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“TOMEI UM XEQUE DA KOKOT@, MAS...

Em primeiro lugar gostaria de agradecer a todos os users que postaram, votaram, deram
conselhos, se identificaram com a história e a estão acompanhando até hoje: Vocês são ninjas
pra caralho, de verdade.

Quando comecei este tópico, há mais de um ano atrás, ele teve no máximo umas 4 páginas.
Um ano depois, contando o que aconteceu nesse intervalo, chegou até a página 42, enquanto
escrevo isto aqui. Eu jamais imaginava que o tópico faria esse sucesso e que users muito
bacanas acompanhariam minha saga. Eu sou um usuário antigo, porém nunca fui famoso ou
coisa do tipo no VT, então realmente foi uma surpresa.

Eu sei que o tópico ficou confuso em alguns momentos, e por isso, e também a pedido de
outros users, estou tentando organizá-lo nesse pdf. Eu já comecei a escrever um livro sobre
isso, mas ainda vai levar um tempo para ficar pronto. Eu vou tentar amarrar a história direito
para que não fiquem dúvidas, mas no caso das mesmas existirem, perguntem no tópico ou via
MP que eu responderei com o maior prazer.

Um abraço e muito obrigado.

Marceloo
Você já amou alguém de verdade? Eu achava que sim. Até isso tudo acontecer.
CONTANDO O DESENROLAR DA HISTÓRIA DESDE ENTÃO
Parte 3: O Hiato

Apesar de eu ter "escapado" e ter feito ela me pedir desculpas, uma coisa era fato: as coisas
não eram mais as mesmas entre a gente. O clima pesou, e não tinha mais a mesma graça a
gente conversar. Fiz o óbvio, e certo: Esquecer.

Eu gostava muito de conversar com ela, mas às vezes você tem que fazer esse tipo de coisa. A
vida segue. Conheci outras garotas, investi em uma, mas acabou não dando certo. Eu não
lembrava mais dela, já haviam se passado três, praticamente quatro meses.

Então um amigo me liga: - Cara, tô aqui no shopping. Aparece aí.

Encontrei com ele no shopping e fomos ao supermercado. Distraído, nem vi que ele tinha
ficado para trás. Voltei e ele estava conversando com duas garotas: A namorada (eles haviam
brigado) e... ela.

Vocês devem estar pensando que meu coração acelerou, as pernas tremeram, comecei a suar,
não soube o que falar... esqueçam. Aconteceu algumas vezes, não desta vez. Fui educado e
falei normalmente com ela e confesso, fiquei um pouco feliz da gente ter se encontrado pela
primeira vez, mas dar bola realmente, nem dei.

Passado alguns dias, ela começou a me procurar em todo canto da internet: Orkut, Last.fm,
etc, um recado, uma visita, ela estava voltando pra valer.

Não demorou muito e nós estávamos nos falando de novo. Sou como Michael Corleone,
quando quero sair do jogo, eles me puxam de volta.
Parte 4: Coincidências

Pela minha cabeça nunca passou que nós voltaríamos a nos falar como antes. Mas era
diferente. Era algo mais e, sem dúvidas, melhor do que antes. A gente estava se conhecendo
melhor, e eu estava gostando muito disso.

Descobri que nós estudamos juntos quando crianças. Eu morava perto da casa dela, e a família
dela tinha uma farmácia ao lado da casa dela, e eu estava sempre lá, pois vivia arrebentado. E
ela também, ajudando a mãe, isso durante anos.

Vários amigos em comum, lugares que frequentávamos e várias outras coisas. E durante 21
anos, a gente se encontrou sem sequer suspeitar a existência um do outro. Você pode achar
que tudo isso é uma grande bobagem, eu mesmo não acredito em destino e etc, mas descobrir
essas coisas foi muito legal.

Os meses se seguiram e nós nos falando quase que diariamente. Era estranho deixar de falar
com ela, simplesmente fazia falta, mas até ali, eu apenas sentia um carinho especial por ela.

O final do ano já estava próximo.

Parte 5: O Reveillon

Fui para casa de um amigo meu com vários outros amigos, inclusive a melhor amiga dela
(namorada do meu melhor amigo). Depois da meia-noite ela recebe uma ligação, era ela.

E antes de se despedir, diz: Eu quero falar com Marcelo. Eu não lembro exatamente o que a
gente conversou além dos votos de boas festas e etc, mas nós estávamos nos divertindo. Foi
muito bom ter falado com ela aquela noite, mesmo. E meu amigo perguntou:

- E aí, cara?
- Ah, ela é legal. Eu gosto dela. Mas não é minha primeira opção. Deixa pra lá e vamos beber.
Parte 6: Janeiro de mudanças

Ela não era realmente a minha primeira opção. Mas como a outra estava complicada também,
eu nem me estressei, fiquei de boa. E toda aquela nossa reaproximação foi ficando cada vez
mais forte. Um dia eu disse que ia dar uma passada no shopping que fica próximo à casa dela,
ela perguntou quando e eu disse 'daqui há uns 40 minutos'. Me deu o telefone dela e pediu
que eu ligasse quando tivesse chegado. Seria realmente a primeira vez que estávamos
marcando algo, e estava realmente empolgado.

Cheguei lá todo pimposo e... ela estava com um amigo. Que m****. Ficamos conversando lá,
tentei fingir que tudo estava bem, enfim. Até que ele disse: - Acho que já vou embora.
Comemorei. Ela pediu que ele ficasse mais um pouco. 'Qual é a sua, mina?', pensei.

E aqui começa a parte em que eu simplesmente não sei explicar: ela não saía mais da minha
cabeça. Eu tinha que encontrá-la, o mais rápido possível. Eu queria ver se era realmente o que
eu achava que era e se valia a pena prosseguir. Eu estava um pouco confuso, queria acreditar
que não tinha caído na besteira de ter um sentimento maior por ela sem que tivesse rolado
nada. É provavelmente a maior m**** que você pode fazer em uma relação.

Mas estava decidido: No outro dia, eu iria a casa dela. Sem avisar. Foda-se.
Parte 7 - Oi

Eu estava na porta da casa dela. MUITO nervoso. Levantei o braço para tocar a campainha
umas duas vezes e voltei, mas eu já estava ali e não podia desistir, sem falar que talvez ela nem
estivesse em casa. Respirei fundo e toquei. Coração acelerando VIDAS.

Ela abre a porta e faz a maior cara de WTF, óbvio. Sorri e disse:
- Oi.
- E-ei... Entra.
Entrei e nos cumprimentamos, ela estava bem surpresa.
- Já jantou?
- Não, acabei de chegar para falar a verdade.
- Ah, vamos comer alguma coisa ali então. Tô morrendo de fome.
- Tá bom, deixa só eu avisar o pessoal aqui.

