cadeia Waterstones, depois de ter eliminado
numerosas livrarias independentes ao aplicar enormes descontos, foi
comprada pela WHSmith, uma rede de quiosques de jornais e revistas
conhecida pela sua política puramente comercial e o seu conservadorismo
político.»
www.referenceforbusiness.com
Livros e livrarias do fim do mundo
QUAL FOI A PRIMEIRA COISA QUE FIZ quando cheguei a Sidney? Procurei
uma livraria e comprei uma edição de bolso de Canto Nómada, de
Chatwin, cuja tradução para o castelhano tinha lido tempos atrás, e
outra de Austerlitz, de Sebald, que tinha acabado de ser publicado
em inglês. No dia seguinte, visitei a Gleebooks e estampei um dos
primeiros carimbos no meu passaporte invisível, que naquela época
(em meados de 2002) tinha um sentido, digamos, transcendente
para mim, peregrinava nas livrarias, nos cemitérios, nos cafés, nos
museus, nos templos da cultura moderna que ainda adorava. Como
já terão adivinhado nesta altura do ensaio, há muito tempo que
assumi a minha condição de turista cultural ou de metaviajante, e
que deixei de acreditar em passaportes invisíveis. A metáfora, no
entanto, parece-me bastante adequada e, no caso dos amantes das
livrarias, serviria para mascarar uma pulsão fetichista e sobretudo
consumista, um vício que, por vezes, é demasiado parecido com a
síndrome de Diógenes. Após esta viagem de dois meses pela
Austrália, regressei com 20 livros na mochila, alguns dos quais
desapareceram no crivo das minhas mudanças sem terem sido
lidos, folheados ou sequer abertos.
Estava eu a dizer: no dia seguinte fui à Gleebooks, mas os dois
livros fundamentais da viagem comprei-os numa livraria qualquer.
Há que distinguir entre as grandes livrarias do mundo e as livrarias
de emergência. É claro que estas últimas são as que nos
abastecem das leituras mais necessárias, as que não podem
esperar, as que nos entreterão durante um voo ou uma viagem de
comboio, as que nos permitem comprar um presente de última hora,
as que nos proporcionam – no próprio dia em que começou a ser
distribuído – o livro de que estávamos à espera. Sem as livrarias de
emergência não existiriam as outras, não fariam sentido. Uma
cidade tem de ser um entramado de lojas de livros: do quiosque à
livraria principal abre-se uma gama de livrarias modestas e médias,
de cadeias de livros, de secções de bestsellers em supermercados,
de estabelecimentos de livros de ocasião, de livrarias especializadas
em cinema, banda desenhada, romances policiais, livros
universitários, meios de comunicação, fotografia, viagens.
JÚLIO VERNE
O Farol do Fim do Mundo.
O espetáculo tem de continuar
www.tangocity.com
As livrarias quotidianas
MANUEL VILAS
Gran Vilas.
Epílogo
As livrarias virtuais
«Na tarde em que foi à livraria do sábio catalão, encontrou quatro rapazes
desbocados envolvidos numa encarniçada discussão sobre os métodos
usados para matar baratas durante a Idade Média. O velho livreiro, ciente
da predileção de Aureliano pelos livros que só o Venerável Beda lera,
instou-o com uma certa malícia paternal a interferir na controvérsia, e ele
nem sequer tomou fôlego para explicar que as baratas, o inseto alado mais
antigo da terra, já eram as vítimas favoritas das chineladas no Antigo
Testamento, mas que, enquanto espécie, era definitivamente refratária a
qualquer método de extermínio, das rodelas de tomate com bórax à farinha
com açúcar, pois as suas mil seiscentas e três variedades tinham resistido
à mais remota, tenaz e impiedosa perseguição que o Homem encetou
desde as suas origens contra qualquer ser vivo, incluindo o próprio
Homem, até ao ponto de, tal como se atribuía ao género humano um
instinto de reprodução, se lhe devia atribuir outro mais definido e
premente, que era o instinto de matar baratas, e que se estas tinham
conseguido escapar à ferocidade humana era por se terem refugiado nas
trevas, onde se tornaram invulneráveis devido ao medo congénito do
Homem da escuridão, mas em contrapartida desenvolveram uma
suscetibilidade contra o esplendor do meio-dia, de maneira que na Idade
Média, na atualidade e para todo o sempre o único método eficaz para
matar baratas era o do ofuscamento solar. Semelhante fatalismo
enciclopédico foi o princípio de uma grande amizade. Aureliano continuou
a reunir-se todas as tardes com os quatro discutidores, que respondiam
pelos nomes Álvaro, Germán, Alfonso e Gabriel, os primeiros e os últimos
amigos que teve na vida. Para um homem como ele, encastelado na
realidade escrita, aquelas sessões tormentosas, que começavam na
livraria às seis da tarde e acabavam nos bordéis ao amanhecer, foram uma
revelação.»
