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A fazer rir se constroem as críticas

“Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube” é o ponto de partida de Gil Vicente
para a sua genial obra “A Farsa de Inês Pereira”, a história de uma moça que procura marido.
Inês Pereira passa o seu dia entre tarefas domésticas e é no casamento que encontra a resposta
para a liberdade, Assim, surgem dois pretendentes: Pêro Marques, um homem rico, de ar rústico e
pouca instrução; e Brás da Mata, um suposto nobre, que só quer o dote da donzela.
Deslumbrada pelas aparências, Inês decide casar com o “bravo” escudeiro, mas todos os
encantamentos foram apenas uma farsa, chegando-lhe a ser negada a sua liberdade. Mais tarde, a
jovem recebe a notícia de que o seu marido morrera na guerra e, sem perder tempo, casa com Pêro
Marques.
Assim, vive feliz sendo infiel ao seu marido, pois aproveita-se da sua bondade e pede-lhe que
a conduza a uma paixão antiga, o Ermitão.
A meu ver, esta peça é brilhante pela mistura (pouco) subtil entre comédia e crítica social.
Vemos, entre muitos temas, representadas a falsa devoção do Clero, e o papel da mulher, que via no
casamento a única solução para os seus problemas pessoais, questão que ainda hoje é pertinente, e
para a ascensão social.
Concluindo, esta peça aborda temas que ainda hoje são relevantes e faz-nos pensar sobre a
importância que devemos dar às aparências. Afinal, será que devemos “julgar o livro pela capa”?

Abel Oliveira

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