Então eu acabei conhecendo a mãe e o irmão guri dela, ela avisou lá e depois ia falar algo com
o pai, do outro lado da rua. Chegamos lá e eu fiquei meio de longe né, tenseira. Então ela
disse:
- Ah pai, aquele ali é o Marcelo.

O pai dela me olhou com uma cara de *Ah lek desgraçado*... por uns 4 segundos e depois
acenou, eu fiz o mesmo, e então fomos ao shopping, que era muito perto.

Jantamos, conversamos, enfim, passamos um tempo junto. Eu precisava conviver um pouco


com ela antes de investir pesado. Voltamos para casa dela e nos divertimos a noite inteira,
apenas conversando, algo que eu não fazia há muito tempo com alguém. Não daquele jeito.

Quando estava indo embora, ela disse: Me liga. Aí a gente sai.

E eu fui embora. Muito feliz, óbvio. Mal sabia o que me aguardava dali pra frente.

FIM DA ERA I
ERA II - A ERA DOS FAILS

Sábado. Então vamos sair no sábado? Ok. Chega o dia. Mega empolgado, p*****, é hoje. Ela
faz preparatório para a OAB durante a manhã e Espanhol à tarde nos sábados, chegando em
casa por volta de 19h30. Cheguei às 20h, e notei que ela não tava muito disposta. Entrei,
conversamos um pouco e ela disse:

- Escuta... Tô cansada pra caramba... Por que a gente não janta em um lugar mais próximo?
(Tínhamos combinado de ir num lugar mais bacana da cidade, ela iria dirigindo porque ainda
não tenho habilitação e etc, ou seja, me fodi)
- Tudo bem então (ia dizer o quê?).

Quando estávamos saindo de casa, a mãe dela chama. Ela volta nitidamente chateada, e eu
pergunto:

- O que foi?
-Mamãe é foda. Meus tios viajaram e a gente vai ter que buscar minha prima num aniversário
de teens ali.
-p*****.

Já senti o cheiro da m**** ali mesmo. Mas agora vamos até o fim.
Chegamos lá na tal casa, e começou a chover muito forte, e nada da menina. A gente foi dar ré
e passamos por cima de umas plantas lá que deixaram o carro parecendo a Amazônia. 10
minutos e nada, a gente desce na chuva pra tocar a campainha. Mais 10 minutos na porta. E
mais 10 minutos pra prima dela, de 15 anos, vir.

Já era umas 21h30, mais ou menos. A mãe dela disse que era perto, mas a casa era longe pra
c*******, então ficava tarde deixar a prima dela em casa e depois voltar. Resultado: TIVEMOS
QUE LEVAR A FEDELHA. Nós já estávamos putos, com fome, molhados e ainda tínhamos que
levar a garota com a gente. Ela disse:

- Quer fazer tua estréia do sushi hoje? (Eu nunca havia comido)
- Olha, melhor não.
- Deixa de ser bobo. Mais cedo ou mais tarde tu vai ter que comer mesmo, vamos aproveitar
que tá perto.
O primeiro foi bom. O segundo foi ruim, e terceiro eu quase vomitei. Ela ria. Nossa noite foi um
fracasso total, e nós dois sabíamos disso. Certa hora ela até comentou:

- Essa nossa saída de '15 anos' foi foda né?


- Ainda bem que você sabe que vamos ter que sair de novo.

Na outra semana, por algum motivo que não lembro agora, não deu certo. Ansiedade
aumentava cada vez mais, as conversas não paravam e eu tinha necessidade de vê-la.

Combinamos novamente, mas no telefone um dia antes, eu pergunto:


- E então, tá tudo certo pra amanhã?
- Isso que eu ia te dizer...
- Pois diz... (lá vem m****)
- Minha irmã marcou uma coisa aqui em casa e tal, aí é meio foda...
- Tá... mas a gente tinha combinado de sair né?
- Calma, era isso. Eu disse que ia sair contigo e ela pediu que eu te chamasse. A gente vai, sei
lá, beber alguma coisa e ficar falando besteira. Tu vem?
- Vou.

Parte 8 - El Scorcho e a primeira bobeada


Cheguei lá e uns amigos delas já estavam por lá, me sentei ao lado dela e fiquei conversando
com o pessoal. Então resolveram jogar Rock Band, e eu como bom tetudo que sou e possuidor
do jogo, arrebentei todos os mortais, tanto nos vocais quanto na guitarra.

Foi então que uma idéia marota passou pela minha cabeça. Então eu disse: A próxima música
eu vou cantar pra ti. El Scorcho, do Weezer. Para os tetas que não conhecem, aqui posto a
letra:

Goddamn you half-Japanese girls


Do it to me every time
Oh, the redhead said you shred the cello
And I'm jello, baby
You won't talk, won't look, won't think of me
I'm the epitome of Public Enemy
Why you wanna go and do me like that?
Come on down to the street and dance with me

I'm a lot like you so please


Hello, I'm here, I'm waiting
I think I'd be good for you
And you'd be good for me

I asked you to go to the Green Day concert


You said you never heard of them
How cool is that?
So I went to your room and read your diary:
Watching Grunge leg-drop New-Jack through a press table...
And then my heart stopped: Listening to Cio-Cio San
Fall in love all over again.

I'm a lot like you so please


Hello, I'm here, I'm waiting
I think I'd be good for you
And you'd be good for me

How stupid is it? I can't talk about it


I gotta sing about it and make a record of my heart
How stupid is it? Won't you give me a minute
Just come up to me and say hello to my heart
How stupid is it?
For all I know you want me too
And maybe you just don't know what to do
Or maybe you're scared to say: I'm falling for you

I wish I could get my head out of the sand


'Cause I think we'd make a good team
And you would keep my fingernails clean
But that's just a stupid dream that I won't realize
'Cause I can't even look in your eyes
Without shakin', and I ain't fakin'
I'll bring home the turkey if you bring home the bacon.

I'm a lot like you so please


Hello, I'm here, I'm waiting
I think I'd be good for you
And you'd be good for me

I'm a lot like you.


I'm a lot, and I'm waitin.
I think I'd be good for you
And you'd be good for me.

Bela canção. E na primeira parte, eu substituí japanese pelo nome dela.


Deu pra sacar na hora que ela gostou, ficou até meio vermelha. E o resto da noite foi se
desenrolando.

Certa hora eu fui à cozinha e, quando voltei, eles estavam conversando sobre alguma coisa que
eu não lembro, e aí emiti uma opinião.

Atentem para nunca dar um vacilo estúpido desses que eu dei esse dia. Só eu sei o quanto foi
torturante conviver com isso nos dias que se seguiram. Errar não é um problema. Hesitar sim é
um problema. Falhar é conseqüência de quem tenta, mas quando você se omite, fica se
torturando com os *se eu tivesse feito...*, e essa é a pior sensação que se pode ter. Ela disse:

- Se eu não tivesse com tanta preguiça, eu iria aí e te dava um beijo.

p**** que pariu. Eu não fiz absolutamente nada. Nada. Nem vou me alongar nisso porque é
algo que eu não gosto nem de lembrar. Acabei indo embora na m**** mais uma vez, apesar
de ter me divertido pra c******* com ela, saí de lá com a sensação terrível de culpa e
omissão.