Esse sábio catalão era, na verdade, Ramon Vinyes, livreiro de
Barranquilla e agitador cultural, fundador da revista Voces (1917-
1920), primeiro imigrante espanhol, depois exilado espanhol,
professor, dramaturgo, escritor de contos. A sua livraria, a R. Viñas
& Co., um centro cultural de primeira magnitude, incendiou-se em
1923 e ainda é recordada em Barranquilla como uma das livrarias
míticas das Caraíbas colombianas. Quando, depois de passar pela
França, se exilou no país da América do Sul como intelectual
republicano, dedicou-se à docência e ao jornalismo, e converteu-se
em mestre de uma geração inteira, que ficou conhecida como «O
Grupo de Barranquilla» (Alfonso Fuenmayor, Álvaro Cepeda
Samudio, Germán Vargas, Alejandro Obregón, Orlando Rivera
Figurita, Julio Mario Santo Domingo e García Márquez). Durante
uma das manhãs mais estranhas da minha vida, dei a um taxista da
estação de autocarros de Barranquilla a seguinte morada: Calle San
Blas, entre a Progreso e a 20 de Julio. Livraria Mundo. Quando
íamos a caminho, informou-me de que o nome tinha mudado há uns
tempos, fez umas perguntas e averiguou que eu me estava a referir
à Calle 35, entre a Carrera 41 e a 43. E lá fomos. A Livraria Mundo,
de Jorge Rondón Hederich, onde nos anos 40 se reunia o lendário
grupo de intelectuais, herdeira da R. Viñas & Co., reduzida a cinzas
duas décadas antes. Quando cheguei, descobri que também tinha
deixado de existir. Era óbvio, mas a ideia nem nos tinha passado
pela cabeça, a mim e ao Juan Gabriel Vásquez (que me dera as
referências). A livraria devia lá estar mas não estava, porque há
muito tempo que só existia nos livros:
«Seja como for, o eixo das nossas vidas era a Livraria Mundo, ao meio-dia
e às seis da tarde, no quarteirão mais concorrido da Calle San Blas. O
Germán Vargas, amigo íntimo do proprietário, D. Jorge Rondón, foi quem o
convenceu a montar o negócio, que em pouco tempo se converteu num
centro de reunião de jornalistas, escritores e jovens políticos. O Rondón
carecia de experiência no negócio, mas aprendeu depressa, e com um
entusiasmo e uma generosidade que o converteram num mecenas
inesquecível. O Germán, o Álvaro e o Alfonso foram os seus assessores
nos pedidos dos livros, sobretudo nas novidades de Buenos Aires, cujos
editores tinham começado a traduzir, a imprimir e a distribuir em massa as
novidades literárias de todo o mundo depois da guerra mundial. Graças a
eles, podíamos ler a tempo os livros que, de outra maneira, nunca teriam
chegado à cidade. Entusiasmavam a clientela eles próprios, e
conseguiram fazer com que Barranquilla voltasse a ser o centro de leitura
que tinha decaído anos atrás, quando deixou de existir a livraria histórica
de D. Ramón. Pouco depois da minha chegada, integrei aquela confraria
que esperava, qual enviados do céu, os vendedores itinerantes das
editoras argentinas. Graças a eles, fomos admiradores precoces de Jorge
Luis Borges, Julio Cortázar, Felisberto Hernández e dos romancistas
ingleses e norte-americanos, bem traduzidos pela trupe de Victoria
Ocampo. La Forja de un Rebelde, de Arturo Barea, foi a primeira
mensagem de esperança de uma Espanha remota silenciada por duas
guerras.»
