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AVALIAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE DA MADEIRA DE Eucalyptus grandis


POR MEDIDORES ELÉTRICOS RESISTIVOS1

Fred Willians CALONEGO2


Wagner Roberto BATISTA3
Elias Taylor Durgante SEVERO4
João Eduardo Guarnetti dos SANTOS5
Clovis RIBAS6

RESUMO ABSTRACT
O presente estudo teve como objetivo The aim of the study was to evaluate the
verificar a precisão de dois tipos de medidores precision of two types of electric moisture meters
elétricos de teor de umidade durante o processo de during the drying process of Eucalyptus grandis
secagem da madeira de Eucalyptus grandis. Foram boards. Samples were obtained from 14 boards of
retiradas amostras representativas de 14 tábuas de Eucalyptus grandis and they were dried in electric
Eucalyptus grandis e secas em estufa elétrica a laboratory oven at 40 ºC of temperature, until the
40 ºC de temperatura, até que o material atingisse wood achieve 10% of moisture content. During the
10% de umidade. Durante a secagem foram drying, the moisture content was determined by
determinados, periodicamente, o teor de umidade gravimetric method and simultaneous checks by an
através do método de massas correntes e de electric moisture meter (EMM) and by kiln
verificações simultâneas com um medidor elétrico control system (KCS). The results showed that:
portátil (EMM) e com o sistema de controle de um (1) the KCS can replace the gravimetric method
secador convencional (KCS). Os resultados mostraram during the wood drying; (2) the EMM
que: (1) o sensor de umidade KCS pode substituir underestimate the real moisture content during the
o método gravimétrico durante a secagem da drying of boards and it is not indicate as substitute
madeira; (2) o medidor do teor de umidade EMM of the gravimetric method.
subestima os reais teores de umidade durante a
secagem da madeira e não é indicado para
substituir o método gravimétrico de determinação
de umidade.
Palavras-chave: secagem da madeira; medidores Key words: drying wood; electric moisture meters;
elétricos de umidade; teor de moisture content; Eucalyptus grandis.
umidade da madeira; Eucalyptus
grandis.

1 INTRODUÇÃO Desta forma, entender como a água se


encontra na madeira, estudar sua influência
Existem vários métodos para verificar o nas propriedades físicas e elétricas do
teor de umidade das madeiras, alguns são precisos, material e comparar as técnicas atuais de
porém, não são imediatos, outros permitem a determinação do teor de umidade são importantes
obtenção de uma rápida resposta, mas apresentam para a escolha do melhor método para
precisão contestada pela literatura. cada situação.
______
(1) Aceito para publicação em setembro de 2006.
(2) Universidade Estadual Paulista, Departamento de Recursos Naturais, Fazenda Lageado, s/n, Caixa Postal 237, 18603-970, Botucatu, SP, Brasil.
E-mail: fwcalonego@ig.com.br
(3) Universidade Estadual Paulista, Departamento de Engenharia Rural, Fazenda Lageado, s/n, Caixa Postal 237, 18603-970, Botucatu, SP, Brasil.
E-mail: wrbatista@fca.unesp.br
(4) Universidade Estadual Paulista, Departamento de Recursos Naturais, Fazenda Lageado, s/n, Caixa Postal 237, 18603-970, Botucatu, SP, Brasil.
E-mail: severo@fca.unesp.br
(5) Universidade Estadual Paulista, Departamento de Engenharia Mecânica, Faculdade de Engenharia de Bauru, s/n, 17033-360, Bauru, SP, Brasil.
E-mail: guarneti@feb.unesp.br
(6) Instituto Florestal, Caixa Postal 1322, 01059-970, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: clovisr@iflorestal.sp.gov.br

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CALONEGO, F. W. et al. Avaliação do teor de umidade da madeira de Eucalyptus grandis por medidores elétricos resistivos.