Eu não conseguia mais parar de pensar nela. Isso é muito angustiante. Você dorme e acorda
com uma pessoa na sua cabeça, sendo que vocês não têm absolutamente nada, é muito,
muito ruim. Você simplesmente não consegue não pensar nela. E aquilo me torturava
insanamente, ainda mais depois do vacilo.

Obrigado, Weezer

Parte 9 - Vai ou não vai?


Então três dias depois, eu liguei para ela perguntando se podia passar lá. Ela disse que tava
meio mal, mas que não fosse demorar muito achava que não tinha problema. Saí da aula e fui
pra lá decidido: Hoje a gente fica.
Cheguei lá todo pimposão. Ela com a pior cara do mundo. Sem enrolar, assim que entrei,
mandei:

- Então... aquele dia tu disse que se tu não tivesse com preguiça ia me dar um beijo... Tu ainda
está com preguiça? *Troll face*

Ela ficou muito sem graça, riu um pouco e disse:

- Tu não leu minha mensagem?


- Mensagem?
- Eu temia que fosse algo sério, porque te achei sério no telefone.
Puxei o celular e estava lá uma mensagem não lida, que dizia o seguinte:

Tô num dia péssimo hoje. Se for importante, é melhor deixar para outro dia. Te achei sério no
telefone.
- Dia péssimo... p*****, tu tá de TPM?

Ela confirmou que sim com a cabeça. Não acreditei na zica. Fiquei tão inconformado que olhei
pra cima e gritei:

- c*******, NÃO ACREDITO NESSA ZICA p**** QUE PARIU


Ela riu e me abraçou. Foi no meu ouvido, pediu pra eu não ficar zangado, que ela gostava de
mim, tinha adorado a música aquele dia e que não ia rolar porque ela tava mal mesmo e não ia
ser legal. Que a gente ainda ia rir muito disso.

Essas coisas arrebentam o cara. Mesmo. Ela pediu que eu ficasse e tivemos uma conversa
totalmente sincera, jogamos as cartas na mesa, enfim. Apesar de ter mais um fail, saí de lá
feliz.

Na outra semana, uma hora antes de mais uma tentativa, ela me liga: O irmão estava no
hospital. Disse que entendia e tal, mas p*****, eu fiquei muito mal. As coisas não davam certo
nenhuma vez. Ouvi alguns: *cara, desiste*. *É muita enrolação, sai dessa*. Mas na cabeça de
um cara apaixonado, essas coisas simplesmente entram e saem na mesma velocidade.

Parte 10 - O piores dias


Passaram alguns dias, e na sexta, era aniversário de uma amiga nossa (melhor amiga dela). Era
a oportunidade perfeita. A noite inteira ficamos de mimimi, e depois, quando ficamos só de
casal, eu travei. Hesitação é o que f***.

Eu devia ter aprendido da vez passada, e desta vez iria me custar muito caro. Ouvir o que eu
ouvi, foi difícil.
Óbvio que o fato de não ter rolado da outra vez me travou um pouco, mas eu simplesmente
devia ter ignorado isso.

Não agi e deixei a gente em uma situação constragedora, e ouvi inclusive a mãe de um amigo
meu dizer que *a garota estava com os olhos brilhando por você*.

No outro dia, ao telefone, ouvi isso:

- Sei lá... acho que a gente precisa conversar. Dias como ontem me deixam confusa.
Fiquei tenso. Disse pra ela não ficar confusa e tal, aparentemente estava tudo sob controle.
Mas iria piorar dois dias depois, com a mensagem:

- Quero falar contigo. Aquela confusão não passou.


- Me avisa quando a gente puder conversar pessoalmente.
- Tá certo.

E assim os dias passaram. A certeza do pior me acompanhava. Eu fiquei realmente mal, até
porque não recebi nenhum retorno dela. *Não vou ligar, não vou ligar*. Consegui manter isso
por quatro dias.

Ela disse que como eu não respondi nada (sendo que ela que iria me avisar), ela ficou sem
saber o que fazer. Acabou que nós nos falamos normalmente e iríamos ter a famigerada
conversa naquela semana. O dia que eu queria que chegasse e não chegasse ao mesmo
tempo.

FIM DA ERA II
ERA III

Parte 11 - Redenção
No dia seguinte, trocamos várias mensagens e mimimi. Fui pra aula e, no caminho, recebi a
mensagem:

- Tô morrendo de enxaqueca.
- Novidade né. (Ela tem um tipo de enxaqueca incurável. Faz tratamento para controlar e todo
mês tem que ir ao médico fazer exames e preencher relatórios com perguntas do tipo: Dia que
doeu, Intensidade da dor, área da cabeça atingida, etc)
- Não, mas tá diferente. Tá doendo muito.
- Mais tarde eu ligo pra saber como você ta então.
- Tá.

Tô na faculdade, sem aula porque o professor faltou, esperando o segundo horário quando
telefone toca, era ela, e diz o seguinte:

- Tô aqui no hospital cara. Na emergência. Não consegui falar com ninguém lá de casa e tem
umas treze pessoas na minha frente...

Meu coração disparou. Eu fiquei imensamente preocupado, e dei a deixa:


- c*******... E tô sem aula aqui.
- Tu não quer vir para cá então?

Nem pensei duas vezes. Na verdade eu já queria ir desde o início, mas queria que ela
chamasse. Saí em disparada, não pensava mais em nada. E foi aí que eu me dei conta do
quanto gostava dela.

Comprei comida antes e encontrei-a na emergência. Ela tava muito pálida, estava febril e
reclamava muito das dores. Nós jantamos lá mesmo e ficamos conversando, esperando ela ser
atendida. Mas aí, como diria o renomado filósofo Dinho Ouro Preto:

*Ela dormiu... no calor dos meus braços*.

Tão perto e tão longe. Ela ali dormindo com a cabeça no peito, envolta em meus braços e eu
doido para pegá-la. Situação complicada do c*******. Por mais que eu estivesse muito afim,
bom senso ajuda nessa hora. Não podia dar uma canalhada de *tenho um remédio pra sua
febre *smack*. Eu a beijei, claro, mas não na boca.

Duas horas depois ela foi chamada. Foi examinada, pediram para ela ir para uma sala receber
as primeiras medicações, mas chegando lá estava tudo ocupado. Pedi que ela ficasse enquanto
eu ia resolver. Cheguei na enfermeira e disse:

- Com licença, boa noite. Você pediu que a x fosse para a sala tal, mas todos os lugares estão
ocupados.
- Ok, vou ver se consigo um lugar para ela.
- Vai ver nada. Você vai conseguir um lugar pra ela agora, porque eu não vou admitir que ela
fique em pé ali.
- Se acalme, tudo bem, tudo bem.