«Trata-se de uma mutação. Do que diz respeito a todos nós, ninguém está
excluído. Mesmo os engenheiros, no alto dos torreões da muralha, têm os
traços somáticos dos nómadas contra os quais, em teoria, estão a lutar: e
têm no bolso dinheiro bárbaro, e pó das estepes nos seus pescoços
engomados. Trata-se de uma mutação. Não de uma ligeira mudança, ou
uma degeneração inexplicável, ou uma doença misteriosa: é uma mutação
levada a cabo para sobreviver. A escolha coletiva de um habitat mental
diferente e salvífico. Sabemos, mesmo que vagamente, o que a pode ter
causado? Vêm-me à cabeça algumas inovações tecnológicas, sem dúvida
decisivas: as que comprimiram o espaço e o tempo, comprimindo o
mundo. Mas provavelmente não teriam sido suficientes se não tivessem
coincidido com um acontecimento que abriu de par em par as portas da
cena social: a queda de barreiras que até então tinham mantido afastados
boa parte dos seres humanos da práxis do desejo e do consumo.»
DAVID MARKSON
Reader’s Block.
1 Referência ao escritor espanhol Juan Ramón Jiménez, que publicou, em 1948, um livro
intitulado Romances de Coral Gables. (N. da T.)
Sobre as citações
WEBGRAFIA
FILMOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
AÍNSA, Fernando, Del Canon a La Periferia. Encuentros y Transgresiones en
La Literatura Uruguaya. Montevideu, Trilce, 2002.
BÁEZ, Fernando, Historia Universal de La Destrucción de Libros. De Las
Tablillas Sumerias a La Guerra de Irak. Barcelona, Destino, 2004.
BANERJEE, Anjali, Haunting Jasmine. Nova Iorque, The Berkeley Publishing
Group, 2011.
BARBIER, Frédéric, Histoire du Livre. Paris, Armand Collin, 2001.
BARICCO, Alessandro, I Barbari. Saggio Sulla Mutazione. Milão, Feltrinelli,
2013.
BATTLES, Matthew, Library: An Unquiet History. Nova Iorque, W.W. Norton and
Company, 2003.
BAUSILI, Mercè, e Emili GASCH, Llibreries de Barcelona. Una Guia per A
Lectors Curiosos. Barcelona, Columna, 2008.
BEACH, Sylvia, Shakespeare & Company. University of Nebraska Press, 1991.
BECERRA, Juan José, La Interpretación de Un Libro. Avinyonet del Penedés,
Candaya, 2012.
BECHDEL, Alison, Fun Home: Uma Tragicomédia Familiar. Trad. de Duarte
Sousa Tavares. Lisboa, Contraponto, 2012.
BENJAMIN, Walter, Livro das Passagens. Trad. de Maria Andresen. Lisboa,
Relógio d’Água, 2006.
BOLAÑO, Roberto, Os Detetives Selvagens. Trad. de Cristina Rodriguez e
Artur Guerra. Lisboa, Quetzal, 2017.
–, Putas Assassinas. Trad. de Cristina Rodriguez e Artur Guerra. Lisboa,
Quetzal, 2017.
–, El Gaucho Insufrible. Barcelona, Anagrama, 2003.
–, 2666. Trad. de Cristina Rodríguez e Artur Guerra. Lisboa, Quetzal, 2010.
–, Entre paréntesis. Ensayos, artículos y discursos (1998-2003). Coord. de
Ignacio Echevarría. Barcelona, Anagrama, 2004.
BORGES, Jorge Luis, «Obras Completas». Lisboa, Quetzal, 2012-2016.
BOURDIEU, Pierre, A Distinção: Uma Crítica Social da Faculdade do Juízo.
Trad. de Pedro Elói Duarte. Lisboa, Edições 70, 2010.
BOWLES, Jane, Collected Writings. Nova Iorque, Library of America, 2017.
BOWLES, Paul, Memórias de um Nómada. Trad. de José Gabriel Flores,
Lisboa, Assírio & Alvim, 2017.
–, In Touch – The Letters of Paul Bowles (org. de Jeffrey Miller). Farrar, Straus
and Giroux, 1995.
–, Viagens. Compilação de Escritos, 1950-1953. Trad. de Jorge Pereirinha
Pires. Lisboa, Quetzal, 2013.
BRIDGES, Lucas E., Uttermost Part of the Earth. Hodder & Stoughton,
Londres, 1948.