Os tipos de água existentes na madeira Os medidores normalmente utilizados


são freqüentemente classificados da seguinte para medir o teor de umidade da madeira são os do
forma: (1) água livre ou capilar: aquela localizada tipo resistência. A resistividade elétrica da madeira
nos lumes celulares e nos espaços intercelulares e varia com o teor de umidade, especialmente abaixo
(2) água higroscópica ou de impregnação: aquela do PSF. A resistividade varia de 1014 a 1016 Ω.m
que se encontra adsorvida pelas paredes celulares, para madeira seca e de 103 a 104 Ω.m para madeira
principalmente pela celulose e hemiceluloses que no PSF (Skaar, 1988; Haygreen & Bowyer, 1996;
constituem a maior parte da substância madeira Forest Products Laboratory, 1999).
(Kollmann & Côte Jr., 1968; Cech & Pfaff, 1977; Galina (1997), estudando a variação da
Simpson, 1991; Haygreen & Bowyer, 1996; Forest resistência elétrica em função dos teores de umidade
Products Laboratory, 1999). de várias espécies de madeira, observou que a perda
O teor de umidade referente ao estado em de sensibilidade dos medidores elétricos ocorre
que, teoricamente, apenas as paredes celulares estão acima do PSF das madeiras e este varia de 19 a 40%.
saturadas e os lumes e os espaços intercelulares Segundo Ponce & Watai (1985), James
estão sem o líquido é denominado ponto de (1988) e Haygreen & Bowyer (1996) os medidores
saturação das fibras (PSF). Abaixo do PSF ocorrem elétricos de resistência são geralmente mais
alterações significativas na resistência mecânica, confiáveis para avaliar teores de umidade de 6 a
nas propriedades físicas e nas propriedades 30%. Com o aumento do teor de umidade, a partir
elétricas da madeira (Galvão & Jankowsky, 1988; do PSF até a completa saturação da estrutura da
Skaar, 1988; Simpson, 1991; Haygreen & Bowyer, madeira, a diminuição da resistividade elétrica é
1996; Santini, 1996). menor e sua determinação incorre em erros
Simpson (1991) afirma que o PSF para as (Galina, 1997; Forest Products Laboratory, 1999).
espécies em geral situa-se em torno de 30%. Para melhorar a exatidão das determinações
Kollmann & Côte Jr. (1968) citam que o PSF varia do teor de umidade da madeira através da sua
desde 22 a 24% para as coníferas com alto teor de resistência elétrica é necessário que o aparelho seja
resina e para as folhosas com cerne distinto e manufaturado de forma a medir os baixos valores
porosidade em anel circular; de até 32 a 35% para de resistência e de levar em consideração a
as folhosas com porosidade difusa, cerne indistinto, formação de gradientes de umidade (Galina, 1997).
alburno com porosidade em anel circular, e para Os medidores elétricos permitem
as folhosas com cerne distinto e porosidade em verificar o teor de umidade na área imediatamente
anel semicircular. em contato com as agulhas do eletrodo, porém,
O método mais simples e preciso de este sistema é adequado apenas para amostras que
determinação do teor de umidade da madeira é o não apresentem gradiente de umidade (James, 1988).
método gravimétrico, porém, o mesmo apresenta Entretanto, a resistência elétrica da
como desvantagem o fato de ser destrutivo, de madeira pode variar com a espécie, com a direção
exigir muito tempo para obter-se a resposta e ser da grã, com a temperatura e com a profundidade de
inviável para espécies com componentes voláteis. acomodação dos eletrodos.
A umidade também pode ser determinada por meio Skaar (1988) afirma que a presença de
de medidores elétricos que são menos precisos, íons é mais importante para os medidores
porém proporcionam resposta imediata (Forrer, resistivos do que a massa específica da madeira.
1984; Ponce & Watai, 1985; Skaar, 1988; Na madeira, os extrativos não solúveis em água
Simpson, 1991; Haygreen & Bowyer, 1996; Forest são redutores da condutividade elétrica e os
Products Laboratory, 1999). extrativos solúveis em água são ótimos condutores,
Forrer (1984), Skaar (1988), Simpson pois contém complexos que incluem eletrólitos
(1991) e Forest Products Laboratory (1999) responsáveis pelo aumento da condutividade.
afirmam que os medidores elétricos são de dois Galina (1997) concluiu que não existe
tipos: (1) medidores tipo resistência: que medem correlação entre a massa específica básica e a resistividade
essencialmente a resistência ao fluxo de corrente elétrica das madeiras, e que estas se agrupam pelas
elétrica direta na madeira entre dois eletrodos e diferenças químicas que apresentam e não pela massa
(2) medidores dielétricos: que medem a constante específica e, portanto, o atual fator de correção utilizado
dielétrica ou a permissividade elétrica da madeira pelos medidores elétricos de umidade para as espécies
através do uso de corrente alternada. baseado na diferença de massa específica está equivocado.