Nem tinha percebido, mas eu tinha realmente me exaltado um pouco. E rapidinho


conseguiram um lugar para ela.
Ela tomou os comprimidos e foi transferida para uma sala onde levaria medicação injetável e
ficaria com aquela m**** no braço recebendo soro e outras tretas.

Foi uma sensação estranha ver ela na maca ali com aquilo no braço, mesmo com a situação já
sob controle, eu fiquei ao lado dela o tempo inteiro, ela dormiu um pouco. Eu não preguei o
olho. Já passava das 23h.

Depois ela foi transferida para Observação. A gente ficou conversando, ela segurou na minha
mão e nós ficamos ali por mais umas duas horas, quando a moça disse que ela seria liberada.
Depois de quinze minutos, ela não voltou e eu fui atrás.

Conversei com a médica, dei o nome da menina e ela foi checar a ficha. E perguntou:
- Ah sim, X... Ela já está bem. Vou pedir para tirarem a intravenosa.
- Obrigado.
- Você é namorado da paciente? (foda né)
- Err... tô trabalhando nisso.

A médica riu. Dei meia-volta e voltei pra sala.


Ela estava bem, só com o braço pesado por causa dos medicamentos, e foi me deixar em casa.
Na notinha do estacionamento, o tempo: Ficamos 5h18min naquele lugar.

Ela me abraçou forte, agradeceu muito e me beijou... no rosto. Quando chegou em casa
mandou mensagem dizendo que havia chegado, etc.

Mas eu estava tranquilo. De repente, sabia que havia virado o jogo.

Parte 12 - GO GO TIGER
O dia do hospital havia mudado tudo. Eu havia ficado de ir à casa dela dois dias depois, mas
teve um jogo de futebol aqui na cidade que eu queria muito ver e por isso não fui lá.

Então um dia após o jogo, liguei para ela e perguntei:

- Então... Seguinte... E aquela nossa conversa?


- Ah sim... Ela já é desnecessária né?
- Ah é?
- É sim.
- E por que?
- Porque aquela confusão minha não existe mais.

Eu quase dei um pulo do Pelé ao telefone. Depois de tanto tempo, de tudo que passei, ouvir
aquilo foi sensacional. Sinal Verde. Go, tiger.

E então peguei um combo de 2 aniversários seguidos na família dela. São 33 primos, apenas
por parte de mãe, e não sei quantos tios.
Mas a batalha final estava próxima.

Parte 13 - A batalha final


Não foi fácil até aqui, e não seria agora, na hora da verdade, que seria tranquilo. Mas ok. O que
vem fácil, vai fácil.

Seria a primeira vez que eu iria vê-la após ter passado a confusão. Era aquele dia. Tinha que
ser.
Preparei o exército e fui até à casa dela, tinha um pessoal lá e estavam vendo um jogo.
Ficamos só nos carinhos superficiais, até porque é meio tenso com a galera ali.

Então acabou o jogo e eles foram embora.

Reuní meu exército e partimos para a batalha final. Olha daqui, olha de lá, risos, passa a mão,
perfeito. É agora c*******!

Mas quando fui cortar a cabeca do general adversário, o telefone toca.


- Ai que droga. É fulana,
- Ah, lá vem problema, p**** m****.

Fulana era a melhor amiga dela, namorada do meu melhor amigo (guardem bem esta filha da
puta). Eles estavam presos no shopping pois ela havia perdido o ticket do estacionamento, e
ele, sem habilitação, não podia retirar o carro. Tivemos que ir lá.

Rolou o maior estresse. Eles estavam brigados e acabaram estressando a gente. Ela resolveu
voltar com a minha garota, e não com o namorado dela. De quebra, não apenas voltaria com a
gente, mas iria pra casa da garota também. Fiquei inconformado.

Mas daí estava passando um jogo na TV e fulana queria ver, e ficou plantada lá. Ela encheu
tanto que a menina perguntou:

- Fulana, você não quer ficar aí enquanto Marcelo pega um táxi? Eu vou lá com ele.
- Ok então.

E estávamos ali, em frente ao shopping. O táxi me esperando. Last Chance, General.


Hora da despedida. Abraco demorado, beijo perto da boca, respiração forte.

Cara a cara. You can’t escape. E rolou. Finalmente.

E valeu a pena. Todo o inferno que eu passei, sinceramente, não sei se seria capaz de passar
outra vez. Acho que as pessoas só tem saco para uma quest desse tipo uma vez na vida.

Mas ali, naquele momento, eu sei que tudo valeu a pena. Sem era dos dinossauros por aqui.
Sei que muitos passam por situacões semelhantes, ouvem as pessoas dizendo para desistir,
mas isso é uma decisão apenas sua. Se você acha que vale a pena, acredite no coracão das
cartas.

Nós estamos nos curtindo muito e eu estou feliz pra c*******.

FIM DA ERA III


OU MELHOR, ESTAVA FELIZ PRA CARALHO.
BONUS: UM BOM DIA

Ah, os Domingos. Como eles costumam ser chatos. Noite passada eu havia saído para beber
com meus amigos, a cabeça estava pesando. E então meu celular toca, às 10 da manhã. Era
ela. A única que podia me acordar sem que eu me irritasse. Como sinto falta daqueles dias.

- Ei! Te acordei?
- Pra falar a verdade, sim.
- Haha, acorda logo então. Tenho boas notícias.
- Ah é? O que houve?
- Tu tá muito importante, sabia?
- Por quê?
- Meu pai me disse pra te chamar pra ver o jogo aqui com a gente. Ele comprou cerveja, uns
salgadinhos e outras coisas.
- Opa, aí sim hein.
- Que horas tu vem?
- Umas 15:30, por aí.
- Vem mais cedo, bobo.
- Haha, tá bom então.

Eu cheguei lá por volta das 15h, e o pai dela já estava pela sala. Primeira vez que o "sogro"
chama, responsabilidade. Mas tava tudo tranquilo e divertido. O irmão menor dela encheu o
saco pra que jogasse um pouco de futebol com ele, e eu fui, na garagem.

O jogo era muito simples: um ficava no gol, enquanto o outro tocava por alto na parede e
chutava na volta. Primeiro ele, depois eu. Minha vez. Levanto e a bola bate na borda de um
quadro velho que ali estava pendurado. Em câmera lenta, ele vai caindo, e não adiantou eu ter
usado um powerslide, não consegui evitar a queda.

O barulho foi espetacular. O garoto saiu correndo, enquanto gritava "Não fui eu, não fui eu".
No chão, eu ria, de preocupação. Todo mundo chega na garagem, pensando que tivesse sido
algo com um dos carros. O pai dela, da janela, ri. Eu peço mil desculpas, ele diz que tá tudo
bem, a mãe também. Eu limpo tudo morrendo de vergonha e depois volto para sala.