BURKE, Peter, Uma História Social do Conhecimento – II: Da Enciclopédia à
Wikipédia. Trad. de Denise Bottmann. Rio de Janeiro, Zahar, 2012.
CAMPAÑA, Mario, Baudelaire. Juego sin triunfos. Barcelona, Debate, 2006.
CAMPBELL, James, This Is the Beat Generation. Vintage, 2004.
CANETTI, Elias, Auto-de-Fé. Trad. de Luís de Almeida Campos. Lisboa,
Cavalo de Ferro, 2011.
CARPENTIER, Alejo, Os Passos Perdidos. Trad. de António Santos. Lisboa,
Edições 70, 1981.
CASALEGNO, Giovanni (coord.), Storie di Libri. Amati, Misteriosi, Maledetti.
Turim, Eunadi, 2011.
CASANOVA, Pascale, La République Mondiale des Lettres. Paris, Point, 2008.
CAVAFY, C.P., 90 e mais Quatro Poemas. Trad., pref., coment. e notas de
Jorge de Sena. Porto, Inova, 1970.
CAVALLO, Guglielmo, e Roger CHARTIER, Histoire de La Lecture dans Le
Monde Occidental. Coord. de Guglielmo Cavallo e de Roger Chartier.
Paris, Seuil, 1997.
CERTEAU, Michel de, El Lugar del Otro. Historia Religiosa y Mística. Buenos
Aires, Katz, 2007.
CHARTIER, Roger, Inscrire et Effacer. Culture Écrite et Littérature (XIème –
XVIIIème siècle). Paris, Seuil, 2005.
CHATWIN, Bruce, Na Patagónia. Trad. de José Luís Luna. Lisboa, Quetzal,
1989.
CHATWIN, Elizabeth, e Nicholas SHAKESPEARE, Debaixo do Sol – As Cartas
de Bruce Chatwin. Selec. e apresent. de Elizabeth Chatwin, Nicholas
Shakespeare; Trad. de Maria Filomena Duarte. Lisboa, Quetzal, 2012.
CHIH CHENG, Lo, Bookstore in a Dream. Hong Kong, The Chinese University
Press, 2011.
CHOUKRI, Mohamed, Paul Bowles. Le Reclus de Tanger. Paris, Éditions Quai
Voltaire, 1997.
CLEMENTE SAN ROMÁN, Yolanda, «Los Catálogos de Librería de Las
Sociedades Anisson-Posuel y Arnaud-Borde Conservados en La Biblioteca
Histórica de La Universidad Complutense», Revista General de
Información y Documentación, Vol. 20, 2010, págs. 353-389.
COBO BORDA, Juan Gustavo, «Libreros Colombianos, desde El
Constitucionalista Don Miguel Antonio Caro hasta Karl Buchholz»:
http://www.ciudadviva.gov.co/portal/node/32.
COETZEE, J.M., Desgraça. Trad. de José Remelhe. Lisboa, Dom Quixote,
2000.
–, Dusklands. Nova Iorque, Penguin, 1985.
COLE, Teju, Cidade Aberta. Trad. de Helder Moura Pereira. Lisboa, Quetzal,
2013.
CORTÁZAR, Julio, Cartas. 1937-1963. Org. de Aurora Bernárdez. Madrid,
Alfaguara, 2000.
CUADROS, Ricardo, «Lo siniestro en el aire»: http://www.ricardo-
cuadros.com/html/lo_siniestro.htm.
CUNNELL, Howard, et al., On the Road: The Original Scroll. Penguin Classics
Deluxe Edition, 2008.
DAHL, Svend, Histoire du Livre: De l’Antiquité à Nos Jours. Pref. de Julien
Cain. Paris, Éditions Poinat, 1960.
DEBORD, Guy, Comentários sobre «A Sociedade do Espectáculo». Pref. à 4.ª
ed. italiana de A Sociedade do Espectáculo. Trad. de Fernando Silva,
Edmundo Calado. Lisboa, Mobilis in Mobile, 1995.
DEMARCO, Eileen S., Reading and Riding: Hachette’s Railroad Bookstore
Network in Nineteenth Century France. Cranbury, Lehigh University Press,
2006.
DIDEROT, Denis, Carta Histórica e Política sobre O Comércio do Livro. Trad.
de Maria Isabel Ribeiro de Faria. Coimbra, [s.n.], 1978.