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Os medidores elétricos do tipo resistivo Posteriormente, as “AT” foram mantidas


apresentam, normalmente, três ou mais escalas em estufa a 40 ºC de temperatura até atingirem
para corrigir o teor de umidade em função de um 10% de teor de umidade. Os teores de umidade
grupamento de espécies, e o aumento do número foram determinados pelo método gravimétrico
mínimo destas escalas exige circuitos processadores através de uma balança de precisão de 0,1 g e
com maior capacidade, sendo inviável para também por medidores elétricos.
medidores portáteis. Entretanto, os sistemas de As subamostras foram submetidas à
aquisição de dados baseados em microcomputadores secagem completa em estufa a 103 ± 2 ºC de
permitem a aplicação de uma equação que temperatura, até massa constante, obtendo-se a
transforma a medida de resistência elétrica em teor massa seca (MS).
de umidade para cada espécie (Galina, 1997). Com base na MU e MS, determinou-se o
Para Lignomat (2005), os sensores de teor de umidade inicial das subamostras, através do
determinação do teor de umidade da madeira uso da equação (1):
incluídos no “Kiln Control System (KCS)” têm sua
capacidade de mensuração, com precisão, mantida M −M
devido à calibração e ao ajuste automático de cada U = USA SSA
∗ 100 (1),
M SSA
medida, baseada na equação de umidade em
função da resistência elétrica específica de cada em que:
espécie de madeira.
A determinação precisa e imediata do U% – teor de umidade das subamostras, %;
teor de umidade durante o processo de secagem da MU SA – massa úmida das subamostras, g, e
madeira é imprescindível para a obtenção de MS SA – massa seca em estufa a 103±2 ºC até massa
produtos com qualidade e com menores perdas de constante, g.
matéria-prima, com grande vantagem econômica. Como as sub-amostras e a amostra teste
Assim, o objetivo do presente estudo foi foram pareadas, considerou-se a umidade inicial da
verificar a precisão de dois tipos de medidores “AT” igual à média das umidades iniciais das “SA”
elétricos de teor de umidade durante o processo de correspondentes, conforme metodologia proposta por
secagem da madeira de Eucalyptus grandis. Rasmussen (1961).
A partir dos valores de MU da “AT” e de
U das “SA”, foi estimada a massa seca das “AT”,
2 METODOLOGIA de acordo com a equação (2):

Foram estudadas 14 (quatorze) tábuas de M U ∗ 100


M SE = (2),
Eucalyptus grandis Hill ex Maiden desdobrados (100 + U )
pelo sistema de corte tangencial.
O material coletado foi proveniente da em que:
Floresta Estadual de Santa Bárbara e foi desdobrado MSE – massa seca estimada da amostra teste, g;
no Horto Florestal de Manduri, ambos pertencente MU – massa úmida da amostra teste, g, e;
ao Instituto Florestal – Seção de Manduri – SP. U – teor de umidade inicial médio das subamostras, %.
As tábuas apresentavam espessura de Com o auxílio da massa seca estimada
28 mm e largura de 24 cm e sofreram cortes para a permitiu-se o acompanhamento e o encerramento
obtenção das amostras, conforme esquema da do experimento no teor de umidade final desejado.
FIGURA 1. A curva de secagem da madeira de
Logo após o corte, as subamostras (SA) e Eucalyptus grandis foi obtida por meio da determinação
a amostra teste (AT) foram pesadas, visando à do teor de umidade referente às massas úmidas
determinação da massa úmida inicial (M U ). corrente das amostras teste e, simultaneamente,
Os topos das amostras testes receberam uma camada através de medidores elétricos do tipo resistivo.
de adesivo à base de PVA, visando restringir a saída Os medidores elétricos utilizados para inferir
de água pelas faces longitudinais e, conseqüentemente, sobre a umidade da madeira foram: (1) Medidor
impedir o surgimento de um gradiente de umidade Elétrico de Umidade Portátil (EMM); (2) Sistema
na direção do comprimento das peças. de Controle de Secador Convencional (KCS).

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FIGURA 1 – Esquema de obtenção das amostras para a verificação do teor de umidade durante o processo de secagem.

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No caso do EMM, para propiciar a 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO


passagem da corrente elétrica no interior das
amostras de madeira introduziu-se o eletrodo com 4 Durante o processo de secagem da
(quatro) agulhas de modo que cada pólo ficasse madeira de E. grandis, em estufa elétrica a 40 ºC
paralelo à grã da madeira. Posteriormente, fez-se a de temperatura, determinou-se, em intervalos
medição da umidade da madeira com a chave seletora periódicos de tempo, os teores de umidade pelos
da espécie de madeira na posição 2, adequada, medidores elétricos resistivos (KCS e EMM) e
segundo o fabricante do aparelho, para o eucalipto. através das verificações das massas correntes
Como o EMM está calibrado para fazer das amostras.
leituras a 20 ºC de temperatura, a compensação para Através da FIGURA 2, pode-se verificar
a variação da temperatura da madeira teve como o comportamento da curva de secagem da madeira
base a equação para correção da umidade em função em estudo através do método gravimétrico e
da temperatura, determinada por Samuelsson (1992). também pelos medidores elétricos resistivos
Para o KCS foram introduzidos, em furos KCS e EMM.
produzidos com o auxílio de uma broca, “probes” Na FIGURA 3, pode-se observar o modelo
de aço inox no centro da amostra (em relação à proposto para o teor de umidade determinado pelo
espessura) mantendo 3 cm de distância entre eles sensor KCS em função do teor de umidade real e
na direção paralela à grã. Posteriormente, fez-se a também o modelo proposto para o teor de umidade
leitura da umidade da madeira no monitor do determinado pelo EMM em função do teor de
computador que contém o software específico, umidade real determinado pelo método gravimétrico.
calibrado com os coeficientes “a” e “b” da curva Para o KCS, o modelo ajustado apresentou
característica de secagem de Eucalyptus grandis, coeficiente de determinação (R2) igual a 0,59, erro
fornecida pelo fabricante, e capaz de corrigir padrão da estimativa (Syx) igual a 10,52 e p-valor
automaticamente a umidade em função da igual a 2,51758E-44, indicando que o mesmo é
temperatura da madeira. adequado para estimar o teor de umidade da
Ao atingir um teor de umidade de 10%, madeira determinado pelo KCS em função do teor
os sensores foram retirados das amostras teste e de umidade determinado pelo método gravimétrico.
estas foram secas a 103 ± 2 ºC até massa constante Os coeficientes do modelo de regressão “a” igual
para a determinação da massa seca real. a 2,6946 e “b” igual a 0,9029 mostraram-se
As “probes” foram pesadas para corrigir altamente significativos, justificando suas presenças
os valores da massa úmida corrente, a qual, com a no modelo.
massa seca real, permitiu calcular o teor de Verifica-se através da dispersão dos erros
umidade real das amostras teste ao longo do e dos intervalos de confiança e de previsão que o
ensaio, através da equação (3): modelo ajustado representa o fenômeno e que os
intervalos de confiança dos parâmetros iguais a
M − M 0,8024<β<1,0034 e –0,3010<α<5,6895 mostram,
UC = UC S
∗ 100 (3),
MS respectivamente, que a reta que representa os
pontos possui inclinação de 45º e passa pela
em que: origem. Assim, fica constatado que o método
UC – teor de umidade corrente das amostras teste, %; tradicional de determinação de teor de umidade,
MUC – massa úmida corrente corrigida das amostras baseado nas massas correntes das amostras, pode
teste, g, e ser substituído pela determinação da umidade da
MS – massa seca real das amostras teste, g. madeira através dos sensores do KCS.
Para a avaliação dos dados foi realizada Esse resultado era esperado, pois esse
uma análise de regressão linear simples em função sistema é baseado em microcomputador, que
da tendência dos pares de dados: (1) teor de possibilita a aplicação de uma equação de ajuste da
umidade pelo KCS em função do teor de umidade umidade em função da resistência elétrica específica
obtido pelo método gravimétrico e (2) teor de para cada espécie de madeira. Galina (1997) e
umidade pelo EMM em função do teor de umidade Lignomat (2005) explicaram que a boa precisão
obtido pelo método gravimétrico. desse sistema está associada à calibração e ao
Em ambas as comparações optou-se pela ajuste automático de cada medida baseada na
escolha de um modelo linear crescente (Y = a + bX). referida equação de ajuste.

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FIGURA 2 – Regressão exponencial ajustada para estimar a curva de secagem da madeira de Eucalyptus
grandis pelo método gravimétrico e por medidores elétricos resistivos.

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FIGURA 3 – Regressões lineares crescentes ajustadas para estimar os teores de umidade da madeira de
Eucalyptus grandis determinados pelos medidores elétricos resistivos (EMM e KCS) em
função do real teor de umidade determinado pelo método gravimétrico.