A cara dela me olhando, haha. "Essas coisas só acontecem contigo Marcelo. Tu tinha que ver
tua cara", disse. E nós ficamos no sofá, carinhos superficiais, e uns mais fortes, toda vez que o
pai olhava para a TV. "Ei, olha meu pai, seu louco", sussurrava. "Fica tranquila. Eu fui treinado
por Jack Bauer", respondi.

- Escuta, tô morrendo de sede. Vamos lá na cozinha.


- Tá, vamos sim.

Ela enche um copo com água e me dá. Eu olho pra ela e digo: "Você caiu mesmo nessa?”
"Hahaha, eu nem desconfiei. Você tá muito malandro", respondeu. Agora ela devia pagar por
sua ingenuidade.

"Hmm, ei, minha mãe tá rodando por aqui, vai ser malzão se ela pegar a gente, haha", dizia
sorrindo.

E toda hora eu ficava com sede. O pai dela sabia que, ninguém no mundo, poderia ter tanta
sede.

A noite cai. Uma pequena festa do pessoal do Espanhol, na casa dela. Ela me pede pra ficar, e
eu conheço a todos. Fico até o fim. As pessoas vão, já passa das 23h, é hora de ir também.
Mais beijos, mais tudo, mas eu devo ir. Amanhã vou viajar.

E eu fui. Com a certeza de que, naquele momento, eu era o cara mais feliz da Terra.
ERA IV - AGORA SIM, OS PIORES DIAS

Partes 14 e 15: O Pós-fim


Ontem, por um acaso, mexendo na carteira achei o recibo do estacionamento do hospital. Não
deu pra segurar as lágrimas. Foi a única coisa que ainda não consegui rasgar.

Então, aconteceu muito do nada. Acho que já tinha comentando que a melhor amiga dela faz
minha caveira pra ela diariamente. Por isso pedi que guardassem bem aquela filha da puta.

A gente tava numa boa mesmo, tava tudo perfeito. Então quando eu fui viajar pra SP, dia 4
desse mês (Abril), ela veio com esse papo de que precisava pensar nessa situação. Me pediu
um tempo em um momento bizarro, quando tava tudo bem. Obviamente minha viagem foi
uma merda completa. Mulher sempre escolhe o melhor momento pra foder tudo de vez.
Estava indo para SP ver o show do National, que é uma banda que eu gosto pra caralho. Eu
estava tão feliz, isso é injusto. E agora, por uma confusão imbecil na cabeça dela, eu estava
completamente fodido. Perdido. De amor. De raiva. Sem direção.

De lá pra cá eu tenho tentado entender, ser compreensivo, mas cheguei num ponto em que eu
não tenho mais condições físicas e nem mentais de aguentar isso. Ela me pede um tempo e
continua me ligando. Assim não dá. Falei pra ela que essa situação não tem sentido. Que se ela
gosta de mim e eu gosto dela, a gente tem que ficar numa boa e fim.

Ela alegou que não poderia entrar em um relacionamento sério agora (mas também não
podíamos ficar ficando) por conta de uns problemas que ela tem passado em casa, provas,
essa amiga dela que surta e enche o saco...

Mas a verdade é que se ela quisesse mesmo, nada disso ia importar. Porque eu me coloquei à
disposição pra ajudar ela a passar por tudo isso, e ela negou. Não me sobrou muito o que
fazer, e não posso ficar condicionado a ela resolver os problemas dela, porque ela mesma
disse que não sabe quando vai fazer isso.

Falei que eu não posso levar a situação assim. Que eu gosto muito dela pra ela ficar me ligando
e a gente não poder se ver, é muito doloroso e eu simplesmente não vou mais aguentar isso.
Se ela quer um tempo, que a gente não se fale mais enquanto isso.
Acho que quando acaba assim, sem um motivo forte, é mais doloroso. Pior que a gente daria
muito certo, mesmo. Mas ela não sabe lidar com as coisas direito. Se ela desse um basta nessa
amiga dela, ela não falaria mal de mim, ainda mais sem motivo. Pior, ela é namorada do meu
melhor amigo, e me cumprimenta como se nada tivesse acontecendo. Olha o tipo de pessoa
que tá ao lado dele. Tô com nojo dessa garota, e só não jogo merda nela pra não dar problema
para a outra. Mas também não posso aceitar que ela continue com essa palhaçada.

Não desejo mal pra ela. Espero que ela amadureça e se afaste dessas pessoas que só a deixam
mal.

E que se arrependa toda vez que ver a camiseta do Coldplay que eu dei pra ela.

Vindo de quem veio, foi muito pior. E sem motivo. Imagina se a gente ficasse junto, ia ser uma
situação meio foda também. Porque ela é a melhor amiga dela, namorada do meu melhor
amigo (ele não gosta da minha garota, e a recíproca é verdadeira).

Hoje é só o primeiro dia de superação, e o mais complicado. Aos poucos vai melhorando.
Apesar que desde que eu voltei de SP, duas semanas atrás, eu já estava com esse sentimento
que não ia acabar bem, mas tentei e me esforcei pra caramba pra tudo dar certo. Domingo
retrasado foi a última vez que a vi. Não podia imaginar que aquele seria o último abraço que
daria nela, a última vez que sentiria seu cheiro ou ainda que seria nosso último beijo.

Mas é a porra da vida. Sei que eu fiz tudo que tava ao meu alcance, talvez até mais. Óbvio que
eu amargurei mais um pouco, mas não quero me fechar.

Talvez ela veja que a amiga dela é uma vadia e só traz problema. Mas aí também talvez seja
tarde demais. Não vou criar expectativas, porque não quero mais correr o risco de me
decepcionar. Infelizmente essa amiga dela só faz essas coisas porque falta coragem nela para
dar um basta nisso tudo. Problemas todo mundo tem, mas não adianta ficar passando a mão
na cabeça. É uma amizade em que só ela se sacrifica e sofre. Eu não posso fazer mais nada.

Eu acho que ela não levou fé de que eu não ligaria mais. Mas eu não vou ligar. A verdade é que
eu tava sempre lá pra ela, talvez por isso não me valorize. Esse dia do hospital e tantas outras
vezes em que ela me ligou chorando desesperada, triste ou chateada querendo me encontrar,
eu saía de onde eu estivesse para ajudar. Pra ver ela sorrir, mais uma vez.
E isso me dói pra caralho mesmo. Porque só o que eu quis, foi fazê-la feliz.

Hoje meu amigo passou aqui e me deu uma carona pro trabalho. No caminho a gente pegou a
mina dele e fomos comer alguma coisa. Quando ela veio me cumprimentar, eu não aguentei.
Tudo o que eu tinha lutado tanto para conseguir e acabou, a maior responsável estava ali, na
minha frente, sorrindo e peguntando se tava tudo bem. É de um deboche e sacanagem tão
grande que dá medo de ver que existe gente assim fora da ficção. Ela á a pior pessoa que eu já
conheci. É doente e precisa de ajuda. Só perde pro Yagami Raito porque o mesmo matou o pai.