DIDI-HUBERMAN, Georges, Devant Le Temps. Histoire de L’Art et
Anachronisme des Images. Paris, Les Éditions de Minuit, 2000.
–, Atlas ou A Gaia Ciência Inquieta. Trad. de Renata Correia Botelho e Rui
Pires Cabral. Lisboa, KKYM, EAUM, 2013.
DOMINGOS, Manuela D., Bertrand. Uma Livraria antes do Terramoto. Lisboa,
Biblioteca Nacional, 2002.
DONOSO, José, Diarios, Ensayos, Crónicas. La Cocina de La Escritura. Coord.
de Patricia Rubio. Santiago do Chile, Ril, 2008.
EDWARDS, Jorge, Persona non grata. Madrid, Alfaguara, 2006.
ELIOT, Simon, Andrew NASH, e Ian WILSON, Literary Cultures and the
Material Book. Londres, The British Library, 2007.
ÉNARD, Mathias, Rue des Voleurs, Actes Sud, 2012.
FERNÁNDEZ, Benito J., Eduardo Haro Ibars: Los Pasos del Caído. Barcelona,
Anagrama, 2005.
FERNÁNDEZ, Eduardo, Soldados de Cerca de Un tal Salamina. Grandezas y
Miserias en la Galaxia Librería. Barcelona, Comanegra, 2008.
FERNÁNDEZ DEL CASTILLO, Francisco (coord.), Libros y Libreros en El Siglo
XVI. Cidade do México, Fondo de Cultura Económica, 1982.
FOUCAULT, Michel, As Palavras e as Coisas: Uma Arqueologia das Ciências
Humanas. Trad. de António Ramos Rosa. Lisboa, Edições 70, 1998.
GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel, Viver para Contá-la. Trad. de Maria do Carmo
Abreu. Lisboa, Dom Quixote, 2003.
GIL, Manuel, e Joaquín RODRÍGUEZ, El Paradigma Digital y Sostenible del
Libro. Madrid, Trama, 2011.
GOETHE, J.W. von, Viagem à Itália. Trad., pref. e notas de João Barrento.
Lisboa, Relógio d’Água, 2001.
GOFFMAN, Ken, Counterculture Through The Ages. Nova Iorque, Random
House, 2006.
GOYTISOLO, Juan, Novelas (1988-2003). «Obras Completas» IV. Barcelona,
Galaxia Gutenberg, 2007.
–, Autobiografía y Viajes al Mundo Islámico. «Obras Completas» V. Barcelona,
Galaxia Gutenberg, 2007.
GUERRERO MARTHINEITZ, Hugo, «La vuelta a Julio Cortázar en 80
preguntas», Julio Cortázar. Confieso que He Vivido y Otras Entrevistas.
Coord. de Antonio Crespo. Buenos Aires, LC Editor, 1995.
HANFF, Helene, 84, Charing Cross Road. Trad. de Ana Pêgo Reis. Lena
d’Origem, 2011.
HEMINGWAY, Ernest, Paris É Uma Festa. Trad. de Virgínia Motta. Lisboa,
Livros do Brasil, 1981.
HOFFMAN, Jan, «Her Life Is a Real Page-Turner», The New York Times, 12 de
outubro de 2011.
JENKINS, Henry, Convergence Culture: Where Old and New Media Collide.
Nova Iorque, New York University Press, 2006.
JOHNS, Adrian, The Nature of the Book. Print and Knowledge in the Making.
Chicago, The Chicago University Press, 1998.
KEROUAC, Jack, e Allen GINSBERG, As Cartas. Trad. de Eduardo Pinheiro de
Souza. Rio de Janeiro, L&PM, 2012.
KIš, Danilo, A Tomb for Boris Davidovich. (Ed. inglesa). Trad. de Duška Mikić-
Mitchell. Penguin Books, 1980.
–, Enciclopédia dos Mortos. Trad. de Fernanda Botelho. Lisboa, Dom Quixote,
1987.
KRISHNAN, Shekar, «Wheels Within Wheels», The Indian Express, 17 de junho
de 1997.
KUBIZEK, August, The Young Hitler I Knew. Londres, Greenhill Books, 2006.
LABARRE, Albert, História do Livro. Trad. de Alberto Julio Silva. Lisboa,
Horizonte. 2005.