Para o EMM, o modelo ajustado apresentou Assim, fica constatado que o medidor elétrico
coeficiente de determinação (R2) igual a 0,81, erro portátil não pode substituir o método gravimétrico
padrão da estimativa (Syx) igual a 2,39 e p-valor de determinação de umidade durante o processo de
igual a 5,22039E-83, indicando que o mesmo é secagem da madeira de Eucalyptus grandis.
adequado para estimar o teor de umidade da Esse resultado era esperado, pois o teor
madeira determinado pelo EMM em função do de umidade determinado por esse sistema representa o
teor de umidade determinado pela massa corrente teor de umidade da amostra se as agulhas dos
das amostras. Os coeficientes do modelo de eletrodos forem cravadas a 1/3 da profundidade em
regressão “a” igual a 0,2363 e “b” igual a 0,3615 relação à espessura da tábua, operação esta dificultada
mostraram-se altamente significativos, justificando com o sistema de cravação das agulhas sem martelete.
suas presenças no modelo. Como a determinação do teor de umidade
Embora o “R2” seja maior do que na no presente estudo foi realizada em madeira durante
comparação anterior e que as dispersões dos erros o processo de secagem, o que invariavelmente
e os intervalos de confiança e de previsão mostrem promove o surgimento de um gradiente de
que o modelo ajustado representa o fenômeno, umidade, também se pode explicar a baixa precisão
verifica-se que os intervalos de confiança dos do EMM nas condições do estudo. Segundo James
parâmetros são iguais a 0,3387<β<0,3844 e (1988), as agulhas fornecidas nos medidores
–0,4452<α<0,9178, e, conseqüentemente, a reta que elétricos portáteis não são adequadas para peças
representa os pontos não possui inclinação de 45º. que apresentem gradiente de umidade.

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A pouca precisão do EMM quando GALINA, I. C. M. Variação da resistência elétrica


comparado com o método tradicional de determinação em madeiras visando o grupamento de espécies.
do teor de umidade, também, pode ser atribuída ao 1997. 93 f. Dissertação (Mestrado em Ciências/
sistema operacional do aparelho, baseado na variação Ciência e Tecnologia de Madeiras) - Escola Superior
da massa específica das madeiras. Isso ocorre de Agronomia “Luiz de Queiroz”, Universidade de
devido à presença de íons ser mais importante São Paulo, Piracicaba.
do que a massa específica da madeira para os
medidores resistivos, pois as madeiras se agrupam GALVÃO, A. P. M.; JANKOWSKY, I. P. Secagem
pelas diferenças químicas que apresentam e não racional da madeira. São Paulo: Nobel, 1988. 111 p.
pela massa específica (Skaar, 1988; Galina, 1997).
HAYGREEN, J. G.; BOWYER, J. L. Forest products
Os resultados obtidos mostraram que o
and wood science: an introduction. Iowa: Iowa
sensor de umidade KCS pode substituir o método
State University Press: AMES, 1996. 484 p.
tradicional de determinação de umidade durante o
processo de secagem da madeira de Eucalyptus JAMES, W. L. Electric moisture meters for wood.
grandis e que o EMM não foi adequado para o Madison: United States Department of Agriculture -
acompanhamento do teor de umidade durante o USDA, Forest Service, Forest Products Laboratory,
processo de secagem da espécie estudada. 1988. 17 p. (USDA General Technical Report
FPL-GTR, 6).

4 CONCLUSÕES KOLLMANN, F. F. P.; CÔTE Jr., W. A. Principles


of wood science and technology: I. solid wood.
A determinação do teor de umidade da New York : Springer-Verlag, 1968. 592 p.
madeira com medidores elétricos resistivos durante LIGNOMAT. Wireless probes revolutionize moisture
a secagem de Eucalyptus grandis permitiu as measurement when drying wood. Disponível em:
seguintes conclusões: <http:www.lignomatusa.com/wireless.htm#
• o sensor de determinação do teor de umidade Technical%20Specifications>. Acesso em: 19 mar. 2005.
do sistema de controle de secador convencional
pode substituir o método gravimétrico durante PONCE, R. H.; WATAI, L. T. Secagem da madeira.
o processo de secagem da madeira, e Brasília, D.F.: STI/IPT, 1985. 70 p.

• o medidor elétrico portátil subestima os teores RASMUSSEM, E. F. Dry kiln operator’s manual.
de umidades reais durante o processo de Madison: United States Department of Agriculture -
secagem e não é indicado para substituir o USDA, 1961. 188 p.
método tradicional de determinação do teor de
SAMUELSSON, A. Calibration curves for resistance:
umidade da madeira.
type moisture meters. In: IUFRO INTERNATIONAL
WOOD DRYING CONFERENCE, 3., Vienna, 1992.
Proceedings… Vienna: IUFRO Wood Drying
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Working Party, 1992. p. 405-408.

CECH, M. Y.; PFAFF, F. Kiln operator’s manual SANTINI, E. J. Alternativas para o monitoramento
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Engenharia Florestal/Setor de Ciências Agrárias) -
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Washington, D.C.: United States Department of SIMPSON, W. T. Dry kiln operator’s manual.
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FORRER, J. B. An electronic system for monitoring
gradients of drying wood. Forest Products SKAAR, C. Wood-water relations. New York:
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Rev. Inst. Flor., São Paulo, v. 18, n. único, p. 71-78, dez. 2006.

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