Joguei a merda no ventilador, e voou pra todo lado.

No supermercado ela me ligou chorando e falou um monte. Que apesar de ela saber que
aquela amizade tava fazendo mal pra ela eu não tinha o direito de interferir e etc. Porque eu
joguei na cara da menina lá e ela não hesitou um minuto: Ligou pra "minha" mina e disse que
ela era a maior mentirosa, isso na frente de todo mundo, apenas para livrar a cara dela e fazer
a minha sair de filha da puta.

Ela estava chorando e me disse coisas do tipo "Difícil acreditar que você se importa comigo,
pois na primeira raiva você joga minha confiança pela janela. Eu sempre me fodi por confiar
nas pessoas e eu realmente não esperava que você fizesse isso. Demorou pra eu confiar de
novo e gostar de um cara, que eu pensei que seria você.”

Foram as piores coisas que eu ouvi. E não ouvi calado, porque era um absurdo ela dizer que eu
não me importava com ela, depois de tudo que a gente passou. Mas tava todo mundo
nervoso. Ela me pediu que fosse a casa dela pra gente conversar. Cheguei lá e teve muito
choro, de ambos. Ela me disse que sabia que a amizade com a garota mais cedo ou mais tarde
iria acabar porque ela não aguentava mais, mas que não queria que eu estivesse envolvido
nisso.

Há seis meses ela tenta convencer a outra a ir ao médico, e uma vez por semana a menina diz
quer vai aceitar, e aí no outro dia esquece tudo. Se tenta se afastar ela diz que vai se matar,
etc. Alguém precisa parar ela. Eu fiquei sabendo de inúmeras coisas que eu não posso provar,
menos uma: que ela (a desgraçada) passou o rodo geral alguns meses atrás quando brigou
com meu amigo. Além de eu não permitir uma sacanagem dessas, se a maldita precisa parar,
ela tem que perder os pontos de segurança dela.

Eu contei pra ele e, inacreditavelmente, ele se voltou contra mim. Disse que eu estava fazendo
aquilo para descontar uma decepção pessoal nele. É ser muito imbecil. Eu contei pra ele quem
são as pessoas que podem provar que é verdade, mas ele disse que não vai perguntar.

Entenderam? Ele não quer saber a verdade. É melhor ficar na zona de conforto, vivendo uma
mentira, enquanto todo mundo sabe que ele foi (e continua sendo) enganado. Ainda vou
tentar falar com ele essa semana, junto com um amigo meu, vamos ver no que dá.

Quanto a mim e a garota, eu fui lá na sexta, ela estava doente e eu fui ficar com ela. Quando
eu estava indo embora, a irmã dela (que odeia a garota lá, que eu vou chamar de desgraçada)
contou para a mãe delas várias coisas sobre a menina. Porque ela não aguentava mais ver o
que ela fazia com a minha garota, assim como eu. Só deixa ela mal e acobertando um monte
de mentiras. Mas aí deu a maior confusão na casa dela. A mãe dela disse que ela era babaca,
porque estava sendo enganada de novo (cinco anos atrás ela defendeu uma amiga, até pior
que essa, e quando ela descobriu que ela era mentirosa, todos na casa dela se voltaram contra
ela).

Pelo menos serviu para abrir os olhos dela, e agora ela sabe que aquela vadia não vale nada.
Elas não se falam mais e inclusive a minha já mandou tomar no ** e morrer. Paralelamente eu
tenho que lidar com essa treta do meu amigo. O auge dessa confusão foi no sábado, na briga
com a mãe, ela disse que era melhor a gente se afastar, e eu concordei porque essa história
acabou com nós dois. Eu me esgotei, tanto fisicamente quanto mentalmente. Mas a gente
sabe que isso não é possível. A gente continua se falando.

Ela disse, quando eu fui à casa dela: "Eu demoro muito pra confiar nas pessoas. E em ti, eu
confio tão de graça". Cada palavra dessas é um rombo de escopeta no meu peito.

Bem, eu precisava fazer alguma coisa por mim. Hoje eu fui até a casa dela pra gente conversar,
porque não pode ficar assim, nesse "quase-relacionamento".

Na boa, foi a conversa mais difícil que eu já tive. Se quer se afastar, afasta, não fica ligando.
Isso é viver de migalhas e isso só ia me machucar cada vez mais. Toda essa história acabou
comigo, mesmo. E por mais difícil que seja, as coisas devem ser ditas cara-a-cara. Eu tinha
muita coisa a dizer e não queria ficar com nada preso no meu peito.

Você chegar pra alguém que você ama e dizer pra ela não te ligar mais porque aquilo tá te
fazendo mal é terrível, espero que ninguém aqui passe por algo desse tipo.

A gente se abraçou e eu acabei me emocionando, lágrimas rolaram e ela me abraçou mais


forte, enquanto eu mal conseguia abraçá-la. Me beijou e pediu que eu me cuidasse.

Eu fui embora sem olhar para trás.

Tô mal pra caralho, triste, mas amanhã eu tenho que recomeçar. Todo mundo tem. Eu vou
ficar mal um tempo, mas eu fiz o que precisava fazer para que eu pudesse ficar bem.

Muitos dias passaram, nós temos nos falado de vez em quando, mas sempre é ela que liga.
Meu aniversário é daqui a 20 dias e ela disse que a gente devia almoçar juntos no dia.

Tá mais fácil de levar agora. Tem dia que eu nem lembro e tal, mas em outros parece ser pior
de lidar que no começo, mas no geral, tá mais fácil de conduzir.

Em uma dessa ligações, ela disse que quando falou pra gente se afastar, não que ela não me
quisesse ao lado dela, mas que ela ainda está se acostumando com essa situação (de não ser
mais amiga da vadia, e eu também perdi um amigo) e que essa confusão toda ainda tá muito
recente, blá, blá.

Mandou um sms "I'll keep you locked in my head until we meet again".

Eu vou levando na minha mesmo, porque pra perder mesmo, eu não tenho mais nada.

E assim, de repente, ela me diz que vai embora. E acaba comigo, mais uma vez.

Vai pra Vitória - ES, em Outubro, mas quando é o que menos importa agora. Mesmo que a
gente se entendesse, ia ter prazo pra acabar, então não adianta, eu ia sofrer que nem um
desgraçado. A gente vai almoçar no meu aniversário, e se despedir, porque não há como
sermos amigos. Porque eu não tenho tesão pelas minhas amigas, simplesmente. E não vou ser
“rebaixado” a este posto na nossa relação. Nunca. Eu prefiro nunca mais vê-la do que permitir
que isso aconteça.