LADDAGA, Reinaldo, Estética de Laboratorio. Buenos Aires, Adriana Hidalgo,
2010.
LERNOUT, Geert, e Wim VAN MIERLO, The Reception of James Joyce in
Europe. Vol. 1. Germany, Northern and East Central Europe. Londres,
Thoemmes Continuum, 2004.
LINK, Daniel, «Flaubert & Baudelaire», Perfil, Buenos Aires, 28 de agosto de
2011.
LISPECTOR, Clarice, Todos os Contos. Org., introd. e notas de Benjamim
Moser. Lisboa, Relógio d’Água, 2016.
LLANAS, Manuel, El libro y La Edición en Cataluña: Apuntes y Esbozos.
Barcelona, Gremi d’Editors de Catalunya, 2004.
LOEB SCHLOSS, Carol, Lucia Joyce. To Dance in the Wake. Nova Iorque,
Farrar Straus, 2004.
LOVECRAFT, H.P., Os Melhores Contos de Howard Phillips Lovecraft. Org.
José Manuel Lopes; notas, trad. de José Manuel Lopes, Sérgio Gonçalves.
Lisboa, Saída de Emergência, 2015.
LYONS, Martyn, Books – A Living History. Thames and Hudson, Londres,
2011.
MACCANNELL, Dean, The Tourist: A New Theory of the Leisure Class.
Berkeley, University of California Press. 1999.
MACNIVEN, Ian S. (coord.), The Durrell-Miller Letters, 1935-1980. Londres,
Faber and Faber, Michael Haag, 1988.
MALLARMÉ, Stéphane, Quant au Livre. Éditions Farrago, Paris, 2004.
MANGUEL, Alberto, Uma História da Leitura. Trad. de Ana Saldanha. Lisboa,
Presença, 1998.
–, A Biblioteca à Noite. Trad. de Rita Almeida Simões. Lisboa, Edições Tinta-
da-china, 2016.
MANZONI, Cecilia, «Ficción de Futuro y Lucha por El Canon en La Narrativa de
Roberto Bolaño», em GONZÁLEZ FÉRRIZ, Ramón (coord.), Jornadas
Homenaje Roberto Bolaño (1953-2003). Simposio internacional.
Barcelona, ICCI, Casa América Catalunya, 2005.
MARCHAMALO, Jesús, Cortázar y los Libros. Madrid, Fórcola, 2011.
MARKSON, David, Reader’s Block. Londres, Notting Hill Editions, 2013.
MARTÍ MONTERDE, Antoni, Poética del Café. Un Espacio de La Modernidad
Literaria Europea. Barcelona, Anagrama, 2007.
MARTIN, Gerald, Gabriel García Márquez: Uma Vida. Trad. de Isabel
Veríssimo. Lisboa, Dom Quixote, 2009.
MARTÍNEZ LÓPEZ, María Esther, Jane Bowles y Su Obra Narrativa:
Ambigüedad Moral y Búsqueda de Una Respuesta Existencial. Cuenca,
Servicio de Publicaciones de la Universidad de Castilla-La Mancha, 1998.
MARTÍNEZ RUS, Ana, «San León Librero»: Las Empresas Culturales de
Sánchez Cuesta. Gijón, Trea, 2007.
MASON, David, The Pope’s Bookbinder: A Memoir, Windsor, Biblioasis, 2013.
MELO, Adrián, El Amor de Los Muchachos: Homosexualidad y Literatura.
Buenos Aires, Lea, 2005.
MERCER, Jeremy, Time Was Soft There: A Paris Sojourn at Shakespeare &
Co. Nova Iorque, Picador, 2005.
MICHAUD, Joseph A., Booking in Iowa: The Book Trade in and Around Iowa
City. A Look Back. Iowa City, The Bookery y The Press of the Camp Pope
Bookshop, 2009.
MOGEL, Leonard, Making It in Book Publishing. Nova Iorque, Arco, 1996.
MONNIER, Adrienne, Rue de l’Odéon. Paris. Albin Michel, 1960.
MONTAIGNE, Michel de, Ensaios: Antologia. Introd., trad. e notas de Rui
Bertrand Romão; pinturas de Pedro Calapez. Lisboa, Relógio d’Água,
1998.