Tô sofrendo há mais de um mês nesse vai-não-vai. Corri e lutei com tudo o que eu tinha e não
tinha, como nunca tinha feito na vida, mas não deu. Agora é aceitar e aos poucos, tirar ela da
minha cabeça. Era tudo o que eu não queria, mas mesmo quando a gente luta tanto, as coisas
não acontecem como a gente deseja.

Eu vou deixar de amá-la, sim. Mas o carinho que eu tenho por ela vai sempre existir. É uma das
pessoas mais fantásticas que eu já conheci e é uma pena que não tenhamos dado certo.
Desejo mesmo o melhor pra ela, onde quer que ela vá.

E então chegou o dia do meu aniversário. A gente nem foi almoçar, estava numa ressaca do
caralho, pois comemorei meu aniversário ontem, (passando a meia-noite e tal) bebi vidas. A
cidade tá com greve de ônibus e ela tá sem carro.

Ela foi a 1ª a me ligar pelo meu aniversário. Duas horas no telefone. É foda perceber o quanto
ainda gosto dela.

FIM DA ERA IV
ERA V - KEEP MOVING, SOLDIER

Parte 15 - Move Along

Faz 17 dias desde que descobri que ela vai embora. Na verdade, já não é mais nem certeza
isso, de ela ir embora. Que não estamos juntos mesmo, já passa de 45 dias, por aí.

Eu já passei por todas as fases de um cara quando acontece esse tipo de coisa. Desde a fase
"Heróica", onde ele acredita que pode mudar o mundo e os sentimentos de uma garota que
provavelmente não gosta dele 1/4 do que ele gosta dela, a fase "Boêmia", onde bebe semanas
sem parar e principalmente, escreve sobre tudo isso (escrevi mais de 20 crônicas, e rasguei
todas), até as fases "Conformista chorão", onde ele começa a aceitar que acabou, embora
ainda fique muito triste e até chora e "Acabou. Foda-se.", que é quando ele consegue revisar
tudo, pontuar o que de fato aconteceu, não sofre mais, e principalmente, passa a pensar nele
mesmo primeiramente.

Ontem foi meu aniversário. Ela foi a primeira pessoa a me ligar. Conversamos e nos divertimos
por quase duas horas. Por que ela é tão complicada? Make it simple, stupid. Mas hoje, a
verdade é que eu não ligo tanto, ou pelo menos tento me enganar com isso.

Reuní meus amigos na quarta-feira à noite, para passarmos a meia-noite juntos e comemorar.
Gente que realmente gosta de mim e que acompanhou essa história pessoalmente. São eles
que realmente importam. São eles, os verdadeiros, que vão estar com você em um momento
como esse, que você tropeça e precisa levantar. Agradeça-os. São poucos. E há muito tempo
eu não passava uma noite me divertindo tanto, sem ela, nem em meu pensamento. Aquele
amigo da história, bem, eu o convidei, mas ele não apareceu, não ligou ou sequer mandou
uma mensagem. Tudo bem.

Conforme os dias foram passando, tudo foi melhorando. Pra mim. O sentimento que eu tenho
por ela, que obviamente ainda existe, já não me incomoda mais. Já não me tortura mais. Não
fico mais triste ao lembrar dela, dos momentos que passamos juntos. Às vezes o coração
aperta, mas de forma geral, me faz feliz lembrar que amei alguém e fui feliz durante esse
tempo. Nosso almoço ficou pra outro dia, e espero que este evento seja uma virada de página
que vou dar. Eu a adoro. Não acho que vamos perder contato, e nem é uma vontade minha (às
vezes acho que é), mas é melhor sim, manter uma distância. Não por ela, e sim, por mim.
E de certa forma, eu acho que tenho que agradecê-la. Por ter amado. Por tudo o que
aconteceu, essa confusão e tantas outras coisas, depois de passada a tempestade, hoje eu sou
um cara melhor, sem dúvidas. Mais cauteloso, que confia menos e principalmente, confia em
menos gente. Segurança e confiança foram outros aspectos que cresceram com isso tudo. E
hoje, analisando bem, mesmo se ela quisesse, eu posso falar para vocês, eu não sei se estaria
realmente disposto. Não me colocando superior ou coisa do tipo, mas... Eu não acho que ela
mereça.

E assim os dias vão passando. E cada dia a mais, é uma vitória. É um pedaço dela que se vai, e
um meu que se recompõe.

Capítulo 16 - Talvez você não estivesse olhando


Eu já fiquei com outras garotas desde então. Até voltei a falar com elas depois, mas a verdade
é que eu tô sem saco, mesmo porque só quero pegar mesmo. Devo confessar também que
ainda rola aquela injustiça de comparar com ela. "Você é legal, mas não é ela". E isso é injusto.
Porque as pessoas são diferentes. E você nunca vai saber, mas elas podem ser até melhores
que sua ex, desde que você dê chance para que elas demonstrem isso.

24 de maio. Eu estudo à noite, mas tive de ir até a faculdade a tarde para tirar umas fotos de
uma campanha que estamos fazendo. Me sentei do lado de fora lá do pátio principal, e fiquei
mandando mensagens.

Então passam 3 garotas por mim, mas nenhuma realmente me chama atenção, apesar de uma
ser bonita e até fazer o meu tipo, outra feia e a restante era uma deusa. Sentaram em uma
mesa mais a frente, fiquei na minha. Ouvi umas risadas e resolvi olhar o que era. A "meu tipo"
estava imitando alguém para as amigas dela, por isso as risadas. Olhei e pensei "olha que
retardada, haha".

E fiquei olhando. Prestando atenção. Papo com minha consciência:


- Ei, ela parece legal. E então, por que não fala com ela?
- Ah, sei lá cara. Tu sabe que eu não tenho muito as manhas.
- p*****, deixa de ser v*****. Já fez isso várias vezes, não vem com esse papo agora.
- Mas é sério, e tu sabe disso.
- Pra cima de mim, Marcelo? Vai lá p*****.
- Tá em grupo cara. É malzão, eu tô sozinho.
- Tá parecendo aqueles programas do Discovery né? Tipo, o leão observando um grupo de
zebras selvagens.
- Exatamente, uaheuae.
- Você que sabe então.

A deusa foi embora. Restaram a feia e o meu target. Quem sabe a feia não fosse embora,
ficando meu alvo sozinho, eu chegaria numa boa. E então as duas saíram de lá. Desencanei e
fui pra outro lugar da faculdade. Deixa pra lá né.

Na volta, as duas estavam sentadas, lanchando. E aí eu resolvi que tinha que fazer algo. Porque
a grande verdade é que você tem que fazer algo. As chances aparecem, mas elas não vem tão
prontas quanto nos filmes. Então você tenta, porque... vai que cola? Eu já disse isso outras
vezes nessa história: Hesitação é que f***.