MONTRONI, Romano, Vendere l’Anima: Il Mestiere del Libraio. Laterza, 2006.
MORAND, Paul, Venises. Paris, Gallimard, 1971.
MORETTI, Franco, Atlante del Romanzo Europeo, 1800-1900, Collana Saggi
n.º 814, Turim, Einaudi, 1997.
MORGAN, Bill, Beat Generation in New York: A Walking Tour of Jack Kerouac’s
City. São Francisco, City Lights Books, 1997.
MUYAL, Rachel, Mis Años en la Librairie des Colonnes. Tânger, Khbar Bladna,
2012.
NANCY, Jean Luc, Sur Le Commerce des Pensées: Du Livre et de La Librairie.
Paris, Galilée, 2005.
ORDÓÑEZ, Marcos, Un Jardín Abandonado por Los Pájaros. Barcelona, El
Aleph, 2013.
ORTIZ, Renato, Cultura e Modernidade. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1991.
OSSORGUINE, Mikhail, Alexéi RÉMIZOV e Marina TSVIETÁIEVA, La Librería
de los Escritores (ed. espanhola). Trad. de Selma Ancira. Barcelona-
Cidade do México, Edicions de La Central/Sexto Piso, 2007.
OTLET, Paul, Traité de Documentation: Le Livre sur le Livre. Théorie et
Pratique. Bruxelas, Éditiones Mondaneum, 1934.
PALMQUIST, Peter E., e Thomas R. KAILBOURN, Pioneer Photographers of
the Far West: A Biographical Dictionary, 1840-1865. Stanford, Stanford
University Press, 2006.
PARISH, Nina, Henri Michaux. Experimentation with Signs. Amesterdão,
Rodopi, 2007.
PASCUAL, Carlos, Paco PUCHE, e Antonio RIVERO, Memoria de La Librería.
Madrid, Trama, 2012.
PESSOA, Fernando, O Livro do Desassossego. Lisboa, Assírio & Alvim, 2015.
PETROSKI, Henry, The Book on the Bookshelf. Nova Iorque, Vintage Books,
2000.
PIRANDELLO, Luigi, Uma Jornada (Novelas para Um Ano). São Paulo,
Berlendis & Vertecchia, 2006.
PONTE, Antonio José, Un Seguidor de Montaigne mira La Habana / Las
Comidas Profundas. Matanzas, Verbum, 1985.
PRIMERA, Maye, «La Librería del Exilio Cubano Cierra sus Puertas», El País,
26 de abril de 2013.
RAMÍREZ, Antonio, «Imaginar la Librería Futura», The Huffington Post, 18 de
setembro de 2012.
REYES, Alfonso, e Pedro HENRÍQUEZ UREÑA, Correspondencia 1907-1914.
Org. de José Luis Martínez. Cidade do México, Fondo de Cultura
Económica, 1986.
RICE, Ronald, y Booksellers Across America (coord.), My Bookstore. Writers
Celebrate Their Favorite Places to Browse, Read, and Shop. Nova Iorque,
Black Dog & Leventhal Publishers, 2012.
ROY, Claude, Le Bestiaire des Amants. Paris, Ides et Calendes, 1946.
RUIZ ZAFÓN, Carlos, A Sombra do Vento. Tradução de J. Teixeira de Aguilar.
Lisboa, Dom Quixote, 2004.
RUSHDIE, Salman, Joseph Anton: Uma Memória. Trad. de J. Teixeira de
Aguilar. Lisboa, Dom Quixote, 2012.
SAINT PHALLE, Nathalie de, Hôtels Littéraires. Paris, Denoël, 2005.
SANSEVIERO, Chachi, «La Librería Limeña El Virrey», Cuadernos
Hispanoamericanos, n.º 691, dezembro de 2008.
SCHIFFRIN, André, L’Édition sans Éditeurs. La Fabrique Éditions, 1999.
SCOTT, Anne, 18 Bookshops, Dingwall, Sandstone Press, 2011.
SEBALD, W.G., Os Anéis de Saturno. Trad. de Telma Costa. Lisboa, Quetzal,
2013.
–, Austerlitz. Trad. de Telma Costa. Lisboa, Quetzal, 2012.
SENNETT, Richard, The Craftsman. Nova Iorque, Allen Lane, 2008.
SERRA, Cristóbal (coord.), Apocalipsis. Madrid, Siruela, 2003.