Usei uma técnica há muito adormecida nesse mundo liferuler. Eu tenho certa facilidade para
escrever, até mesmo pela área que escolhi trabalhar, que é a de redação publicitária, então
usei isso a meu favor, e escrevi um bilhete, bem bobo por sinal. Dizia o seguinte:

“Encara como um elogio. Eu te achei engraçada e realmente acho que a gente devia conversar
depois. Normalmente eu falaria pessoalmente, mas tô com pressa você tá aí comendo, haha.
*contato meu*.”

Passei em frente a mesa delas, fingindo que estava falando no celular, e deixei o bilhete na
mesa, bem na frente dela mesmo, para não haver confusões, e fui embora.

Cheguei em casa, ela tinha me adicionado. Nós conversamos por aproximadamente três horas.
Ela é divertida, bonita, faz meu tipo, parece tranquila. A gente tá se conhecendo, e tô gostando
de conversar com ela. Comentávamos sobre a final Vasco x Flamengo, falei que tinha assistido
o jogo no lugar tal, ela disse que também tinha assistido lá.

- Sério? Como eu não vi você por lá?


- Haha, sei lá. Talvez você não estivesse olhando.

É. Talvez eu realmente não estivesse olhando. A vida é sempre muito engraçada.


Algumas pessoas disseram que eu copiei essa parte de 500 Days of Summer, mas foi uma
maldita coincidência. Tom, você é um ídolo. Espero ter o final como o seu.

A encontrei lá na faculdade mesmo alguns dias depois.

Foi meio tenso porque tinha uma galera na mesa, mas a gente sentou "pro lado fora", digamos
assim, aí ficou melhor. Aos poucos o pessoal foi saindo, e a timidez dos dois passando.

Conversamos por quase 3 horas. Foi divertido. A gente não tem tanto em comum assim, mas
nada que realmente atrapalhe. Eu curti porque ela é tranquila, e bem, tô precisando de paz na
minha vida. Chega de treta e mulher doida.

Peguei carona com ela e depois ela se ofereceu pra me deixar em casa, mas eu não aceitei.
Nem era caminho, pô. Disse pra ela deixar pra próxima vez.
Parte 16 - Deixem em paz Michael Corleone
Semana passada eu estava conversando com a "nova" garota e tal, marcamos de sair no
domingo e então ela sumiu. Fiquei muito puto, nossa. Dois dias depois ela me deu uma
desculpa esfarrapada e fiz vista grossa, podia ser um teste ou m**** dessas, enfim, vai saber,
voltamos a nos falar normalmente.

Quinta conversei com minha ex pelo telefone, por quase uma hora, pra variar. A gente tava
rindo, e ela disse:

- Tu sabe que eu gosto muito de ti, não sabe?

Fiquei um pouco em silêncio e respondi com "eu sei". Ela disse que não era conveniente que
eu soubesse disso, mimimi papapa.

Fico puto com essas merdas, caras. Machuca demais ouvir isso assim do nada, a gente tá
afastado por culpa dela e ela faz esse tipo de coisa que fode comigo, porque ela não gosta de
mim metade do que gosto dela.

Sabe, pra quê fazer isso? Na boa, meu pau. Vai pro caralho.

A gente ia almoçar hoje e mais uma vez acabou não dando certo. Por mais saudade que eu
tenha dela e gostaria muito da gente sentar uma última vez pra conversar, dar um abraço e
etc, acho que vou me afastar de uma vez dessa merda toda.

Ontem eu fui numa festa, a nova garota também iria, mandei mensagem e ela disse que estava
chegando. Eu a vi na festa uns 20min depois e resolvi mandar uma mensagem perguntando se
ela já tinha chegado. A vi mexer no celular, e ela não respondeu. Outra vez, ficou de
palhaçada. Ela parece interessada quando conversamos, mas toda vez que é pra gente se
encontrar em algum lugar, ela faz essa putaria. Quero mais é que se foda agora também. Fiz
vista grossa na primeira vez, mas de novo não. Não sou moleque, vai pro inferno.

Sei lá, acho que essa minha busca de fazer com que alguém tome o lugar dela rapidamente tá
começando a me incomodar. Primeiro porque eu penso nela todos os dias, e depois porque eu
não conheci alguém realmente legal. Eu sei que é cedo e etc, mas p*****, o vazio que ela
deixou é muito difícil de lidar.
Hoje eu tenho outra festa pra ir.

Seja o que Goku quiser.

Parte 17 - If You Wanna

“But if you wanna come back it's alright, it's alright!


It's alright if you wanna come back!
If you wanna come back it's alright, it's alright!
It's alright if you wanna come back to me!”

The Vaccines

Bem, na última vez, eu disse que ia me afastar, porque ela começou a dizer algumas coisas que
mexeram comigo, mas que não fazem diferença uma vez que não estamos mais juntos.

E eu tentei.

Ela me ligou várias vezes durante a semana. Pra falar do tal almoço, que o dinheiro dela ia sair
essa semana e aí a gente poderia ir, e outras vezes pra conversar mesmo. Eu não consigo
cortar. Porque eu realmente me interesso nas coisas que ela diz e gosto de conversar com ela.
Ela ainda é a pessoa que eu mais gosto de conversar. Nós poderíamos passar o dia inteiro
papeando, o assunto nunca acaba.

Disse que ia me avisar quando tivesse dinheiro, eu disse ok.

Hoje de manhã ela me ligou. O melhor amigo dela estava internado desde segunda-feira, e só
avisou ontem. Hoje de manhã ela foi visitá-lo no hospital (as pessoas adoram um hospital
nessa história, não?) e ligou pra me contar isso e outras coisas.

No mesmo hospital onde fiquei com ela por 5 horas, quando ela passou mal. Sempre fico
pensativo quando lembro do comprovante, e questiono se realmente deveria tê-lo rasgado.

É bem perto de onde trabalho. Pedi que ela passasse lá, pois a gente nunca mais tinha se visto.
Ela chegou em poucos minutos.

Não nos víamos há uns 45 dias, creio eu. Tremi só de ver o carro dela encostar perto de onde
eu estava.

Nos abraçamos e ficamos rindo e conversando durante uns vinte minutos (no telefone foram
21 minutos), ela tinha que ir para casa. E quando eu estou com ela, parece que nada mudou.
Que ela ainda é minha.

Ser abraçado por ela enquanto sentia seu perfume só me fizeram chegar a conclusão que eu
não queria:

Porra, como eu ainda amo essa garota.

Esse almoço vai ser um marco. Seja do fim, ou de um recomeço. Honestamente, eu estou
tentando ir sem expectativas, mas é meio impossível. Eu a amo, como não vou pensar que
podemos voltar e fazer tudo dar certo dessa vez? Sei que a probabilidade disso acontecer é
mínima. Mas existe.

Eu vou tentar de novo. Mais uma vez. Por ela. Por mim. E principalmente, por nós.

“Fim”

Acompanhem as atualizações no tópico, a partir da página 42.

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