SERVICE, Robert, Lenine. Rev. e anot. de Maria Ivanovna Milhlaia; Trad. de
Manuel Leite. Mem-Martins, Europa-América, 2004.
–, Estaline. Trad. de Fernanda Oliveira. Mem-Martins, Publicações Europa-
América, 2007.
SHAKESPEARE, Nicholas, Bruce Chatwin: Biografia. Trad. de Maria Dulce
Guimarães da Costa. Lisboa, Quetzal, 2001.
SISMAN, Adam, Boswell’s Presumptuous Task. Hamish Hamilton, 2000.
SMITH, Gibbs M., The Art of the Bookstore. The Bookstore Paintings of Gibbs
M. Smith. Layton, Gibbs Smith, 2009.
SONTAG, Susan, I, Etcetera. Nova Iorque, Ferrar, Straus, Giroux, 1978.
SOREL, Patricia, e Frédérique LEBLANC, Histoire de La Librairie Française,
Paris, Éditions du Cercle de la Librairie, 2008.
STEINER, George, Extraterritorial – Em torno da Literatura e da Revolução da
Linguagem. Trad. de Miguel Serras Pereira. Lisboa, Relógio d’Água, 2014.
STELOFF, Frances, My Years at the Gotham Book Mart with Frances Steloff,
Proprietor: Recollections about the Pantheon of Writers and Artists Who
Passed Through Her Store and How I Became a Bookman. Worthy Shorts,
2009.
STERNE, Laurence, Uma Viagem Sentimental por França e Itália pelo Sr.
Yorick. Trad., pref. e notas de Manuel Portela. Lisboa, Antígona, 1999.
TALESE, Gay, A Writer’s Life. Nova Iorque, Alfred A. Knopf, 2006.
THORPE NICHOLSON, Joyce, e Daniel WRIXON THORPE, A Life of Books.
The Story of DW Thorpe Pty. Ltd. 1921-1987. Middle Park, Courtyard
Press, 2000.
UNWIN, Sir Stanley, A Verdade acerca da Vida Editorial. Trad. de José
Francisco dos Santos. Porto, Livraria Civilização, 1952.
VERNE, Júlio, O Farol do Fim do Mundo. Trad. de Orlando Neves, Cruz
Quebrada, Notícias, 2005.
VILA-MATAS, Enrique, Paris nunca Se Acaba. Trad. de Jorge Fallorca, Lisboa,
Teorema, 2005.
VITKINE, Antoine, Mein Kampf – História de um Livro. Trad. de Pedro Guerra.
Mem-Martins, Publicações Europa-América, 2010.
VOLLMANN, William T., The Royal Family. Nova Iorque, Penguin Books, 2000.
–, Europe Central. Nova Iorque, Viking Press, 2005.
V.V. A.A., El Libro de los Libros. Guía de Librerías de La Ciudad de Buenos
Aires. Buenos Aires, Asunto Impreso, 2009.
V.V. A.A., El Origen del Narrador. Actas Completas de Los Juicios a
Baudelaire y Flaubert. Buenos Aires, Mardulce, 2011.
WALSER, Robert, O Passeio e Outras Histórias. Trad. de Fernanda Gil Costa.
Porto, Granito, 2001.
WEISS, Jason, The Lights of Home. A Century of Latin American Writers in
Paris. Nova Iorque, Routledge, 2003.
WHITMAN, George, The Rag and Bone Shop of the Heart. Paris, Shakespeare
& Co., 2000.
WILLIAMSON, Edwin, Borges. A Life. Nova Iorque, Viking, 2004.
YÁNOVER, Héctor, Memorias de un Librero. Buenos Aires, Anaya & Mario
Muchnik, 1994.
–, El Regreso del Librero Establecido. Madrid, Taller de Mario Muchnik, 2003.
ZWEIG, Stefan, O Mundo de Ontem: Recordações de um Europeu. Trad. de
Gabriela Fragoso. Lisboa, Assírio & Alvim, 2005.
–, O Mendel dos Livros – A Viagem ao Passado. Trad. de Carlos Leite, Maria
Elsa Gouveia Neves, Maria José Diniz. Lisboa, Relógio d’Água, 2015.
Sobre o Autor
JORGE CARRIÓN
Sobre a Tradutora